Sempre dói um pouquinho quando uma coisa que amamos muito não é apreciada da mesma forma por alguém que também amamos. Ainda mais quando a pessoa até curte, mas não sente metade do que a gente sentiu e tem várias ressalvas a fazer. Comigo isso aconteceu com 'A Culpa é das Estrelas', livro do John Green que todas as minhas amigas amaram de paixão e eu achei apenas bom.
Apesar de ter lido no ano passado, a vontade de falar a respeito surgiu dia desses, depois que a Michas me indicou para um meme em que devemos listar 10 livros que achamos que iríamos gostar mais/menos do que realmente gostamos. ACEDE foi o primeiro que pensei em inserir na minha lista. Aí percebi que os motivos renderiam um vídeo inteiro e resolvi escrever um post logo de uma vez. Porém, confesso que a vontade de me explicar foi reforçada depois que levei muitas tomatadas de duas amigas, ontem, via Skype. Tudo porque dei três/quatro estrelas (ainda estou em dúvida) para a jornada de Hazel e Gus. Meninas (e leitores), não me odeiem. Tentem me entender e por favor não achem que minhas opiniões foram influenciadas por outras pessoas. Eu tenho os meus motivos. E eles são muito meus.
A história é bonita e bem escrita? Totalmente. Green trata o público adolescente do jeito que ele merece? Sem dúvida nenhuma. Dito isso, preciso afirmar que eu esperava mais, esperava outra coisa. Chorei, fiquei triste pelos personagens, mas não fui totalmente arrebatada. Não senti vontade de morder o livro nem de obrigar todo mundo a ler. Minhas expectativas estavam lá no céu e não foram alcançadas. Vejam bem, eu tinha absoluta certeza de que este seria o melhor YA a passar pelas minhas mãos. Porque, convenhamos, John Green é um ser humano sensacional.
Conheci e comecei a acompanhar 'João Verde' em 2008. Ano em que ouvi falar pela primeira vez de Looking for Alaska, seu primogênito. E em 2011, pouco tempo depois do livro chegar ao Brasil com o nome de "Quem é você, Alasca?", me entreguei à leitura. Lembro de descrever a obra como um livro completo. Aventura, drama, momentos muito engraçados e reflexões. Apesar de menos acessível, Alasca me agradou bem mais do que o mais novo livro. Me conquistou justamente por parecer tão despretensioso, por ter personagens 'reais', com a adolescência em cada traço, muito inteligentes, mas com a essência do high school saindo pelos poros, com aquela vontade de sair por aí em busca de alguma coisa, de qualquer coisa.
Exatamente por isso não entra na minha cabeça que uma personagem tão jovem e prestes a morrer passe seus poucos dias lendo o mesmo livro, mofando em casa e vendo America's Next Top Model com os pais. Eu esperava mais revolta, mais raiva, mais dor escancarada. Não soa plausível, na minha opinião, que uma personagem adolescente seja tão serena e sábia quando se trata de uma injustiça como essa que se abateu sobre sua vida. Afinal, na adolescência, todos os sentimentos são maximizados. Eu preferia que Gus fumasse logo o cigarro ao invés de apenas colocá-lo entre os dentes para que mais uma metáfora brilhante surgisse no texto. Queria que os dois quebrassem algumas regras, chutassem o balde, parecessem mais jovens. Também esperava um amor menos tranquilo, menos maduro, mais desesperado. Entendem o que quero dizer? Os protagonistas não me convenceram como adolescentes, infelizmente. Acho que Jenny Downham foi bem mais feliz ao retratar uma adolescente com câncer em 'Antes de Morrer'.
Outra razão pra eu ter me desanimado com o livro foi a previsibilidade do enredo. Desde o início eu já imaginava o que ia acontecer. Como tudo ia terminar, o porquê do escritor babaca ser tão babaca, etc ... E isso também me incomodou. Sei que vocês devem estar pensando que não importam os fatos, mas sim o modo como eles são contados pelo John... o problema é que eu me distraí um pouco da beleza da escrita por conta de tudo o que citei acima.
Talvez eu releia em inglês. Talvez eu releia em português mesmo, um dia. Ou talvez eu me conforme em não gostar tanto assim. O fato é que eu amo John Green. Quero e ainda vou ler todos os seus livros. Admiro o modo como ele não subestima seu público e quero abraçá-lo bem forte por desafiar os nerdfighters sempre que pode. Só acho que talvez eu realmente prefira o 'grande talvez' a ‘alguns infinitos maiores que outros’.
Love, Tary
Caramba! Finalmente alguém concordou comigo e conseguiu descrever brilhantemente as razões para ACEDE não ser tão bom assim. Eu prefiro Alasca mil vezes, mas minha paixão sempre será OTK. ACEDE fica em último lugar no meu ranking John Green, porque, gente, Hazel é um pé no saco. Ela é muito falsa, sei lá, não me transmite verdade alguma. A história é bem mais doída do que reflexiva e sei lá, eu quero reler um dia pra ver se mudo de opinião, mas fora os trechos brilhantes, acho um livro passável.
ResponderExcluirAbraços!
Concordo muito com você, quando terminei de ler não sabia se dava 3 ou 4 estrelas. Acho que o livro não superou minhas expectativas por outros motivos, mas compartilho da sua opinião de que os protagonistas pareciam maduros demais.
ResponderExcluirAté a metade eu tava achando um livro ok, mas acho essa segunda parte melhorou consideravelmente e eu acabei gostando um pouco mais.
Eu quase não leio YA (talvez esse tenha sido o segundo ou terceiro livro), mas mesmo assim senti que o John Green escreveu de uma forma muito honesta e com muito respeito com o público (alvo) dele. Apesar de não ter sido totalmente envolvida, acho que entendo por que as pessoas falam tanto dele, mas também tenho a sensação que mesmo relendo em inglês — o que eu quero fazer algum dia — não vou amar como a maioria das pessoas.
Enfim, ótimo texto. Acho que você expôs da melhor maneira possível uma tema que no final das contas acaba sendo meio delicado.
Besoo
Tary,
ResponderExcluirAcho que comecei a entender o porquê de não ter amado A Culpa é das Estrelas. Achei bonitinho e, de certa forma, me surpreendeu. Não conhecia nada do John Green e, quando soube que a protagonista do livro sofria de câncer terminal, já julguei negativamente, imaginando que seria um romance tipo os do Nicolas Sparks, sabe? Vendo dessa forma, o livro me surpreendeu muito. Porém, você levantou uma discussão interessante. Os personagens não são tão verossímeis assim. Achei a Hazel sarcástica e até divertida, porém, realmente, não consigo compreender como ela conseguia ficar tão tranquila em relação à situação que estava vivendo. O mesmo para o Augustus. Quanto ao escritor, serei sincera, não recordo muito bem as partes em que ele estava. Na verdade, o livro como um todo, anda meio apagado na minha memória. Deve ter sido porque não me entreguei completamente à narrativa, não me envolvi tanto com os personagens. Só não sei se foi porque o livro não era tudo o que eu esperava ou se foi o momento. Penso em reler depois que já tiver lido os outros livros do John Green. Ah, e já estou adorando Alaska. Me deu saudades do Holden :) haha
Aguardo ansiosamente o seu vídeo com a tag :)
Beijos,
Michas
Antes de qualquer coisa: CHATIELLY POR TER PERDIDO ESSE SKYPE, QUERIA TE JOGAR TOMATES TAMBÉM <3
ResponderExcluirPronto.
Então, Tary. Eu entendo seus motivos. Entendo mesmo. E até concordo com eles, porque acho que meu amor por esse livro é muito irracional. Porque eu amei ele antes de ler, amei desde a primeira página e fui amando até o final. Depois, relendo alguns trechos, fui vendo que me identificava muito com a mensagem dele e de certa forma me identifico com o modo de ver as coisas da Hazel porque não fui (não sou?) uma adolescente do tipo intensa, revoltz e ~tão jovem~, sabe? Aliás, acho que gosto TANTO do livro justamente por isso, por sempre ter sido mais sossegada e nunca encontrado uma voz em algum livro que não tivesse a urgência louca que a maioria dos personagens de livros adolescentes tem.
Mas mesmo assim, mesmo se eu não achasse os personagens plausíveis de certa forma, eu iria amar, porque foi uma coisa tão, tão, TÃO absurda e intensa e espontânea que poderia ser CREPÚSCULO que nada faria com que eu gostasse menos.
Ainda bem que não é e eu posso sair contando pra todo mundo, né?
Beijos <3
Annoca, eu entendo a identificação. Eu também não fui revoltada da vida, mas imagino que ia querer fazer um bando de coisa ao mesmo tempo se tivesse câncer, sabe? Acho que esse foi o ponto que não me convenceu mesmo.
ExcluirQuem me dera ter amado irracionalmente :(
Bexos <3
Amiguxa,
ResponderExcluirEu te amo, mas você não ter amado ACEDE é demais pra mim! HAHAHAH Brincadeira, vai, eu aceito... porque é você. Na real, brincadeiras deixadas pra lá, eu acho que essa coisa de livros como ACEDE, de mexerem tanto com alguns e tão pouco com outros, tem muito a ver com a vibe. A Analu, por exemplo, que não amou tanto o Anna, porque acha que anda meio amarga pra isso de amor. Eu amei ACEDE, porque ele me deu um gás tremendo num momento em que eu precisava justamente disso, sabe? Vai ver, no momento em que você leu, não foi possível olhar pra Gus e Hazel como eu consegui olhar...
Mas, tudo bem! Você amando ou odiando ACEDE, ainda iremos nos ver daqui a um mês e pouco. <3
Te amo!
Beijos
Primeiramente, amei a creiça da Anna Vitória gritando nos comentários que queria ter arremessado tomates junto e colocando um coraçãozinho no fim da frase. Agora vamos ao que interessa.
ResponderExcluirEu só te perdoo por não amar esse livro porque eu sei que você "sonhou o sonho de amá-lo demais". Você deu o devido valor, e só não conseguiu se apaixonar. E eu entendo seus argumentos, apesar de ser uma talifã do livro. Entendo mesmo. Só que acho que a escrita do John e a narrativa estão à cima de tudo.
Eu acho que eu não fui adolescente revoltada, e meu sonho era ser madura como os dois são.
Outro dia a Airen disse pra mim que eu era um tanto poética e literária demais, e que a vida era mais no impulso do que nas metáforas. Acho que por isso eu me apaixonei tanto pela metáfora do cigarro. Ela nunca saiu da minha cabeça e o que mais me irritou nesse post foi você falando que ele devia ter fumado ao invés de ter criado a metáfora. Mas isso me fez entender mais um motivo do meu amor infinito e imutável por essa obra (que sim, eu mordi!): Entre o desespero e a literatura, eu ando ficando com a literatura. E ainda por cima, isso salva meus pulmões! HAHAHA
Te amo mesmo assim, viu? Mas te acho um cadiquim mais creiça sempre que você me lembra que você deu 3 ou 4 estrelas pra ele.
Amiga, o que eu disse sobre o cigarro também foi uma metáfora. Quis dizer que eu acharia mais plausível se ele 'mordesse' o perigo ao invés de apenas colocá-lo entres os dentes, entende? Sem precisar estragar os pulmões, de outras maneiras :)
ExcluirP.S: E nem vamos comentar sobre estrelas porque você deu DUAS para O Sol é Para Todos e três para vários dos meus favoritos, sua creiça =P Mas né, também te amo mesmo assim.
Tary meu amor, eu entendo todos teus motivos por não achar ACEDE tudo isso. E vou confessar que eu amei o livro, mas amei o que ele representou pra mim naquele momento que eu tava lendo ele, sabe? Com certeza tu sabe. Aquele livro que não era tudo aquilo, mas que foi importante por causa de época que tu tava lendo? Pois é. Eu adoro algumas passagens, inclusive tem uma no meu blog, mas me parece tudo MUITO CALMO. Acho que como fãs de Skins, a gente sempre espera que os adolescentes sejam à flor da pele. hahahaha E Hazel e August não eram. Até o fim do livro fiquei esperando que alguma coisa de muito louca e inesperada acontecesse, mas não. Fazer o que. Foi bom igual, mesmo faltando um "quê".
ResponderExcluirOkay? Okay.
<3
Ai meu Deus, é muito amor pra te perdoar depois dessa post. Só te perdoo mesmo porque, enfim, todo gêmeo tem alguma diferença que indica quem é quem - e mesmo você, minha alma gêmea literária, haveria de ter alguma diferença comigo, né não? A diferença é que você não sabe qual o livro que você ama e eu não amei tanto assim, porque eu ainda não te disse por puro medo hahahaha
ResponderExcluirMas olhe, tenho duas coisas em defesa da Hazel. Primeiro, é que existe tipo um estudo, sei lá o quê, que já identifica que crianças e adolescentes que morrem jovens trazem consigo um nível de maturidade extremo, como se já fossem conscientes de que sua missão é aquela? Juro, não tou brincando. Há vários, vários casos mesmos de crianças de até 7 anos que são responsáveis por consolar os pais nas suas mortes e que aceitam mesmo os tratamentos numa boa, como simplesmente uma fase até o fim da sua missão. Óbvio que sei lá se o John Green pensou nisso quando fez a Hazel, mas como eu já sabia disso (Francisco lida muito com crianças e adolescentes com câncer na faculdade), eu não estranhei o comportamento da Hazel, sabe? Enfim.
Mas também não acho que chega a ser um livro ''passável'', como a Mayra diz. Livro passável pra mim é ooooooutro nível.
E sim, você foi respeitosa. Eu jamais conseguiria fazer isso, com o meu jeitinho doce de ser hahaha
Beijo. AINDA te amo <3
AI TARY! TARY TARY TARY SUA LINDA! ♥
ResponderExcluirCara, ACEDE foi meu unico John Green até agora - sinto Milena me julgando de longe ahah - mas eu também esperava um dos livros do século quando comecei a ler e achei ele tão.. morto, eu até pensei em fazer um post sobre ele, mas acho que se eu tivesse combinado isso contigo não sairia tão coerente.
Agora me diz, onde é que eu assino em baixo?
Finalmente,alguém que também se decepcionou com esse livro!!Não foi exatamente pelas mesmas razões,mas eu só ouvia todo mundo falar que era a coisa mais linda já escrita e não tinha como não amar e não foi bem assim.Acho que não foi intenso o suficiente,não sei,e hazel e gus não me passavam todo esse amor que eles sentiam.Ainda adoro o john e acho o livro bonito,mas não essa coca cola toda.
ResponderExcluirEu não te odeio, tá? hahahahaha
ResponderExcluirAmiga, é assim mesmo, já tinha falado isso no meu post sobre TFiOS. As pessoas se conectam com coisas diferentes das nossas e é isso que caracteriza o mundo. Mas releia em inglês! A Hazel pode ser bem mais querida na língua materna.
Eu super entendi o seu ponto, mas pra mim Hazel e Gus são tão queridos justamente por serem mais calmos. Não acho que os dois sejam excepcionalmente sábios e serenos, pelo contrário, acho que eles tentam passar uma imagem de "I don't care" por terem descoberto a doença cedo. A Hazel não descobriu o câncer há pouco, ela aprendeu a viver com ele, por isso a revolta dela só aparece em determinados momentos. A imaturidade também, e essa imaturidade é a coisa mais real e sutil do livro.
Acho que eu gosto porque lembro da minha adolescência e sabe, não era todo dia que eu e os meus amigos queríamos sair em busca de um grande talvez. Tinha hora que não tinha todo essa arrebatamento. Aí achei digno ter todos os tipos de adolescentes retratados, sabe?
Mas repito, pra mim ACEDE é sobre vida e morte, antes de tudo. Não necessariamente uma história de amor, só a afirmação que o amor (qualquer tipo dele) é a única maneira de vencer o esquecimento.
Beijo! <3
Você simplesmente descreveu tudo! E obrigada, eu estava aqui achando que era uma louca por ser a "única"que não está idolatrando esse livro.
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