terça-feira, 7 de maio de 2013

Eu sinto muito blues

Às vezes eu penso que quem sente de menos tem uma vida mais fácil. Porque geralmente os meus sentimentos pesam dentro de mim de um jeito que me destrói um bocadinho por dentro. E aí invento de pensar sobre eles e acabo me perdendo mais ainda. Acho que no meu coração toca blues e minha alma rodopia sem parar. Então me vejo deitada na cama palpitando inteira dos pés à cabeça. Com os olhos marejados de sentir. Porque eu sinto muito. Juro que em certos momentos tenho medo de não sobreviver às minhas próprias emoções porque não sei se na minha vida comum cabe tanta intensidade.

Sinto falta do frisson dos meus quinze anos, quando tudo que eu fazia tinha um gosto diferente, um cheiro novo. Me aborreço com a calma que meus olhos veem nas minhas olheiras, me sinto mais velha, mas não tão sábia. Tudo porque cada pedaço meu vive eufórico por causa das milhas que percorri. Nos meus sonhos. “Às vezes quero tudo que sonhei, às vezes o que eu quero é desistir". A verdade é que não sei direito se estou comigo mesma nesse momento da minha vida, ou se estou correndo atrás do que já fui. Me querendo de volta. Sentindo saudades de mim. Mais uma vez o sentir.

Coloco uma calça jeans, separo as mesmas blusas todos os dias, ponho os óculos no rosto e nem sei se eles já me ajudam a ver. Dizem que estou crescendo. Me pedem calma. Mas o que faço com essa força toda pulsando no meu peito e se explondindo em palavras? O que faço com meus pés dormentes e com as mágoas que se partem no meu peito, mas nunca partem para longe? Queria saber aonde ir pra depositar um pouco do muito que sinto.

Construir uma máquina transparente para guardar sensações. Quem sabe assim não consigo abrir o recipiente da serenidade e aspirar até o final? Também quero reservar uma dose de alívio para aqueles dias em que só ele me impulsiona. Acho que preciso de um abraço bem apertado da vida e do vento estapeando minha cara em algum lugar extraordinário. Acho que preciso de alguma coisa para catalisar esse mundo de coisas que sinto. Vou encontrar. Por enquanto, só sei sentir.

Love, Tary

10 comentários:

  1. Amiga, acredito do fundo do meu coração que esses momentos de desencontro são sempre prelúdios de uma mudança, como se você abandonasse uma casca para se fazer nova e mudada. Pelo menos comigo sempre é assim. Meu ano de 2011 foi inteiro blues, me olhava no espelho e não sabia quem eu era, passei mais tempo olhando pro teto do quarto do que deveria.
    Te digo com toda a tranquilidade do mundo que uma alma rodopiante feito a sua não nasceu pra se transformar em blues e que logo a sua sintonia consigo mesma estará de volta, renovada e diferente, porque se tem uma vantagem nessa história toda de sentir demais e o tempo todo é que a vida nunca se anula na gente.

    E eu amo você e tô te abrançando bem forte.

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    1. <3 Obrigada por sempre me abraçar forte, amiga! Te amo!

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  2. Amiga, você sabe que eu podia ter escrito isso aí, porque andamos tão na mesma.. É isso! Falta de catalisador. Eu sinto coisa demais e não sei medir isso aí, então sofro. E ando me olhando no espelho e me sentindo velha, sem as vantagens disso. Ando com muita saudades de mim.
    Ai, que catarse esse texto..
    Amo você. Vamos nos abraçar bem apertado e sofrer/sentir juntas.

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    1. Ainda vamos matar nossa saudade de nós mesmas, amiga. Te amo!

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  3. Numa hora em que você estiver sem fazer nada, esperando o ônibus ou simplesmente de bobeira na cama, olhando para o teto, conte para Deus como está sendo difícil carregar esses pesos. Como tem dias que tudo é vazio ou é intenso demais. Você vai ver como tudo fica mais fácil. Beijos

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  4. E desde quando sentir é pecado? Talvez não seja suficiente, mas é tão bom e tão necessário que espero que você nunca deseje deixar de fazê-lo. A gente precisa sentir mais a vida, só assim conseguimos vivê-la de verdade e, se minha opinião conta, você está fazendo um ótimo trabalho até agora.
    Abraços apertados, não sou a vida, mas curto abraçar!

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    1. Também não acho que seja pecado, amore. O que eu quis dizer com esse post foi que eu me sinto feliz por ser assim, mas às vezes não consigo catalisar tão bem. Obrigada por entender <3

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  5. Tary, uau! De verdade... seu primeiro parágrafo inteiro me descreve numa intensidade incrível. Mas aprendi a perceber que talvez a vida daqueles que sentem pouco sejam mesmo menos sofridas, mas são menos felizes também. Gente que vive no morno não dá valor ao quente ou ao frio. Sei lá...
    Tem fase que a gente vive em descompasso com a gente e são fases difíceis. Mas a gente sempre cresce nelas e um crescer bom, um crescer de auto-conhecimento, acho.

    Fica bem!

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  6. A experiência de ler esse post ao som da música é bem única.
    De vez em quando me pergunto como é possível todas nós termos sentimentos tão parecidos. Hoje mesmo fui ler um post na Analu e fiquei com o coração partido, como se ele tivesse falado pra mim. Agora você.
    Tem horas que eu só quero mesmo desistir. Tem horas que eu não acho motivo pra crescer. Me sinto uma adolescente meio atrasada, mas fazer o que? A vida sai cobrando umas coisas difíceis demais. Não só as responsabilidades. O ruim é quando ela te exige ser menos você, sentir menos. Aí você sente todo esse blues.

    Você é fantástica, Tary. E o que vem por aí será fantástico pra você.
    Beijo! <3

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