quarta-feira, 20 de novembro de 2013

12 pequenas doses de alegria

Amandinha, do Maçãs Verdes, inventou esse meme querido, no qual precisamos listar 12 coisas que abrilhantam nosso cotidiano. Analu me indicou e cá estou, pronta para dizer que sou totalmente adepta dessas pequenas alegrias egoístas que nos fazem sorrir por dentro e tentar esticar o momento o quanto pudermos.

1. Dias de folga chuvosos

Chuva já me faz feliz nos meus dias úteis. Por mais que seja um saco enfrentar o pânico naquelas tardes de “tirei o guarda-chuva da bolsa e começou a chover”, não consigo deixar de achar dias nublados incrivelmente românticos, melancólicos e contemplativos. Assim que a temperatura cai, tudo fica mais silencioso, mais agradável. Parece que temos mais tempo para ouvir nossos pensamentos, seguindo o ritmo da chuva. Mas quando São Pedro resolve lavar a terra na minha folga, sinto ainda mais que o universo e a natureza resolveram conspirar a meu favor. Abençoadas sejam aquelas 24 horas chuvosas sem absolutadamente nada para fazer, quando posso passar o dia de pijama vendo filmes e espiando os pinguinhos se acumularem no vidro da janela. Sem contar a possibilidade de cochilar sem nenhuma culpa.

2. Devorar um livro

Conseguiria fazer essa lista inteira com tópicos envolvendo livros. Passar horas na livraria, comprar vários livros de uma só vez, começar uma história nova, namorar as páginas,  terminar um livro e me sentir vitoriosa em relação ao número de não lidos na estante. Enfim, são incontáveis as alegrias que esses objetos extraordinários me proporcionam diariamente. Porém, nada me deixa mais contente do que não conseguir largar um livro até terminar. Ler em pé no ônibus de tanta empolgação, terminar o capítulo andando na rua, não conseguir desgrudar da história nem enquanto estou comendo. Devorar livros? Sempre, obrigada.

3. Fazer as unhas

Não me considero uma pessoa particularmente vaidosa. Exceto quando se trata das minhas unhas e das sobrancelhas. Já comentei  isso com vocês, me sinto a pessoa mais descuidada do mundo quando estou com algumas dessas mulherzices por fazer. Só que o processo de tirar as sobrancelhas não é lá muito legal, né? Não estou falando da dor, já que eu sempre durmo, mas de só ver o resultado no final. As unhas, não. Amo ter tempo para fazer as unhas, amo me demorar na escolha do esmalte (dificilmente repito a cor), amo esfoliação nos pés (!!!) e confesso: depois, fico olhando as minhas unhas das mãos o tempo todo, feito as mulheres pedidas em casamento olham para o anel de noivado.


4. Banho demorado

Quero deixar claro que meu conceito de banho demorado não consiste em trinta minutos debaixo do chuveiro, sou super a favor de preservar a água do mundo. Mas ter cabelo comprido é uma ótima desculpa para prolongar o mais próximo que vou chegar de um banho de cachoeira diário. Coloco o celular para tocar algumas músicas e deixo fluir os pensamentos. Banhos introspectivos tornam qualquer um mais criativo e sempre saio deles achando que posso organizar toda a minha vida. Pena que a sensação não dura tanto. Talvez se eu tomasse decisões debaixo do chuveiro, tudo estaria resolvido, igual àquele personagem do Woody Allen em “Para Roma, com amor”, que só tinha talento para cantar ópera durante o banho.

EMMA


5. Músicas que conversam comigo

Estou distraída ouvindo músicas no shuffle, quando uma delas me surpreende, dizendo tudo o que eu precisava ouvir e nem sabia. Ou um simples trecho vai direto no meu coração antes mesmo de eu me preparar para ele. Felizmente, isso tem acontecido com mais frequência e o conforto que vem junto é impressionante. Porque às vezes a gente não quer despejar nossas besteiras nos amigos e na família, mas precisamos de alguém para dizer que entende. Graças a Deus por Cazuza, Legião Urbana, Los Hermanos, entre outras vozes que sempre conversam comigo.


6. Passar a tarde em um lugar bonito

Consigo ficar feliz só de me visualizar em lugares bonitos, imagine quando estou, de fato, passando a tarde em um deles. De preferência, abarrotado com belezas naturais, um céu bem azul e companhias divertidas. E brisa, precisa ter brisa no pacote. Por mais urbana que eu seja, adoro esses momentos em que paro para apreciar o mar, os rios de Bonito, ou mesmo meu parque favorito na minha cidade.

7. Caronas inesperadas

Pessoas sem carro aprendem a gostar muito de caronas (por dependerem delas). É lindo quando algum tio me vê esperando o ônibus e se oferece para me levar. Ou quando a colega de trabalho diz que me deixa em casa. E, principalmente, quando meu pai, que quase sempre me leva de carro até o ponto, não fala nada, passa do lugar onde me deixa e anuncia que vai me levar no trabalho. Não ter que enfrentar ônibus lotado e sol fervendo os miolos: apenas amor.


8. Conversas nostálgicas

Relembrar é preciso. As histórias de família repetidas em todas as reuniões, os melhores momentos de uma amizade e, especialmente, a infância. Me perdoem os que nasceram depois, mas a infância 90 foi incrível demais e não consigo esconder os olhinhos brilhando quando a conversa é sobre isso. Os melhores filmes da Sessão da Tarde e do Cinema em Casa, as amarelinhas riscadas de giz, as brincadeiras com a irmã nos fundos de casa, os seriados do SBT, os desenhos favoritos, os trabalhos feitos em papel almaço depois de pesquisar nas enciclopédias enormes. Ah, como eu amo falar sobre tudo isso!

FERRIS


9. Maratonas de séries

Pipoca, sorvete, vinte episódios de séries diferentes no computador e o resto do dia livre não poderiam significar outra coisa no meu mundo. Recomendo isso para qualquer ser humano viciado em seriados e incapaz de se atualizar. Essas maratonas já me tiraram de muitas crises por não me deixarem pensar em nada além de continuar acompanhando o desenvolvimentos dos personagens.


10. Água de coco antes do trabalho

Tem um tiozinho que vende água de coco do lado do ponto em que desço para ir trabalhar. Ele não vai sempre, mas geralmente aparece nos dias de extremo calor (da parte de Campo Grande) e enorme preguiça de viver (da minha parte). Compro um copão e vou tomando enquanto caminho para o jornal. Refresca até a alma.

11. A hora de comer

Sonho o dia todo com os momentos em que vou sentar para comer. Sou capaz de ficar contente por horas só por terem me prometido um bolo, um macarrão alho e óleo ou uma pizza no fim do dia. Fico pensando a semana toda no que mamãe vai preparar para o almoço de domingo. E quando essas horas finalmente chegam, meu dia fica automaticamente melhor.  Gordinha tensa, fazer o quê.

FOME

12. Me sentir produtiva

Desde arrumar meu quarto, até tirar os milhões de papéis da bolsa, limpar os livros da estante ou apagar os arquivos não usados do computador. Gravar o vídeo que estava planejando há semanas, conseguir escrever bastante e, claro, resolver as pendências que deixei para a última hora. Apesar de adiar muito esses momentos, sempre me sinto bem (e aliviada) quando consigo bancar a organizada e, de uma vez só, riscar vários itens da to do list mofando no post-it ao lado.

Indico Marie, Dede e Milena. E nada de me ignorarem, mocinhas!

Love, Tary

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nostalgia Doces Rodopios

Faz um tempinho que quero fazer uma retrospectiva dos layouts que usei desde que comecei esse blog e nada melhor do que fazer isso exatamente quando uma nova troca acaba de se feita. Cassie Ainsworth está de volta. Ela mesma, minha personagem favorita de todos os tempos. Não sei se todo mundo entende minha fixação por colocar uma foto da Cassie em praticamente todos os cabeçalhos que o Doces Rodopios já teve nesses quase quatro anos de existência. Talvez minha amiga Anna Vitória, que vira e mexe se rende à Holly Golightly, seja a única que consiga. Também não sei se pra vocês trocar o layout do blog é mera convenção ou cansaço da imagem anterior. Pra mim era mais ou menos isso, no começo. De uns tempos pra cá, todas as trocas têm um certo motivo emocional, acreditem se quiserem. Desde então, nunca mais coloquei nada para estampar meu blog que não expressasse a fase que estava vivendo. Os do início, infelizmente, sumiram por aí. Lembro que o primogênito foi uma colagem muito simples de fotos do casamento de Lucas & Peyton, estava orfã de One Tree Hill  e não resisti. Também teve um blend de Audrey, Judy Garland e Marilyn pelo caminho, desse talvez os leitores mais antigos se lembrem. Acho que o meu terceiro foi esse:

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Bem rosa, bem romântico. Quando a gente começa a blogar tudo o que quer da vida é ser lido. Dá pra notar o meu desejo de fazer com que vocês soubessem do que eu gostava através das fotos e resolvessem, sei lá, dar uma chance para o que aquela blogueira nova tinha a dizer. Bonito saber que, três anos depois, ainda amo absurdamente cada uma dessas coisinhas em preto e branco. (E Cassie estava ali, claro). Saudades absurdas desse lay.

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Me apaixonei tanto por esse layout quando terminei, vocês não fazem ideia.  É “rodopiar” em imagens e ninguém precisa saber que são de “As Virgens Suicidas”, né? Ops, contei. Mas parece? Kirsten Dunst está tão feliz nelas. Adoro essas fotos e lembro que me senti ousadíssima por usar essa fonte toda trabalhada. Ele demonstra a  necessidade que eu tinha de fazer tudo casar com o nome do blog, sempre. Só que era uma fase em que eu precisava desesperadamente rodopiar, então acho que tudo bem. Atenção leitor antigo: primeiro template com as folhinhas icônicas que apareceriam exaustivamente mais pra frente.

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De todos, esse talvez seja o que eu menos gosto. Não é à toa que ficou pouquíssimo tempo no ar. Poluído demais, florido demais, corações totalmente despropositais. E como assim “por Taryne”, quem eu tava achando que era pra usar só o primeiro nome? A Madonna? Risinhos. As fotos eu curto, apesar de elas também remeterem ao suicídio, né? Considerando que a Cassie tentou se matar nessa cena, hahaha!  Ai, gente, é a melhor personagem da história (da minha vida, pelo menos) rodopiando! Eu não podia deixar de aproveitar a coincidência, oras. E, mais uma vez, a minha insistência em ser literal. Blogueira júnior, relevem.

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Mudando de água pra vinho, um dos meus favoritos. Gosto do jeito como ele é meio “profissa” sem deixar de ser o que é: um lay de blog pessoal. Nunca mais consegui acertar no preto e branco depois disso. Na época, chamei bregamente de “um passeio pelas minhas paixões” e comentei sobre as folhinhas persistentes num post com esse mesmo título. Isso foi em fevereiro de 2011 e ele ficou até outubro daquele ano, o que prova o quanto eu tinha me apegado.

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Tanto gostei que tentei reproduzir no próximo, sem tanto sucesso. Ele resistiu bastante tempo também - reparem na repetição de fotos de lays anteriores, tsc, tsc. Preguiça, a gente vê por aqui. Parando pra pensar, gostava mais do background vintage de mini-flores do que dele, em si. Auge das folhinhas e muita saudade do Heath Ledger.

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E chegamos ao meu preferido disparado. Estava desesperada por algo colorido, juntei coisas fofas, três personagens queridas, esse mini-piano e voilà, habemus layout. Vale dizer que a frase no canto inferior é resultado de uma bichisse total com minha amiga Analu. Estávamos fissuradas com “Velha e Louca”, da Mallu Magalhães, e resolvemos colocar um trechinho da música nos nossos novos lays. A história toda vocês podem conferir aqui. Essa imagem me faz lembrar o porquê de 2012 ter sido tão bom.

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Aqui eu quis traduzir o que fazia com as minhas agendas. Deu um trabalho do cão e acho que nunca fiquei realmente satisfeita com o resultado. Olhando agora, achei até bem bacana! Nenhuma mudança muito drástica, porém. A única novidade é a presença da protagonista de “Minha Vida de Menina”. Um filme brasileiro lindo baseado num livro (o diário dela) que eu preciso ler urgentemente.

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Foi quando eu me cansei  dos gráficos trabalhados, das milhões de fotos. E foi aí que me apaixonei por demonstrar minhas fases através dos layouts. No post sobre ele, escrevi o seguinte: “é a coisa mais simples e autobiográfica que eu já fiz (…) Sem personagens identificáveis nos quais me apoiar, sem casais fofinhos de filmes, sem a Cassie. Sei que já citei as “personagens identificáveis”, mas entre todas que passaram por aqui, ela foi a única que esteve presente na maioria esmagadora dos templates. E, por fim, sem as folhinhas. A mais drástica alteração”. Era a fase pós-faculdade. A menina esgotada que ainda tinha esperança.  E passarinhos, porque eu nunca soube lidar com espaços em branco.

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Se o anterior foi autobiográfico, com esse a coisa atingiu o nível: “peguei meus sentimentos e joguei na tela do meu blog”. O título do post sobre ele mostra perfeitamente o que eu quis passar, tinta rosa no meio do quadro escuro (o background era bem pretão, totalmente diferente de tudo o que eu já tinha colocado por aqui). Alguém pode até se enganar pela estampa de bolinhas e o cor-de-rosa, mas esse foi o template mais melancólico do Doces Rodopios. Uma amostrinha de como 2013 não tem sido fácil. O novo também é, só que de um jeito diferente que vou retomar adiante.

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Se for pra falar de estética, não sou nada fã do meu último layout. Mas ele foi extremamente importante porque representou um pedido ao universo para que as coisas, pelo amor de Deus, melhorassem. Além de denotar toda a minha empolgação com “Antes da meia-noite”, último (será?) filme da trilogia do Linklater, precedido por “Antes do amanhecer” e “Antes do Pôr do Sol”. Ainda não acredito que não postei sobre o sonho realizado de ver esse casal incrível no cinema, um dos pontos altos do ano.

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Agora vamos ao atual (postando a foto por motivos de pesquisas futuras). No dia em que vi “Pure”, episódio da Cassie na sétima temporada de Skins, soube que aquela fotografia extraordinária me renderia um layout. Depois de demorar um bocado, ontem finalmente saiu. O trecho em lilás é da música tema do episódio, da Gabrielle Aplin (escutem, por favor) e diz basicamente que eu mal posso esperar pra começar de novo. Só de olhar pra isso, sinto vontade de chorar, me achem piegas, se quiserem. É tão verdade que chega a doer. Mesmo prosseguindo com a vibe clean, espero que dê pra reparar na minha vontade de recuperar um pouquinho do meu jeito antigo de fazer lays, sem deixar de respeitar as mudanças que ocorreram em mim de lá pra cá.

Sinto que meu pouco interesse em abrir meu programa inseparável e brincar com as imagens expressa também o meu descaso com o blog. Fui uma péssima blogueira em 2013. Se os comentários minguaram, a culpa é muito minha e não só do suposto fim iminente dos blogs pessoais. Não quero que eles acabem porque aqui eu posso gritar todas as minhas pieguices, sonhos, melancolias, temores, através das palavras que tanto já me resgataram. Sim, eu quis dizer tudo isso – e muito mais - com algo tão simples no topo do Doces Rodopios e com essa retrospectiva.  Mal posso esperar para começar de novo. E como vocês já devem ter notado, não estou falando somente do meu blog. 

Love, Tary

domingo, 3 de novembro de 2013

5 músicas para cantar na frente do Simon

Sendo a fã de realities musicais que eu sou, incontáveis são às vezes que imaginei como seria me apresentar na frente dos temidos jurados. Obviamente, em todas essas audições imaginárias, Simon Cowell fazia parte da bancada e me dava um 'sim'. Já sonhei em ser aplaudida de pé também, admito. Nesses devaneios em que eu nasci com talento para cantar, nunca sou aquela diva que alcança as mais altas notas cantando Whitney Houston. Sem dúvida, em todos os realities que eu já vi na vida, 'I have nothing' foi interpretada em algum momento. Apesar de linda, essa música é a escolha mais clichê do universo, junto com 'I'll always love you', talvez. Considerando que minhas candidatas favoritas são sempre as mais contidas, a vibe seria outra e, claro, fugiria das canções que todo mundo sempre canta. E foi falando sobre essas músicas manjadas dos shows musicais com Annoca, que ela criou esse meme: 'se você estivesse em um reality musical, quais músicas escolheria para cantar?’. Graças a essa ideia sensancional, a lista abaixo nasceu.

Turn me on - Norah Jones

A vibe diferente que citei acima seria total Norah Jones. Controle dos vocais, tom grave bonito, sem gritos desnecessários. E essa música é um escândalo de tão sexy, uma ótima pedida pra não cair no boring e conseguir a atenção do júri.

Almost Lover - A Fine Frenzy

Sou apaixonada por canções que contam histórias e isso me ajudaria horrores porque - muito provavelmente - travaria na frente dos jurados. Abusaria da sutileza na voz e das expressões faciais, caprichando no refrão. ‘Almost Lover’ seria perfeita para atingir o objetivo.


Stop this train - John Mayer

Essa seria uma boa para cantar no X Factor UK, porque o USA não deixa tocar instrumentos musicais durante a apresentação. Levaria meu violão - toco 3 instrumentos nesse universo paralelo do talento musical - e conquistaria a todos por ser despretensiosa. Mentira, o maior motivo pra ter escolhido uma das músicas mais bonitas do John Mayer é não me conformar com a quantidade pífia de canções dele interpretadas em realities musicais. Minha versão ia ser parecida com a do 'Where the light is', que vocês podem conferir no vídeo acima.

You really got a hold on me - The Beatles

Ah, essa eu ia cantar com toda a emoção do mundo porque minha paixão por essa música é inexplicável. Mas ia optar por uma versão mais animadinha. A platéia ia bater palmas no ritmo e tudo, aposto.

Dream a little dream of me - Ella Fitzgerald

Meu sonho cantar essa jóia para milhares de pessoas, sério. Eu teria a voz parecida com a da vocalista do The Mamas & The Papas ou com a da Zooey Deschanel, mas a pegada seria mais moderna - sem perder a classe, é claro - pro Simon não me chamar de old fashion, coisa que ele adora fazer com os pobres candidatos. Se bem que, com essas escolhas pouco convencionais, eu nem chegaria aos live shows.

A setlist eu já tenho, pena que o talento musical eu não herdei de mamãe. Indico para todos que quiserem fazer, mas não se esqueçam de dar os créditos para a Anna Vitória. Fazer meme alheio sem creditar é o fim, galera.

Love, Tary

sábado, 2 de novembro de 2013

Vai saber

Às vezes eu me pego perguntando o porquê de ter amigos. É sério. Eu sou a única louca que questiona isso? Traçando o meu perfil, talvez eu mesma não fosse minha amiga. Eu sou confiável, isso é bem verdade. Praticamente esqueço os segredos que me contam. Mas será que eu sou legal? Será que sou uma companhia agradável? Tenho minhas dúvidas, sinceramente. Acho que às vezes moro dentro de mim mesma de um jeito que impede os outros de me convidarem pra sair e sentir o sol, só um pouquinho. E também assumo uma postura defensiva de quem já sofreu um bocado por ter aberto uma brechinha e se permitido espiar o que tem do lado de fora. Talvez por isso eu quase sempre me sinta a pessoa que não vai fazer tanta falta assim se não comparecer àquela festa, já que muito provavelmente foi a última a ser lembrada na execução da lista. E talvez por isso eu nunca saiba dizer se preferem que eu seja a piada para rirem com os outros na mesa, ou se preferem rir de alguma outra coisa comigo do lado. Ou talvez eu só tenha acordado meio triste hoje, vai saber.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Versões tão boas ou melhores que a canção original

Vira e mexe me deparo com versões sensacionais de músicas que a gente nunca tinha imaginado ouvir de outra forma. Isso acontece quando estou fuçando vídeos de cantores anônimos no You Tube, ou assistindo temporadas de algum reality show. Honrando esta última hipótese, o início desse post vai ser quase um tributo ao X-Factor USA, que é ruim e mais parece novela mexicana que competição musical, mas eu não consigo largar. Sou alvo fácil de Simon Cowell, o que posso fazer? São três os covers do programa pelos quais me apaixonei perdidamente.

Brokenhearted – Karmin

Sei que muita gente detesta menina Carly, esse ‘alienígena’ de 13 anos de idade, mas eu gosto muito da voz dela. Sua versão para Brokenhearted, da banda Karmin, é simplesmente maravilhosa. E bem melhor que a original animadinha, na minha opinião. Tenho esse cover no meu celular e escuto direto, sempre me emocionando com a emoção que ela coloca.

Please don’t stop the music - Rihanna

O maldito do L.A. Reid quis ferrar com o Phillip Lomax pedindo pra ele cantar essa música insuportável da Rihanna na frente da própria Rihanna. Todo mundo sabe o tiro no pé que isso pode ser. Mas aí esse garoto aparece com o sozinho mais lindo já visto em realities (tenho uma queda monumental por ele, me perdoem) e faz o impossível: deixa a música boa. Aquele momento esquisito em que um cara inexperiente faz uma versão melhor que a sua, in your face.

Toxic – Britney Spears

Vejam bem, eu adoro Toxic. Enquanto todas as minhas amigas odiaram o lançamento do clipe no Fantástico – estou ficando velha –, eu simplesmente adorei o jeito ‘sassy’ da nova música de Neide e cantei por dias. Mas não há como negar o quão interessante ficou o cover de Alex & Sierra. A dupla fez uma apresentação memorável. Achei engraçada toda a polêmica de que eles teriam copiado a participante do The Voice, Melanie Martinez, quando a própria Melanie deve ter se inspirado na Yael Naim, cantora extraordinária e primeira a aparecer com uma versão acústica de Toxic. Vale muito à pena ver o vídeo dela e o da Melanie também!

Stay - Rihanna

Ok, finalizada a sessão X-Factor, vamos aos talentos do You Tube! Vocês já devem ter reparado que tenho um pequeno problema com as músicas da Rihanna, mas eu devo mesmo é ter um problema com o jeito que ela canta porque já amava a versão da deusa Mandy Moore para Umbrella e agora me apaixonei perdidamente por Nicole Cross matando a pau em Stay. Ou seja, acho que gosto das músicas de RiRi quando não são interpretadas por ela. Sorry.

She Wolf – David Guetta feat. Sia

Essa dá orgulho de falar porque é brasileira! Amanda Coronha faz os covers mais variados, tem sertanejo, música internacional e até Cony Crew, imaginem só! E ela consegue deixar qualquer canção belíssima. Que voz essa guria tem, meu Deus do céu. Longe de mim achar qualquer cover melhor que a original (amo absurdamente), mas essa versão é tão boa quanto.

Don’t you worry Child – Swedish House Mafia

Todo mundo deve conhecer a Madilyn Bailey por causa de outra ‘música de balada’ que ficou incrível na voz dela: Titanium. Mas o que ela fez com ‘Don’t you worry child’ também foi extraordinário! Confesso que nunca tinha parado pra pensar no significado da letra dessa canção enquanto dançava. Isso mudou depois de ouvir o trabalho da Madilyn. Aliás, ela arrasa em todos os covers, vocês precisam conhecer.

Stop this train – John Mayer

Caso sério de: pra eu falar bem de um cover desse cantor tem que ser realmente bom. O menino tá cantando John fucking Mayer. Torcer o nariz seria minha primeira reação, mas esse é o Cameron Mitchell, gente. O menino de The Glee Project! A voz dele é uma delícia de escutar e ele é tão cute que eu vou chorar daqui dois minutinhos. Nunca ninguém vai superar JM cantando essa, que é uma das minhas músicas favoritas na história do mundo, mas menino Cameron fez um excelente trabalho.

Bônus: Muito Estranho – Dalto

A ideia do post era mostrar o quanto os anônimos da música conseguem se igualar – ou superar – os famosos nas performances, mas falando em versões, não poderia deixar de citar Nando Reis arrasando na sua de Muito Estranho, do Dalto. De todos os covers do álbum ‘O Bailão do Ruivão’, esse é o meu favorito.

Por hoje é isso, compartilhem suas preferências comigo nos comentários!

Love,  Tary

sábado, 5 de outubro de 2013

Os não tão incríveis hábitos literários da Tary

Minhas amigas Annoca e Deyse convidaram e cá estou eu tirando a poeira deste blog. A proposta da vez é falar um pouquinho sobre os hábitos literários através de algumas perguntinhas. Vocês podem conferir o post original aqui. Até agora não sei se tem uma interrogação no final do nome da TAG, mas eu coloquei porque… sim, hihi. Indiquei três blogueiras para responder: Michas, Mel e Palominha. Espero que gostem do vídeo, relevem os passarinhos e a total falta de jeito da cidadã brasileira que não grava há dois meses.

Love, Tary

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

I’m feeling 22

Estou meio desanimada com essa vida blogueira (e até com a vlogueira, de uns tempos pra cá), mas achei que não parecia certo quebrar a tradição firmada desde que comecei esse blog e deixar de postar no dia do meu aniversário. Pois é, hoje eu completo 22 anos de idade e, olhando para a minha vida no dia em que fiz 21, algumas coisas mudaram. Me formei na faculdade e no Inglês, tenho um ótimo emprego, tirei minha carteira de motorista (vou dizer que isso aí me surpreendeu, haha), tenho amadurecido tanto a cada dia que chega a assustar e continuo feliz, vejam vocês. Tudo bem que desde que 2013 começou, meus textos foram tomados por uma certa melancolia que já me convenci: deve fazer parte dessa história toda de crescer. É fato, esse tem sido um ano mais melancólico mesmo. Não que os momentos de alegria tenham sido insignificantes, mas vocês já devem saber que, pra mim, ser um pouco triste não é uma coisa ruim. E se Vinícius de Moraes acha isso bonito, quem pode me julgar?

Pensei que ia passar o dia todo pulando ao som de 22, da Taylor Swift, por motivos óbvios, mas não é que não paro de ouvir ‘Who you are’, da Jessie J? Isso deve querer dizer alguma coisa. Sabe, às vezes o mundo inteiro quer te distanciar de quem você é. Querem que você faça o mesmo que eles, vá aos mesmos lugares, goste das mesmas pessoas e pense da mesma forma porque, caso contrário, estará perdendo muita coisa. Será essa uma maneira de tentarem se justificar por serem sempre tão iguais? Não sei. Não quero saber. Passei tempo demais tentando me encaixar em círculos nos quais nunca me senti confortável. E, olhando para trás, isso parece tão distante! Acho que foi nessas fases que mais perdi tempo.

Óbvio que ainda tenho muito o que aprender. Existem milhões de sentimentos que precisam ser trabalhados, mas se vocês querem saber, tenho orgulho da pessoa que me tornei. De não ter me deixado levar por aquilo que os outros queriam que eu fizesse da minha vida. Como naquela música da Cássia Eller, sabe? “Sou minha, só minha e não de quem quiser”. Amém pra isso. Não perdi quem eu sou e meu desejo para os próximos anos é me manter assim. Nunca me perder de mim mesma, por nada, por ninguém. E que só permaneça ao meu lado quem gostar de mim assim. Happy, free, confused, and lonely at the same time.

Pronto, desabafei e já derramei as lágrimas de praxe (sempre dou uma choradinha no meu aniversário, relaxem), agora vamos mudar de música e viver o resto do meu dia. (Viver o resto da minha vida, que me reserva muitas surpresas e alegrias, beijo pras inimigas).

Love, Tary

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Voz e luz

Acho que toda mulher tem um certo instinto de proteção. Culpem a maternidade, a sensibilidade aflorada, o humor, os hormônios. Sei lá. O fato é que eu sempre senti vontade de proteger e cuidar das pessoas que amo. Mas não foi por isso que “adotei” Rafitcha nesse mundo doido da internet. Foi porque, desde o momento em que li o blog dela pela primeira vez, a achei incrível.

Não só por ser viciada em séries e se apaixonar pelas coisas de um jeito quase obsessivo, como eu, mas por ter uma voz. E agora estou falando no sentido figurado, apesar da voz dela, a física, ser maravilhosa e invejável. Ela fala – e escreve – de um jeito que te faz prestar atenção, ouvir o que tem a dizer e, no final, não tem como não se encantar com ela. Por isso, nosso encontro “internético” não tinha como não ter acontecido. Foi bem simples até: identificação imediata.

Não é à toa que quando nos encontramos pessoalmente, este ano, a coisa toda foi tão natural. Parecia que já tínhamos nos visto milhares de vezes antes. Não fiquei “ai, meu Deus, estou conhecendo a Rafitcha! Mãos, parem de tremer”. Foi lindo, mas pareceu mais um reencontro. Amigas que não se viam faz tempo. Louco, né?

É por conta dessas e outras que dou risada na cara de quem acha esquisito que eu tenha conhecido algumas das minhas melhores amigas na internet. Dou risada e sinto pena porque essas pessoas, provavelmente, nunca vão fazer vídeos mascando chiclete enquanto esperam em aerportos em dia de jogo do Brasil. Nunca vão conversar sobre os melhores vampiros da ficção nem concordar que o mais sexy de todos é mesmo o Eric, de True Blood, apesar do Klaus ter sempre lugar cativo na lista. Nunca vão chamar a amiga no facechat sofrendo pela morte de um personagem querido. Nunca vão discutir sobre o Oscar da Jennifer Lawrence, desabafar pelo Skype, ou comentar “Sr. e Sra. Smith” numa noite fria. Azar o delas porque eu sei o que é tudo isso.

Na vida, existem pessoas que vem, pessoas que vão, pessoas que deixam um pouco delas, mas também vão embora. E existem as que ficam. As que te ensinam – e aprendem contigo, talvez? – , as que te cativam simplesmente por serem elas mesmas. Além de terem voz própria, essas pessoas tem uma luz que irradia delas e te atinge. São essas as pessoas que conseguem colocar alegria num dia cinza. E Rafaela é uma dessas pessoas. Nada mais justo do que receber o que há de melhor em seu aniversário, não acham? Eu também.

Te amo MUITO, amiga! Parabéns <3

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Love, Tary

domingo, 21 de julho de 2013

Mais 25 fatos aleatórios sobre mim

Quem acompanha meu canal no youtube já conhece vinte e cinco fatos sobre a minha pessoa, mas como a amiga mais insistente desse mundo resolveu sugerir a tag dos cinquenta fatos lá na Máfia, fui convencida a parir outras 25 informações aleatórias. No fim, acabou sendo bem divertido. Espero que se divirtam também.

1. Eu amo vôlei. De paixão mesmo. O brasileiro é fanático por futebol, mas eu não entendo o motivo. Vôlei é tão mais legal e emocionante! E os jogadores são tão mais bonitos, cof, cof.

2. Sinto muita agonia quando a minha unha não tá feita e quando minha sobrancelha não tá tirada. Parece que essas duas coisas afetam todo o resto da minha aparência.

3. Sempre assalto o guarda-roupa da minha mãe e o da minha irmã. Principalmente naquelas crises  de ‘meu Deus, não tenho nada pra vestir’. Sorte a nossa vestirmos praticamente igual.

4. Quando estou nervosa, eu tremo muito. Pernas, mãos, lábios. Pareço a personificação do mal de parkinson. A situação piora se preciso apresentar algo em público.  E foi por causa dessa bosta que rodei no exame de direção.

5. Não consigo não cantar uma música favorita minha que tá tocando. Fico parecendo uma retardada só mexendo os lábios no ônibus (porque cantar alto já seria demais) e parece que eu tô em um show de rock quando toca uma música boa na rádio. Começo a gritar e dançar dentro do carro.

6. Olho pro céu todo santo dia. E isso sempre me ajuda de alguma forma porque me distrai dos meus problemas. Me sinto pequena diante de tanta grandeza.



9. Eu uso trechos de música (de livros, frases aleatórias da internet) como mantras. Fico repetindo pra mim mesma mentalmente pra me sentir melhor. E funciona, recomendo fortemente.

10. Tenho muita agônia de etiquetas aparecendo. Já cutuquei estranho pra avisar.

11. Meu personagem favorito de Friends é o Chandler. No trio HP, o meu queridinho é o Ron. E em Sex and the City, a que eu mais gosto é a Samantha. O motivo disso estar aqui? Sei lá, quis falar de amizades da ficção.

12. Shippo casais de seriado com uma fixação psicótica, mas confesso que tendo a virar a casaca quando o ship contrário me conquista, não sou tão xiita. Por isso que odeio triângulos amorosos.

13. Eu já tive sérios problemas com o meu cabelo e até já fui zoada por causa dele - era arrepiado que nem o do Cebolinha -, mas hoje em dia vivo uma fase 'satisfeita com as madeixas'.

14. Falando nisso, não consigo mais me imaginar morena. Estranho muito as minhas fotos antigas. Quando me diziam que esse negócio de ser loira viciava,  eu não dava importância. Agora vejo que é verdade. Sempre acho que meu cabelo não está claro o bastante e já quero clarear mais.

15. Odeio experimentar roupa, odeio bater perna em loja se não for comprar nada. 

16. Não consigo levantar mais cedo pra me arrumar. Jamais trocaria uma hora de sono por uma maquiagem bem feita de manhã.

17. Tenho ciúmes dos meus artistas favoritos. Nunca tive nada contra a Kaley Cuoco (Penny, de The Big Bang Theory) até ela namorar o Henry Cavill (O novo Superman, por quem sou apaixonada desde 2007). Ainda bem que terminaram.

18. Tenho uma crush inexplicável pelo Zac Efron. Acho ele maravilhoso. Me julguem.


19. Sou viciada em fofoca de artista e babado de reality show. Vejo os vídeos da Fabíola Reipert toda semana e sempre assisto os boletins de A Fazenda no Ex-Tricô. Não assisto A Fazenda, mas preciso ver os vídeos sobre. Vai entender.

20. Viro um monstro comprador dentro de livrarias. Porém, venho conseguindo me controlar.

21. Danço qualquer música que tocar em festas. Macarena, YMCA e a música mais creiça do momento não podem faltar, na minha opinião.

22. Acho que não vou morar pra sempre na minha cidade.

23. Antes eu queria aprender a falar francês e isso durou metade da minha vida. Só que agora entrei numas de honrar meus descendentes e aprender italiano. Meu destino dos sonhos também mudou de França pra Itália.

24. Não sei se todo mundo concorda comigo, mas acho que a Taryne de lentes de contato fica muito diferente da Taryne de óculos. Sei lá, sinto que o óculos me muda muito. Aí tenho duas versões de mim mesma. Tô viajando?

duas

25. Parei de anotar meus planos porque isso sempre me frustrava. Beber mais água e dormir cedo, por exemplo, estão na minha lista desde 2004 e até hoje não consegui cumprir.

Love, Tary

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Little Confessions

Vocês repararam na aura de melancolia que tem envolvido esse blog recentemente? Pois eu reparei. Estou numa fase meio estranha. Aquela em que a gente descobre que talvez não esteja destinada a ser tudo o que sonhou um dia. Aquela em que carregamos alguns fracassos na mochila, pesando um bocado naquele compartimento infeliz chamado “arrependimento”. Acabei de reprovar no exame de direção, não consigo ânimo pra pegar meu diploma na faculdade e muito menos pra terminar meu curso de inglês. Mas não é nada disso. Acho que estou vivendo um período de transição. E isso sempre é foda. Uma das minhas amigas mais geniais costuma dizer que essas fases  costumam abrir espaço para coisas maravilhosas.

Outra criatura sábia, que tenho a sorte de partilhar do mesmo sangue, repete sempre que “não era o momento”. Ela só tem 16 anos e vive me dando conselhos, vejam vocês. Mas acho que não existe nada errado em ter suas lágrimas colhidas pelo irmão mais novo. É até melhor porque não faz muito tempo que você ocupou aquela posição no universo. Às vezes preciso das expectativas e sonhos dos outros correndo nas minhas veias. Posso parecer uma velha de noventa anos dizendo isso, mas a verdade é que me sinto mesmo mais velha. Já a sabedoria vem em conta-gotas e a experiência é construída todo dia.

Faltam dois meses pro meu aniversário de 22 anos e eu sinto que vivi umas tempestades dentro da minha própria cabeça, mas queria mesmo é dar uma de Zeus e soltar uns raios peito à fora só pra dizer que libertei alguns dos meus fantasmas, que no fundo, não deixam de ser vontades. Fico esperando pelo melhor e sei que virá. Não só por merecimento, não só por esperança e fé, mas porque acho que o diferente vem sendo cada vez mais glorificado nesse mundo. Nada mais justo do que ter algo extraordinário reservado para mais uma dessas pessoas esquisitas. Por mais que ela mesma não seja extraordinária. 

Vai melhorar, amiga.

Love, Tary

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Tem tanta coisa errada que não cabe em um post

E não é só no País. É nas manifestações também. Sobre os trolls adeptos do vandalismo eu nem vou comentar, mas também tem quem hostilize partidários e jornalistas. Eu vivo dizendo que “meu partido é um coração partido”, que nem na música do Cazuza, sabe? Porque não me identifico totalmente com nenhum. Direito meu. E em certo momento até concordei com a maioria: as bandeiras levantadas durante o manifesto não iam ornar muito com o foco da coisa toda. Mas aí eu entendi que estava sendo ingênua.

Tem gente querendo abolir partidos políticos! Tem gente querendo bater em quem tá vestido de vermelho. Calma aí, galera. Fascismo? É isso mesmo? Quem pensa diferente merece apanhar e ser expulso de um treco democrático? Caralho, o que eu tô fazendo no meio desse povo? Me tirem daqui, pelo amor de Deus.

Mas não é só isso. Caco Barcellos acuado por um bando de gente babaca. Eu e meus amigos tendo que trabalhar com o crachá no bolso. Gente dizendo que jornalista merece tiro na mão “porque só escreve merda”. Falar que rolou vandalismo quando realmente aconteceu é “escrever merda”. Quanto ódio. Quanta fúria cega. E que medo disso tudo acabar com o fim da democracia. Parece idiota pensar assim, né? Há alguns dias eu também acharia, mas agora confesso meu pânico. Minha vontade de dormir até que a violência pare. E mais uma vez, não tô falando só do vandalismo.

O movimento devolveu minha vontade de pensar mais sobre política, de me envolver mais, de ler mais a respeito. Acho que isso aconteceu com muita gente. E tem muitos méritos, claro. Mas agora eu não quero mais abrir site de notícias e ver gente ensaguentada, fogo e pichação. Quero que todo mundo serene e pense sobre tudo isso. Legião perguntava ‘quem roubou nossa coragem?’. Agora eu me pergunto: se devolveram nossa coragem, quem roubou nossa razão? Vou ser piegas e dizer que toda luta precisa de paixão, de causa. E eu tô vendo mais raiva do que amor pelo País. Daqui uns dias a gente vai parafrasear Legião pra dizer: “e hoje em dia? Como é que se diz eu te amo?”. E eu tô com medo de não saber mais a resposta.

Love (mais do que nunca, por favor), Tary

P.S: Não falei de quem vai em protesto pra micaretar e postar foto no Instagram porque quis focar no ódio. Mas fica minha revolta (e náusea) também.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Forjei asas nos teus pés

Pois eu acho que às vezes a gente sabota as coisas de propósito. Seja porque não quer mais, porque tem medo ou porque de repente não se sente merecedor. Acordamos com aquele pânico que não sabemos de onde vem, mas que nos faz empurrar quem nos abraça pra bem longe e fugir sem nem olhar para trás. Quase um instinto de sobrevivência. 

O quarto da gente e os nossos sonhos são tão seguros e quentinhos que só de pensar em sair deles e mergulhar no desconhecido já antecipamos a dor, já queremos refazer as malas sem nem ter colocado todas as roupas dentro do armário. Sentimos aquela urgência no corpo que diz: vá embora. 

Ser vulnerável não é um defeito, mas é foda. A gente se camufla de forte pra esconder que tem centenas de fraquezas, finge não conhecer todas elas e finge não estar se reconhecendo quando as demonstra. Porque saber quem somos de verdade assusta pra caramba. E aí preferimos nem saber.

Mas um dia a gente cansa de nunca se desarmar. Se cansa de precisar se perder tanto pra finalmente se encontrar. E quantas vezes não forjamos asas nos pés dos outros só pra que eles partam antes de nós? Temos medo de que quanto mais de perto nos vejam, mais rápido as nossas defesas despenquem. Mas tudo bem. 

Um dia a gente aprende que receber a vulnerabilidade das mãos do outro e entregar a sua nas dele não mata. Um dia a gente consegue viver sem complicar tanto, sem desmistificar tudo o que nem era mito. Um dia a gente dobra todas as roupas dentro do armário e empurra a mala vazia pra debaixo da cama. Um dia a gente resolve ficar. E fica.

Os dias que eu me vejo só
São dias que eu me encontro mais
E mesmo assim eu sei tão bem
existe alguém pra me libertar.

Condicional – Los Hermanos

Love, Tary

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Melancolia conformista

Já me conformei em gostar de certas coisas que me doem. Parece masoquista apreciar algo que gera um pequeno sofrimento, mas minha pretensão nunca foi ser normal mesmo. Por isso, deixo claro neste exato momento que acho melancolia uma palavra extraordinária. Uma das poucas que expressa seu significado em cada sílaba. Experimente sussurrar ‘melancolia’ em alguma madrugada dessas e me diga se o som também não é dolorido na medida certa.

Sei exatamente quando ela me atinge porque vem de mãos dadas com um certo conformismo que não me é característico, mas que acaba me deixando serena. Acho que aprendi a  conviver com a melancolia porque a dor é suportável e vem carregada de criatividade. Faz com que eu olhe pra dentro de mim. A tristeza pura e simples não me deixa esperançosa nem me empurra pra frente. Mas a melancolia me faz ter vontade de pintar os lábios com meu melhor batom e jogar por cima da cabeça o vestido que mais me cair bem. Os olhos não estão alegres como costumam ser, mas a cabeça fervilha.

Melancolia é aquele vento frio que me faz abraçar a mim mesma e fechar os olhos como num pedido. É jogar o cabelo na direção contrária e sorrir aquele sorriso triste que não é destinado pra ninguém a não ser pra você mesma. A melancolia me faz ouvir os discos da Legião Urbana de cabo a rabo enquanto encaro o teto do meu quarto. Me faz mais bonita na minha solidão. Como se eu fumasse um cigarro na sacada de casa sem fumar nada nem ter sacada em casa. Como se eu vivesse mil vidas dentro de um só corpo. A melancolia dói, mas impulsiona. Fere, mas também ajuda a cicatrizar. É uma parte mais triste da gente, sim. Mas uma parte que precisa existir.

Maria Lúcia aprova esse post

Love, Tary

sábado, 1 de junho de 2013

Se não fossem as malas cheias de memórias

Se não fossem as agendas de todos os anos e os milhões de planos, não seria eu. Se não fossem os desenhos pelas madrugadas, se não fossem as estradas, não seria eu. Se não fosse o Rei Leão, a sereia que queria ser humana e os domingos jogada na cama, não seria eu. Se não fossem as histórias sobre bruxas más, toda essa infâmia e o quarto lilás, não seria eu.

Se não fosse pão com mel e requeijão e as coisas todas espalhadas pelo chão, não seria eu. Se não fosse Fátima do Sul, o vento fresco, o céu azul e as férias em Camboriú, não seria eu. Se não fosse o Cazuza, o Caio F. e as corujas, não seria eu. Se não fosse a Sessão da Tarde, O Castelo Rá-Tim-Bum e sempre o maior alarde, não seria eu. Se não fosse o vestido rodado, os fones nos ouvidos e o suor sagrado, não seria eu. 

Se não fosse tão perdida, com as unhas coloridas e a esperança no 'ridículo da vida', não seria eu. Se não fosse o bisavô com mais de cem, o preciosismo e uma pitada de desdém, não seria eu. Se não fosse o óculos de grau, o YouTube, o cinema e Clarissa em seu quintal, eu não seria eu.

***

Esse é o meme “Capitão Gancho”, inspirado na música de mesmo nome, da querida da Clarice Falcão. Quem inventou foi a Analu, mas eu fui indicada pela Rafitcha. Uma das regras é indicar pessoas, pois bem: indico a própria Analu (que inventou, mas não fez ainda, hahaha) Mileninha, Michas, Flavitcha e a sumida da Carol.

Love, Tary

quinta-feira, 16 de maio de 2013

As melhores músicas de pé na bunda

Eu não sei o que seria da indústria fonográfica se todo mundo fosse completamente feliz no amor. Faz um tempinho que, ouvindo minhas músicas favoritas, comecei a montar uma lista das melhores canções envolvendo levar um fora que eu conheço. Porque, convenhamos, pé na bunda é uma coisa universal. Quem não levou, corre muito risco de um dia levar. Quem não deu, um dia provavelmente vai. E tem de todo o tipo. Tem a Adele interpretando I can’t make you love me de forma dolorida, porém conformada. Não dá pra fazer o cara te amar, então vamos esperar chegar a manhã e arrancar  de uma vez esse band-aid.

Já em Almost Lover, A Fine Frenzy é quem está terminando o que talvez nem tenha começado direito. Dar adeus vai ser melhor para os dois, mas ambos sofrem horrores. E essa dor é descrita perfeitamente em 50 receitas, do Leoni. Aquele sofrimento bem pungente pós-término. Essa música faz estar na fossa não parecer vergonhoso. A pessoa fez merda, tinha milhões de defeitos e te deixou, mas tudo te traz essa maldita criatura. Quem nunca?

E aí tem o pé na bunda perfeitamente descrito por Esteban, em Segunda-Feira, que eu gosto de chamar de amizade-com-benefícios-unilateral ou sucessão-de-tocos. Você está loucamente apaixonado, mas a pessoa não quer nada sério e ainda te faz de gato e sapato. Você quer se fazer de indiferente, mas morre de saudade a semana inteira e quando a pessoa te despreza no domingo, morre mais ainda. Conselho? Deixe ela entrar com o pé e você entra logo com o traseiro. Vai doer menos.

Também tem aqueles casos em que o objeto da sua afeição simplesmente te abandona. Some no mundo e deixa apenas um bilhetinho, todo azul, com aquela letra ilegível dela. Pra essas horas, escute Bilhetinho Azul, do Cazuza, e continue vendo o amor como “um abraço curto pra não sufocar”.

Só que toda a choradeira tem seu fim, né? E chega a fase que eu mais gosto: a superação. Comece de leve. Pode deixar que a Sara Bareilles te ajuda com Gonna Get Over You. Ela te mostra hoje não é o dia em que você vai ficar bem, não vai ser de uma hora pra outra, mas saber que vai conseguir esquecer é o primeiro passo. Depois que se convencer disso, pode ter certeza que a ideia de viver sem essa pessoa vai lhe parecer mais razoável. Nesse estágio, ouça Gonna Get Along Without You Now, de She & Him. Vá por mim.

E, então, finalmente você vai ter superado. As lembranças ainda vão te atormentar porque esses assuntos do coração são complicados e porque as pessoas que a gente quer esquecer geralmente insistem em cruzar nosso caminho. Só que bem no finalzinho, você terá a última palavra, com Vai Embora, do Valentin. E você vai se perguntar como pode ter desperdiçado tanto tempo (e uma música tão boa) com aquela pessoa. No final, você estará tão recuperado, que dirá aos quatro ventos que já encontrou alguém melhor. Para coroar este momento, Esteban novamente, com a enfática, Adiós, Sophia!

Espero que não tenha chegado até aqui porque passou por algo parecido, mas se for o caso, baixe a mixtape que preparei com essas canções maravilhosas e atravesse esse período com a melhor trilha sonora possível. Se você estiver com o coração saudável, faça o download mesmo assim. Essas músicas são extraordinárias. É preciso conhecer cada uma delas. Além disso, ouví-las vai deixar esse post muito mais divertido.

NineSongsCapa

NineSongsMusicas

CLIQUE AQUI PARA FAZER O DOWNLOAD

Love, Tary

P.S: Peguei a imagem da capa nesse tumblr. O nome é Nine Songs porque eu achei bonitinho mesmo.

P.S 2: Compartilhem comigo suas músicas favoritas de pé na bunda nos comentários!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Jane Austen & Eu

Estou relendo Orgulho & Preconceito. Li  pela primeira vez em 2011 e não pude aceitar o fato de não ter amado completamente. Fiquei frustrada, culpei a tradução da editora e imediatamente me comprometi a reler algum dia. “Eu amo essa história, eu amo o filme em que ela foi baseada, me recuso a não favoritar este livro”, decidi. Observando o histórico de leitura no Skoob percebo que o culpado era o momento. Na época, demorei um mês para completar a leitura, o que prova que algo estava errado. Lembro de ler em viagens de ônibus voltando do meu segundo estágio, que era bem estressante. Enfim. Só mesmo um pouco de amargura poderia ter me impedido de me apaixonar.

Comecei a releitura ontem e prossegui hoje. Fui fisgada na primeira página. É brilhante. Sarcasmo, vivacidade, muito humor e afeição. Pode ter sido a saudade de Lizzie Bennet Diaries, a melhor websérie já produzida, mas eu duvido muito. Esta é a hora certa, apenas isso. Agradeço por ter ouvido a Taryne de dois anos atrás.

Apesar de não querer soltar o livro por nada, não pude frear a vontade de rever o filme. Revi. Reparei nas diferenças. Nas frases que estão na boca de outros personagens. Constatei que a escolha de elenco é perfeita. Quis que o “eu te amo” ao cubo de Mr. Darcy estivesse no livro. Chorei no final, claro. Agora é tarde, já virei amiga desses personagens.

Porém, ao invés de retornar às páginas de Jane Austen, resolvi assistir Becoming Jane, que conta a história do possível romance da escritora com Tom Lefroy. Ela é interpretada por Anne Hathaway e ele, por James McAvoy. A veracidade deste romance é uma dúvida que sempre vamos ter. Pode não ter passado de um flerte rápido. Ambos eram pobres e o casamento jamais aconteceria. Jane o menciona em algumas cartas para a irmã, mas de forma evasiva. Dizem que, à beira da morte, ele confessou ter sentido um “amor de menino” por ela.

Nada disso importa. Torci para que fosse verdade. Acreditei que fosse. Alguém capaz de escrever sobre amor da forma real, honesta e sem exageros que essa mulher fazia, com toda a certeza merecia ter se apaixonado intensamente. Verdadeiro ou não, o filme é uma homenagem maravilhosa. Diz algo como: “Se isso tudo não aconteceu com você, Miss Austen, olhe aqui como poderia ter sido”. Preciso dizer que eu estava tremendamente controlada no quesito lágrimas enquanto assistia. Até o final. Chega a ser ridículo o tanto que chorei nas últimas cenas.

Acho que foi um pouco por causa da admiração crescendo dentro de mim. Jane Austen nunca se casou. Ela jamais faria isso sem amor. Isso um ato de bravura e tanto em uma época na qual ficar solteira era sinônimo de fracasso, muito mais do que hoje (ainda) é. Agora quero ler todos os seus livros. Quero as biografias também, se as encontrar. Podem colocar meu nome na lista de admiradoras e defensoras de Jane Austen, me convidem para o clube do livro das obras dela. Desta vez estarei lá. Mas por enquanto, queiram me dar licença. Miss Bennet e Mr. Darcy me aguardam no baile.

Love, Tary

domingo, 12 de maio de 2013

Destino cinematográfico

Fico mal com o fato de que não vou ter tempo de ver todos os filmes geniais desse mundo, mas fico feliz por me deparar com alguns que eu não poderia ter passado sem. Falo dos filmes que não são lançados nos cinemas ou que ficam apenas uma semana em cartaz. Falo daqueles filmes que você descobriu por causa de uma foto ou que te chamaram a atenção em algum site de downloads. Falo daqueles filmes que aparecem na sua vida e você só consegue agradecer por isso ter acontecido. Afinal de contas, só pode ser destino, gente.

Eu estava fuçando algumas imagens no Tumblr e me deparei com o Ted, de How I met your Mother andando na rua sem conseguir tirar os olhos de um livro. E depois vi o mesmo cara sentado no chão de uma livraria ao lado da Ava, de Grey’s Anatomy, que confessava: “I love books”. Claro que eu tinha que assistir. Qualquer coisa que envolva livros me atrai. Sorry, I’m such a book nerd. I know, but I am. Mas por algum motivo não consegui ver no exato momento em que o download terminou. Eu estava prevendo um tipo de melancolia nefasta. Sabe aqueles filmes que te deprimem absurdamente? Achei que fosse o caso. Mas hoje, aproveitando meu dia de folga e um certo bom humor, assisti.

E, meu Deus do céu, que tapa na cara. Sério mesmo. O filme é uma delícia, mas me estapeou sem parar. Fiquei sorrindo o tempo todo e, em alguns momentos, meus olhos se encheram de lágrimas. Identificação me machuca demais gente. Me conforta pra caramba, claro. É bom saber que você não está sozinho nesse mundo de incertezas, mas dói porque é tão profundo! É tão honesto. Por isso me senti estapeada. Como alguém muito sábio disse nos comentários do Filmow, você assiste “Liberal Arts” e pensa: “Porra, é isso”. E é bem difícil alguém dizer alguma coisa que preste no Filmow.

Não vou perder tempo com sinopses aqui. Eu odeio sinopses com todas as minhas forças. Vamos falar das coisas boas sobre o filme. Temos atores conhecidos e excelentes de seriados. Temos livros. Temos conversas sobre livros. Temos personagens apaixonados por livros. Temos a melhor explicação sobre o porquê de lermos literatura pop. Temos música. Temos cartas escritas a mão. Temos quotes que dá vontade de tatuar nas costas. Temos Zac Efron sendo hilário (eu não poderia deixar de citar Zac Efron, me perdoem). Temos  imagens bonitas. Temos romance. Temos momentos reflexivos. Temos diálogos fantásticos.

Do que mais um filme precisa? Se você quer ação, pelo amor de Deus, vá assistir alguma coisa com robôs ou com o Bruce Willis (te amo, Bruce). Mas se você está disposto a ver um filme pra escutar o que ele tem a dizer, aposte nesse. Fazia tempo que um filme não conversava tanto comigo e fazia tempo que eu não sentia tanta vontade de responder. Or I’m just a movie nerd too. Well, actually, I am.

Love, Tary

terça-feira, 7 de maio de 2013

Eu sinto muito blues

Às vezes eu penso que quem sente de menos tem uma vida mais fácil. Porque geralmente os meus sentimentos pesam dentro de mim de um jeito que me destrói um bocadinho por dentro. E aí invento de pensar sobre eles e acabo me perdendo mais ainda. Acho que no meu coração toca blues e minha alma rodopia sem parar. Então me vejo deitada na cama palpitando inteira dos pés à cabeça. Com os olhos marejados de sentir. Porque eu sinto muito. Juro que em certos momentos tenho medo de não sobreviver às minhas próprias emoções porque não sei se na minha vida comum cabe tanta intensidade.

Sinto falta do frisson dos meus quinze anos, quando tudo que eu fazia tinha um gosto diferente, um cheiro novo. Me aborreço com a calma que meus olhos veem nas minhas olheiras, me sinto mais velha, mas não tão sábia. Tudo porque cada pedaço meu vive eufórico por causa das milhas que percorri. Nos meus sonhos. “Às vezes quero tudo que sonhei, às vezes o que eu quero é desistir". A verdade é que não sei direito se estou comigo mesma nesse momento da minha vida, ou se estou correndo atrás do que já fui. Me querendo de volta. Sentindo saudades de mim. Mais uma vez o sentir.

Coloco uma calça jeans, separo as mesmas blusas todos os dias, ponho os óculos no rosto e nem sei se eles já me ajudam a ver. Dizem que estou crescendo. Me pedem calma. Mas o que faço com essa força toda pulsando no meu peito e se explondindo em palavras? O que faço com meus pés dormentes e com as mágoas que se partem no meu peito, mas nunca partem para longe? Queria saber aonde ir pra depositar um pouco do muito que sinto.

Construir uma máquina transparente para guardar sensações. Quem sabe assim não consigo abrir o recipiente da serenidade e aspirar até o final? Também quero reservar uma dose de alívio para aqueles dias em que só ele me impulsiona. Acho que preciso de um abraço bem apertado da vida e do vento estapeando minha cara em algum lugar extraordinário. Acho que preciso de alguma coisa para catalisar esse mundo de coisas que sinto. Vou encontrar. Por enquanto, só sei sentir.

Love, Tary

domingo, 5 de maio de 2013

Take me to Neverland

Acordei com vontade de ser criança de novo. Porque trabalhar no domingo, por mais que eu já esteja habituada (e grata por ter um emprego), ainda parece um pouco anti-natural para quem passou uns bons 18 anos dormindo até meio-dia nos fins de semana. Acordei querendo dormir de novo porque eu adoro me auto-sabotar e ir dormir de madrugada tendo que acordar cedinho no dia seguinte. Chamem de guilty-pleasure, eu chamo de estupidez das brabas. Óbvio que não dormi no horário certo porque fiquei vendo vídeos de booktubers gringas e lendo Peter Pan. Justamente o garoto que não queria crescer, vejam vocês. Mas o fato é que a manhã chegou e, com ela, o despertador. Aprendi a lição e nunca mais coloquei uma música bonita pra me acordar de manhã. Agora desperto com uma coleção de ‘bips’ opressivos, porém eficientes.

Abri os olhos, fui tomar banho, liguei meu computador e tomei meu café da manhã vendo um book haul. O café: bolo e leite puro geladinho para contrastar com a doçura do recheio. Leite puro por algum motivo sempre me lembra a cegueira branca do livro de José Saramago. E esse foi meu pensamento ao beber. Papai, que já estava acordado, me levou para trabalhar. E no caminho, mais um mergulho na Terra do Nunca. Ao chegar no prédio, bati o ponto, sentei na minha cadeira e liguei a CPU. Mais um dia que começa.

Incêndio, homicídio, acidentes, pessoas em estado grave no hospital, assaltos. O mundo do livro com capa verde estava bem melhor, se vocês querem saber. Peter Pan a essa hora já estaria cheio de pó-de-fada voando acima do navio do infame James Gancho. Na vida real, eu estou com uma cólica dos diabos. Ser mulher às vezes é extremamente irritante. Quando o expediente acabou, papai foi me buscar e eu já estava rangendo os dentes de dor. Não sei se sou fraca, ou se ganhei na loteria da sensibilidade. No banco de trás, demorei pra perceber que vovó estava lá e ia almoçar com a gente. Minha avózinha parece uma corujinha de tão fofa que é.

Chegando em casa, me joguei na cama um pouquinho e fiquei vendo um vídeo sobre Meu Pé de Laranja Lima com vontade de reler. E com medo de chorar meus olhos pra fora quando chegar a hora. Depois de tomar remédio, o almoço: estrogone, arroz soltinho e bastante batata palha. Novamente, cama. Novamente, Peter Pan. Voltei pra Terra do Nunca. Bati palmas para Sininho, ri de Barrica e torci feito criança para que aquele garotinho arrogante acabasse com a raça do Capitão Gancho. Conforme o livro foi chegando ao fim, confesso que brotaram algumas lágrimas. Me senti até um pouquinho mal por ter crescido. Mas imediatamente me senti bem de novo por ser alguém capaz de voltar a ter 10 anos ao ler uma história.

O livro terminou e eu resolvi prolongar a sensação revendo um dos meus filmes favoritos da Sessão da Tarde: “Hook, a volta do capitão gancho”, onde Robin Williams interpreta o crescido Peter Pan que casou com a neta de Wendy, tem dois filhos e não se lembra de seu passado aventureiro. Gancho captura as crianças e obriga o agora advogado a voltar para Neverland. Hook quer sua vingança, claro. Dustin Hoffman está maravilhoso como o pirata que insiste em se vestir que nem o Rei Sol e Julia Roberts é uma Tinkerbell fofíssima.

Peter me julgaria demais por ter achado algumas coisas cafonas e por ter reparado nos efeitos datados, mas mesmo assim eu amei rever. Dei risada com as piadas, me apaixonei pelos meninos perdidos, fiquei bravinha com as mudanças na história original e dei uma chorada quando terminou. É infância, gente. Infância que o tio Spielberg soube retratar.  Um filme que tem a minha idade e continua gostoso de assistir.

Vovó fez pipoca, mamãe fez chá pra melhorar minha dor. Recebi tudo sem sair da cama. Convalecente e nostálgica. Fiquei lendo os blogs das amigas e agora estou tomando coragem para dar uma estudada. Isso mesmo, amanhã é minha prova teórica no Detran. Odeio o fato de não poder abrir minha janela e voar para a Terra do Nunca só pra me livrar dessa. Crescer irrita um bocado, ensina bastante e vezenquando (agora, por exemplo) dói pra valer. Apesar de ter amado as aventuras escritas por J.M. Barrie, sou obrigada a esperar que o correto seja Robin Williams no final de Hook: “Viver. Viver será uma grande aventura”. Tomara.

(Peter me deixou atrevida e resolvi relatar o dia de hoje mesmo, já que ontem foi um dia sem nada que valha a pena contar. Este meme foi postado nesse mesmo dia, aqui, no ano passado. Mas eu retratava minhas desventuras em 4 de maio de 2012. Ainda bem que pelo menos não tenho mais TCC pra fazer)

Love, Tary