Em todos esses anos dançando quadrilha sozinha, sempre foi Lili. Aquela mesmo, a que não amava ninguém. E na única vez em que quis se arriscar e mudar de nome, levou uma bordoada daquelas na cabeça e nunca mais esqueceu. Nem da dor nem do autor - afinal existem coisas que não se resolvem com uma estúpida confissão por telefone. Então, resolveu deixar as coisas como estavam e agora é mais Lili do que nunca: porque tem Joaquim na jogada e ela não faz ideia do que irá fazer a seguir.
Ao olhar no espelho todos os dias de manhã, toda sorrisos, charme e caras e bocas, enxerga as saias esvoaçantes à la Marilyn Monroe, os decotes em formato de coração, sapatos de salto agulha, delineador gatinho. Mas se a imagem refletida mostrasse o que ela é por dentro não haveria espaço para quase nada além de interrogações, vazio e uma faixa cinza.
E sempre quando ela se confronta consigo mesma, a dor aparece. Senta no chão da sala, olhando para o teto enquanto as lágrimas se libertam dos olhos cor de mel. Abraça forte a capa do vinil de Cartola, ouvindo cada período como se fosse um conselho rouco.
Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida. Já anuncias a hora da partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Pensa no que está perdendo por não amar, no arrepio que sente ao se aproximar do que pode machuca-la novamente.
Preste atenção, querida: Embora saiba que estás resolvida, em cada esquina cai um pouco a tua vida e em pouco tempo não serás mais o que é.
Depois, reflete sobre as voltas que o mundo dá. As idealizações sobre o príncipe de cavalo branco e sente a dor do querer apertar o peito como uma pontada, sem parar. O corpo fervendo.
Ouça-me bem, amor. Preste atenção, o mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões à pó.
Então realiza mais uma vez que seu coração foi quebrado cedo demais. Está marcado de pequenas rachaduras não totalmente curadas.
Preste atenção, querida. De cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notares estás a beira do abismo, abismo que cavastes com teus pés.
Levanta do chão, coloca a capa do vinil na escrivaninha. E continua vivendo do consolo de todas as Lilis: um dia elas irão esquecer o cinismo que herdaram e encontrarão um amor pra chamar de seu. O mundo continua girando como um moinho, mas vai passar a triturar os medos, não os sonhos. E em uma dessas paradas estará o futuro. Lili mal pode esperar.
Lili definitivamente está cansada de esperar e de ser aquela que não ama. Ninguém vê o lado da Lili, poxa vida. Eu vejo. Até porque, né....
ResponderExcluirMas liga não. A Lili é a única que se dá bem no fim do poema. A gente só tem que esperar o nosso J. Pinto Fernandes, que ainda não entrou na história.
Beijos!
Vocês duas na mesma vibe e eu só me identificando. Espero que a Lili se dê bem de verdade no final... Porque, de verdade, o que mais tem feito sentido pra mim ultimamente é: "(...) Ouça-me bem, amor. Preste atenção, o mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões à pó." =(
ResponderExcluirMas, é a vida, né? A gente acaba se acostumando com a solidão e tudo o mais. Pelo menos tenho vocês pra me entender!
Beijos
A gente ainda vai achar nosso amor. Não nosso J. Pinto, porque só um sobrenome não me atrai. Mas a gente vai achar gente melhor. Te prometo, Taryzinha! O importante é não perder a chance por medo. Risco de partirem nosso coração, sempre vai existir, mas quando ELE aparecer a gente não vai mais nem lembrar disso. Dói? Doi. Mas passa, porque tudo tem que passar.
ResponderExcluirBeijos
Gente que texto mais apaixonante! To encantada Tary! Lili faz bem, as vezes a dor consegue nos derrubar, mas o amor dentro de nós ainda é mais forte e nos mantém crentes nele, ainda esperando, torcendo, lutando...
ResponderExcluirAcho que todas nós somos merecedoras de um amor de cinema, que dure pra sempre e ele vai vir, ele há de vir!
Beijão
Toda Lili que cá está vai encontrar seu amor verdadeiro. Sou dessas que acredita. :)
ResponderExcluirE quando encontrar, vai saber...
Beijo minha Tary lindona. <3
Tary linda! Toda Lili tem o final feliz, e o seu está guardado, sem dúvida alguma. O de todo mundo está e vai ser o mais feliz de todos, por sua espera e pelo valor que você já dá a ela desde agora. O seu amor está guardadinho, esperando você chegar e colorir os dias dele também.
ResponderExcluirE eu leio as palavras de Cartola, mas escuto os "s" do Cazuza *-*
Agora entendi porque você disse pra Analu que um dia a gente esbarra no futuro! Ótimo texto! Adoro os que você escreve nesse estilo assim, não consigo fazer coisas do tipo, mas ah, você escreve docemente bem e estou muito feliz em ver mais atualizações por aqui! Que um dia a gente esbarre no nosso amor, como a Lili!
ResponderExcluirBeijos!
Tary, tava estranhando esse texto todo sem esperanças. Não parecia você. Daí esse final mais alegre me deixou mais despreocupada.
ResponderExcluirRelaxa, porque a Lili é a única que casa no final! HAHA
beijo
Adorei a Lili e toda a sua delicadeza. Um belo e romântico futuro vem aí pra Lili. Para todas as Lilis, como já disseram. Mas é preciso saber esperar, Lili.
ResponderExcluirAs Lilis são mais comuns do que se possa imaginar! E com toda certeza o futuro reserva coisas maravilhosas pra elas! Bjs.
ResponderExcluirUma hora os sonhos não serão mais triturados. E viva as Lilis, que no final (não literalmente no final, esperamos) vai se dar bem. Lindo texto, Tary. Adoro o jeito como você escreve :*
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