segunda-feira, 30 de abril de 2012

Rosas são vermelhas, violetas são azuis

Sempre tive curiosidade em conhecer essas pessoas que elaboram cartões. Não que eu acredite encontrar entre elas alguns cara fofinho que pareça o Heath Ledger, desenhe prédios nas minhas mãos e ouça The Smiths. Minha imaginação  não vai tão longe assim. Mas seria engraçado descobrir de onde vem toda a inspiração,  a cara-de-pau, a sensibilidade, as piadinhas e trocadilhos. Queria saber se já choraram escrevendo, se leram Pablo Neruda, John Keats e Vinícius de Moraes. Se pensaram nos amores vividos, redigiram pensando em alguém específico, mostraram para os amigos. Essa é uma daquelas profissões underground. E esse pensamento é um daqueles muito aleatórios que sempre atravessam minha mente.
 
Como quando estou sentada no ônibus ouvindo Legião Urbana nos fones de ouvido e imaginando histórias para cada uma daquelas criaturas apressadas correndo pelas ruas com sacolas de lojas de sapatos nas duas mãos. Fico brincando de Affonso Romano de Sant’ Anna naquele texto lindo, o Porta de Colégio, no qual o autor prevê uma vida para cada um dos jovens que vê na frente da escola. A porta do colégio, para ele, é a porta da vida. A porta da vida, para mim, é o mundo inteiro que eu vejo com meus olhos curiosos.
 
As histórias, as profissões, os sonhos de cada um. Muito mais do que cobrir acidentes que, infelizmente, viram estatísticas e enchem meu coração de tristeza. Muito mais do que escrever matérias policiais. Política, economia, cultura, tanto faz. O que me encanta mesmo é escrever sobre pessoas, observar. E é quando me pego pensando sobre isso que acredito ter escolhido a carreira certa. Quem sabe nas minhas andanças pelo mundo eu entreviste um “fazedor” de cartões? Nada é impossível para quem é viciado em histórias.
 
Love, Tary

sábado, 28 de abril de 2012

A vida é tão bonita

Sempre fiquei curiosa com algumas personagens da ficção. Quem são elas? Como podem ser tão reais e palpáveis? O que têm de especial para me tornarem tão apaixonada por todo o seu universo? Como posso me sentir tão conectada com mulheres que saíram da imaginação de escritores, poetas, cineastas e roteiristas? Ou que foram construídas através do estudo e da técnica de grandes atrizes? Não é por acaso que um dos meus posts mais simples é também um dos que eu mais gosto – e um dos mais lidos do blog. Sou todas elas. Porque sou mesmo. Tenho um pouquinho de cada uma das personagens que amo mesmo não me identificando com todos os aspectos de suas personalidades.  É uma ligação muito forte, muito louca. Difícil de descrever.

Ismália é uma delas. Imagino seu rosto muito pálido, aquele olhar apático de quem se sente muito só, os cabelos platinados remexidos pelo vento e a loucura nos lábios que se contraem de dor. Presa em uma torre de Rapunzel dentro de si mesma, observando o reflexo do insano no céu e no mar. Sua tristeza sempre me comoveu. E o mais louco é que não me pareço tanto assim com ela. Claro que eu tranquilamente me banharia em luar. Mas jamais me perderia em sonhos a ponto de desistir de viver. A vida é tão bonita. E mesmo tendo asas invisíveis, sempre procuro voar.

Porém, vejo Ismália em tanta gente. Nos olhos de quem é triste. Nas histórias sobre quem decide abandonar a vida. No desânimo, no pessimismo, na dor que ninguém parece entender. Na vontade de ficar sozinho, abraçar os joelhos e chorar baixinho. Nas palavras de quem não acredita em nada e não enxerga mais a beleza. E nesses momentos, sinto vontade de abraçar todas as Ismálias do mundo inteiro. Bem forte. Bem apertado. Com todo o meu amor. Só para fazer com que vejam que a vida pode subir suas almas ao céu, descer seus corpos ao mar. Pode dar asas e banhos de luar. Pena que nem sempre consigo alcançar a torre.

Image2

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

(Alphonsus de Guimaraens)

Love, Tary

terça-feira, 17 de abril de 2012

Me fiz em mil pedaços

A perdição está inserida em nós. Em cada pedaço minúsculo de nós. Com frequência, ficamos estagnados, distraídos, impacientes, divididos, apáticos, sozinhos. Sem saber qual caminho tomar, sem saber qual distância percorrer, sem saber quem amar. Sem fazer a menor ideia de para quem se entregar. E, de repente, quase sem querer, somos cobrados por todas aquelas chances desperdiçadas, destruídas, jogadas ao vento. Todas aquelas chances únicas que colocamos nas mãos e assopramos. Feito crianças enviando beijos pelos ares.

Nos quebramos em mil pedaços esperando que alguém nos junte e que desse quebra-cabeça estranho se forme uma figura tranquila, bonita, correta. Mentimos para nós mesmos de dia, de noite, de madrugada e até durante o sono. Até que nos damos conta da verdade da vida: mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira. Porque afinal, no final, somos todos anjos caídos, esperando poder voltar para o lugar de onde saímos.

Foi uma grande amiga quem me ensinou a olhar as coisas como se fosse a última vez. Como se fosse ficar cega dali dois segundos. Por isso, hoje, o céu sempre puxa os meus olhos para ele e sussurra: experimente das minhas nuvens. E é assim com todas as outras coisas e a paixão nunca me abandona. É uma pena que quase ninguém veja o mundo como eu vejo. Porque se assim fosse, mais gente saberia sobre o poder do infinito, um dos deuses mais lindos. Mas quem sabe, afogada na perdição de todos os dias, eu encontre alguém que diga, entre risos abafados: eu quero o mesmo que você.

lost

“Quantas chances desperdicei, quando o que eu mais queria, era provar pra todo o mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém. Me fiz em mil pedaços, pra você juntar. E queria sempre achar explicação pro que eu sentia, como um anjo caído, fiz questão de esquecer que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira” (Quase sem Querer, Legião Urbana)

Este post foi inspirado e composto com trechos dessa canção linda-maravilhosa ouvi no repeat sem parar durante a última semana.

sábado, 14 de abril de 2012

Vinte auroras

aurora
Tudo começou em uma daquelas madrugadas nas quais eu deveria estar sonhando em preto e branco, mas preferi perder horas de sono visitando blogs e respondendo comentários. E passeando por várias nuvens de links, de repente me deparei com um nome muito legal: “Minha vida como ela é”, simplesmente. Cliquei, comentei e minutos depois a dona do blog já tinha visitado o meu. Lembro que pensei: “que bom, não sou a única blogueira desse mundo que não dorme!”. Mas naquele dia,  nem imaginei que a troca de comentários se transformaria em conversas no MSN, em tagarelices no Skype, em cartinhas e presentes fofos. Quando um tal grupo muito do especial surgiu no Facebook, nossa amizade já existia, não é? E pra mim, parece que sempre existiu. Afinal, alguém me ensinou um dia que “longe é um lugar que não existe”.
 
Ana Luísa, Bussular, Analu, Aninha, Nana! Amiga, ameeega. Chefa! O tipo da pessoa que fica fazendo voz de pato só pra te fazer rir no skype, te liga mesmo que seu celular não seja da Tim, te vicia em joguinhos, morre de ciúmes das pessoas que gosta, vive saltitando por aí, seja em Curitiba, Vitória, São Paulo. Apaixonada por teatro, pela família, por livros, por Florbela Espanca, Harry Potter, Friends e textos excelentes. Sempre procura ver o lado bom das coisas e das pessoas.
 
E um dia ainda vai sair para comprar pão e encontrar o amor de sua vida, tenho certeza. Vai ter uma filha chamada Clara, loirinha de olhos bem azuis, pra quem todo mundo vai olhar e dizer: “Nossa, parece bebê de revista!”. Tenho certeza. Porque você merece, sua velha e louca. Saiba que pode contar comigo pra tudo. Jogar conversa fora, ler seus posts em primeira mão, aconselhar, rir, chorar junto. E, claro, fazer os layouts do seu blog até ficarmos caducas. Amigo é pra essas coisas mesmo. Feliz aniversário! Te desejo sorte, leveza, fé  e um pouquinho de cada uma das melhores coisas da vida.
 
Que você pegue todas as auroras do mundo nas mãos, amiga. E não deixe escapar.
 
 
cakeE pra Analu, nada? Tudo!
Love, Tary
P.S: Ter 20 anos é o máximo. Espero que você concorde comigo. Te amo!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Do verbo desgostar

Eu estava quieta no meu canto quando Dona Rafitcha sugeriu que listássemos quatro coisas que o mundo inteiro parece adorar de paixão, menos a gente. Não costumo escrever sobre o que não curto porque sempre acabo me inflamando demais. Quando não gosto, não gosto mesmo e aí mal posso ouvir falar sem torcer o nariz. Mas por incrível que pareça, foi super difícil escolher. Ando com tanto sono que desenvolvi amnésia, mas vamos lá.

Das coisas que todo mundo ama  e eu odeio

New Girl

NAO.

Gente, sério mesmo que vocês gostam desse troço? Pelo amor dos meus futuros filhinhos, me expliquem os motivos nos comentários, porque sinceramente, não consigo entender. Essa “comédia” tem o pior defeito do gênero: é sem graça demais. Forçada pra caramba, recheada com piadinhas estupidamente ruins e momentos “se esconde debaixo da mesa de vergonha alheia”. Fiquei com vontade de ver por causa da Zooey Deschanel, adoro ouvir She & Him, acho ela linda e dona de um super carisma. Porém, infelizmente, não conseguiu imprimir  nem 1/3 desse carisma na sua personagem em New Girl. Jess – argh – é apática, infantil, chata de doer e se eu fosse obrigada a conviver com alguém parecida na minha vida, a morte seria a única solução viável. Ela entra fácil na lista das 5 personagens que eu mais detestei na vida e olha que eu só me torturei vendo 4 episódios dessa bagaça. E, apesar de adorar a voz da Zooey, uma das coisas que mais me irritou foi essa guria cantando o tempo inteiro, arregalando os olhos e fazendo cara de pokémon demente. Pra completar, foi indicada ao Globo de Ouro muito injustamente, o que só contribuiu para que o meu ódio se estabelecesse. Odeio, odeio, odeio, odeio. Só não foi cancelada porque a Zooey é popular. E tenho dito.

Travessuras da Menina Má

travessuras

Garanto que no mundo inteiro, só uma pessoa deve odiar esse livro: eu. E  considerando o número de dislikes no meu comentário no skoob, não poderia estar mais certa quanto a isso. Peguei emprestado de uma amiga e estava animadíssima pra ler, passei uns bons anos desejando, mas quando comecei, que decepção. Bem escrito ele é. Sem dúvidas quanto a isso. Mas me passou uma impressão horrível de querer chocar, impressionar através dos atos odiosos dos protagonistas desprezíveis. Ricardito, um banana sem precedentes. Menina Má, a representação de tudo o que eu mais odeio. Falsa, manipuladora. Do tipo que dá falsas esperanças e brinca com os sentimentos dos outros. E depois, quando a merda está feita, vai correndo para os braços daquelas mesmas pessoas que destruiu um dia. Gostei das descrições dos lugares por onde eles passam e achei os coadjuvantes super bem construídos, mas foi só. Protagonistas não cativantes são capazes de detonar qualquer história. E esses conseguiram, com louvor.

Fast Food

mcdonalds

Qual o sentido do amor todo por aqueles lanches? Acho bem qualquer coisa, viu. Não são gostosos como os do Subway, por exemplo, pelos quais sou apaixonada e nem considero fast food. Os molhos são muito ruins, o pãozinho é pura massa e só se salva a batata frita, mas convenhamos, essa é boa em qualquer lugar. Sempre saio desses lugares me fazendo a mesma pergunta: Tá, o que tem demais nisso aí? Nada, meu Deus. Nadinha mesmo.

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Nick & Norah, uma noite de amor e música

Todas as pessoas com que eu converso adoram esse filme e eu acho simplesmente intragável. Chato, sem sentido, monótono. E nem venha defender falando da trilha sonora. Se eu quiser ouvir música boa, compro um CD. Canções legais dentro de um filme ruim não passam de um recurso desperdiçado, na minha opinião. Gosto de Michael Cera e de Kat Dennings, mas pra mim nesse filme eles não convencem em nada como casal. Cadê a química, Brasil? Sem falar que a loira da foto se perde dos amigos e passa o filme inteiro mastigando um chiclete nojento. O treco chega a cair em uma privada e a pessoa coloca de volta na boca. Ou seja. Vendo os comentários no Filmow, notei que sou uma das poucas a desgostar dele. Lembro que até escrevi: mais um que entrou pra minha lista de todo mundo amou, menos eu. Logo, não poderia deixar de integrar esse post.

Por hoje é só. Não me odeiem muito, ok?

Love, Tary

O título foi sugerido pela Analu.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sobre ser Taryne

Olá, eu sou a Taryne, prazer. Garanto que a primeira coisa que você pensou quando viu o meu nome foi: meu Deus, que esquisito! Os pais dessa menina podiam ter sido mais práticos, né, facilitado a vida da gente. E ainda colocaram um ípsilon, que cafona, que coisa mais americanizada!

Pois é, não concordo muito. Mas não se sinta tão mal por ter pensado isso (na verdade, você deveria se sentir porque é feio debochar de um nome tão legal, beijos). Muitas pessoas, inclusive, verbalizam essa opinião na minha cara. Geralmente, nem me estendo na resposta, apenas digo: Ah, minha mãe lia romances demais.

Esperando que isso explique tudo e impeça o aumento da irritação que esses comentários me causam. E eu tenho uma certa tendência à irritação quando se trata do meu nome. Porque eu realmente gosto dele. Não é só diferente, como alguns costumam achar. Acho sonoro, acho bonito e sinto que tem tudo a ver comigo.

Tudo começou, justamente, por causa de um livro. Minha mãe, leitora voraz, conheceu a história de Tarine (sim, ela deu uma mudadinha), uma deusa muito rica e bela (ui). E encasquetou que assim que tivesse uma filha, ela se chamaria assim. O significado até hoje eu não encontrei ao certo. Nas minhas pesquisas, o mais perto que cheguei foi “querida” e prefiro acreditar que seja esse mesmo.

Alguns dizem que a origem é grega, outros falam que é tupi. Já encontrei várias no Twitter e até cheguei a criar uma comunidade no Orkut – eu sei – pra encontrar outras ‘colegas de nome’. E, sim, existem pelo menos mais quatro Tarynes pelo Brasil. Honestamente? Queria muito conversar com elas pra saber se sofrem dos mesmos problemas que eu. Essa coisa de ter que repetir 500 vezes, soletrar, respirar fundo. Queria saber como é “ser Taryne” pra elas. Porque para mim, apesar de alguns inconvenientes, é mesmo maravilhoso.

- Oi, como é seu nome?

- Taryne.

- Como?

- Taryne. T-A-R-Y-N-E.

- Ah, Karine!

- Não, não. TARYNE.

- Ah, Parine!

- Não, Taryne com T.

- Ah… Aline!?

- Ai.

Love, Tary

P.S: Vocês acreditam que na semana retrasada fui a um daqueles barzinhos em que eles anotam o seu nome na comanda e soletrei, gente. Duas vezes. E quando peguei o papel estava escrito Tarly. Tarly, cara. Como assim? Bom, pelo menos esse foi novo.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Gente chata

Se tem uma coisa que me irrita horrores, a ponto de fazer com que eu contraia os dedos dos pés e revire os olhos até ficar vesga de ódio, essa coisa é o  tal do pseudo-cult. Não sei bem como a espécie nasceu, mas o fato é que ela se reproduz vorazmente por todas as redes sociais e vem se multiplicando de forma assustadora no dia-a-dia também. Ô raça, viu. Essa gente parece dominada pela bundamolice, característica daqueles que só sabem encher o saco alheio e não conhecem a diversão despretensiosa.

Porque na visão desses pentelhos, é uma decepção muito grande uma menina que gosta do Woody Allen se sentar no sofá da sala pra assistir os barracos de um reality show tosquinho. E imagine só! Essa jovem leitora de Florbela Espanca se aventurando em um festival sertanejo? Não pode, não pode! Isso só pode ser heresia, ou remake de A Fazenda. Ai, ai, ai. Deixa eu contar até 10 mil. Posso falar? Vão aprender a se divertir e depois a gente conversa um bocadinho. Simplesmente não consigo conviver com esse povo sem ter a imagem mental de uma voadora daquelas sendo desferida em seus belos narizes empinados.

Isso tudo me leva à uma conversa hilária que escutei no ônibus esses dias. Estava lá, de pé, um dos caras mais chatos que já tive o desprazer de conhecer na minha vida, discutindo Platão na maior altura – e arrogância – com um outro rapaz que usava óculos estilosinhos. Enquanto o insuportável monologava pra si mesmo, eis que o de óculos começa uma frase com: “Então, tô lendo um livro do Augusto Cury que…” Pausa. 

Risos eternos, minha gente. Eternos e vingadores. Tomou no orifício, senhor pseudo-qualquer-coisa. Por essa você não esperava, não é mesmo? Ficou até sem saber o que dizer.  Nesse momento queria muito poder descrever a cara do chatão, mas as risadas não me deixam nem lembrar direito. Certamente, ele teve vontade de morrer, ou de se jogar do ônibus em movimento. Moço dos óculos estilosos, se você fez de propósito, meus parabéns! Foi a trollada do século.

O que mais me irrita nesse tipo de pessoa é o fato de que estão pouco se lixando pra bagagem adquirida com as coisas que leem, escutam ou assistem. O importante mesmo é ir se exibir no Facebook, no Twitter, no Filmow ou no Orangotag. Ou fazer o que fazem de melhor: desmerecer os outros. Sempre com aquele ar de superior. Eles acham que estão abafando, mas na verdade, só estão sendo companhias desagradáveis. Gente chata. Apenas chata. Como lidar? Melhor não lidar. Porque Cazuza já dizia:

“Respeito quem é radical, respeito quem ama errado, respeito o cara careta e o cara exagerado, quem não gosta de criança e quer viver solitário, quem odeia rock'n'roll, mas gosta de um rebolado. Só não há perdão para o chato.”

Eu continuo ouvindo minhas músicas pop, lendo livros de mulherzinha, assistindo Legalmente Loira sempre que passa na TV e rindo de gritar com os barracos dos bons tempos de BBB. Nem por isso deixo de ler Saramago, escutar canções antigas, ver  filme europeu e documentário. E sabe por quê? Porque eu gosto de verdade, não pra ser rotulada por isso. E se eu quiser ir a um show de sertanejo com as minhas amigas logo depois de terminar um livro do Nabokov? Eu vou mesmo. Porque nada do que eu faça pra me divertir, desde que não machuque ninguém ou a mim mesma, é errado. E, afinal, realmente. Só não há perdão para o chato.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O mundo é um moinho

Em todos esses anos dançando quadrilha sozinha, sempre foi Lili. Aquela mesmo, a que não amava ninguém. E na única vez em que quis se arriscar e mudar de nome, levou uma bordoada daquelas na cabeça e nunca mais esqueceu. Nem da dor nem do autor - afinal existem coisas que não se resolvem com uma estúpida confissão por telefone. Então, resolveu deixar as coisas como estavam e agora é mais Lili do que nunca: porque tem Joaquim na jogada e ela não faz ideia do que irá fazer a seguir.

Ao olhar no espelho todos os dias de manhã, toda sorrisos, charme e caras e bocas, enxerga as saias esvoaçantes à la Marilyn Monroe, os decotes em formato de coração, sapatos de salto agulha, delineador gatinho. Mas se a imagem refletida mostrasse o que ela é por dentro não haveria espaço para quase nada além de interrogações, vazio e uma faixa cinza.

E sempre quando ela se confronta consigo mesma, a dor aparece. Senta no chão da sala, olhando para o teto enquanto as lágrimas se libertam dos olhos cor de mel. Abraça forte a capa do vinil de Cartola, ouvindo cada período como se fosse um conselho rouco.  

Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida. Já anuncias a hora da partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar.

Pensa no que está perdendo por não amar, no arrepio que sente ao se aproximar do que pode machuca-la novamente.

Preste atenção, querida: Embora saiba que estás resolvida, em cada esquina cai um pouco a tua vida e em pouco tempo não serás mais o que é.

Depois, reflete sobre as voltas que o mundo dá. As idealizações sobre o príncipe de cavalo branco e sente a dor do querer apertar o peito como uma pontada, sem parar. O corpo fervendo.

Ouça-me bem, amor. Preste atenção, o mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões à pó.

Então realiza mais uma vez que seu coração foi quebrado cedo demais. Está marcado de pequenas rachaduras não totalmente curadas.

Preste atenção, querida. De cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notares estás a beira do abismo, abismo que cavastes com teus pés.

Levanta do chão, coloca a capa do vinil na escrivaninha. E continua vivendo do consolo de todas as Lilis: um dia elas irão esquecer o cinismo que herdaram e encontrarão um amor pra chamar de seu. O mundo continua girando como um moinho, mas vai passar a triturar  os medos, não os sonhos. E em uma dessas paradas estará o futuro. Lili mal pode esperar.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Revelação mafiosa

O texto publicado ontem descreve perfeitamente o momento pelo qual estou passando. Todo o meu crescimento, as novas fases, o deslumbramento com a vida adulta, mesmo sem deixar de ser criança. Por isso mesmo, é meio assustador realizar que não, ele não foi escrito por mim. 

Isso mesmo, leitores queridos. Vocês foram vítimas de uma das velhas piadas do dia 1º de abril! O post passado faz parte de mais uma das peripécias da Máfia, que muitos de se mordem de curiosidade para desvendar, mas é apenas um grupo de blogueiras tagarelas - e que se adoram - no Facebook.

Fizemos um sorteio e cada uma deveria escrever algo "fingindo" ser a blogueira que tirasse. Uma espécie de amigo oculto muito do complicado e mirabolante. Porque não bastasse ter de escrever pensando com a cabeça de outra pessoa, tínhamos que captar toda a linguagem, o estilo, até as vírgulas, se possível. Foi um bocado difícil, apavorante na maior parte do tempo. Gerou babado, confusão e gritaria. Porém, no meu caso, o resultado foi extremamente positivo. Adorei escrever no lugar da menina que tirei e amei mais ainda receber as lindas palavras do post anterior. 

Quanto a bonitinha que me tirou: olha só, não sei quem você é. Não faço a menor ideia. Desconfiei de todas, de nenhuma e isso tudo só embolou mais ainda o meu cérebro. No entanto, preciso te dizer. Querida amiga oculta, você foi um amorzinho comigo. Me mandou foto para ilustrar o post - e até disse que eu poderia escolher outra se quisesse, assinou com o "Love, Tary" de todo o santo fim de texto, colocou tudo entre - hifens - ao invés de parênteses, como eu prefiro. Escreveu do meu jeito, se preocupou em fazer alusões a posts antigos porque certamente notou o quanto eu sou louca por referências e teve a sensibilidade de acertar o período vivido por mim. Nunca vou poder agradecer o seu carinho de forma satisfatória, mas obrigada mesmo, sua linda!

Já o texto da minha amiga mafiosa foi um desafio desde o primeiro momento. Primeiro porque sou leitora do blog dela há séculos e sei que ela acompanha o Doces faz um certo tempo também. Ou seja, o obstáculo inicial foi não me entregar. Depois, comecei a ficar desesperada porque não sabia qual tema abordar. Então, resolvi ir lembrando dos posts dela, dei aquela fuçada básica no Facebook e uma olhadinha no blog pra captar o estilo de escrita. Aos poucos, a coisa toda foi fluindo e quando dei por mim, já tinha acabado. 

A fofa tem uma escrita toda elegante, certinha. Com um toque de humor e talvez um certo mau humor também - o que eu acho genial. Adora começar os textos com "De repente" e sempre usa "Logo, blá-blá-blá". É a rainha dos períodos curtos. E, claro, a essa altura já descobriu que estou falando dela. 

É a...

 

 

 

 

 

Suspense básico para as outras...

 

 

 

 

 

 

Kamilla!

Flor, adorei quando seu nome apareceu no meu e-mail. Aí fiquei instantaneamente desesperada por causa do texto. Mas quando você disse que tinha gostado lá na Máfia, eu relaxei. Que bom que você gostou! Só não me ofereço pra ser ghost-writer porque sou uma pessoa sem tempo, senão...

O resto das mafiosas nem desconfiou de mim! Enganei as bobas, hahaha! Aliás, quero mais elogios, viu? Achei os comentários lá no blog da Kami bem fraquinhos. E como ela mesma disse, ficou foda o negócio. Façam o favor de me mimar! Mentira, amo vocês todas e adoro participar dessas nossas loucuras. Até a próxima!

Quem quiser ver o texto que fiz para a Kamilla, clique aqui. Depois que descobrir quem me tirou, edito esse post (:    Gente, quem me tirou foi a lindona da Ana Carol do Charlotte. Não estou cabendo em mim de tão feliz por isso! Essa fofa fica dizendo que é minha fã, mas ela nem sabe o quanto eu sou fã dela. E bem muito!

Love, Tary

domingo, 1 de abril de 2012

Superando a síndrome de Peter Pan

petern pan

Em 2010, quando eu comecei a rodopiar por aqui, eu jamais poderia imaginar os rumos que a minha vida tomaria. Tanto na realidade quanto na blogosfera. E é clichêzão dizer isso, né? A gente parece mesmo nunca saber aonde vai chegar. Por mais que se saiba o que quer e como quer, a vida – essa linda - sempre nos surpreende. E convenhamos que isso é muito bom.

Eu não sabia, por exemplo, que a distância entre o real e o virtual vai além do tênue. Pessoas que eu nunca abracei, nem olhei nos olhos diretamente me conhecem e me amam igual – ou até mais - das que me cercam todos os dias. Eu desconhecia que me transformaria em alguém tão segura do que se é. E mesmo às voltas com estágio, final de faculdade e TCC - e consequente abandono do blog - eu ficaria tão feliz com tudo que está acontecendo.

Desde o dia em que acenei para o caminhão de Guaraná Antártica achando que era o ônibus e que chorei na janela do mesmo enquanto voltava pra casa, eu já rodopiei até não poder mais. E entre um rodopio e outro eu cresci. Falaram-me que crescer doía, que se tornar adulta nos fazia olhar o mundo de outra forma. Talvez eu seja uma exceção então.

Continuo odiando bife de fígado, amando Cassie, ouvindo Adele – mesmo depois de virar modinha. Continuo confusa, autocrítica e choro gravando vídeos pros amigos. Ainda amo minha Genoveva, minha irmã continua sendo minha melhor amiga e ainda não me acostumei com a ideia de que nunca irei a um show do Cazuza. Mas no fim, crescer até que é bem divertido, sabe? Peter Pan talvez devesse  experimentar.


Esse post não foi escrito por mim. Foi uma brincadeira de 1º de abril com algumas blogueiras – a explicação detalhada está no post seguinte. A autora é a Ana Carol.

Love, Tary