terça-feira, 8 de março de 2011

O primeiro dia do resto da tua vida

Nessa madrugada assisti três filmes bem diferentes tanto na proposta, quanto na execução. Primeiro, Charlie Bartlett, uma dramédia americana bem divertida. Segundo, Histórias de amor duram apenas 90 minutos, uma daquelas provas de que existem ótimos roteiros no cinema nacional. E, finalmente, o terceiro de que se trata esse post: Le premier jour du reste de ta vie , que conseguiu me fazer esquecer completamente os dois anteriores, roubou minha voz, tirou todas as respostas que costumo ter quando acabo de assistir algo sensacional e me arrebatou por inteiro sem nem pedir licença.

Raramente me faltam palavras para descrever um filme porém, algumas vezes, a identificação e o olhar interior provocados pelo cinema anestesiam por completo. Isso vem acontecendo com maior frequência por causa de filmes franceses que não se valem de explosões, grandes efeitos especiais ou deslumbres estéticos, mas do essencial: uma boa história. E eis o que faz este filme ser tão fantástico: aqui cada um dos personagens principais é também protagonista de sua própria história.


Já no início da película somos apresentados à família Duval, composta por Robert, taxista que vive às voltas com o pai. Sua esposa Marie-Jeanne, uma dona de casa assustada com a ideia de envelhecer. E os três filhos do casal: Albert, Raphael e Fleur. A partir dessa introdução cada um deles ganha seu espaço através de um momento que, por algum motivo, se torna o primeiro dia do resto das suas vidas, "primeiros dias" que são  trabalhados pelo diretor Rémi Bezançon como curta-metragens cujos títulos são repletos de significado na vida de cada membro da família.

Percebemos que há sempre um dia, "aquele" dia que muda todo o resto da vida de alguém. Seja sair da casa dos pais, conquistar a independência, se apaixonar, se decepcionar, perder a inocência. Há sempre um dia. Ou alguns dias aleatórios, ou mesmo um pequeno momento que parece ser o que antecede o resto das nossas vidas.

Preciso falar de uma cena específica: Raphael - o filho do meio - visita a casa dos pais, entra em seu antigo quarto, retira os pôsters de bandas de rock do armário, os cola de volta na parede, arruma a cama, reencontra e calça os tênis velhos, coloca um vinil para tocar, fecha os olhos e sorri, aliviado, lembrando de si mesmo quando adolescente. Pode não parecer nada, mas entendi aquele gesto como a reconstrução do único lugar em que aquele personagem se sentia seguro. De uma sutileza ímpar mesmo.


Várias outras cenas conseguem ser ainda mais incríveis num roteiro muito bem escrito pelo próprio diretor.  Também não me lembro de ter visto nos últimos tempos uma fotografia tão calorosa, quase aconchegante, no cinema francês que geralmente abusa dos tons frios. Poderia ficar aqui a vida inteira falando do quanto me emocionei e do quanto precisava escrever sobre Le premier jour du reste de ta vie, mas fico por aqui e ressalto: vocês precisam ver esse filme.

* Baixei por aqui.

Love, Tary

12 comentários:

  1. Ei Flor!
    Amei o nome do filme, eu também sempre boto fé nesses momentos que mudam bastante o que vem em seguir nas nossas vidas. São realmente o primeiro dia do resto, são essas decisões mais definitivas que tomamos. Nunca tinha ouvido falar do filme, agora estou doida pra ver!
    Ficou a dica!
    Beijos!

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  2. Eu ia exigir onde você baixou, porque tua descrição me contagiou e já sei que antes de quinta-feira (o dia da volta às aulas), preciso ver esse filme! O único francês que assisti foi o da Amelie Poulain, lindíssimo. Acho que mereço um novo francês para me encantar, não é mesmo?
    Obrigada pela dica Thary e aproveite muitos filmes nesse resto de feriado!
    Beijos

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  3. Nossa, que coincidência! Tô com esse filme em casa e devo assistir hoje a noite ou amanhã. Seu post me deixou ainda mais animada! =)

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  4. Tary, vi você comentando no Twitter sobre o filme e fiquei mega curiosa, já esperando o post que eu sabia que estava por vir.
    A história me ganhou completamente, vou baixar e assistir mesmo, depois conto aqui o que achei!
    beijos

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  5. Minha cultura de cinema francês é muito limitada tadinha, lembro de um que assisti na universidade. Não lembro o nome mas era de um rapazinho que tinha sindrome de down. Um olhar puro, leve, sem caricaturas. Típico do cinema europeu. Gostei. E vou baixar esse aí agora!
    Beijos!

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  6. Já estou baixando! Com uma descrição tão apaixonada não podia deixar de ter vontade de assistir.

    Bjos

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  7. Hey, Flor!!!
    Amei sua descrição do filme...
    Me fez ficar com vontade de vê-lo...
    Vou ver se consigo baixa-lo pra assistir o quanto antes...
    Ótimo post!!!

    Bjs

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  8. Gostei do nome do filme. Acredito que depois de um grande momento nossa vida muda, nosso modo de pensar, de sentir, de entender...
    Nunca assisti a três filmes seguidos em uma madrugada, embora já tenha visto alguns capítulos dos meus seriados preferidos nas noites insones.
    Quando você mudou o layout disse que terminou tudo de madrugada, precisamente as 3hrs. Também tenho horários alternativos... Quase um estilo de vida!

    Beijo!

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  9. Nossa, queria ser como você.
    Ver muitos filmes e saber falar tão bem deles!
    Adorei o post e fiquei morrendo de vontade de ver.
    continue nos dando boas dicas.

    beijos =*

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  10. Me deu vontadinha de ver. Gosto de filmes assim, que contam a história de cada personagem.
    Beijo!

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  11. Adoooro, adoro e adoro filmes assim! Eu sempre me identifico mais com essas 'pequenas' produções do que com os blockbusters, acho que são poesia pra gente em forma de imagens e histórias. Com certeza baixarei e assistirei, valeu pela dica! ;)

    Beijos

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  12. Estou com esse filme baixado, mas ainda não assisti! Parece ótimo, já li várias críticas bacanas e seu post ficou lindo! ^^

    Beijinhos, beijinhos!:**

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Obrigada pela visita! Comenta que eu respondo (: