Enquanto olho para o meu quarto bagunçado me pego pensando no quanto a vida é imprevisível. Num dia a gente tem total certeza de quem é, do que quer e para onde está indo. Vinte e quatro horas depois, seu destino não está mais nas suas mãos e não há nada que você possa fazer quanto a isso. Alguns de vocês podem dizer que o controle é nosso. Somos nós que apertamos os botões, avançamos, paramos, desligamos. Mas a verdade é que várias forças interferem no processo e nós nos conformamos muito facilmente. Porque o conformismo é simples, não exige tentativa e erro nem tentativa e acerto. Se o conformismo fosse gente, seria aquela vizinha carrancuda que não responde seu bom dia e ainda fala mal de você pelas costas.
Mudar é que é complicado. Desistir quando não está se divertindo mais é que é corajoso. Ficar parado olhando o mundo girar e não levantar os braços para sentir a brisa é a verdadeira covardia. Crescer não significa abdicar de tudo, se contentar com tudo e aceitar tudo. Crescer é não deixar nunca de torcer o nariz para o que te faz infeliz. Crescer é dar a cara à tapa pelo menos uma vez para não ter que contar para os netos que teve medo de todos os riscos que apareceram pela frente. E por mais contraditório que pareça, crescer é saber a hora de virar criança. Colocar os pés pra cima e adivinhar o desenho das nuvens sem medo de parecer idiota. Se a perseverança fosse gente, seria aquela priminha que agarra sua mão e pede: “Não vai embora agora, brinca mais um pouquinho!”.
Ao olhar para o meu quarto bagunçado esperando – ironicamente - que eu dê uma de adulta e arrume a confusão antes que ela me engula, me dou conta de uma coisa espantosa: ainda tenho muito a crescer. Preciso aprender um bocado, apanhar um bocado, chorar um bocado. Ainda tenho muito a viver. E eu vou. O que me move é olhar para o espelho e não enxergar uma ressentida que abandona a essência como se nada fosse e joga os princípios no lixo. Vejo uma menina que não sabe ainda o que pode esperar do futuro e se sente um bocado perdida, mas vai à luta. É difícil. Leva tempo. A vida é imprevisível. Mas dizem que em algum momento eu vou ter certeza de que não foi em vão.
Love, Tary
Amiga, que texto maravilhoso! Fiquei sem palavras. Com certeza a vida vale a pena. A gente só aceita as batalhas porque sabe que a guerra é bem maior, e os prêmios a gente enxerga durante todo o caminho.. E só de poder olhar o espelho e não enxergar alguém que a gente despreze já nos dá força pra continuar.
ResponderExcluirVocê esqueceu de me amar, mas eu te amo!
Beijo!
vontade de colar esse texto inteirinho no facebook e obrigar as pessoas a compartilharem porque OLHA! Que obra-prima Tary! Gostei demais da conta, senti uns cutucões da minha consciencia, mas c'est la vie né? Hahaha
ResponderExcluirBeijos
Não fale tão mal do conformismo. Apesar de estável, com emprego (por um fio, é verdade) e planos de médio prazo, eu posso dizer: eu abracei o caos. O caos é aquele primo hippie, que tem uma van que ainda não pagou, que dirige de olhos entreabertos, escolhe caminho na estrada na base do unidunitê e pára no primeiro posto que acha pra comer. E o que vier na estrada, ora bolas, a gente precisa se conformar até achar uma saída. A morte é o único "dead-end" (morou?).
ResponderExcluirPrimeira vez que posto aqui. Ótimo blog!
Adorei sua reflexão, Tatá! Todo mundo está meio numa vibe de crescer e das dores da vida, né? Confesso que me assusta um pouco saber que estou passando por aquela fase de levar uns tabefes pra aprender, mas gosto de pensar que daqui uns anos vou olhar pra trás e perceber com exatidão o momento que eu mudei.
ResponderExcluirSe a vida for mesmo uma jornada, a estrada é tortuosa e cheia de buracos. Mas vamos que vamos.
te amo <3
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ResponderExcluirJá disse que sou sua fã?
ResponderExcluirNão sei, a cada texto você me surpreende mais e esse, com certeza, também me deu vontade de compartilhar com todo mundo, assim como deu vontade na Alessandra. Sua reflexão é tão sensível, até parece que você falou pra mim. E eu acredito que a partir do momento que vivemos, passamos por certas situações e depois olhamos pra trás, percebemos que aquelas situações que não foram tão agradáveis foram as principais responsáveis pelo nosso amadurecimento. Então eu acho que essa é a graça da vida, ter a coragem de saber que muitas coisas estão por vir, mas não desistir nunca.
Beijo!
Você escreve poucos textos desses por aqui, mas eu amo tanto! Se eu pudesse fechar os olhos e só ouvir sua voz dizendo essas palavras, seria quase como ouvir minha própria consciência. ''E por mais contraditório que pareça, crescer é saber a hora de virar criança.'' <3
ResponderExcluirAmei o texto, Tary. Na verdade, eu acho que nós nunca paramos de crescer, nunca chegamos no fim da estrada, mesmo quando ficamos bem velhinhos. Concordo que muitas coisas se desenvolve na nossa vida por impulsos fora do nosso controle, mas a nós cabe dançar conforme a música e ao mesmo tempo tentar moldar o caminho também. Não está tudo fora das nossas mãos. As consequências podem estar fora do nosso controle, mas os atos determinantes são os nossos.
ResponderExcluirQue deus me ajude a ter a sua força de enfrentar tudo de frente, Tary. E ser criança para sempre.
Beijos
Adorei seu texto! Principalmente pq falou diretamente comigo no que se refere ao não saber para onde estou indo. Por mais que tenha minhas metas traçadas e que faço o possível para cumpri-las, o caminho até lá parece mais tortuoso e difícil daqui de onde estou olhando. Há tanta dúvida e incerteza, complicado não se perder. Mas é como você disse, ainda temos muito o que viver, estamos tão no começo! É só não ter medo, e é como o ditado diz: vivendo e aprendendo! :)
ResponderExcluirOi Tary :)
ResponderExcluirÉ a primeira vez que comento aqui no blog,apesar de sempre ler seus posts.Ou seja,sou uma leitora-fantasma.O motivo é a preguiça mesmo.
Esse texto mexeu muito comigo.Tenho passado por mudanças inesperadas.Sempre fui controladora,e de uma hora para outra tudo mudou.A rota que eu tinha imaginado se desfez, e passei a caminhar em terras que até outrora eram improváveis para minha mente paranóica e sistemática.
Mas depois tudo faz sentido :D
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ResponderExcluirVocê me fez chorar, porque acho que nessa parte de se sentir perdida e com muito pra aprender, somos bem parecidas. Achei lindo o texto, especial e tocante. A parte que diz que a perseverança é a Maria Clara, eu concordo plenamente Hahahahaha' E apesar de ainda não ser uma adulta completamente, pelo menos pra mim, pra os nossos primos e nossa família, digo parabéns por sem quem você é e luta pra ser.
ResponderExcluirBeijocas *-* Te amo!
Tary,
ResponderExcluircrianças também travam suas próprias batalhas. A escolha vem desde uma idade mínima e eu acho que, mesmo quando ficamos olhando para o céu e procurando nuvens aleatórias, temos um objetivo. Objetivos normalmente significam uma batalha a travar contra o destino e isso teremos que fazer até o último dia de nossas vidas. Seja forte. Aguente firme. E tenha a certeza de que sempre vai ter alguém com você pra te dar força. Sempre, sempre ;)
Beijos.
Uma vez a Marie perguntou no ask.fm o que faz um bom texto. Posso mandar o link desse post pra ela e ela vai entender. Eu fui lendo e sentindo mil coisas ao mesmo tempo. Primeiro eu pensei que devia aprender com você, depois deu aquele conforto interior por achar que estou no caminho certo. Sabe, é isso que faz um bom texto. Quando você vai lendo e sabe que aquilo são as partes mais reflexivas de uma outra pessoa, mas você simplesmente sente como se fosse um diálogo especificamente com você.
ResponderExcluirEu sei que você vai achar seu momento de olhar pra trás e ver que nada foi em vão. É uma confiança grande e serena, sabe? Eu confio em você pra ser feliz.
Te amo! Obrigada por textos assim! <3
Toda vez que eu invento de fazer só o que me faz feliz levo bronca do mundo inteiro, tenho aprendido que as vezes a gente tem que fazer coisas que nos fazem infelizes, mesmo que a gente não queira. A questão é que as coisas podem até ser felizes, mas a gente já vai achando que não serão e daí estragamos tudo... Quanto às crenças, porém, eu ainda sou irredutível e isso causa milhares de confusões na minha família, porque uma coisa é fazer o que me faz infeliz pra ver o que dá, outra coisa é fazer algo que considero errado só porque alguém que gosto considera certo e essa segunda coisa eu nunca faço porque daí é dor demais pra uma pessoa só. Quanto a crescer, acho que é algo que acontece sem que percebamos, um dia estaremos em um trabalho fixo com família formada, nos olharemos no espelho e pensaremos "caramba! Eu cresci" acho que enquanto a gente ficar tentando perceber o nosso crescimento ele parecerá cada vez menor e mais escasso e acho que é justamente em fazer coisas que a gente nunca se imaginou fazendo por achar que nos fariam infelizes que acabamos crescendo, porque as dificuldades são o que mais nos preparam para a vida.
ResponderExcluirSei que logo você vai se resolver e vai criar coragem de arrumar seu quarto. Acredito em ti.
Abraços! <3
Tary, isso é "adultescer". Realmente, não é bom desistir das coisas de cara, mas também é igualmente ruim nunca desistir. Tem coisas das quais temos que abrir mão, mas não na folia. É depois de ponderar bastante. E incrível como você tratou um assunto tão sério de forma tão doce. Incrível.
ResponderExcluirEsse texto é tão verdadeiro, que nossa. Por muito tempo me deixei levar pelo conformismo, indo por caminhos que não me faziam feliz. Mas cansei. Decidi tentar algo novo... espero que dê certo.
ResponderExcluirbeijos!
http://inescrita.blogspot.com.br/
Tary, suas habilidades de escrita me deixam admirada, você acaba oferecendo um apoio para as pessoas que você sequer conhece apenas com suas palavras, o conformismo já me dominou tantas vezes que perdi as contas, mas esse texto me faz refletir e decidir: Sim, eu vou à luta! Eu não cresci ainda, mas também não tenho pressa, a vida é um livro que está sendo escrito à mão, e eu quero fazer parte dessa história!
ResponderExcluirBeijos flor!