Que louco é ser diferente. Se sentir diferente. Não se encaixar de jeito nenhum e ser massacrado por isso. E então não conseguir desabafar seus traumas. Se isolar em si mesmo. Ou mesmo ser julgado pela aparência e extravasar essas dores de maneiras perigosas. Recentemente a minha amiga me apresentou um documentário sobre a Demi Lovato, que sofreu muito bullying e agora batalha contra ele. Ela era odiada porque os colegas a consideravam gorda, o que fez com que desenvolvesse bulimia e passasse a se auto-mutilar. Com o tempo, também foi diagnosticada com transtorno bipolar. Sua trajetória é absolutamente de partir o coração.
Chorei em várias partes porque dá pra sentir a bravura dela em assumir tudo e se despir dos medos para ajudar quem não tem a quem recorrer através de campanhas, de depoimentos e, claro, das músicas. No mini-filme, Demi diz que se manter saudável é uma luta constante e se apega àqueles que a amam para superar todo sofrimento. Não só as cicatrizes físicas, mas as que apenas ela sabe onde estão. Demi continua sendo diferente, mas encontrou seu lugar. Encontrou seu papel no mundo.
“Stay strong”. É a frase que tatuou nos pulsos. Um recado para si mesma. E é isso que eu diria caso encontrasse o Charlie. Ele mesmo. Nosso wallflower. Ele vê coisas, permanece calado e entende. E quem o entende? Nós o entendemos. Nós que já fomos afetados pela dor de sentir que não somos notáveis. Mas ele encontrou quem o abraçasse. Todo mundo tem seu wallflower. Da mesma forma que todo o wallflower tem seu “todo mundo”. Ainda bem. Porque na realidade nós somos os dois. E eu diria que o encaixe é providencial para que a vida se torne mais fácil. É a amizade. A certeza de que abraçados àquelas pessoas temos nossas forças renovadas.
Por isso, se você é diferente e ainda não encontrou alguém pra celebrar essas diferenças todas com você, fique tranquilo. Enquanto você se faz em mil pedaços em algum canto do mundo, alguém está se desfazendo em peças de quebra-cabeça por aí. O universo vai achar um jeito de vocês se encontrarem. Você vai encontrar alguém que ouve as mesmas músicas que você dentro do carro. Que fala apaixonadamente das coisas que gosta e se compromete a não deixar de faze-las.
Vai encontrar alguém que já pagou mais mico que você nessa vida e vocês vão rir em alguma festa do pijama. Você vai encontrar alguém que sente vontade de chamar de filha e proteger pra sempre. Você vai encontrar alguém deveras impressionante. Alguém que passou por dores inimagináveis e sobreviveu. Vai encontrar alguém que te puxa da escuridão e te acompanha no retorno pra luz com apenas uma palavra. Você vai encontrar alguém que diga sem precisar ser em voz alta: “eu sou diferente também”. Bom, comigo deu certo.
Love, Tary
Ai, amiga, você tá inspiradíssima esse ano e tá me deixando de coração cheio e apertado com todas essas palavras! Você sabe o quanto eu me sinto em cada linha desse post, e o quanto é mágico achar essas pessoas que simplesmente estão na nossa sintonia, e que nos entendem. Poucas coisas serão tão fortes na minha vida quanto a sensação de alívio e desespero conjunta no dia em que eu, você e Anninha conversamos sobre aquela-coisa-séria que nos aflige. E nada vai ser tão forte quanto o dia que conversaremos juntas sobre como-isso-não-nos-aflige mais, e daremos risadas juntas colocando nossas futuras famílias para trocar figurinhas. Existem vantagens em ser invisível, mas existem muitas mais em ser bem visível por gente que te compreende e que te põe no colo. E por gente que sabe falar tão apaixonadamente das coisas que gosta que deixa qualquer um emocionado! E que bom que, no fim das contas, a gente acaba tendo paixões iguais. Foi Caio que selou nossa amizade. E num momento de sofrimento. E quem se encontra num momento de sofrimento, meu bem, é porque ainda vai celebrar muuuuitas alegrias!
ResponderExcluirTe amo tanto, minha amiga! Obrigada por "ser diferente também"!
Tary,
ResponderExcluirAmei a reflexão/conselho, como sempre! Texto muito bonito, sincero e inspirado. Também sou feliz por encontrar as pessoas que também são diferentes, como eu, e que hoje posso chamar de amigos e namorado. E, se eu pudesse dar um conselho a alguém que ainda está se desfazendo em pedaços, diria o mesmo que você: fique tranquilo que em algum lugar do mundo alguém também se sente como você, alguém também é diferente, e em algum momento vocês vão se conhecer :)
"As Vantagens de Ser Invisível" é incrível, né? Fico chateada por não ter lido quando era mais nova e ainda ia para a escola...Teria me ajudado tanto, poxa :(
Beijos,
Michas
http://michasborges.blogspot.com
Ps: assista 'A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" sim. É bem legal e...tem o Johnny Depp <3
Mas que post mais lindo do universo! Não sei nem o que comentar direito. Primeiro, sensacional você ter visto o documentário e sentido exatamente as mesmas coisas que eu senti. A Demi é uma fortaleza, sim, mas todos nós somos, e eu acho que é isso que me deixa tão perplexa quando paro pra pensar. É meio estranho o quanto cada um vem com uma bagagem que a gente nem faz ideia. Vez ou outra, eu paro pra pensar em toda a experiência que é e tem sido a Máfia. A gente começou com a ideia brilhante da Analu de só juntar algumas blogueiras e, caramba, olha pra gente agora! Eu compartilho os meus traumas, meus medos, minhas cicatrizes com gente que também faz o mesmo, que quando tá triste vai lá pra chorar, quando tá feliz só tá feliz por completo se puder contar lá. É muito bom encontrar uma casa assim e eu nunca vou enjoar de agradecer a Deus por tê-las colocado na minha vida. Nós, no fundo, somos várias wallflowers que, juntas, viraram um "todo mundo" de cada uma. Sou imensamente satisfeita em poder dizer que sou diferente junto com vocês.
ResponderExcluirE, ah, caso eu não tenha dito o suficiente: amo muito você! Absurdos. Ainda bem que o universo arrumou um jeito da gente se encontrar.
Que venha outubro! <3
O Charlie foi um dos meus melhores achados em 2012. Assim como ele, andava me sentindo invisível. Invisível para o mundo, apenas observando. E concordo com você. Ainda não vi o documentário da Demi, mas eu me apaixonei perdidamente por ela antes da ida para a rehab.
ResponderExcluirSei que algo vai se encaixar em algum momento para todos nós. A vida faz isso. Não seria do feitio dela se não fosse assim.
Beijos.
ótimo texto.
ResponderExcluirCharlie tbm foi uma das coisas boas que encerraram meu ano.
Não vi o documentário da Demi nem li As vantagens de ser invisível ainda, mas nem por isso seu texto teve menos significado por isso. A Demi passou por problemas que muitas de nós passamos um dia, que são difíceis mesmo e se não nos mantivermos fortes e com fé, podemos cair no mesmo buraco outra vez. Ela, ainda bem, não sucumbiu de novo. E é um exemplo pra garotas que nem ela, que se espelham nela, e isso é legal num mundo em que os jovens tendem a se espelhar em pessoas cada vez mais vazias. E também acredito que quem está "invisível", está, de certa forma, sendo observado. Só depois, que sai do casulo, se dá conta disso. Quero já ler esse livro, gente!
ResponderExcluirBeijo!
Se eu conhecesse o Charlie, eu diria para ele ler esse texto, e ele ficaria orgulhoso. E a Demi Lovato também, com certeza! Você escreveu maravilhosamente, como sempre.
ResponderExcluirTary, querida, antes de mais nada feliz 2013! Fico super feliz quando você aparece lá no dentro dela, porque fã daqui e adoro que você goste dos meus textos. Boba, né? Enfim... rs
ResponderExcluirEu não vi o documentário da Demi e honestamente nem tinha ouvido falar mas fiquei super a fim de ver. Tem algum link por aí? É maravilhoso quando a gente encontra alguém que se parece com a gente... tive essa sorte raríssimas vezes na vida!
Beijoca
O que você pretendia exatamente com esse texto? Me matar de saudade? Me fazer morrer de amor? Me deixar com nariz fungando de tanto chorar? Você sabe que sempre consegue tudo isso e ainda superar o texto anterior e o anterior a ele, quando eu sempre acho que você atingiu o auge da sua genialidade e sensibilidade. Eu sei que no próximo post eu vou revogar isso que vou dizer para esse e aplicar àquele, mas é sério: eu nunca tinha sentido tanto as suas palavras. Nesse clima de encontrão, com data marcada pra te ver de novo e sentir que tem parte de mim até nos lugares mais distantes da minha casa, eu só posso abraçar esse texto e dizer que ele é minha alma desde o dia que eu conheci você. Fico muito feliz cada vez que a gente se aproxima mais e muito feliz quando a gente acha uma coisa em comum - e uma coisa diferente também, porque melhor que ter alguém igual a nós é ter alguém diferente e amar com todas as forças essa pessoa, apesar e acima de tudo. Obrigada por ter me encontrado no mundo, amiga. Amo muito você!
ResponderExcluirAssisti ao filme, realmente gostei muito, depois procurei resenhas sobre o livro e me deu uma vontade enorme de ler.
ResponderExcluirAcredito que há várias pessoas invisíveis pelo mundo procurando serem ouvidas... Espero que todos achem alguém com quem possam desabafar.
Beijos e gostei do seu blog.
Amei o texto! Vi o filme e não sabia mais no que pensar, achei lindo! Justamente pelo Charlie ter encontrado pessoas que passaram por momentos difíceis como ele, e por isso ter encontrado um no outro algo bom e que se sentissem iguais. Quanto a Demi, eu mesmo não sendo A fã, super admiro o que ela lutou pra chegar onde chegou e ser ela mesma, do jeito que ela quer e dá pra ver como ela está feliz por isso, você pode passar o nome do documentário? Queria muito assistir :D
ResponderExcluirBeijos e adorei o blog!
Não só alguém, mas muitos alguéns nesse lugar lindo chamado Máfia!
ResponderExcluirAmei muito o post, e morro de carinho da Demi Lovato por essa história, taí ela realizando o sonho de toda menina gordinha que quis ser linda a estrela do pop, hahaha. Nunca vi o documentário, mas tenho certeza que vou me emocionar... Só de vê-la falando sobre isso no X-factor me fez chorar.
Beeijo Taryyy!
Encontrar alguém assim? Acho uma esperança muito bonita de se ter, mas muito distante de realmente acontecer. Quiser eu poder acreditar... :(
ResponderExcluirBeijos.
http://inescrita.blogspot.com.br/
Sinto-me um estranho no ninho estando entre pessoas que transbordam esperança nesse encontro e pessoas que já o realizaram, porque eu já desisti. É, desisti. Antes eu achava que minha desistência tinha sido consequência da desesperança, mas hoje ela desenvolveu contornos bem lógicos. Face á superfície da minha personalidade (aquilo que eu mostro ao mundo para revelar o que eu sou) e aparência (uma boa aparência valoriza o conteúdo, não esqueça), parece lógico eu estar sozinho e invisível. Poderia citar a Lei da Seleção Natural e estatísticas de ordem mundial pra provar meu ponto, mas, apesar desse tipo de pensamento ser quase inócuo pra mim hoje, no começo foi um sofrimento. Não quero isso pra ninguém, ainda mais que vocês têm bem mais chances do que eu.
ResponderExcluirAbs
Chorei de cabo a rabo neste texto, dona Taryne. Eu adoro quando você encarna o caboclo postador e nos proporciona um texto novo quase que por dia, você tem tanto a dizer e diz tudo tão bem que as coisas tornam-se ainda mais mágicas. Foi essa situação chave fechadura, justamente, que me fez gostar de verdade da história do Charlie, porque eu me sinto invisível tantas vezes que minha amiga diz até que é por isso que tive coragem de pintar o cabelo, pra ver se alguém me notava.
ResponderExcluirHoje eu sei que algumas pessoas me notam e, graças a Deus, não por causa do cabelo, mas por quem eu sou e isso é ótimo, mas não impede que em várias vezes continue a me sentir completamente invisível por aí... Faz parte, mas ainda bem que temos amigos!
Te amo!
Abraços!
Tary, que coisa maravilhosa! Admiro tanto, tanto essa sua sensibilidade que só me resta agradecer todos os dias por saber que sou parte do seu quebra-cabeças, e saber que tenho um pedacinho seu comigo.
ResponderExcluirTe amo!
Sempre é bom ler esse tipo de texto, você consequentemente toca a parte mais sensível do meu coração e me mostra que não há nada de errado em ser diferente, eu sei que pessoas vão me julgar, vão rir de meus valores e opiniões, vão fazer piadinhas, e não vão concordar com minhas ações, mas eu quero fazer a diferença, quero ajudar a construir um mundo melhor, um mundo em que pessoas como você façam isso facilmente: Alguém que mexa com nossas emoções a ponto de nos fazer transbordar em sentimentos. Mais uma vez, obrigado Tary!
ResponderExcluirBeijos
Antes de mais nada: :'))))))))))))))))
ResponderExcluirNossa, que texto maravilhoso, Tary!
Eu realmente acho que não te agradeci o suficiente por você ter me presenteado com esse livro no nosso amigo secreto mafioso. Eu o devorei em dois dias e estou amadurecendo umas ideias para um texto sobre ele. Obrigada MESMO <3
Lindo demais esse livro e boa demais essa sua capacidade de colocar sentimentos tão complexos de forma poética e leve em seus textos. Amei amei amei.
Beijinhos, Taruxa.
É claro que tive que voltar aqui pra dizer o quanto me sinto honrada por estar entre os seus diferentes, porque você está entre os meus.
ResponderExcluirEstava pensando outro dia justamente sobre "diferença", mas de um jeito ruim. Essa diferença da qual você falou é linda. É aquela do patinho feio, que é uma das minhas histórias infantis preferidas.
A gente se sente deslocado durante muito tempo, mas depois vê que os motivos eram nobres. Foi só porque nos negamos a mudar aquilo que somos e isso é recompensado no final.
Sou muito feliz por ter encontrado quem encontrei pelo caminho. Muito. Te amo, minha wallflower! <3