Na última quinta-feira, entreguei meu pré-projeto ao meu orientador. Isso representou uma gota no oceano se eu for levar em conta a quantidade de coisas que ainda preciso fazer até o final deste ano, eu sei disso. Porém, quando encostei a mão no papel quente recém impresso contendo meses de esforço, tudo o que eu pensei era no final de semana que me aguardava. O primeiro em que eu me permitiria não pensar nesse trabalho, não falar sobre esse trabalho e não me angustiar por causa desse trabalho. Badalação era o que eu menos queria, de verdade. Meus planos se resumiam a ver milhões de vídeos na internet, ouvir música prestando atenção nas letras e, principalmente, ler.
Na noite de ontem, depois de chegar do trabalho, coloquei meu pijama de frio, roxo com bolinhas brancas, e me joguei na cama com a intenção de não fazer absolutamente nada. Depois de assistir as minhas novelas de todos os dias – porque eu voltei a ser noveleira, com orgulho –, fui ver a entrevista do Frejat com a Marília Gabriela, morri de amor ao descobrir que o primeiro CD do Barão vai ser lançado novamente pra comemorar os 30 anos da banda, minha favorita. E aí me deparei com uma outra entrevista que eu ainda não havia visto – acompanho religiosamente todos os “De Frente com Gabi”. Era de um menino chamado Lucas Silveira. A cara eu já conhecia faz tempo, o sotaque gaúcho também. Sabia que ele era líder da Fresno, banda que nunca ouvi nenhuma música. Mas de ouvir as pessoas criticarem e chamarem de emo, no sentido mais pejorativo da palavra, eu me lembro. Descobri que além da banda, ele tem outros três projetos musicais: SIRsir, Beeshop e Visconde. Percebi que o cara é inteligente, articulado e parece ser um piá bem gente boa, sabe? O projeto que eu pude conferir até agora foi este último, o Visconde. E estou apaixonada. Tudo por causa de uma canção chamada 6h34 e da voz que diz coisas lindas como: “amanheceu e eu deveria estar dormindo, mas esses versos são palavras explodindo e no teu colo, um dia, elas vão cair”.
Hoje, eu ouvi o dia inteiro. Durante o banho, debaixo das cobertas, olhando o céu nublado com o rosto encostando nas grades da minha janela. E isso tudo me fez pensar em algo nada parecido com a música ou com meu lindo domingo preguiçoso: preconceito.
Sempre ouvi as pessoas falarem tão mal desse menino, gente. Mal mesmo. Coisas pesada e cruéis. E eu duvido que metade delas tenha parado pra ouvir alguma música. Garanto que se resumiram a olhar de cima em baixo, reparar no cabelo, nas tatuagens e dizer apenas uma palavra para rotular. Como se uma palavra pudesse definir alguém. Sabem o que é isso? Um reflexo do mundo em que vivemos. As aparências importam mais, não é mesmo? Sempre. Olhos sinceros não significam nada se a pessoa não tiver o corpo perfeito, o nariz perfeito. Músicas bonitas não significam nada se o cantor não usar o cabelo convencional, a roupa padrão, repetir o mesmo discurso. Que triste. Que mesquinho.
Cresci ouvindo as pessoas falarem mal de coisas fantásticas. A vida inteira. Já pensou se eu tivesse dado ouvido a todas elas? Teria perdido muito. E hoje, ouvindo essa música e lendo um dos livros mais incríveis que já passaram pelas minhas mãos nos últimos anos, pude concluir exatamente isso: o preconceito pode nos privar de conhecer maravilhas, de ter experiências novas. E até, vejam vocês, de sermos pessoas melhores.
Agora eu estou aqui, vestindo meu pijama com a estampa de um gatinho que diz: “I’m cute and I know it” e meias bem quentinhas. Com os cabelos ainda molhados, fazendo da cama o meu mundo, com os pensamentos a mil e... alegre. Por ter conhecido músicas de um cantor legal que vão me fazer sorrir enquanto ando por aí, por estar lendo um livro que os intelectuais achariam completamente dispensável e, principalmente, por ter prometido a mim mesma que jamais deixarei o preconceito – o meu e o dos outros - me impedir de fazer coisas assim. Quem quer que estiver lendo isso: pelo amor das coisas incríveis que você pode estar perdendo: conheça primeiro. Não dói, não custa nada e você pode se surpreender.
As grades da minha janela. Achei que combinavam com a música e com o texto ;)
Love, Tary
P.S: O livro que eu estou lendo é “As Vantagens de ser Invisível”, do Stephen Chbosky. Estou na metade e meu coração se quebra um pouquinho a cada página. É muito bonito.
P.S II: Domingo chuvoso, friozinho, livro encantador, músicas novas, fotos, post no blog e reflexões. Tomara que isso seja um presságio para o resto da semana, né?
Chorei aqui Tary. Porque eu sou apaixonada pelo Lucas Silveira, for real. Tem umas músicas da Fresno que são MUITO BOAS e o cd que a Coca Cola fez deles cantando com Chitãozinho e Xororó é um dos melhores que já ouvi, é fantástico! Os projetos solo dele são incríveis também, porque ele é inteligente bagarai e tem uma voz linda e sotaque gaúcho é muito amor, ownti! E você escreveu "piá" ai que linda você <3
ResponderExcluirE quanto aos preconceitos, aplaudo de pé enquanto pulo, pois é exatamente esse o espírito da coisa! O mundo perde MUITO com o tal do preconceito e por quê? Qual a razão? A que isso leva? A nada. Nada. Nada. Preconceito é uma grande bosta, enorme e bem fedida.
E esse livro que você está lendo deve ser fantástico, porque o nome é fantástico, mas estou gostando tanto de Lolita que tenho pena de terminar e por isso fico empacada, rs.
Ai Tary... Amei o texto. Eu sempre amo os teus textos. Vontade de te apertar tá sem tamanho por aqui, sua linda.
Um grande abraço, viu? Mesmo você tendo 1,70 e poucos de altura.
<3
Meu caso com Fresno/Visconde/Beeshop/Esteban (hahaha) também começou do nada. E hoje sou uma grande fã deles =) Se você parar pra ouvir, ou ler as letras das músicas, irá se apaixonar.
ResponderExcluirTary, já leu o antigo blog dele? Tem textos ótimos!
E posso dizer uma coisa? MORRO de ciúmes dessa música hahaha tipo, muita ç.ç Ela é simples... mas tão linda, né?
E que a sua semana seja uma delícia! =)
Taruxinha, como já falamos muito hoje, eu sou fã do Lucas há anos. Babo de paixão por ele e até hoje fico lembrando do show que eles fizeram aqui em Ubercity e eu não fui porque era aniversário de um amigo meu, e minha amiga que foi entrou na camarim, falou com eles, tirou foto e tudo. Dói até hoje, acredita?
ResponderExcluirE eu sempre fui muito julgada sempre que disse gostar dele. Por todo mundo. Mas ele é emo. Mas ele usa calças justas. Mas ele canta fino. Sendo que absolutamente nada disso muda o fato de ele escrever coisas lindas.
Todo mundo deveria ler esse texto seu e largar de ser besta.
Beijo!
Você vive colocando coisas inusitadas no meu Ipod, e adicionando uma fila ao meu skoob! E esses finais de semana estilo pijamão são super dignos depois de fases tão cansativas da vida! Linda a música! Amo você!
ResponderExcluirPreconceito é uma porcaria mesmo, Tary. De qualquer tipo. Eu lembro das coisas que falavam sobre o Lucas, mas sempre simpatizei com ele. Não sei o motivo. Não sabia que ele escrevia tão bem. Que música mais linda! A letra é tão... <3
ResponderExcluirBeijos, sumida!
Sabe que eu tive a chance de conhecer o Lucas pessoalmente e ainda por cima bater um papinho? Foi numa feira que teve aqui em Porto Alegre, e ele tava lá, bem de boa, dando uma volta. Achei o cara genial e muito querido. Sempre ouvi coisas ruins sobre ele, mas nunca dei bola. É só a opinião dos outros, que não precisa ser a minha. :)
ResponderExcluirNão gosto muito das músicas dele, já ouvi várias, mas não tem jeito, não curto. Mesmo assim não saio por aí falando mal. É só o meu estilo de música que não combina. Não é por causa disso que eu vou falar horrores de coisas más sobre, né?
Beijo amore mio. <3
estou encatadissíma com o blog, e com a levesa de suas palavras, adoro a música, um ótimo post!
ResponderExcluirhttp://fazdecontatxt.blogspot.com.br
Sim, eu conheço o Lucas há muito e sempre gostei das músicas dele. Fresno é uma banda muito boa, as músicas não têm aquelas frases clichês, sabe? Beeshop é simplesmente perfeito. Adoro o sotaque do Lucas nas músicas. Já ouviu "Victoria indie queen"? Adoro essa música.
ResponderExcluir#VOUCONFESSARQUE não conhecia esse outro projeto, o Visconde, mas já tô com a aba do download da música aberta. Hahahaha. Adorei a música, e não é atoa que tive que repetir o vídeo. <3
Bjs!