Quando eu abri meus olhos na manhã de sábado tudo o que quis foi me deitar de novo e dormir, dormir, dormir. Mergulhar na escuridão de um sono sem sonhos. Daqueles tão profundos que não se sabe a hora em que foi dormir e nem se importa com o momento em que terá de acordar. Quis ficar abraçada ao meu travesseiro, despreocupada debaixo do edredom cor-de-rosa, com duas corujas velando meu sono.
Mas esse pensamento precisou durar menos de dois minutos. Fora do meu quarto, um mundo de compromissos me espera. Sair de casa e ver as luzes do dia é como nascer de novo a cada amanhecer. Porque, no começo, os olhos nem se atrevem a abrir direito, ficam assustados por causa da invasão do sol. É só depois de um tempo que o calor vai grudando na pele, as bochechas vão ficando coradas e os olhos se acostumam com a beleza.
Esses dias assisti um filme lindo em que o protagonista é cego desde que nasceu. Aprendeu a ver o mundo com o tato, com as mãos, com os cheiros, com os sonhos. Não sabe o que é a luz, o que são nuvens, sombras, tem dificuldade em entender as cores e o horizonte. Sorri quase chorando com o barulho da chuva porque escuta as gotas acariciando as janelas. E então ele se apaixona por alguém que já conhece tudo o que ele nunca pôde ver. Alguém que sabe o que são sombras e vive na explosão de uma cidade grande. Ela faz com que ele queira enxergar. Faz pesquisas, procura especialistas.
O rapaz bonito se convence e faz uma cirurgia dolorosa. No momento em que os médicos tiram os curativos de seus olhos, ele mal pode acreditar que aquilo seja enxergar. É muita luz para quem não sabe o que é isso. Ele entra em parafuso, não está habituado com aquilo. Para reconhecer tudo o que vê precisa fechar os olhos e tocar, como se ainda não pudesse ver. Com o tempo, vai descobrindo o mundo através dos olhos. Nasce de novo. Vê o horizonte, as nuvens, a mulher que ama, tudo. E o que acontece depois só assistindo pra sentir. O fato é que as luzes se acendem dentro e fora do personagem dessa história incrível e baseada em fatos reais.
Assim como cintilam em cada um de nós a cada abrir de olhos, a cada novo dia, a cada lágrima caindo nas mãos abertas pressionadas no rosto e enterradas nos cabelos. Porém, nunca se acendem sozinhas. É preciso permitir. Acordar. Sair do quarto e deixar os olhos enxergarem. Mesmo fechados. Porque as luzes estão também nos perfumes, nos toques, no barulho da chuva. Nos cabelos que brigam com o vento. No coração dançando tango dentro do peito. Nos pés que caminham lentamente. Nos outros. Em mãos entrelaçadas, em beijos inquietos, em abraços que irradiam. Em nós.
Love, Tary
P.S: O filme se chama At First Sight. E me fez chorar.
Ai, amiga! Encantador, encantador! Não sei se tenho coragem de ver o filme, você sabe que tenho absoluto pavor de cegueira. Fujo daquele livro do Saramago igual o diabo da cruz, hehe. Mas essa coisa de nascer de novo a cada amanhecer, tendo que se acostumar com a luz e com o dia, foi muito lindo! E nem preciso falar desse final, porque tive que colar ele inteiro no meu mural.. Te amo!
ResponderExcluirBeijo! <3 <3
Li seu texto e amei! Cada palavra escrita com tanto carinho. Foi doce!
ResponderExcluirA leitura fluiu, e eu fiquei aqui sonhando...
Seu blog é lindo!
Beijos, Tary.
Taruxita, que coisa mais linda <3 Nem sei direito o que comentar! Acredita que na quinta feira minha professora falou sobre esse filme? Recomendado duas vezes em menos de uma semana (e uma por você!) só pode ser porque eu preciso MUITO ver, né?
ResponderExcluirBeijo enorme
Tary, que lindo. Tirei uma lição do teu texto. Acho que tenho que dar mais valor para as coisas bonitas e simples da vida.
ResponderExcluirEssas que todo mundo vê, toda hora, mas não enxerga realmente...
Beijo!
Que lindo maninha <3
ResponderExcluirIncrível o texto, me fez repensar novamente sobre as coisas simples da vida e como devemos dar valor a elas.
Beijos e Gigibas!
Xonfaa..
"...tudo o que quis foi me deitar de novo e dormir, dormir, dormir"
ResponderExcluirEu desejo isso quase todos as manhãs, quando escuto o despertador. Mesmo depois de tantos meses trabalhando na mesma empresa, ainda acho cansativo só ter um dia de folga por semana.
Tary, que post gostoso! É sempre bom relembrar as coisas boas que a gente nem da bola no dia a dia! Este seu post animou meu domingo!
ResponderExcluirO seu jeito de escrever me passa a imagem de um doce de menina-mulher que contagia todo mundo com seu lado Polianna!
Um super beijo!
Que lindo texto, Tary! O que nos é tão comum pode ser completamente assustador para outra pessoa... tudo o que você falou sobre o filme, sobre as sensações do rapaz cego, me deixou arrepiada. Nem consigo imaginar o que seria estar na pele dele. E o que me deixou mais arrepiada ainda foram as palavrinhas "baseada em fatos reais". Acho que precisamos de um pouco mais de foco na vida para aprender a apreciar as pequenas coisa. :)
ResponderExcluirBeijo, boa semana!
Que coisa mais linda, manhê! "É preciso permitir. Acordar. Sair do quarto e deixar os olhos enxergarem. Mesmo fechados. Porque as luzes estão também nos perfumes, nos toques, no barulho da chuva (...) Em mãos entrelaçadas, em beijos inquietos, em abraços que irradiam. Em nós." Por essas e outras que eu sinto uma vontade enorme de te abraçar um dia desses. Você fala com o coração e eu morro de amores aqui do outro lado. Falando nisso, já disse que te amo hoje? <3
ResponderExcluirP.S. Vou ver esse filme assim que puder. Fiquei muito curiosa.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJá ouvi falar desse filme! E eu me apaixonei pelo texto por causa do título e minha cabeça ressoa Renato Russo até agora. Acordar é sempre um problema e as luzes são as melhores coisas que inventaram, mas realmente devem ser A loucura para quem nunca as viu.
ResponderExcluirAmei o texto!
Abraços <3
uau! que parágrafo final é esse? de abrir os olhos, e já me desculpo pelo trocadilho medíocre.
ResponderExcluirnunca vi o filme mas depois desse post vou anotar na agenda e procurar. adoro esse tipo de filme, que nos leva a pensar na vida, filosofar, valorizas e etc.
beijinhos
Que vontade de ver que me deu! Você escreve de um jeito tão fácil, quando percebi já tinha acabado!
ResponderExcluirbeijos
http://anonimatodacriatividade.blogspot.com.br/
Dora
Oi, flor! Ando meio sumidinha desse mundo do blog. Mas de vez em quando passo por aqui e te leio. Suas palavras sempre me caem bem, você tem o dom.
ResponderExcluirVi esse filme quando era bem novinha, e agora fiquei com vontade de revê-lo. Vou procurar para baixar! *-*
Saudade de você também!
Estou sempre pelo facebook, pode chamar quando quiser. Assim que as coisas acalmarem, vou lhe escrever uma cartinha. =^.^=
Beijinhos.
Seu texto ficou uma delícia de ler. Dá uma vontade de louca não só de assistir ao filme, como de viver assim... sentindo tudo.
ResponderExcluirÓlá Taryne =)
ResponderExcluirLeio o seu blog sempre que posso (descobri ele pelo youtube), porém raramente tenho coragem de comentar hahah =( Hoje, mesmo com vergonha, preciso escrever hahaha
Eu estava lendo o blog da Cia das Letras e vi um post falando do novo livro do Jeffrey Eugenides. A personagem é romântica, ama literatura e está no último ano da faculdade... Isso te lembra algo? Kkk =)
Aqui está o link: http://www.blogdacompanhia.com.br/2012/04/a-trama-do-casamento-novo-livro-de-jeffrey-eugenides/
Beijos!
Oi, Michelle! Fico contente que gosta do blog (:
ExcluirMas nada de vergonha de comentar, viu? Eu adoro comentários!
Hum, adorei a indicação, vou procurar amanhã na livraria, tomara que eu me identifique com a protagonista ;)
Beijo!
Realmente, a gente precisa deixar a luz brilhar!
ResponderExcluirQue texto lindo, Tary! Fiquei com vontade de ver esse filme, mesmo já tendo certeza desde já que chorarei cachoeiras e cascatas.
Bjs!
Sabe o que pe incrível? A forma como o seu blog te ilustra bem. O layout, o nome, as cores, tudo é tão a sua cara. E os textos, é claro. Esse em especial.
ResponderExcluirTem como ler isso e não imaginar uma Tary rodopiando pelas ruas numa manhã de sábado? Enxergando tudo como se fosse a primeira vez. Impossível ser mais Tary.
Beijo! <3
Não assisti a esse filme, mas já vi vários vídeos de pessoas cegas. No ano passado, uma amiga me indicou um vídeo de um homem cego, até aí nada de novo, né? Só que esse afirmou que se um dia ele pudesse escolher entre enxergar ou continuar ele escolheu a "escuridão". Eu achei estranho o que ele disse, mas depois ele se explicou: ele não queria enxergar porque não queria ver os podres da sociedade, não queria ver a falsidade, a mentira...
ResponderExcluirJá anotei o nome do filme, quando eu for na livraria vou procurá-lo. =]
Bjs!