
I'm Singin' in the Rain, just Singin' in the Rain
Não parecia um dia particularmente emocionante: acordei, almocei (sim, eu sou uma dorminhoca que acorda na hora do almoço nas férias!) e resolvi que ficaria o maior tempo possível de pijama.
Nada melhor do que saber que não vai aparecer um trabalho surpresa da faculdade, as provas estão longe de atormentarem e que ficar em casa o dia todo procrastinando não é motivo de culpa. Estava um calor infernal e a última coisa que eu queria era ficar enfurnada no quarto, então fui para a cozinha, abri as janelas e sentei para continuar a leitura do último livro de Harry Potter. Foi aí que começou a chover.
Aquela chuva linda, que eu contava que acabasse com o calor. Nem pensei direito: larguei o Harry em cima da mesa, peguei meu CD de Across the Universe recém-comprado, coloquei no som portátil, levei lá pra fora e, quando a chuva tocou meus cabelos, me senti a versão feminina - e de pijamas - de Don Lockwood, o apaixonado ator de Cantando na Chuva. Claro que ao invés de Singin' in the Rain, estava cantando All My Loving embalada pela voz do Jim Sturgess, mas a sensação, tenho certeza, era a mesma.No filme, o personagem de Gene Kelly, está todo feliz por estar apaixonado por Kathy Selden e pelo beijo recebido à porta da casa dela. Bom, eu não estou apaixonada por ninguém, mas a sensação de dançar e cantar na chuva, foi de completa paixão. Paixão pela vida.
A minha alegria era tanta, que os trovões me pareciam risos roucos e as nuvens cinzentas eram mais bonitas e poéticas que o próprio sol. Dava pra ver em cada gotinha da chuva que embaçava meus olhos, um pouquinho da infância, um pouquinho daqueles dias em que tomar banho de chuva era uma brincadeira corriqueira.
Enquanto eu estava na chuva, papai assistia futebol na televisão e nem percebeu que sua filha estava na varanda, cantando e dançando, como se o amanhã fosse ilusão. Agora pouco, enquanto estava escrevendo este post, mammys chegou e me perguntou porque meu pijama estava estendido lá fora, todo molhado. Com uma risadinha boba, respondi:
- Ah, mãe é que hoje eu tomei banho de chuva.
Ao que ela respondeu, também sorrindo:
- Que gostoso! Também queria ter tomado...
É assim. Podemos crescer, trabalhar, ter um monte de responsabilidades, mas no fundo sempre queremos sentir o gosto dos nossos dias de criança nem que seja um pouquinho. Seja comendo a comida da vovó, seja lendo uma agenda velha cheia de adesivos coloridos, seja subindo numa árvore, seja tomando banho de chuva. Talvez porque alguns de nós nunca deixam de ser um pouco criança, ou talvez porque olhar nossos dias com olhos infantis, torne a vida perfeita.
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