Você borrou meu batom. E eu não deixo meu batom vermelho sair da boca se não quiser desesperadamente beijar alguém. Mas eu quis. Desde o início, fui eu quem te quis. Eu olhei, eu cheguei perto, eu puxei assunto. Eu te levei para o bar. Fiquei impaciente esperando a sua boca encostar na minha. Mas quando finalmente aconteceu, eu soube que estava perdida. Que não deveria ter ido atrás. Não deveria ter procurado sarna pra me coçar. Não deveria ter sorrido e perguntado seu nome. Os nossos corpos se colaram e eu não ouvi mais música nenhuma. A gente se encaixou um no outro e eu estava tão costurada em você que não podia nem pensar em ir embora. Esqueci completamente que tinha gente em volta. Nem liguei pro meu rosto todo pintado de vermelho. Enquanto você brincava com a barba no meu pescoço, eu só me perguntava o que diabos estava acontecendo ali. Se não precisasse ir pra casa, acho que estaria lá até hoje. Que coisa maluca essa tal de química. Coisa que não tem receita, que a gente não consegue explicar. Coisa que simplesmente acontece e a gente não sabe dizer de onde veio. Parece até sobrenatural. A verdade é que nós nunca tivemos nada a ver e você sabia ser mais terrível do que qualquer outro cara que já tinha cruzado meu caminho, mas quando eu te avistava em algum lugar e sentia seu cheiro, simplesmente sabia que ia te deixar borrar meu batom de novo.
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Com você eu tinha absolutamente tudo a ver. Pena que só no fim eu pude constatar aquilo que já desconfiava desde a primeira vez que te vi: nós dois poderíamos passar horas conversando e ainda assim ter assunto. E isso de tão bom chega a ser assustador. Sempre achei que há algo perigosamente mágico nessas conversas intermináveis. A gente sempre acaba dividindo coisas profundas que deveria manter bem escondidas. Mas você apareceu quando minha cabeça estava um turbilhão, quando meus pensamentos tinham outro protagonista. E só reapareceu quando eu já não tinha mais tempo. E aí não deu outra e eu fiz o que faço de melhor: fugi. Ou melhor, tentei fugir. Porque você sempre me alcançava com esse sorriso meio safado e esses olhos de menino que quer ser abraçado pelo mundo. E me provocava, me apertava, não queria me deixar ir. E quando eu puxei teu lábio inferior com os meus naquele último dia, te senti prestes a perder a razão. Será que eu estava certa? Acho que nunca vou descobrir. Sabia que no dia seguinte o cheiro do seu cabelo ainda estava nas minhas mãos? Acho que você nunca vai saber. Por aqui ficou um gostinho de "e se...", um gostinho do que poderia ter sido e não foi, um gostinho de história sem fim. Mas eu notei em você uma vontade imensa de viver e aquilo me inspirou. E é isso o que mais me atinge quando me lembro.
Love, Tary
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH ANTES DE TUDO: QUE ALEGRIA, VOCÊ VOLTOU MESMO A POSTAR, AMIGA????
ResponderExcluirFiquei T O D A arrepiada lendo esse recorte porque estou um pouquinho por dentro da história. A volta pra casa é cheia de "e se...", é impressionante. Mas, olha, você viveu o que tinha pra viver e isso por si é mágico. As coisas acontecem de uma forma que JAMAIS entenderemos o porquê e isso a gente bem sabe.
Adoro sua escrita! Adoro você! <3 Volta pra gente!
Beijocas :)
Convivendo com o "e se..." na minha vida atualmente, sei como não tem nada pior do que ficar imaginando o que poderia (ou não) ter sido e por isso já te mando todos os abracinhos disponíveis nessa internet <3
ResponderExcluirDe resto, como tudo o que penso em te escrever parece errado para a situação, vou concordar com o comentário da Larie sobre viver o que tinha pra viver hahaha
(Amo seu jeito de escrever)
Novembro Inconstante