sábado, 24 de maio de 2014

Madrugada

Acabo de passar por uma daquelas madrugadas em que o silêncio traz pensamentos demais para que minha pobre mente cansada consiga se aquietar. Rolei de um lado para o outro, por horas, tentando desesperadamente conter a quantidade de ideias e reflexões, até que finalmente desisti e vim escrever. Incrível como as coisas ficam claras e assustadoras quando não conseguimos dormir. Relaxar o corpo quase sempre significa olhar para dentro de si, enumerar os erros, pensar naquilo que precisamos fazer amanhã, depois de amanhã, pelo resto da vida.

Hoje a insônia me disse que anoto resoluções porque elas me trazem a segurança efêmera de saber para onde estou indo. Colocar planos no papel não quer dizer nada quando você dificilmente vai riscar todos aqueles itens mas, de alguma forma, me conforta. Mesmo que a sensação não dure muito, eu preciso dela. Os anos que não planejei foram aqueles em que mais me senti perdida, vivendo a esmo, perseguida por ecos do que desejei ser e não fui. Os planejados podem até ter chegado ao fim com uma boa dose de frustração embutida, mas ter uma direção tornou o saldo mais positivo.
A insônia também foi bastante cruel relevando os meus defeitos. Aquelas falhas que odeio ter, mas não consigo apagar. Uma vez eu li em algum lugar que as pessoas jamais mudam de verdade. Cada um é o que é, pronto e acabou. Eu enlouqueceria se deixasse essa teoria tomar conta de mim. Preciso acreditar que essa bagunça de 22 anos será diferente daqui a uma década.

Não quero deletar o passado: os arrependimentos doloridos são parte de quem sou e, apesar de distantes, alguns traços que fiz do meu futuro me parecem alcançáveis. Não vou parar de listar as coisas que pretendo fazer e sei que vários aspectos da minha personalidade jamais serão alterados. Só quero organizar todos esses sentimentos espalhados pelo caminho, entender melhor essa menina confusa que analisa constantemente o que já foi e desenha seu daqui pra frente enquanto todos dormem.

Love, Tary



13 comentários:

  1. Nem preciso dizer que sofri catárses com seu texto, porque você sabe muito bem o contexto e as condições nas quais ele foi publicado aqui, he.
    Eu amei, suspirei, botei no mural, senti na pele.
    E pelo amor de Deus, é necessário que a gente mude sim. Mas só o que vem pela frente. O passado não. Aquela música nova da Sandy é meio bobinha, mas tem um trecho que eu amo: "não quero reescrever as nossas linhas, que se não fossem tortas não teriam se cruzado", que tem a mesma ideia de "se não fosse isso não seria eu", que Clarice já explicou tão bem. Acho melhor não mexer no passado não. Bem ou mal, foi exatamente ele que me trouxe onde estou. E por mais que não esteja BOM, ruim não tá, né? <3
    Beijo! Te amo!

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  2. Antes de mais nada preciso dizer que ver seu blog atualizado e movimentado me dá uma sensação muito boa. Justamente porque acho que sendo você quem é e sendo você a gente, só mesmo escrevendo e desenhando passado, presente e futuro pra se sentir confortável na própria pele. Sei lá, coisas de amiga que pensa demais como você.
    Eu tenho terror da madrugada. Ela traz uma clareza falsa que deixa tudo mais dramático e eu tenho a sensação de que preciso resolver minha vida ali mesmo porque de manhã já vai ser tarde demais. Mas ao mesmo tempo, é o momento em que me sinto mais alinhada comigo mesmo, mas presente dentro do meu próprio corpo. Inteira, sabe?
    Acho que o fato de você precisar fazer suas resoluções é uma parte importante de você e que dá resultado. Mesmo que seja um efeito que só você sente, se faz bem, continue né?
    Beijo <3

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  3. Que saudade que eu tava desse blog sendo atualizado. <3
    Tatá, acho que eu tô precisando listar as coisas daqui pra frente porque tenho muitas piras e insights enquanto estou esperando o sono chegar, mas depois esqueço. Tem dias que pra não morrer de pensar, vou dormir no auge da exaustão (ou depois de um chazinho de camomila) porque apesar desses momentos reflexivos serem bons, eles também doem muito. Assim como a Mimi, eu tenho medo da madrugada.

    Acho que é normal se sentir meio perdida, a diferença é como a pessoa vai lidar com os problemas. Vejo isso nos meus pais.

    A gente vai superar isso tudo, amiga!

    beijos <3

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  4. Amiga, as bagunças dos 22 serão diferentes sim em 10 anos. Serão outras bagunças, outras noites de insomnia, outras conjecturas sobre passado, presente e futuro. E, ó, não tente apagar suas falhas, na verdade a gente só se dá conta de que falhou nesses momentos de reflexão e a partir daí sairemos com um aprendizado maior sobre tudo incluindo nós mesmos. Eu espero que você consiga entender a menina de 22 anos logo, eu ainda tô na peleja com a minha e lá se vão 28 anos hahaha beijos

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  5. Primeiramente, adorei o layout, amiga. Espero de coração que a gente consiga dar mais umas atualizadas nos nossos blogs.
    Quanto ao texto, eu tenho pavor de madrugadas assim, porque fico procurando defeito mesmo nos lugares mais perfeitos da minha vida. Mas acho, sim, que a gente sempre pode — e deve! — mudar. Arriscar, largar tudo, quando nada mais parecer fazer sentido, entende? É uma das coisas pelas quais eu mais prezo: a capacidade de mudar. No começo da faculdade, eu vi uma foto no tumblr, que eram vários aviões naquele mapinha do mundo, um pra cada canto, e a legenda dizia: "At any moment, you can leave everything behind and have a brand new start; it's all up to you", algo assim, e eu juro que aquilo ficou comigo, porque eu estava num momento péssimo, detestando absolutamente minha faculdade e todo o resto. Então, fez muito sentido. Se amanhã eu quiser acordar e sair por aí pra começar de novo, gosto de pensar que posso — ainda que a realidade seja bem menos doce que isso, rsrs.
    Te amo!
    Beijos

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  6. Quem nunca ficou acordado durante a madrugada analisando o caminho a qual a vida está tomando/tomou? Ultimamente isso vem acontecendo muito comigo e, veja só, não é ruim! Eu pelo menos estou 'adorando' esses momentos de reflexões...

    Não gosto de fazer listinha de coisas que eu quero/queria alcançar, mas concordo com você: quando a gente tem algumas coisas planejadas, tudo fica mais fácil (ou menos complicado, sei lá!).

    Te desejo sorte e sucesso na caminhada! :*

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  7. Esse texto me fez re-pensar na minha vida sem essas "madrugadas..." ando fazendo muito e pensando pouco e quando eu sou obrigada a pensar eu deixo de lado... uma hora a vida cobra o preço né? Ninguém nasce pronto e nem fica pronto ao longo da vida acredito que a gente vai melhorando/piorando gradativamente... rs

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  8. Amiga, incrível como esse texto condiz com o seu novo layout. Maduro! "Gente Grande", cara de quem cresceu. E nós sabemos o quanto é bom ser criança, mas uma dose de maturidade quando bem abraçada pode fazer muito bem. E eu tenho tanta insônia! Ponho a cabeça no travesseiro pra viver no mundo do que não pude, o que não fiz, o que queria ter feito, o que devia fazer... vou seguir os seus conselhos e aproveitas as oportunidades de riscar metas. Como é bom conseguir acabar com pelo menos uma delas!

    Texto incrível!

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  9. Oi amiga <3

    Vim aqui esses dias porque resolvi refazer a parte dos links no Agridoce e dei de cara com esse layout novo e todo amor <3 Agora o Doces Rodopios e o Agridoce são primos próximos, tão fofos com as cores combinandinho #bicha

    Tenho pensado nas mesmas coisas, Tatá. Há uns bons dias, desde que essa fase nova e essa coisa toda de recomeço bateram na minha porta. E as madrugadas sempre são os piores (ou melhores) momentos. Tudo aquilo que durante o dia parece esparso e filosófico demais, se aloja na nossa cabeça e cria asas depois da meia noite.

    E eu sou muito como você, com as resoluções. Eu preciso delas, de um norte, e aí só então eu consigo dar o primeiro passo. Já dei muitos passos em falso nessa vida e ainda prefiro muito bem a (aparente) segurança daquilo que traço como meta. Hoje a Palo me disse que nada nessa vida é certo, que nós é que achamos que temos certeza das coisas. Eu concordo, e acho bem que é uma das maiores verdades. Mas eu preciso dessa certeza incerta, vai entender.

    Tô com saudade de você (jura?). Comprei aquele quadro de Oz e só pensei em te mandar a foto, mas os dias andam meio atribulados por aqui e eu acabei esquecendo. De qualquer forma, obviamente que lembrarei de você sempre que olhar pra Dorothy <3

    Beijo grande, amiga. Amo você!

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  10. Tentei, tentei, tentei mil vezes achar algo que preste pra comentar aqui. Mas tô lendo essa frase há uns bons minutos e não consigo parar de pensar nela: "Só quero organizar todos esses sentimentos espalhados pelo caminho, entender melhor essa menina confusa que analisa constantemente o que já foi e desenha seu daqui pra frente enquanto todos dormem."

    Eu dizer que estamos juntas vale?
    Pois estamos.
    Amo você! <3

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  11. Entendo essas madrugadas como ninguém e tenho um caderninho de listas a serem seguidas - que dias depois são substituídas por outras e nunca são completadas. A ilusão de saber o que estamos fazendo é uma base bem melhor do que achar que não estamos fazendo nada. E, quer saber? Acho que você anda fazendo um bom trabalho.
    Abraços!

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  12. Seus textos... ♥

    Concordo plenamente. Mas e quando a gente está numa estagnação tão grande que nem ao menos consegue listar os planos numa lista? É complicado... Ah, essa vida é complicada.

    Bjs.

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  13. Tary, admiro muito sua capacidade de dizer o que sente de forma séria e ainda assim leve, parecendo um diário, e, simultaneamente, um livro. Identifiquei-me e foi uma leitura muito inspiradora. <3

    Obs: gostei bastante da nova header e do background. Lindos mesmo! É você que faz?

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Obrigada pela visita! Comenta que eu respondo (: