Esse post faz parte da Blogagem Coletiva de Março do Rotaroots.
A ideia original, de escrever uma carta para você 10 anos mais jovem, é do site Hypeness.
A ideia original, de escrever uma carta para você 10 anos mais jovem, é do site Hypeness.
Te imagino lendo essa carta na sala de aula, escondida da professora de matemática, incapaz de esperar o recreio. Afinal, sempre preferimos as palavras aos números, não é? Te conheço muito bem, Tary. Você é que não me conhece ainda. Digo isso porque nós mudamos demais. E, apesar de ainda precisar trabalhar em muitos aspectos, te garanto que mudamos para melhor. Tenho que me segurar para não contar de uma vez tudo o que vai nos acontecer nos dez anos que se seguem. Somos tagarelas e temos essa tendência de apressar as coisas, eu sei. Porém, não quero estragar a alegria que virá quando as surpresas te alcançarem.
Em primeiro lugar, quero te dizer que você é linda. Isso mesmo, linda. Não importa o que os outros digam para te magoar. Pare de tentar agradar essas pessoas, pare de tentar se encaixar. Essa gente não vai ter a menor importância na sua vida daqui um tempo. Tire os seus óculos da gaveta e use-os. Eu sei que você se recusa a acreditar nisso, mas nós ficamos bonitas de óculos. Todos esses complexos que te machucam vão diminuir com o tempo. Alguns deles, inclusive, irão desaparecer por completo. Confiança é uma palavra que apagaram do seu vocabulário, mas ela será reescrita no futuro, eu te prometo.
Algumas amizades da sétima série vão durar e outras, não. Uma delas, talvez a mais forte de todas, vai demorar alguns anos para nascer. Mais tarde, você vai ter que lidar com a decepção e com a saudade. Essa segunda é bem mais complicada, mas será um preço justo a se pagar. E, não, nada do que você está imaginando chega perto da loucura mágica que irá nos acontecer, nem tente adivinhar.
Falando em amizade, vamos conversar sobre a Giovanna? Pois é, o tempo passou e hoje ela tem 17 anos. É minha melhor amiga no mundo inteiro e quase me mata de orgulho. Às vezes é mais madura que eu e guarda meus segredos como ninguém. Aproveite muito essa coisinha bochechuda de sete anos que te abraça e não quer mais soltar. Brinque com ela, tente não brigar tanto. Depois, você vai ter que dividir seu bebê com os - muitos - amigos dela e vai ficar roxa de ciúmes. No entanto, fique tranquila quanto a isso: ela ainda nos chama de “maninha”. Cuidarei para que permaneça desse jeito, pode deixar.
Nossos pais seguem nos apoiando muito, em tudo. Sufoque o espírito aborrecente que toma conta do seu corpinho e não dê muito trabalho a eles. Nunca fomos de encher os pobrezinhos de preocupação, eu sei, mas ninguém merece as chatices da adolescência. Por isso, não se esqueça que colo de mãe é seu lugar e conselho de pai deve ser ouvido. E vice-versa. Tente enxergar o lado deles. Posso te pedir outra coisa? Beije muito a vó Nicinha e o vô Luiz*. As coisas não têm sido fáceis e os dois precisam muito do nosso amor. Nunca perca uma oportunidade de ir até a casa deles. Converse com o vô sobre a novela, faça-o rir, cuide dele. Diga que o ama muitas e muitas vezes. Peça para a vó fazer todos aqueles quitutes maravilhosos e continue fuçando na estante dela. Às vezes ela fica brava, mas morre de orgulho da gente.
Quando se trata de carreira, acho que seu sonho é ser atriz. Com o tempo, essa vontade vai dar lugar a outras. Em 2014, estaremos formadas e exercendo a profissão que escolhemos. A caminhada não será fácil e vão existir momentos em que nossa vontade de fugir ameaçará tomar conta de nós. Antes disso, você vai descobrir que é forte, Tary. Eu sei que aos 12 anos você não se sente assim e esta é outra promessa que eu te faço: você terá coragem para suportar. Sei que você está curiosa a respeito de um certo setor das nossas vidas. Pois bem: estamos aprendendo a guardar as roupas no armário, colocar a mala debaixo da cama e, simplesmente, ficar. Acho que estamos perto de conseguir. (Esta frase não deve ter feito o menor sentido agora, mas um dia você vai entender cada uma dessas palavras).
Meu Deus, olha o tanto que eu escrevi. Sua cabeça deve estar cheia de perguntas e eu mal posso esperar para que as respostas cheguem. Estou empolgada com tudo o que ainda vamos viver, juntas, de mãos dadas. Mesmo que nós duas sejamos tão diferentes, eu ainda tenho muito de você e tenho certeza que os seus sonhos ajudaram a me construir. Me emociona pensar que você teria orgulho de quem me tornei, dos medos que joguei no lixo, das coisas que você desejou e eu consegui realizar. Não tema o que está por vir, Tary, venha rodopiando pra cá. Obrigada por tudo.
Love, Tary
* Meu avô faleceu em julho de 2004. A parte mais difícil de escrever esse texto foi me lembrar que, no dia 11 de março de 2004, ele ainda estava comigo. Se alguém ficou se perguntando, minha avó continua conosco.
Amiga, sua carta ficou linda! E eu amei que você mencionou a "loucura mágica" que vai acontecer! Eu preferi não falar disso com a mini Banana: Quando a gente não espera, fica mais incrível ainda. Nem preciso falar de você e Gio né? Apenas amor! E aprender a ficar é realmente uma arte. Aprender a ir, também. E certamente Taryzinha e Bananinha seriam amigas desde sempre!! Te amo! Muito!
ResponderExcluirAmiga, queria tanto ter conhecido a Tary de 12 anos. Tenho certeza absoluta de que ela seria amiga da Milena de 10. A de 12 então, maria demais a Tary de 14. Assim como a Milena de 20 acha a Tary de 22 uma das pessoas mais admiráveis do mundo.
ResponderExcluirFico muito emocionada de ver o quanto você tem pra se orgulhar quando o assunto é quem você se tornou. Queria construir uma máquina do tempo e ter o prazer de ver sua versão little conhecer Taryne mulherão.
Te amo tanto! Tô morrendo de saudade <3 É muito bom ver seu blog com texto novo.
Fiquei muito emocionada com a tua carta, Tary. Foram palavras lindas. Sei que a Tary com 12 anos queria ser atriz, mas fico feliz por você ter se entregado às palavras. Você escreve muito bem e seria um crime privar o mundo de coisas assim. Boa sorte na tua caminha. Abração, Mariucha
ResponderExcluirComo somos parecidas! Nossos eus de 10 anos atrás, nem imaginam o quão lindo será conhecer pessoas tão parecidas a nós para nos sentirmos menos sozinhas nesse mundo. Linda sua carta, Tary. Impossível não se emocionar.
ResponderExcluirLer essas cartas me deixa um pouco chateada com a forma com a qual a gente é tratado quando novo, como tudo parece sem sentido e como as castrações sociais nos atingem de maneiras brutais. As vezes nos prendemos/perdemos por coisas tão simples, simplesmente porque nos enfiaram na cabeça que não era certo! Aí é bom ver que a gente cresceu, finalmente descobriu que a vida não é todo o horror que parecia há dez anos, embora ainda saiba ser horrível ao seu modo. É legal ver que, mesmo que a gente não goste de admitir as vezes, crescemos. Muito.
ResponderExcluirE não creio que a Tary de 12 anos não se achava linda! Malditas pessoas!!!
Abraços!
Ai, Tary...que carta mais linda! Eu estou adorando ler as cartinhas de todo mundo. Tem muitos sentimentos em todas. Alguns bem triste (a maioria inclusive), mas sei lá... palavras tão lindas! Seria muito bom se pudessemos ter a chance de escrever e recebê-las, né?!
ResponderExcluirBeijos!
Meu coração ficou apertadinho com a menção ao vovô Luís. Você fala dele com tanto amor e ternura que fico imaginando a dor dessa perda e sofrendo junto <3
ResponderExcluirAcho que a Tary de dez anos atrás ia ficar muito feliz ao ler essa carta, com muito mais vontade de seguir em frente e muito ansiosa pra conhecer a mulher incrível que ela se tornou. Tenho muito orgulho de você, amiga, da sua força, coragem e até (ou melhor, principalmente) da sua infâmia que encontra espaço nisso tudo, hahaha <3
E ai, me emocionei com a parte da loucura mágica. Preciso tanto te abraçar logo <3
te amo!
Ai, que carta mais linda! Li como se fosse eu quem estive escrito para a Ana de 2004, que vivia pelos cantos e de cabeça baixa pra ninguém vê-la, tão magra e feia.
ResponderExcluirQue bom que a gente aprende e amadurece né?
Tenho certeza que você, de dez anos atrás, teria muito orgulho de você de hoje.
Me emocionei com a menção ao seu avô. Não conheci nenhum dos meus avôs, só avós. Uma foi embora quando eu tinha 4 anos, a outra, em 2007, virou estrela pra sempre no meu céu. E que falta faz! Eu com certeza aconselharia a Ana de 12 anos a dedicar ainda mais tempo e mais amor à Vó Dete, porque é das maiores e mais infinitas saudades.
Carinho. <3
É interessante como a gente sabe se tratar com carinho, né?! Linda a carta :) A gente acaba descobrindo, todos os dias, que somos mais do que pensamos. Acredito, porém, que escrever uma carta dessas deixa isso ainda mais evidente. Sabemos que, apesar de cada problema e de cada dor, somos fantásticos, pois superamos e continuamos ai :)
ResponderExcluir"Confiança é uma palavra que apagaram do seu vocabulário, mas ela será reescrita no futuro, eu te prometo."
ResponderExcluirQue emocionante, Tary! Me arrepiei inteira rs
Quanto ao seu avô, meus pêsames. Tenho uma forte ligação com a minha vózinha, que morreu quando eu era bem pequena, e sei muito bem o quanto isso significa.
Amei o texto, você escreve lindamente :)
Beijos
Mell Ferraz
Simplesmente: <3 <3 <3
ResponderExcluirSabe Tary, eu li várias dessas cartas, mas fiquei impressionada com a sutileza da sua, que diz muuuito, mas sem revelar realmente os fatos. Linda, de verdade.
Devo dizer que sempre ensaio comentários na sua página e na da Analu. Nem sei como te descobri, mas acho que, por morarmos na mesma cidade, isso se deve a algum amigo em comum. Digo também que seu blog é incrível! Sempre choro com seus posts (principalmente quando diz alguma coisa relacionada a Gio), mas essa carta ARREBENTOU tudo aqui por dentro. Foi o "Love, Tary" que mais fez sentido.
ResponderExcluirAmo seus escritos e te sigo há tanto tempo que se te encontrar na rua, paro pra te dar um abraço como se fossemos amigas de infância. Pois é, a blogosfera tem dessas.
Beijos ;*
Tô sempre por aqui.