domingo, 20 de julho de 2014

Saindo de uma roubada para entrar em outra

Todos sabem como me relaciono com maratonas literárias. Sempre me animo, separo meus livrinhos e raramente consigo cumprir as metas estabelecidades. Pois bem, fico muito feliz em anunciar que isso acaba de mudar. Esta semana, participei da Booktube-a-thon, um desafio gringo incrível, criado pela minha vlogueira literária favorita. Eu já estava inclinada a entrar nessa roubada, dona Luh me animou e, surpreendentemente, deu muito certo.

booktube

Dos títulos acima, que estavam na minha pilha “to be read”, só não consegui terminar “O Diário de Helga”, mas considerando que faltam apenas 59 páginas e o dia ainda não terminou, me sinto uma vencedora! Li pelo menos 100 páginas todos os dias desde segunda-feira  (menos ontem, que não parei em casa). Também cumpri quase todos os desafios. Era permitido combinar até dois em um único livro. Logo, este foi o meu saldo: Começar e terminar uma série/livro com vermelho na capa: “Maus”. Livro que alguém escolheu para você ler e que se tornou uma adaptação cinematográfica: “A mulher do viajante do tempo” (tive sorte nessa! O livro que minha irmã escolheu já virou filme). Gênero que você leu menos esse ano/livro com figuras: “O Diário de Helga”. “A Doce Passagem” era o que eu estava lendo antes da maratona e foi finalizado já no primeiro dia. Só boicotei a loucura de ler 300 páginas por dia ou sete livros durante a semana. Isso seria demais para essa maratonista amadora.

Agora, minhas amigas me chamaram e não resisti: vou emendar uma roubada deliciosa na outra e tentar ser uma boa participante da Maratona Literária 3.0, organizada pelo Café com Blá Blá Blá. Um evento brazuca do qual participo desde a primeira edição, mas nunca rendeu o mesmo efeito da Booktube-a-thon.

maratonabrazuca

Acabo de perceber que todos podem ser encaixados nos desafios anteriores, mas juro que escolhi sem pensar nisso! Basicamente, tentei escolher livrinhos que estou muito animada para ler, de gêneros diferentes e que prometem uma leitura rápida e gostosa. Vencer essa maratona será a constatação de que eu consigo criar e cumprir metas nessa vida de leitora. Vamos ver o que acontece, né? Me desejem boa sorte.

Love, Tary

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Hoje eu quero falar da gente

Eu não quero falar do placar. Tá lá. Nas manchetes de hoje, na história do futebol, nas biografias dos integrantes da Seleção, nas nossas memórias. Todo mundo viu. Ficamos incrédulos, gritamos com a televisão, sofremos e, no fim, permanecemos anestesiados até o árbitro apitar. Fim de jogo, fim do sonho de levantar a taça em casa. Agora não adianta criticar o técnico nem os jogadores que ele escalou. Muito menos apelar para os fatores psicológicos ou lamentar exaustivamente a saída do craque. Não quero falar de nada disso. Que tal tirar a atenção do campo e olhar pra gente? Isso mesmo, queria falar um pouquinho de nós, torcedores.

Me emocionei toda santa vez que nosso hino foi cantado nos estádios. Não conheço todos os outros, mas morro de orgulho do nosso. Aquelas palavras me atingem direto no peito e falam por mim: amo o meu País com toda a minha alma. Alguém consegue negar que é bonito ouvir milhares de pessoas gritando "pátria amada, Brasil"? Mesmo pra quem não gosta de futebol, é difícil manter o rebolado ao ouvir a voz de tantos brazucas cantando com vontade.

E então, lá no jogo contra o Chile, a nossa torcida vaiou o hino dos caras. E aquele desrespeito me machucou lá no fundo. Rivalidade é quando a bola está em jogo, a expressão cultural de um País é sagrada (Você pode até dizer que eles vaiaram o nosso de volta. Mas aí é com eles, né? As atitudes do meu povo é que me interessam).

Estranho constatar que a vaia é quase tão universal quanto o "eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor", não é? Os extremos são completamente diferentes, mas a força é a mesma. O cântico é entoado na hora de torcer e celebra as vitórias. A vaia aparece para pressionar o adversário e marca as derrotas.

Hoje foi a vez da vaia, mais uma vez. E ouvir aquilo, algo que eu infelizmente já esperava, me deixou mil vezes mais triste do que a eliminação. Aquilo sim me encheu de vergonha. Se a Seleção Brasileira precisa se reinventar (e claramente precisa), acho que a nossa torcida também. É triste dizer isso, mas precisamos reaprender a torcer. Você deixou de apoiar o seu clube do coração nas piores derrotas? Duvido. Torceu contra? Aposto que nem pensou nisso. Por que é tão fácil quando se trata do Brasil?

Por que somos os melhores e "não podemos" perder de jeito algum? Ou será o descontentamento com o País descontado no esporte? É simples vibrar quando o placar é favorável e, da mesma forma, é bem confortável tirar a camisa verde e amarela quando a tragédia está anunciada. Não nego que fiquei chateada, saí da sala e até xinguei. Não me isento da necessidade de mudança. Mas vaiar quem me pede desculpas? Jamais. Eu emudeço quando perdemos, mas meu grito de hexa só vai crescendo na garganta à espera do dia que vai finalmente se libertar. O colar com a bandeira do Brasil permanece no meu peito. Vou torcer de novo no próximo jogo, no seguinte, no outro e em todos os que eu estiver viva para acompanhar.

Eu disse mais cedo que é na derrota que conhecemos as pessoas. E sempre tem alguém comentando que nossa relação com o futebol revela muito sobre quem somos, enquanto povo. Pensem bem. Quando o time está ganhando, torcemos, batemos no peito, beijamos a camisa. Assim que algo dá errado, toda a paixão se transforma em vaia e se direciona para os dedos que, cheios de ódio, apontam culpados. Reação que, me corrijam se eu estiver errada, pode ser aplicada a vários outros aspectos da nossa sociedade. E das nossas vidas.

Torcedor que é torcedor não empurra só na vitória*. Torcedor que é torcedor também sabe perder. Amarga a derrota enquanto pode, é verdade, mas enxuga as lágrimas, pensa na próxima partida e nunca deixa a esperança de lado. Isso é torcer.

Love, Tary

* Queria muito que nossa torcida, nos próximos jogos da Seleção, se preparasse de verdade para torcer. Com inúmeras músicas que empurrassem o time, sabe? E que abandonasse as vaias.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Copa das Copas

Eu não tenho tantas coisas em comum com meu pai, quanto tenho com a minha mãe. Quero dizer, nós dois gostamos de tomar café de manhã, somos os últimos a sair da pista de dança, amamos Raul Seixas, Beatles e Tim Maia, curtimos uma cervejinha. E ok, devo admitir, nossos gênios são bastante parecidos. Somos esquentados e não aceitamos pedidos de desculpa com tanta facilidade.

Mas nossas maiores paixões, por exemplo, divergem por completo. Ele passa muito tempo vendo futebol e eu passo muito tempo lendo livros. Vivo brincando que a culpa de eu não se aficionada pelo esporte é totalmente dele. Mais do que isso, digo a torto e direito que ele é o culpado por eu não ser corintiana roxa. Meu pai nunca comprou camisetinha nem bola do Timão pra me persuadir. Aí não deu outra. Foi só o Kaká sorrir pra mim que virei são-paulina.

E, confesso, também rolou toda aquela vontade de contrariar o paizão doido pelo Corinthians. Por muito tempo, torci religiosamente pelo São Paulo. Decorei escalação, aprendi a cantar o hino, entrava no site do Tricolor todo santo dia e ficava contando vantagem por causa das vitórias do meu time. Quando São Paulo e Corinthians se enfrentavam, meu pai ficava tão possesso, que eu precisava comemorar gol no quarto ao lado, morrendo de rir.

Infelizmente – ou felizmente, vai saber –, todo esse fangirlismo teve o destino de muitos outros da minha adolescência: não passou de uma fase. Era muito sofrimento e muita zoação na escola no dia seguinte quando o São Paulo perdia. Não deixei de torcer, mas parei de acompanhar as partidas e cansei do fanatismo. Meu pai continuou vendo os jogos sozinho na sala de casa.

Tive a iluminação na tarde de hoje. Assim que entrei no carro depois do trabalho, ele puxou o assunto: “Você viu, filha? Luisito pegou nove jogos de punição!”. E começou o papo animado sobre a Copa do Mundo. Dei a notícia de que o Aguero estava fora da seleção argentina por causa de uma lesão, enquanto a gente ouvia no rádio o jogo dos Estados Unidos contra a Alemanha.

Comentamos as chances do Brasil no Mundial, contei que o Paulinho estava treinando com os reservas e o Forlán, com os titulares. Então chegamos em casa e almoçamos assistindo Portugal e Gana morrerem abraçados. Aí lembrei do meu pai, ex-jogador profissional, me perguntando quem eu tinha achado o melhor jogador da partida entre Brasil e Croácia. Lembrei da gente comendo pipoca, enquanto assistia o Uruguai enfrentar a Inglaterra. E tantos outros jogos incríveis que acompanhamos nos últimos dias. Pensar nisso me deixou, sei lá… meio emocionada? Não sei.

Dizer que a Copa de 2014 me aproximou do meu pai talvez seja forte demais. Nós somos próximos. Nós brigamos e discordamos, é verdade, mas nos amamos demais e tenho certeza que faríamos de tudo um pelo outro. A questão é que me senti, pela primeira vez, inteiramente parte do mundo dele. Igualmente apaixonada pela mesma coisa, vibrando na mesma sintonia. Tenho lembranças de outros mundiais, mas em nenhum deles eu mergulhei na paixão do meu pai como agora. Existem muitas razões para essa ser a Copa das Copas. Pra mim, no meu coração, essa é a principal.

Love, Tary

P.S: Te amo, paizinho!

domingo, 15 de junho de 2014

A culpa é das estrelas

Existem certas coisas que estão no imaginário das pessoas. Você pode não ter visto uma novela mexicana na vida, mas já ouviu falar de Paola Bracho e Soraya Montenegro. Talvez a gente nem se lembre direito como descobriu a existência do Curupira ou da Mula sem Cabeça, mas a imagem deles está lá, desenhada nas nossas mentes. E mesmo se as plantações de nabos no Afeganistão fizerem mais sentido na sua cabeça do que William Shakespeare, é praticamente impossível desconhecer a premissa de Romeu & Julieta.

Dessa mesma forma, é quase que folclórico entre as minhas amigas: eu não gosto de A Culpa é das Estrelas, do John Green. Um livro que todas elas amam profundamente. É quase como um grande clube de identificação do qual eu simplesmente não faço parte. Minhas pessoas preferidas estão lá, com suas carteirinhas de integrantes assíduas, enquanto permaneço na porta, olhando para os pés e esperando que elas saiam do prédio (ou que o assunto mude de direção, se você  não sacou a metáfora).

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Tudo isso começou lá em 2012, quando fomos juntas à Bienal de São Paulo e compramos nossos exemplares. Durante a invasão ao estande da Intrínseca, ganhamos duas pulseirinhas azuis e o pingente de nuvem que quase não tiramos do pescoço. Na volta para casa, as que ainda não tinham lido foram devorando o livro. E se apaixonando por ele. Uma a uma. Acho que eu fui a última (ou uma das últimas) a ler.

Vocês conseguem imaginar o tamanho das minhas expectativas? Multipliquem por “todas as minhas amigas amam esse livro de paixão”. Multipliquem por “John Green é uma das minhas pessoas favoritas desde 2008”. Multipliquem por “esse vai ser o melhor YA a passar pelas minhas mãos”. Não vou dizer que certas coisas não me incomodaram durante a leitura (incomodaram, sim, e eu escrevi sobre elas), mas o depois foi bem pior. Começamos a discutir sobre o livro e fui percebendo, pouco a pouco, que a euforia delas não combinava com meu sentimento. Que eu não estava arrebatada daquela forma. Que eu não tinha amado sem ressalvas. Que eu não tinha… amado.

Desde então, sempre que o assunto é A Culpa é das Estrelas, sinto que estou montada num elefante cor-de-rosa no meio da sala.

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Logo, quando os rumores do filme começaram a surgir, não fiquei nem um pouco ansiosa. Depois de tudo confirmado, até me irritei um bocado com as imagens pipocando no meu lugar seguro na internet. No entanto, jamais deixei de torcer para que a adaptação alcançasse as expectativas dos fãs. Eu, por minha vez, não tinha quase nenhuma (aprendi a lição). Não queria que a história se repetisse, mas já me preparava para isso.

No dia em que li o livro, eu era uma folha de papel quase totalmente preenchida, frente e verso. Neste sábado, enquanto assistia ao filme, me senti um caderno em branco. Se vocês olhassem as minhas páginas, perceberiam como eu amei cada segundo. O tom, a trilha sonora, o roteiro, a química do elenco, as interpretações. Tudo. Os aspectos que me incomodaram no texto original foram suavizados na tela.

Hazel e Gus eram dois personagens que eu não conseguia sentir vivos, respirando (como é tão importante para mim que aconteça). Eles eram só de papel e tinta. Não me convenciam como adolescentes, como “gente de verdade”.

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E então, no olhar de Shailene Woodley, eu entendi a garota que leria até a lista de compras de Peter Van Houten e consegui me reconhecer nela. No sorriso de Ansel Elgort, encontrei um Gus tão honestamente construído, que o afeto foi instantâneo. Adorei o personagem quando li, mas ele não me pareceu tão verossímil quanto agora, não se materializou do meu lado, com um cigarro entre os dentes, e me acompanhou pela vida. E as interações dos protagonistas? Acreditei em cada abraço, em cada troca de olhares, em cada “Okay”.

Falando em metáforas, assim que os personagens cativaram, as quotes me afetaram muito mais. Cenas como a “escalada” na casa de Anne Frank e a maravilhosa sequência dos ovos ganharam um sentido completamente novo (não consigo lembrar delas no livro). Outro grande mérito é o quanto o filme consegue divertir. Claro que me debulhei em lágrimas quando a coisa ficou séria, mas no pesar da balança, as risadas ganharam.

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Brinquei com as minhas amigas que não sei mais quem eu sou na ordem do dia. Depois de tanto tempo não gostando de A Culpa é das Estrelas, fiquei sem reação diante de tudo o que a adaptação me provocou. Afinal, a história é basicamente a mesma.

Será que finalmente compreendi aquele papo de “mídias diferentes”? Apenas não gosto de um e adoro o outro? Ou esse é o sinal de que minha experiência numa releitura pode ser diferente? Como eu já disse por aqui, não adianta quebrar a cabeça em mil teorias. Eu amei. Senti. Entendi. Dei cinco estrelas no Filmow. Favoritei.

Não invalido minha opinião do passado: guardo a folha rabiscada sobre o livro dentro do novo caderno. Mas neste momento, sinto que nada está pronto e acabado. Ainda restam muitas páginas em branco.

Love, Tary

P.S: Fica o meu protesto para aquelas pessoas que conversam no cinema. Ninguém quer saber a sua opinião sobre cada trecho do filme nem ouvir sua risada inconveniente em cenas que não combinam com riso. Também não precisa dizer em voz alta que o Ansel é lindo. Todas sabemos deste fato. Espero, sinceramente, que, depois de tanto falatório, as idiotas da minha sessão fiquem com dor de garganta e passem a semana toda sem voz.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Se não falasse sobre livros, não seria eu

Depois de muito tempo no limbo blogueiro, finalmente estou com bastante vontade de escrever. O problema é que ando achando tudo o que escrevo uma bela de uma droga (agora mesmo precisei me recuperar de uma vontade psicótica de apagar vários posts antigos). As ideias ficam assanhadas na minha mente e o anjinho me diz para postar, enquanto o diabinho puxa meu cabelo e argumenta que o melhor é desistir, ou voltar de uma vez pro limbo. Me cansei dos dois e resolvi ficar no meio termo, apelando para um meme. Assim não deixo de escrever e ao mesmo tempo não maltrato tanto a crítica cruel que existe aqui dentro. Minha amiga Analu me convidou a responder essas 15 perguntas (que não consigo deixar de ler com sotaque português) da tag Palavras Cruzadas, criada pela Inês, do Ines Books. Demorei, é verdade, mas cá estou eu. 

1. Vox Populi (um livro para recomendar a toda a gente)

Se tem um livro subestimado nessa vida, este é A Vida em Tons de Cinza, da Ruta Sepetys. Até as amigas que costumam conferir minhas indicações com certa rapidez não parecem ter se convencido totalmente (I’m looking at you). Talvez seja o título, que remete àquele sucesso editorial inexplicável, a capa modesta ou o pouco burburinho que existe em torno dele. Falta de propaganda minha não é. Tenho um vídeo sobre ele e foi o melhor livro que li no ano passado. Os personagens são cativantes, o tema é pertinente, a jornada ensina. A autora foi brilhante ao retratar o sofrimento dos povos bálticos, deportados pela polícia secreta soviética para campos de trabalhos forçados na Sibéria. Ela transformou aquele parágrafo perdido no livro de história em algo inesquecível. Tem todo o potencial para ser universalmente amado, só é preciso dar uma chance. Ainda não se convenceu? Veja isso aqui.

2. Maldito Plágio (um livro que gostaríamos de ter escrito)

Quando eu penso em mim mesma como escritora, me vejo escrevendo contos. O que não faz o menor sentido, já que eu nem gosto tanto assim de ler contos. A verdade é que não devo me achar lá muito capaz de terminar um romance inteirinho. Mas se Erico Verissimo escreveu aquela maravilha chamada Música ao Longe em 20 dias, por que não eu (com um prazo bem maior, claro)? Em um dos seus vídeos incríveis, Ariel Bissett diz que autor favorito é aquele com quem temos uma certa conexão mental. Me sinto dessa forma com Erico desde sempre. Partilhamos até mesmo essa história de escolher com cuidado os nomes dos personagens. Além disso, esse livro me dá quentinho no coração, o que casa perfeitamente com meu desejo de escrever algo que as pessoas leiam numa varanda, sentindo a brisa no rosto e sorrindo o tempo todo.

3. Não vale a pena abater árvores por causa disto

Eu parto do princípio de que toda a leitura é válida, até mesmo as ruins. Só que nós poderíamos ter passado sem Diário de uma Paixão, né? Nada pode ser pior do que um romance onde o casal protagonista não convence nem por um segundo. Um enredo lacrimoso que só te faz chorar de raiva e sentir vontade de jogar o exemplar (quem nem é seu) na primeira janela que aparecer. Pelo menos serviu para constatar que Nicholas Sparks não é pra mim.

4. Não és tu, sou eu (um livro bom, lido na altura errada)

Pense naquela TPM desgraçada, quando nem todo o chocolate do mundo consegue deter a sua impaciência. Foi num dia assim que cometi um pecado imperdoável com Reparação, do Ian McEwan. Lembro de ter começado bem, me impressionei com a escrita e fiquei intrigada com a protagonista. No terceiro dia de leitura, a irritação tomou conta de mim. A narrativa me deu angústia, nada se desenvolvia e a situação foi ficando insustentável. Aí… eu li o final. Nunca façam isso. Pelo menos não com este livro. Minha idiotice destruiu toda a experiência de leitura e, se já estava me arrastando, a coisa ficou ainda pior. Preciso reler e dar a atenção que ele merece. Enquanto o momento não chega, pretendo me aventurar com outros livros do autor.

5. Eu tentei... (um livro que tentamos ler, mas não conseguimos).

Me orgulho muito de ter o gosto literário variado, mas encontrei meu calcanhar de Aquiles com Eu, Robô e O Guia do Mochileiro das Galáxias. Ficção científica simplesmente não funciona comigo. Acho extremamente complicado me envolver com argumentos viajadíssimos nesse nível. Mesmo assim, sou persistente e ainda espero encontrar o livro do gênero que vai explodir minha cabecinha. Indicações são bem vindas.

6. Hã? (um livro que lemos e não percebemos nada OU um livro que teve um final surpreendente)

É difícil fugir de spoilers dos clássicos e agradeço ao universo por ter me livrado de muitos deles. Fico especialmente feliz por ter lido O Grande Gatsby sem saber o que me esperava. Tio Fitz foi genial ao moldar toda a narrativa para convergir no maravilhoso clímax. I didn’t see that coming! Recomendo fortemente que vocês fujam de qualquer espírito de porco disposto a contar o final. Vale a pena se surpreender durante a leitura.

7. Foi tão bom, não foi? (um livro que devoramos)

Eu absolutamente amo comer livros com arroz, feijão e batata frita! Na minha listinha das “melhores coisas do mundo”, isso está no top 10. Consigo me lembrar de várias experiências literárias que poderiam ser colocadas aqui, mas A Revolução dos Bichos, do George Orwell, é forte candidato ao posto de “livro que li mais rápido na vida”. Ele é curtinho, eu sei, mas já enrolei semanas para ler coisas menores! Foi tipo um encontro mágico, ou coisa parecida. Gritinhos de “que foda!” e “meu Deus, que treco genial” a cada página virada, vontade de obrigar todo mundo a ler e discutir sobre todas as metáforas geniais inseridas ali. Em duas horas (de puro deleite), eu havia terminado. Me segurei para não começar a reler em seguida.

8. Entre livros e tachos (uma personagem que gostaríamos que cozinhasse para nós)

Gostaria muito que a Calpurnia, de O Sol é Para Todos, preparasse um dos seus quitutes maravilhosos para mim. Eu sentaria na mesa com o Jem e a Scout, tagarelando sem parar sobre o pai deles ser o meu herói. Que saudade desse livro. Muito obrigada pelo meu clássico preferido, Harper Lee.

9. Fast Foward (um livro que podia ter menos páginas que não se perdia nada)

Não me entendam mal, eu amei A Trama do Casamento e não estou em posição de reclamar do quanto o Jeffrey Eugenides escreve, já que este homem insiste em me fazer esperar anos por novas publicações. Porém, o fato de ter pensado na quantidade de páginas mesmo devorando o livro, deve querer dizer alguma coisa. O capítulo sobre leveduras, por exemplo… precisava mesmo daquilo? Umas 100 páginas a menos não fariam mal, vai.

10. Às cegas (um livro que escolheríamos só por causa do título)

Um dos meus favoritos da vida foi escolhido justamente por causa do título. Quando a Taryne de 16 anos pediu A Menina que Roubava Livros para a madrinha, não fazia ideia do que esperar. Só sabia que precisava saber o porquê da tal menina roubar os livros e também descobrir o significado por trás daquela capa linda (nunca vou respeitar a capa daquele filme horroroso). Agradeço muito à Tary do passado. Devo essa história a ela (e à madrinha Tetê).

11. O que conta é o interior (um livro bom com uma capa feia)

Uma vida interrompida é outro livro subestimado (e outro que tem uma adaptação cinematográfica vergonhosa). Susie Salmon, a protagonista, morre de um jeito cruel e acompanha a família lá do céu. Olha essa premissa! Nunca vou entender como as pessoas não se interessaram. Só podem ter sido assustadas por essa capa medonha, com a modelo de olhos injetados fazendo cosplay de Laura Palmer.

12. Rir é o melhor remédio (um livro que nos tenha feito rir)

Eu poderia citar Sophie Kinsella, que tem sido rainha suprema nessa categoria, mas hoje vou de Oscar Wilde. O Fantasma de Canterville me fez dar muita risada com as ironias do autor, que aborda a rivalidade entre americanos e ingleses do jeito mais inusitado possível. O pobre fantasma do título é aterrorizado pelos novos moradores da casa que assombra e a gente morre de rir, enquanto Oscar Wilde critica a sociedade vitoriana.

13. Tragam-me os Kleenex, se faz favor (um livro que nos tenha feito chorar)

A maior choradeira da minha vida foi com Meu Pé de Laranja Lima, do José Mauro de Vasconcellos, no segundo ano do Ensino Médio. Lembro que a minha mãe ligou logo quando eu tinha acabado de fechar o livro e ficou imediatamente assustada, achando que alguém havia morrido. Aqueles acontecimentos me doeram na carne. Quis adotar o Zezé, curar todas as feridas dele, plantar um pé de laranja lima no quintal de casa. Meu sonho é reler, mas sei que fiquei mais mole com o tempo e tenho medo de não conseguir mais sair da cama de tanto sofrimento (é sério).

14. Esse livro tem um V de volta (um livro que não emprestaríamos a ninguém)

Olha, me chame de egoísta o quanto quiser, mas só empresto os meus livros quando tenho plena confiança na índole do leitor em questão. E não tô falando de caráter e sim do modo como a pessoa trata os livrinhos. Se Gandhi marcasse página com a orelha dos livros, ele jamais encostaria nos meus. Dito isso, deixo registrado que nunca vou emprestar O Noivo da Princesa, do William Goldman. Encontrar este livro no sebo da minha cidade foi melhor do que ganhar na loteria. A versão traduzida de The Princess Bride teve pouquíssimas edições e é muito difícil de ser encontrada.

15. Espera aí que eu já te atendo (um livro ou autor que estamos constantemente a adiar)

Minha relação com Gabriel García Marquez sempre foi a seguinte: nunca li, sempre amei. Ainda não consegui ânimo para tirar o “nunca” desta frase e encarar O Amor nos Tempos do Cólera. Anna Vitória vive me dizendo pra deixar de besteira, mas tá complicado. Já comecei a ler incontáveis vezes e nunca passei da página 10. É uma vergonha, eu tenho total consciência disso, e se disser há quanto tempo ele mora na minha estante, vocês choram. Tenho a esperança de que um dia aquele livrinho azul me atraia feito comida de desenho animado e eu não consiga me desvencilhar dele até terminar. Até lá, sigo adiando, com o coração na mão.

Love, Tary

domingo, 8 de junho de 2014

Ainda bem que somos todos diferentes

Quinta-feira passada comprei um prestígio no terminal e, assim que abri a embalagem, lembrei de quando estava na terceira série. Naquela época, cadernos de perguntas ainda estavam na moda. Uma pergunta era escrita em cada folha e o caderno passava de mão em mão. As redes sociais não existiam, então era uma boa forma de stalkearmos uns aos outros. Flertes e grandes amizades surgiam da brincadeira. E mesmo quando isso não acontecia, continuava sendo divertido para driblar a aula mais chata do dia.

Enquanto esperava o ônibus, um dos questionamentos voltou à minha mente. “Qual chocolate você mais odeia?”. Lembro que foi um choque me deparar com as respostas. Eu não conseguia entender o porquê. Até questionei algumas das minhas amigas e elas disseram apenas que era ruim, e pronto. Para minha completa incompreensão, a maioria havia respondido prestígio. Alguns até colocaram um “eca!” para enfatizar a repulsa pelo meu chocolate favorito. Pois é. Um daqueles momentos em que percebemos que até mesmo as coisas mais intocadas para nós não são apreciadas por todo mundo. As pessoas têm gostos diferentes, as pessoas são diferentes, as pessoas discordam. E isso não se trata somente de chocolate.

Falo principalmente da arte. Livros, filmes, séries, música, peças de teatro (…) Como é difícil entender quem odiou algo que você ama, ou se apaixonou loucamente por alguma coisa que você detesta. Às vezes achamos que tem algo de errado com a gente. Não analisamos direito, não destacamos os prós e contras, amamos com tanto vigor que não enxergamos os defeitos, ou odiamos com tanta paixão que as qualidades ficaram em segundo plano. Mas pode ser bem mais fácil julgar o outro lado do que olhar para o próprio umbigo, ou simplesmente aceitar que somos todos diferentes.

Quem não gostou deve ter deixado a sensibilidade em casa. Não entendeu. Não tem maturidade para compreender. Não estudou o bastante. Deve gostar mesmo é de (insira uma obra do mesmo gênero, de preferência popular, e odiada por público, ou crítica). Sem contar os comentários condescendentes sobre a personalidade (você é muito doce para gostar de um livro tão pungente) ou os xingamentos baixos. Ainda mais complicado é ser minoria (as minorias sofrem até nesse departamento, vejam vocês).  Não gostar de um livro que meio universo idolatra e fala sem parar no seu ouvido. Amar um filme sem ressalvas e todos arregalarem os olhos de pura incredulidade quando você ousa dizer isso em voz alta.

A arte é subjetiva. Tem muito a ver com quem somos, com a forma que vemos o mundo. Não há problema em sentir amor, ódio ou indiferença por qualquer produto cultural. Essas sensações são essenciais na construção de cada um, colaboram para o autoconhecimento e geram ótimas discussões. Não adianta quebrar a cabeça em mil teorias para explicar o que sentimos nem tentar alcançar o porquê da sua amiga ter se apaixonado por uma série que você abomina. Não adianta querer pensar como os outros ou tentar fazer com que eles se pareçam mais com você.

Porém, gostando ou desgostando, o mais importante de tudo isso é saber que nada nos dá o direito de rotular e diminuir as pessoas. Nada nos dá o direito de dizer que fulano é “isso” ou “aquilo” por ter amado ou odiado determinada obra. É ridículo escrever que o filme de “A Culpa é das Estrelas” foi feito para “virgenzinhas sem senso crítico”, como eu li por aí. Não gosto do livro, como vocês bem sabem, mas nunca vou apoiar qualquer ofensa ao fãs. É inadmissível vestir a máscara de pseudocult, ostentando olhar blasé e sorriso pedante, para falar que só gente superficial curtiu “O Espetacular Homem-Aranha 2”.

Não sejamos haters nem talifãs. A intolerância é capaz de destruir tudo o que existe de bonito nesse mundo. Na verdade, já destruiu muitas coisas. E cabe a nós não contribuirmos para que isso aconteça com a arte. A diversidade torna a vida mais colorida. Abre um mundo de possibilidades. Prova que somos complexos, únicos, insubstituíveis.

E faz com que sobrem mais prestígios na caixa. Ainda bem.

Love, Tary

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cem dias de felicidade

Já disse isso em outras oportunidades e agora repito: não sou muito boa em cumprir metas envolvendo coisas que gosto de fazer. Este mês, por exemplo, tentei pela terceira vez me aventurar numa maratona literária e voltei a falhar. Novamente não fui a participante empenhada que desejei ser, procrastinei e acabei trocando os livros por episódios deliciosos de Modern Family (é feio dizer que nem me arrependo?). Não é difícil relacionar estes fatos com o post anterior, onde comentei sobre as resoluções que escrevo na esperança de colocar minha vida nos eixos. Ou seja, por mais que meu espírito livre me impeça de cumprir as propostas, um outro lado de mim é seduzido pela ideia.

Logo, sou obrigada a confessar que a roubada de postar fotos durante cem dias foi o meu principal objetivo durante o #100happydays. Eu já sabia que seria impossível registrar todos os momentos de felicidade e imaginei que precisaria rebolar para encontrar  a foto em um dia terrível. Mesmo colocando tudo isso em perspectiva, me inscrevi no momento em que minha amiga convidou. Tudo por querer me desafiar. O curioso é que, apesar das dificuldades, não desisti dessa vez. Na verdade, nem pensei em desistir. Tirei fotos totalmente no auge do desespero e até depois da meia-noite, não vou negar, mas no 100º dia, eu tinha conseguido. E esse foi o maior happy moment da coisa toda. Apesar de parecer bobagem, a conquista foi importante pra mim e me senti orgulhosa por ter resistido.

Quanto à captura de instantes felizes, desde o início desse blog eu defendo a valorização das pequenas coisas, dos momentos de alegria presentes no cotidiano. Fico contente de imaginar alguém aprendendo tudo isso através do #100happydays. Minha irmã veio me dizer que, após ter participado, ela sente vontade de fotografar todas as coisas bonitas que vê pela frente. A mudança de olhar talvez seja o ponto mais positivo. No entanto, nunca vou me esquecer que a foto de pipoca no meu Instagram foi postada no pior dia do ano, com a irônica hashtag. É estranho procurar a felicidade quando ela resolve não aparecer. Essa reflexão se intensificou na minha mente enquanto revia um dos meus filmes favoritos:

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Por essas e outras nunca concordei com o chavão “uma imagem valer mais que mil palavras”. O sorriso pode esconder uma dor imensa. Você parece feliz na foto em grupo, mas está quebrado por dentro. A pipoca no Instagram ao lado foi fotografada no pior dia do ano. Somos todos muito mais complexos do que as redes sociais aparentam. Gostei de lembrar disso (mesmo que eu não me arrependa do registro, já que a pipoca do meu pai realmente tornou tudo um pouquinho mais fácil).

Não entrei nessa para esbanjar alegria, mas para provar a mim mesma que eu era capaz. Tirei fotos maravilhosas, que trarão recordações sobre o dia em que foram feitas, e sempre serão revisitadas com carinho. Olhar a hashtag criada para abrigar as fotos das minhas amigas era um ponto alto da minha noite. A experiência foi bem mais gratificante do que negativa, porém não penso em repetir. Continuarei registrando momentos aqui e ali, mas, de agora em diante, espero estar tão ocupada vivendo dias de felicidade, que a ideia de fotografá-los demore a passar pela minha cabeça.

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Uma das minhas fotos favoritas do projeto

Love, Tary

P.S: No texto com suas impressões sobre o assunto, a Analu, minha companheira até o fim do desafio, analisou muito bem o fato de sempre acharmos o Facebook do fulano mais colorido e falou sobre a impossibilidade de captarmos a felicidade com exatidão. O post é lindo e merece a leitura!

sábado, 24 de maio de 2014

Madrugada

Acabo de passar por uma daquelas madrugadas em que o silêncio traz pensamentos demais para que minha pobre mente cansada consiga se aquietar. Rolei de um lado para o outro, por horas, tentando desesperadamente conter a quantidade de ideias e reflexões, até que finalmente desisti e vim escrever. Incrível como as coisas ficam claras e assustadoras quando não conseguimos dormir. Relaxar o corpo quase sempre significa olhar para dentro de si, enumerar os erros, pensar naquilo que precisamos fazer amanhã, depois de amanhã, pelo resto da vida.

Hoje a insônia me disse que anoto resoluções porque elas me trazem a segurança efêmera de saber para onde estou indo. Colocar planos no papel não quer dizer nada quando você dificilmente vai riscar todos aqueles itens mas, de alguma forma, me conforta. Mesmo que a sensação não dure muito, eu preciso dela. Os anos que não planejei foram aqueles em que mais me senti perdida, vivendo a esmo, perseguida por ecos do que desejei ser e não fui. Os planejados podem até ter chegado ao fim com uma boa dose de frustração embutida, mas ter uma direção tornou o saldo mais positivo.
A insônia também foi bastante cruel relevando os meus defeitos. Aquelas falhas que odeio ter, mas não consigo apagar. Uma vez eu li em algum lugar que as pessoas jamais mudam de verdade. Cada um é o que é, pronto e acabou. Eu enlouqueceria se deixasse essa teoria tomar conta de mim. Preciso acreditar que essa bagunça de 22 anos será diferente daqui a uma década.

Não quero deletar o passado: os arrependimentos doloridos são parte de quem sou e, apesar de distantes, alguns traços que fiz do meu futuro me parecem alcançáveis. Não vou parar de listar as coisas que pretendo fazer e sei que vários aspectos da minha personalidade jamais serão alterados. Só quero organizar todos esses sentimentos espalhados pelo caminho, entender melhor essa menina confusa que analisa constantemente o que já foi e desenha seu daqui pra frente enquanto todos dormem.

Love, Tary



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Minha sessão da tarde

Já faz um tempo estão rolando boatos sobre a retirada da Sessão da Tarde da grade da Rede Globo. E eu só consigo achar isso tristíssimo, de verdade. O negócio está no ar há 40 anos e sempre me pareceu meio intocável. Tive meu caráter formado por vários daqueles filmes e minha paixão pelo cinema começou a nascer ali. Tudo bem que  programação foi ficando cada vez mais fraca com o passar dos anos, mas ainda assim tenho pena das gerações futuras que correm o risco de não passarem por esse “rito de passagem” vespertino. Por isso, fiz uma lista dos filmes que mais me marcaram e que serão vistos pelos meus filhos, com certeza.

Curtindo a vida adoidado

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Despretensiosa e significativa como só John Hughes sabia fazer, a saga de Ferris Bueller para matar aula sem ser descoberto é um clássico da Sessão da Tarde. Eu torcia muito para o filme passar, repetia as falas junto com o protagonista e morria de rir das desgraças do diretor insuportável. Também admirava o sistema de Ferris para enganar os pais, com direito a efeitos sonoros, um boneco debaixo das cobertas e, claro, muita manha. E quem não se lembra do momento-musical-sem-razão-aparente mais famoso dos filmes adolescentes? Depois de Ferris Bueller, a experiência de ouvir Twist and Shout nunca mais foi a mesma.

O Jardim Secreto

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A história de Mary Lennox sempre me deixou com os olhos vidrados na tela da televisão. Me identificava com ela, por sempre ter sido muito curiosa. Eu também teria ficado intrigada com a história de um jardim misterioso e tentaria descobrir de onde vinha o barulho de choro no meio da noite. Li o livro esse ano e, apesar de ter gostado, continuo preferindo o filme. A atmosfera é muito bem criada e os atores desempenham muito bem seus papéis.

A Princesinha

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Muito difícil não se emocionar com o drama dirigido por Alfonso Cuarón. Fico mexida só de lembrar do momento em que Sara Crewe se despede do pai ou dos maus-tratos que ela sofre depois que ele é dado como morto. Meu Deus, como eu sentia ódio da diretora do internato! Acreditava piamente que a mulher era uma bruxa disfarçada. Adorava o modo como Sara fugia daquele pesadelo através das histórias que criava em sua mente fértil. Ainda hoje, acho linda a ideia passada pelo filme, de que todas nós somos princesas. (Fiquei com tanta saudade que revi enquanto escrevia este post: chorei do início ao fim).

Matilda

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Todo mundo deve ter sido fisgado pela história da menina de franjinha e laço de fita que se sentia excluída dentro da própria família e se encontrava nos livros. Só isso já seria suficiente para atrair nossa atenção, mas a garotinha descobre ter o poder mais legal do mundo da fantasia: mover objetos com a mente, a tal telecinesia que eu tanto quis que se manifestasse em mim quando criança. Ela se afeiçoa a uma das professoras mais legais da ficção, a senhorita Honey, e enfrenta a diretora malvada com maestria. Além de ter uma mensagem bacana, o filme é super divertido, duas coisas que deveríamos poder dizer sobre toda produção que passa na Sessão da Tarde.

Edward Mãos de Tesoura

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Conheci Tim Burton na tela da Globo e foi uma excelente primeira impressão, apesar da maioria das nuances só serem percebidas totalmente após a infância. Lembro de uma dualidade na minha reação ao descobrir que esse seria o filme da vez. Ficava feliz, por adorar a trajetória do Edward e também meio triste, por saber que ficaria melancólica com o final. Meu filme favorito do Tim Burton talvez seja Big Fish, mas esta é uma das obras-primas do diretor e eu acho louvável que eu a tenha conhecido na televisão aberta.

As Patricinhas de Beverly Hills

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O elenco é incrível: Brittany Murphy, Paul Rudd, Alicia Silverstone, Jeremy Sisto. A história é uma delicinha, bem descompromissada e extremamente divertida, com direito a casal gato e rato, aquela tática da qual sempre fui um alvo fácil. E como se não bastasse, a trilha sonora é ótima. Adorava o computador escolhendo os looks da Cher e lembro de rir bastante das piadas do filme.

Uma Babá Quase Perfeita

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Vocês podem torcer o nariz para o Robin Williams o quanto quiserem, mas não podem negar a doçura desse filme. Aqui, o ator interpreta um cara que se disfarça de babá para poder ficar perto dos filhos. O absurdo desse plot rende momentos muito engraçados. Destaco a cena em que o protagonista tem que se virar para “estar em dois lugares ao mesmo tempo” em um restaurante. Típico filme para toda a família que faz falta nos dias de hoje.

A Princesa Prometida

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Esse foi uma grata surpresa e até hoje é um dos meus filmes favoritos da vida. Divertido, irônico, emocionante e absolutamente genial naquilo que se propõe. A premissa já é maravilhosa. O neto doente recebe a visita do avô, que se oferece para ler um livro. O garoto desdenha, acha as cenas de amor um saco, mas se empolga com os elementos fantásticos, as lutas com espadas, os perigos. Então a narrativa do avô é brilhantemente interpretada por um ótimo elenco, que não deixa a peteca cair em nenhum instante. Considerando que “A Princesa Prometida” possa ser menos conhecido que os outros da lista, eu peço: pare tudo o que está fazendo e vá assistir. Não vai se arrepender.

Menções muito honrosas: Lua de Cristal (amava e pronto), A História sem Fim, Madeline, Meu Primeiro Amor (impossível ouvir My Girl sem dar uma choradinha), A Espiã, todos os Karatê Kid, os dois A Lagoa Azul*, Os Batutinhas (só não entrou na lista original por que eu vi muito mais no Cinema em Casa que na Sessão da Tarde), Namorada de Aluguel (mesmo caso de ‘Os Batutinhas’), Um Príncipe em Nova York, Jumanji, Um Tira no Jardim de Infância, Elvira, Esqueceram de Mim, Quero ser Grande, Babe – o porquinho atrapalhado, Construindo uma carreira, As namoradas do Papai (…) e muitos outros que não lembro agora.

E vocês? Quais filmes da Sessão da Tarde marcaram suas vidas?

* Minha amiga lembrou e eu tive que editar: esses filmes me hipnotizavam muito. Sempre prometia que não ia ver de novo, mas não resistia.

domingo, 11 de maio de 2014

Read-a-thon

Assim que o relógio marcar meia-noite terá início a Bout of Books read-a-thon, edição de número 10. Para quem não está familiarizado com o nome, trata-se de uma maratona literária criada na gringa e que alguns brasileiros resolveram aderir este ano. Você define sua meta, faz um post (ou vídeo) a respeito e se dispõe a ler o máximo que conseguir durante o período estipulado. Já “participei” de dois eventos do tipo. As aspas se devem ao fato de não ter levado os desafios a sério o suficiente. Culpem o meu espírito livre, mas metas literárias nunca funcionaram direito comigo. Quase sempre me sinto pressionada e perco automaticamente o interesse pelos livros que escolhi. Aquela história de: virou obrigação e ficou chato. É aí que vocês se perguntam: então qual o motivo de se aventurar nessa loucura mais uma vez? Bom, são três as razões.

1. Dos 12 títulos que me comprometi a ler esse ano (me refiro a livros específicos, minha meta quantitativa são 50), só dois ainda não foram lidos, o que talvez represente uma mudança na tal aversão aos planos de leitura.

2. Sempre achei essas maratonas muito legais e sonhei um sonho lindo de ser uma participante decente. Algumas booktubers têm vídeos com dicas para se preparar e “sobreviver” ao movimento. Num mundo perfeito, eu coloco a minha pilha de livros na cadeira mais próxima (no habemos mesa de cabeceira), preparo um chá delicioso e leio até cansar. Me inscrever significa uma nova tentativa de atingir esse desejo. De novo.

3. Estou de férias e o tédio consome meu corpo (você não se odeia por clamar por tempo livre e depois reclamar de se sentir entendiado? Eu sei que me odeio. Humanos, pff).

Agora chega de small talk e vamos falar sobre os livrinhos que pretendo ler. Já estou devorando “Lembra de Mim”, da Sophie Kinsella, um chick-lit que promete risadas, como todos os livros da autora. Assim que minha amiga Dede der o sinal, pegarei o ‘'Álbum de Casamento”, da Nora Roberts (clube do livro de duas pessoas é a melhor coisa do mundo, experimentem), uma indicação da Analu. Em seguida, o escolhido será “Dias Perfeitos”, do Raphael Montes, que recebi de cortesia da Companhia das Letras. Por fim, lerei “As Boas Mulheres da China”, que peguei emprestado de uma amiga e promete me fazer chorar horrores. Ou essa ordem pode mudar totalmente, vá saber. O importante é terminar os quatro livros até às 23h59min do próximo domingo (18). Uma ambição da minha parte, já que me dou por satisfeita quando leio um por semana.

Se você é um dos participantes, por favor, me conte sua meta nos comentários. Caso contrário, diga de qualquer modo o que pretende ler está semana. E me deseje sorte!

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EDIT: Só consegui ler Lembra de Mim? e Álbum de Casamento. Os demais seguem na listinha de não lidos, mas pretendo mudar isso em breve.

Love, Tary

P.S: Alguém ainda se lembra da existência desse blog?

terça-feira, 11 de março de 2014

Querida Taryne,

Esse post faz parte da Blogagem Coletiva de Março do Rotaroots.
A ideia original, de escrever uma carta para você 10 anos mais jovem, é do site
Hypeness.

Te imagino lendo essa carta na sala de aula, escondida da professora de matemática, incapaz de esperar o recreio. Afinal, sempre preferimos as palavras aos números, não é? Te conheço muito bem, Tary. Você é que não me conhece ainda. Digo isso porque nós mudamos demais. E, apesar de ainda precisar trabalhar em muitos aspectos, te garanto que mudamos para melhor. Tenho que me segurar para não contar de uma vez tudo o que vai nos acontecer nos dez anos que se seguem. Somos tagarelas e temos essa tendência de apressar as coisas, eu sei. Porém, não quero estragar a alegria que virá quando as surpresas te alcançarem.

Em primeiro lugar, quero te dizer que você é linda. Isso mesmo, linda. Não importa o que os outros digam para te magoar. Pare de tentar agradar essas pessoas, pare de tentar se encaixar. Essa gente não vai ter a menor importância na sua vida daqui um tempo. Tire os seus óculos da gaveta e use-os. Eu sei que você se recusa a acreditar nisso, mas nós ficamos bonitas de óculos. Todos esses complexos que te machucam vão diminuir com o tempo. Alguns deles, inclusive, irão desaparecer por completo. Confiança é uma palavra que apagaram do seu vocabulário, mas ela será reescrita no futuro, eu te prometo.

Algumas amizades da sétima série vão durar e outras, não. Uma delas, talvez a mais forte de todas, vai demorar alguns anos para nascer. Mais tarde, você vai ter que lidar com a decepção e com a saudade. Essa segunda é bem mais complicada, mas será um preço justo a se pagar. E, não, nada do que você está imaginando chega perto da loucura mágica que irá nos acontecer, nem tente adivinhar.
Falando em amizade, vamos conversar sobre a Giovanna? Pois é, o tempo passou e hoje ela tem 17 anos. É minha melhor amiga no mundo inteiro e quase me mata de orgulho. Às vezes é mais madura que eu e guarda meus segredos como ninguém. Aproveite muito essa coisinha bochechuda de sete anos que te abraça e não quer mais soltar. Brinque com ela, tente não brigar tanto. Depois, você vai ter que dividir seu bebê com os - muitos - amigos dela e vai ficar roxa de ciúmes. No entanto, fique tranquila quanto a isso: ela ainda nos chama de “maninha”. Cuidarei para que permaneça desse jeito, pode deixar.

Nossos pais seguem nos apoiando muito, em tudo. Sufoque o espírito aborrecente que toma conta do seu corpinho e não dê muito trabalho a eles. Nunca fomos de encher os pobrezinhos de preocupação, eu sei, mas ninguém merece as chatices da adolescência. Por isso, não se esqueça que colo de mãe é seu lugar e conselho de pai deve ser ouvido. E vice-versa. Tente enxergar o lado deles. Posso te pedir outra coisa? Beije muito a vó Nicinha e o vô Luiz*. As coisas não têm sido fáceis e os dois precisam muito do nosso amor. Nunca perca uma oportunidade de ir até a casa deles. Converse com o vô sobre a novela, faça-o rir, cuide dele. Diga que o ama muitas e muitas vezes. Peça para a vó fazer todos aqueles quitutes maravilhosos e continue fuçando na estante dela. Às vezes ela fica brava, mas morre de orgulho da gente.

Quando se trata de carreira, acho que seu sonho é ser atriz. Com o tempo, essa vontade vai dar lugar a outras. Em 2014, estaremos formadas e exercendo a profissão que escolhemos. A caminhada não será fácil e vão existir momentos em que nossa vontade de fugir ameaçará tomar conta de nós. Antes disso, você vai descobrir que é forte, Tary. Eu sei que aos 12 anos você não se sente assim e esta é outra promessa que eu te faço: você terá coragem para suportar. Sei que você está curiosa a respeito de um certo setor das nossas vidas. Pois bem: estamos aprendendo a guardar as roupas no armário, colocar a mala debaixo da cama e, simplesmente, ficar. Acho que estamos perto de conseguir. (Esta frase não deve ter feito o menor sentido agora, mas um dia você vai entender cada uma dessas palavras).

Meu Deus, olha o tanto que eu escrevi. Sua cabeça deve estar cheia de perguntas e eu mal posso esperar para que as respostas cheguem. Estou empolgada com tudo o que ainda vamos viver, juntas, de mãos dadas. Mesmo que nós duas sejamos tão diferentes, eu ainda tenho muito de você e tenho certeza que os seus sonhos ajudaram a me construir. Me emociona pensar que você teria orgulho de quem me tornei, dos medos que joguei no lixo, das coisas que você desejou e eu consegui realizar. Não tema o que está por vir, Tary, venha rodopiando pra cá. Obrigada por tudo.

Love, Tary

* Meu avô faleceu em julho de 2004. A parte mais difícil de escrever esse texto foi me lembrar que, no dia 11 de março de 2004, ele ainda estava comigo. Se alguém ficou se perguntando, minha avó continua conosco.

domingo, 2 de março de 2014

Oscar 2014: apostas e torcida

Hoje é dia de festa e não, eu não estou falando do Carnaval. Vamos conversar sobre vestidos maravilhosos e outros que poderiam ser exterminados da terra (deveria ser proibido ganhar prêmio usando uma roupa horrorosa). Vamos cobiçar os astros que nunca teremos em nossas vidas, sofrer com nossas torcidas vãs, chorar com o discurso mais emocionante da noite e levantar da poltrona para aplaudir nossos favoritos. Claro que estou falando do Oscar, o prêmio máximo do cinema, que raramente se trata de merecimento, mas é sempre divertido de acompanhar. Este ano consegui assistir seis dos nove indicados a Melhor Filme e só não risquei a lista toda porque, além de ter precisado viajar, morri de preguiça de Capitão Philips, Nebraska e Gravidade (dizem que é excelente, mas imersão espacial, definitivamente, não é a minha). Só não fico chateada porque, tirando o último, desconfio que os outros saiam de mãos abanando da premiação.
 
Antes das minhas apostas e torcidas, quero discorrer um pouco sobre o superestimado do ano. Mais uma vez as festinhas do senhor David O. Russel o fizeram emplacar um dos seus filmes medianos e com ritmo equivocado. E ainda não posso acreditar que este homem teve indicados em todas as categorias de atuação em dois anos seguidos, quando isso não acontecia faz um tempão. 'Trapaça' é chato ao extremo e, apesar de raros bons momentos, não tem nada de original, ou mega empolgante. Serviu para mudar um pouco da minha opinião sobre a Jennifer Lawrence, que rouba a cena e enfrenta Amy Adams com segurança. Apenas espero que essa menina pare de interpretar gente chata/maluca e mostre um outro lado. Confesso que: meu sonho é ver esse filme perdendo tudo. Num ano em que estou torcendo para os azarões, seria motivo para comemorar.
 
Melhor ator
 
Acho que vai dar Matthew McConaughey‎. Não sei se necessariamente por seu papel em 'Clube de Compras Dallas', ou por todas as suas atuações sensacionais nos últimos tempos. Ele está ótimo como o cowboy que se descobre soropositivo e cria todo um esquema ilegal de venda de medicamentos. Seria merecido e me deixaria orgulhosa porque adoro o Matthew desde que assisti Tempo de Matar, um dos melhores filmes de tribunal da minha vida.
 
Entretanto, meu coração e minha torcida são do Leonardo DiCaprio. Em 'O Lobo de Wall Street', Leo estica todos os seus limites como Jordan Belfort, um canalha sem precedentes que, com todo o seu charme escorregadio, se torna carismático aos nossos olhos.
 
Melhor atriz
 
Quase certeza que ninguém tira esse prêmio da Cate Blanchett. A mulher está possuída e o destaque em 'Blue Jasmine' é todo dela, por mais que eu ame a Sally Hawkins. Outro Oscar que será merecido, na minha opinião. Mas que também não é minha torcida.
 
Todo o sangue nos olhos de Cate não supera o trabalho contido, verossímil e cativante da maravilhosa Judi Dench, em 'Philomena'. Quantas vezes a estatueta não caiu nas mãos de atrizes que interpretaram personagens histriônicas? Seria maravilhoso ver isso mudar este ano, mas considero quase impossível.
 
Melhor ator coadjuvante
 
Ao que tudo indica, o esforço físico de Jared Leto vai lhe render o Oscar. Entrega é uma coisa linda de ver e sempre conquista minha admiração. Sem ele, 'Dallas' não seria completo e, por isso, não vou de jeito algum me descabelar de revolta com sua vitória. Porém, não dá pra negar que, quando se trata de interpretação, na raiz dessa palavra, Jonah Hill (O Lobo de Wall Street) e Michael Fassbender (12 anos de escravidão) o superam. Os dois têm muito mais tempo em tela e seus papeis possibilitam momentos 'sambantes' mais frequentes. Além do fator 'memorável'. Sempre lembro das cenas de Jonah Hill (meu favorito disparado), o que não acontece com Leto.

Melhor atriz coadjuvante
 
Mesmo aparecendo pouco, Lupita Nyong'o deixou sua marca e deve levar. Pensando sobre o filme, a sequência em que sua personagem é chicoteada insiste em aparecer na minha mente. Espero que ela faça muitos outros filmes depois de vencer, a exemplo do que aconteceu com Marion Cotillard.
 
A maior merecedora do ano? Julia Roberts. Contracenar com Meryl Streep sem ficar apagada não é para qualquer uma e ela fez isso com maestria, peitando a colega em todos os momentos que pôde. Gostei  demais de 'Álbum de Família', que parece um conto da Carson McCullers filmado e dá todo o espaço para que Julia brilhe. Um absurdo JLaw ter tirado o Globo de Ouro dela.
 
Melhor roteiro original
 
Talvez seja uma das poucas categorias que conta com a minha esperança. Vou ficar muito brava se 'Ela' não vencer. É o filme que mais faz valer a palavra original e cada diálogo faz a alma doer. Como alguém disse no Filmow, quero injetar a obra do Spike Jonze na minha veia. Ah, aproveito o espaço para dizer que acho ABSURDO o Joaquin Phoenix não ter sido indicado. Ele não dá a minima para o Oscar e faz questão de dizer isso, mas é inadmissível que Academia não lembre um trabalho assim.
 
Melhor roteiro adaptado

Comemorei feito gol do Brasil em final de Copa do Mundo a indicação de 'Antes da Meia-Noite' e, se ganhar, vou chorar os olhos para fora. A única vitória que me fará feliz da mesma forma: 'O Lobo de Wall Street', que deveria fazer a rapa e levar tudo o que puder levar.
 
Melhor direção
 
Vai dar Alfonso Cuarón e, mesmo não tendo visto Gravidade, tenho certeza que o trabalho de direção é exepcional. Contudo, torço para o Scorsese até o fim. Que ele renove seu apetite na realização de filmes que explodam minha cabecinha e nunca deixe de trabalhar com o DiCaprio, amém.
 
Melhor filme
 
O longa com mais cara de Oscar é '12 anos de escravidão' e o prêmio deve ser dele. Mas isso não mudará jamais o fato de que 'O Lobo de Wall Street' é o melhor filme da lista (pelo menos dos que assisti, hihi). Fantástico em todos os quesitos. Roteiro brilhante, direção foda, interpretações inesquecíveis, troféu 'são três horas, mas eu veria cinco numa boa'. Sei que a Academia vem mudando, 'Guerra ao Terror' e 'Argo' que o digam, mas meu favorito do ano tem muita gente contra ele. Mesmo assim, a improvável vitória seria meu momento favorito do Oscar, definitivamente.

Love, Tary
 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

True love will find you in the end

Às vezes o mundo se mostra tão cruel que, mesmo sem querer, a gente se defende do mesmo jeito. Não tenho achado mais a melancolia tão bonita. Ela grudou na minha carne e parece não querer sair de jeito nenhum. Sabe aquela tristezinha imunda que vem sorrateira e, do nada, toma conta? Sempre acompanhada daqueles vislumbres de futuro que ameaçam liquidar nossa esperança.

Por isso, agradeço todos os dias pela arte. Sem ela, talvez eu me sentisse ainda mais sozinha. É um colo para minha cabeça cansada, um beijo demorado na bochecha, um sopro de vida. Agradeço pelos personagens de papel e tinta que criam vida e me encontram, sem avisar, em qualquer esquina. Agradeço pelos que acompanho durante anos, duvidando, vez ou outra, do fato de serem fictícios. Agradeço por cada frame daqueles filmes que não só dizem muito, mas remexem dentro de mim e, mesmo na dor, salvam meu dia.

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Hoje preciso agradecer a um deles, em especial: Medianeras. Filme argentino que não sai da minha cabeça desde o domingo passado. Eu havia acabado de acordar e, com preguiça de levantar e encarar a rotina, resolvi assistir. Fui recepcionada por um casal protagonista que mora na bela Buenos Aires, lado a lado, procurando a mesma coisa, sofrendo das mesmas angústias, cada um no seu canto, sem nunca terem se percebido na multidão. São a resposta para a pergunta que não dizem em voz alta e nós sabemos disso, mas eles não.

E não termina aí. Medianeras aborda ainda o modo como a internet nos aproximou e nos afastou ao mesmo tempo,  relaciona a arquitetura da cidade com as frágeis relações humanas, provoca aquela pontada de identificação, através de metáforas que convergem na mais brilhante delas, no final. Carregado da pós-modernidade na qual nasci e que, sem ter culpa, mudou minha vida. Sem contar a música que dá título a esse post e me faz chorar enquanto o escrevo. Mas posso revelar uma coisa? A última cena me devolveu a vontade de acreditar. Ela, mais uma vez: a Esperança. Tudo o que eu precisava e sempre volto a precisar. Você fez de novo, arte. Meus olhos marejados agradecem e esperam pela próxima vez.

“Cause true love is searching too, but how can it recognize you, unless you step out into the light? Don't be sad, I know you will, but don't give up until true love finds you in the end.”

(Daniel Johnston)

 

Love, Tary

P.S: Ouçam o cover maravilhoso – com gaita – da música do título e do trecho acima. É sério, agora: clique aqui.

P.S2: E pelo amor de Deus, assistam esse filme.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Para anotar a dor e a delícia dos 365 dias

Finalmente gravei o vídeo mostrando a vocês a agenda que usarei (e Deus ajude que eu use mesmo) este ano, seguindo a proposta da Analu. Comprar agenda pra mim é tradição. Até tentei acabar com isso em 2014, mas assim que minha irmã me ofereceu uma de presente de Natal, não pude resistir. Guardo as minhas desde 2004! Dez anos, minha gente! Dez anos de vergonha para consultar, já que reler agendas me deixa vermelha de tanto rir. Fiz isso com a minha irmã recentemente e as risadas preencheram meu quarto. O problema é que nenhuma delas (a não ser as que eu usava só para citações e colagens dos ‘gatos’ da vez, segundo a Capricho, claro) têm coisas escritas até dezembro. Mais uma das minhas resoluções de ano-novo jamais cumpridas. Em 2013, o fiasco foi ainda maior, acho que foi a agendinha que menos usei na vida. E ela era tão linda, vocês lembram? Bom, espero não terminar 2014 com a mesma sensação. Vejam o vídeo e me obriguem a usar essa lindeza nos comentários. Ah, não mostrei, mas ela fica ainda mais bonita com a página toda escrita!

Love, Tary

sábado, 4 de janeiro de 2014

Retrospectiva literária 2013

O ano que passou foi muito produtivo em matéria de leituras (pelo menos nisso). Participei de dois desafios com 12 livros cada e consegui ler cinco livros de um, seis do outro. Se você me conhece um pouquinho sabe que isso é um grande avanço: odeio planejar leituras. Ao todo, foram 54 livros (para ver a lista completa, clique aqui). Os melhores vocês poderão conferir no vídeo que gravei para o meu canal no YouTube, mas resolvi também ressuscitar o meme que criei no fim de 2010, pois: a) alguns livrinhos precisam ser citados, b) sinto saudade de escrever sobre livros, e c) quero dar uma de Deyse Batista e esculachar certos títulos manés. Agora chega de papo e vamos iniciar os trabalhos.

O melhor casal literário

Lou & Will, de Como eu era antes de você partiram o meu coração em milhares de pedacinhos que até agora devem estar perdidos no meio das páginas daquele livro. Morri de medo do relacionamento dos dois ficar forçado e melodramático, mas não aconteceu. O envolvimento se deu de uma forma tão gradual e delicada que não foi difícil me apaixonar. Se separados eles já eram personagens incríveis, imagine quando interagiam? Os dois me fizeram rir, chorar (muito) e refletir sobre coisas que nem passavam pela minha cabeça. Eles me ensinaram muito e sempre serei grata por isso.

Menção muito honrosa: Lina & Andrius, de A Vida em tons de Cinza.

Virei a noite lendo

O Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman. Finalmente pude constatar o que já suspeitava: Neil Gaiman é um brilhante contador de histórias. Sua narrativa deliciosa me pegou de jeito e terminei de ler o livro em um dia, desesperada por mais. Não largo mais esse homem por nada nesse mundo.

Soco no estômago

Vida Roubada, de Jaycee Dugard. Foi exatamente essa a sensação que tive ao ser exposta às memórias da menina sequestrada que passou 18 anos nas mãos de seu algoz, um pedófilo condenado. Paralisada pelo medo, se sentindo culpada, morrendo de saudade da mãe. Se alegrando com a chegada das filhas que teve com o bandido, pois assim não estaria mais sozinha. Me indignei com a negligência das autoridades americanas, que iam até a casa para vigiar o homem, mas parecem ter pouco se importado em dar uma olhada no quintal, onde uma garotinha encarcerada rezava por ajuda. E até agora, meses depois da leitura, ainda não entendo como a mulher desse sequestrador – sim, ele era casado – ajudou a raptar Jaycee e se omitiu diante dos abusos cometidos pelo marido. Socos de todos os lados, medo da maldade existente no mundo.

A Mulher Desiludida, de Simone de Beauvoir. Os dois últimos contos até hoje não pararam de me estapear. Murielle, desolada pelo suicídio da filha, deprimida com a solidão e repetindo mil vezes que está farta farta farta farta. Monique, traída pelo marido, iludida sobre a possibilidade dele se arrepender e se sentindo cada vez mais esquecida. A escrita da autora é daquelas que você jamais conseguirá esquecer e passará a vida se martirizando por jamais chegar aos pés. Absolutamente necessário.

Chorei de soluçar

As maiores choradeiras do ano foram: Como eu era antes de você, A Vida em Tons de Cinza e Extraordinário. O primeiro por motivos de: melhor casal literário do ano sofrendo. O segundo: melhor elenco do ano sofrendo do início ao fim. O terceiro: criança mais incrível do ano sofrendo (também chorei quando ela para de sofrer, mas enfim).

A maior decepção do ano

O que aconteceu com o adeus e A Caminho do Verão, da Sarah Dessen.  Esperava algo de absurdamente sensacional desses dois livros (que foram bem caros, pra piorar) e achei ambos medianos. A autora também segue uma fórmula de: personagens desajustadas, com nomes diferentes e problemas familiares (pelo menos a julgar por esses livros), que considerei bem pouco criativa. Fora que a mulher é prolixa pra caramba! Nenhum deles precisava de tantas páginas. No entanto, por algum motivo, ainda não desisti. Dizem que Just Listen é o melhor livro da Sarah e ainda tenho vontade de conferir.

O mais chato

Dez (quase) amores, de Cláudia Tajes. Ai, nem sinto vontade de falar sobre esse livro. O PIOR de 2013. Esperava um chick-lit engraçado e encontrei piadas ruins, acompanhadas de uma protagonista insuportável, além de machista. Nunca vou me esquecer dela falando que o namorado (papai-noel de shopping) havia incorporado a personalidade do bom velhinho e “mulher gosta mesmo é de um bom canalha”. Podia ter passado sem essa.

Quase morri de tanto rir

Dona Sophie Kinsella me conquistou com sua Poppy, protagonista hilária de Fiquei com seu número. A garota que perde a aliança de noivado, o celular e a cabeça. Ri alto com as peripécias dela, amei as notas de rodapé presentes no livro e voltei a ter fé nos chick-lits! Também não posso deixar de citar O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde, onde a família que deveria ser assombrada zoa o fantasma até dizer chega; Ora Bolas, coletânea de historinhas sobre o Mario Quintana; e O Teorema Katherine, que marcou minha reconciliação com John Green.

Aventura, fantasia ou infanto-juvenil

Peter Pan fez com que eu voltasse à infância. De repente, eu era a Taryne de 5 anos de idade, devorando uma história sobre piratas, fadas e garotos que não queriam crescer. Jamais esquecerei as intromissões do narrador, a maravilhosa cachorra-babá e o meu medo do Capitão Gancho.

Autor revelação

Amei conhecer Simone, Neil e Sophie em 2013, mas nada poderia me preparar para esse turbilhão chamado Carson McCullers, com seu estilo gótico sulista, repleto de ambientações rústicas e personagens endurecidos por dentro, que flertam com a loucura, com a escuridão (ou as abraçam logo de uma vez). E no último conto do sensacional A Balada do Café Triste, a mulher que dá voz aos excluídos surpreende ao mostrar que também sabe falar de amor. Quero ler tudo o que ela já escreveu.

Bate bola de personagens

Personagem masculino apaixonante: Andrius, de A Vida em Tons de Cinza. Que outro garoto nesse mundo roubaria um livro por você? Te acharia linda até coberta de lama depois de ter trabalhado por horas? Só mesmo Andrius.

Personagem feminina admirável: Kassandra, de O Incêndio de Troia, de Marion Zimmer Bradley. Impetuosa, feminista, guerreira. Do tipo que não faz o que esperam dela ou deixa de ser quem é pelos outros. Queria ter um pouco de sua coragem.

Personagem mais chato: A protagonista de Dez (quase) amores, claro. Nem lembro o nome.

Personagem mais legal: Auggie, de Extraordinário e Senhor Bennet, de Orgulho & Preconceito. Sarcasmo é uma arte e eles a dominam. Porém, não posso deixar de citar o meu herói hoje e para sempre, Atticus Finch, de O Sol é Para Todos.

Personagem mais perturbador: Todos os personagens completamente desestruturados emocionalmente de Reflexos num olho dourado, de Carson McCullers. O anão, de A Balada do Café Triste, da mesma autora. E, óbvio, o grupo de pirralhos alucinados de Nada, da Jane Teller. Parabéns a todos vocês por explodirem minha cabeça este ano, seus malucos.

Personagem que mais me identifiquei: Lóri, de Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector. Os motivos são muitos para enumerar aqui. Apenas repito para mim mesma: se eu fosse um livro, seria esse.

O melhor livro de 2013

A Vida em Tons de Cinza, de Ruta Sepetys, mostra para o mundo, através de uma história de ficção, muito do que aconteceu com pessoas de carne e osso, durante o poderio de Stalin. Os povos bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia), deportados pela polícia secreta soviética para campos de trabalhos forçados na Sibéria. Pessoas que, mesmo depois de voltarem para as suas casas, foram obrigadas a não abrir suas bocas sobre o horror que viveram, sob risco de prisão ou nova deportação. No livro, conhecemos Lina Vilkas, de 15 anos, desenhista talentosa, que é levada junto com o irmão e mãe para um dos campos. O pai é separado da família e Lina espera que, de alguma forma, seus desenhos cheguem até ele.  Me estendi na sinopse porque ainda não senti uma empolgação muito grande em volta desse livro e acho isso injusto.  Todos precisam aprender um pouco sobre gratidão, esperança e fé, sentimentos que transbordam em cada página desse livro sem torná-lo piegas nem por um segundo.E não faz mal se encantar com personagens lindos, brilhantemente construídos, cheios de personalidade. Sofri por eles como se fossem da minha família e abracei esse livro por muito, muito tempo depois da leitura. Apenas leiam.

Love, Tary

P.S: Convido todos a responderem, mas por favor, não se esqueçam dos créditos!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Bem vindo, 2014

2014 finalmente nasceu. Ainda bem, considerando que - perdoem o trocadilho - 2013 foi um verdadeiro parto. E pelo que sei, não fui a única a levantar as mãos para o céu e agradecer pelo seu fim quando o relógio marcou meia-noite. Não foi de todo ruim, admito. Nunca havia lido tanto, viajado tanto e refletido tanto. Mas todos os momentos bons eram cobertos por baldes de água fria dolorosos e eu, sempre tão apaixonada pelas coisas, adquiri um ar de desânimo, beirando o pessimismo. 

Me perdi um pouco de mim mesma e meu maior desejo para este novo ano é me encontrar de novo. Amo ter todas essas páginas em branco para escrever e deve ser por isso que compro agendas todos os anos, mesmo que seja para abandoná-las na metade deles. Eu amo a esperança que acorda dentro de mim na virada do ano. Amo saber que posso encerrar um ciclo difícil e começar de novo. 

Sei que a metade de mim perdida em 2013 está escondida em algum cantinho escuro só esperando o momento certo para aparecer. E eu rezo para que isso aconteça em 2014. Alguma coisa me diz que as poucas expectativas que estou colocando neste ano podem fazer com que eu me surpreenda. E mais do que isso, preciso ser surpreendida por mim mesma.

Quero conversar muito com quem vejo diante do espelho, resolver algumas pendências entre nós e torná-la uma pessoa melhor. Quero fazer coisas que nunca fiz antes. Quero criar momentos propícios para a felicidade aparecer. Quero parar de planejar e começar a produzir. Quero sair do meu quarto e viver. E quero voltar aqui para contar tudo o que aprendi. Por isso, seja bem vindo, 2014! Apenas me trate bem, pois esperei muito sua chegada.

Love, Tary

P.S: Hoje é aniversário do Doces Rodopios! Quatro anos de blog, vejam vocês. Posso desaparecer, mas não desisti! Que venham outros anos mais!#docesrodopiosday