E não é só no País. É nas manifestações também. Sobre os trolls adeptos do vandalismo eu nem vou comentar, mas também tem quem hostilize partidários e jornalistas. Eu vivo dizendo que “meu partido é um coração partido”, que nem na música do Cazuza, sabe? Porque não me identifico totalmente com nenhum. Direito meu. E em certo momento até concordei com a maioria: as bandeiras levantadas durante o manifesto não iam ornar muito com o foco da coisa toda. Mas aí eu entendi que estava sendo ingênua.
Tem gente querendo abolir partidos políticos! Tem gente querendo bater em quem tá vestido de vermelho. Calma aí, galera. Fascismo? É isso mesmo? Quem pensa diferente merece apanhar e ser expulso de um treco democrático? Caralho, o que eu tô fazendo no meio desse povo? Me tirem daqui, pelo amor de Deus.
Mas não é só isso. Caco Barcellos acuado por um bando de gente babaca. Eu e meus amigos tendo que trabalhar com o crachá no bolso. Gente dizendo que jornalista merece tiro na mão “porque só escreve merda”. Falar que rolou vandalismo quando realmente aconteceu é “escrever merda”. Quanto ódio. Quanta fúria cega. E que medo disso tudo acabar com o fim da democracia. Parece idiota pensar assim, né? Há alguns dias eu também acharia, mas agora confesso meu pânico. Minha vontade de dormir até que a violência pare. E mais uma vez, não tô falando só do vandalismo.
O movimento devolveu minha vontade de pensar mais sobre política, de me envolver mais, de ler mais a respeito. Acho que isso aconteceu com muita gente. E tem muitos méritos, claro. Mas agora eu não quero mais abrir site de notícias e ver gente ensaguentada, fogo e pichação. Quero que todo mundo serene e pense sobre tudo isso. Legião perguntava ‘quem roubou nossa coragem?’. Agora eu me pergunto: se devolveram nossa coragem, quem roubou nossa razão? Vou ser piegas e dizer que toda luta precisa de paixão, de causa. E eu tô vendo mais raiva do que amor pelo País. Daqui uns dias a gente vai parafrasear Legião pra dizer: “e hoje em dia? Como é que se diz eu te amo?”. E eu tô com medo de não saber mais a resposta.
Love (mais do que nunca, por favor), Tary
P.S: Não falei de quem vai em protesto pra micaretar e postar foto no Instagram porque quis focar no ódio. Mas fica minha revolta (e náusea) também.