quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Para a minha irmã, com uma flor

Os anos vão passando e fica cada vez mais difícil dizer o quanto eu te amo sem parecer repetitiva. Sempre transformo o que sinto em palavras e, talvez, a essa altura você já esteja enjoada de me ouvir tagarelar. Ultimamente a gente tem passado menos tempo juntas, mas no domingo você passou aqui no meu quarto e a gente ficou relembrando das nossas brincadeiras. Muita gente acha isso admirável. O fato de que nós duas conseguimos passar horas conversando mesmo morando na mesma casa. O fato de que jamais enjoamos uma outra. Mas pra gente é tão natural, né? Sempre temos assunto. O que é engraçado, porque somos bem diferentes. Você gosta de todo tipo de música e eu tenho minhas preferências. Você ama os seriados da Nick e eu prefiro os meus livros. Você é carinhosa e eu estou tentando ser mais.

Aliás, essa é uma coisa que admiro muito em você. Seu carinho com as coisas e com as pessoas. Você é intensa. Ama de verdade. Ama mesmo. Se importa. Eu vivo te dizendo pra não confiar tanto, pra não se apegar tanto. Posso até parecer chata, mas a verdade é que tenho muito medo de que você termine magoada por ser tão legal, tão divertida, tão carinhosa, tão coração. Se um dia isso acontecer, prometo não matar as pessoas envolvidas, apesar de ter certeza que vou ter vontade. Mas você também tem que prometer que vem correndo pro meu colo. Porque ele nunca vai te faltar, tenha certeza disso.

Também preciso dizer que, pelo que andei percebendo, você tem muitos amigos fiéis. Os seus brochurinhos, né? Espero que eles saibam que sua melhor amiga sou eu, mas deixando o ciúme, fico feliz em saber que você tem pessoas incríveis com quem contar. Ainda mais porque não posso estar por perto pra cuidar de você o tempo todo. Valorize essas amizades. Eu acabo de me despedir de uma amiga de alma que foi morar em outra cidade e isso dói demais. Nunca deixe suas amizades morrerem. Esse é um dos 16 conselhos que preparei hoje. Dezesseis conselhos para os seus 16 anos de vida, os quais eu gostaria muito de ter ouvido quando estava com a sua idade.

1. Conserve os seus amigos fiéis

ICARLY

2. Leia mais livros (depois que o terceiro ano e a faculdade chegarem você terá menos tempo)

BOOKS

3. Tome banho de chuva pelo menos uma vez por ano (e cante!)

SINGING

4. Escute todas as canções de algum bom artista (Beatles, Adele, Norah Jones!)

BEATLES

5. Não confie em todo mundo (desconfiar um pouquinho nunca é demais)

trust

6. Assista todas as temporadas de uma série especial

FRIENDS

7. Sempre reveja seus filmes favoritos

lotlike

8. Não tenha medo do que vão pensar de você (nem deixe que eles te coloquem para baixo)

titanium2

9. Não deixe para depois (eu demorei para fazer coisas que hoje não viveria sem!)

SUMMER

10.

SORRIA

11. Nunca deixe de passar tempo com a família (somos boas nisso, mas não custa reforçar)

girafas

12. Não brigue à toa (certas pessoas não valem suas rugas)

tranquila

13. Aproveite cada segundo que passar na escola (faculdade nem se compara)

escola

14. Aprenda a andar de ônibus (isso salva vidas e poupa tempo)

BUS

15. Jamais perca a sua alma de criança

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16. (não importa o quão difícil parecer e não importam as dificuldades que passar)

HAP

Depois de te aconselhar, eu só tenho que agradecer. Te agradecer por ser minha irmã. Por ser tão fantástica e fascinante, por alegrar meus dias com seus foras (a lista é gigantesca e me faz ter vontade de dar umas risadas em caps lock aqui, mas não vou comentar pra não estragar o momento "declaração"). E também com sua risada escandalosa, porém sempre sincera.

Te amo, baby sis! Feliz aniversário! 16 é uma idade difícil, mas você vai lembrar dela com muito carinho daqui a alguns anos. Aproveite, curta, seja você! Você faz isso muito bem.

Ah, já tava esquecendo da flor!

ROSA

Love,

Maninha

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

She is made of beautiful, specific details

Em um dos meus filmes favoritos, a personagem principal diz que é impossível substituir alguém. Porque toda pessoa é feita de belos e específicos detalhes. Eu amo os detalhes. Reparo neles o tempo todo. Quando você pensa só no todo, acaba perdendo as pequenas coisas que tornam as pessoas quem elas são. Detalhes são importantes porque, na maioria das vezes, são eles que te fazem admirar alguém, querer ser amiga dessa pessoa, querer conversar com ela sobre tudo e sobre nada. Mas até chegar a esse ponto, é preciso olhar de verdade.

Se fizer isso, vai reparar que ela tem livros espalhados por todos os lados e que um dia vão se rebelar e expulsa-la do próprio quarto. Vai reparar nos brincos de pérolas, no batom vermelho, nos óculos escuros no alto da cabeça. Se olhar direitinho, vai ver que ela tem praticamente todos os seus filmes preferidos e está sempre revendo porque “é sempre bom vermos nossos filmes favoritos”. Se você deixar a vergonha de lado e puxar conversa, pode até descobrir o quanto ela queria ser Audrey.

Não só a Hepburn, mas a Horne, só pra poder dar uma flertadinha de leve com o agente Dale Cooper. Você vai conhecer o amor que ela sente por dois rapazes chamados Chico. Um deles canta músicas bonitas e outro, late como ninguém e se aconchega em seu colo, sempre sonolento. Não é à toa que se ela pudesse escolher ser qualquer animal, seria justamente Chico, o poodle “porque aquele cachorro leva uma vida muito mansa”. E se encarar por tempo suficiente, vai entender que mesmo não sabendo se dizer pessimista ou otimista, ela sabe abrir janelas em quartos escuros como ninguém.

Como eu disse, detalhes são importantes. E infinitos. Porque mesmo depois de anos acompanhando a vida de alguém através do que essa pessoa escreve, você ainda se surpreende com as suas opiniões, sempre quer saber o que ela achou disso ou daquilo. Porque admiração não morre depois que a pessoa se torna amiga da gente, só aumenta. Cada pessoa tem detalhes específicos, é verdade, mas algumas delas são feitas deles. E de todas as emoções do mundo de uma vez.

Anna Vitória é assim. Ela pensa demais e sobre tantas coisas que é compreensível que tenha uma memória terrível a ponto de não saber se tomou o comprimido ou não. Ela é tão determinada e ciente de seus objetivos que larga a folia para terminar uma matéria, mas vezenquando atrasa um pouquinho pra poder brincar de “tuíte um filme” com as amigas. Ela morre de saudade das empreguetes e ao mesmo tempo se emociona ao relembrar o show – e as mãos maravilhosas – do Jon Foreman. Ela lê Vinícius de Moraes e Stephanie Perkins. Ela está predestinada a fazer grandes coisas na vida. Se eu fosse colocar “Anna Vitória” e “Impossível” na mesma frase, seria só pra dizer que é impossível não gostar dela. Porque se tem alguém que pode ser o que quiser na vida, esse alguém é ela.

Rainha das referências pop, diplomata, amante de filmes doentes, companheira de farra, madrinha deste blog, brilhante. Uma das pessoas mais fantásticas que eu já conheci. Se ela não existisse, seria personagem de algum filme a la Cinderela em Paris, musa do Woody Allen ou, se formos considerar suas desventuras hilárias, a sétima integrante de Friends. Anna Vitória é amiga de verdade, irmã com sotaque mineiro e um daqueles abraços dos quais a gente sente falta todo dia. Ela merece todas as melhores coisas do mundo em seu aniversário e na vida.

Amo você, Annokita!

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Love always, Taruxa

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

And the Oscar goes to…

Em época de Oscar todo mundo vira crítico de cinema, entendido de moda e, principalmente, palpiteiro. Não fujo à regra. Acompanhar a cerimônia, pra mim, é sagrado. Amo gritar minhas opiniões no Twitter, sempre acabo indo às lágrimas e levantando para aplaudir no meio da sala de casa. Só que este ano a coisa toda me encantou de um jeito especial. A primeira maravilha foi ver Christoph Waltz premiado. Confesso que meu coração pedia De Niro, que não leva uma estatueta há 23 anos e me deixou com os olhos cheios de lágrimas em O Lado Bom da Vida (uma das poucas reações que esse filme me causou), mas a vitória de Waltz foi uma grata surpresa. Ainda mais considerando um discurso emocionado em que ele chama Tarantino de herói. Falando em Mr. Quentin, que delícia vê-lo subir ao palco pelo roteiro de seu filme. O texto de Tarantino é uma de suas marcas registradas e nunca consigo descrever suas obras sem usar um palavrão. Peace out, xará!

Emocionante também foi rever os atores de Chicago, Mark Ruffalo matando de amor, Norah Jones divando, elenco de Les Mis arrepiando e… Adele. Pra essa mulher daqui a pouco só vai faltar o Nobel. Quando falei dela pela primeira vez aqui, em 2010, eu previ que ainda iríamos ouvir falar daquela inglesinha de voz arrebatadora. Aposta mais certeira que fiz na vida. Ela levou. E por Skyfall, um filme do James Bond, minha franquia favorita de todos os tempos. Se todas as meninas sonharam em interpretar mocinhas de comédias românticas, eu sempre quis ser Bond Girl. Por essas e outras, foi indescritível ver minha cantora favorita brilhando – literalmente, por causa do vestido – ao receber um Oscar.

O prêmio mais surpreendente da noite, na minha opinião, foi o de melhor direção. Amo Ang Lee por motivos de: Brockeback Mountain, e por considera-lo um diretor super sensível, mas jurava que ia dar Spielberg ou, no máximo, o austríaco de Amour. Depois dessa, vou ter que assistir Pi, um filme que boicotei deliberadamente por conta dos bastidores – Scliar, tamo junto. Também pretendo conferir Amour. Porém, vou passar longe de Lincoln, A Hora mais Escura e Indomável Sonhadora. Soninho define.

Falando no senhor presidente, sei que Daniel Day Lewis é um monstro e tal, mas nunca consigo assistir um filme dele até o fim. O único que consegui foi Nine, um dos musicais mais insuportáveis que já tive a infelicidade de pagar pra ver. Seu Oscar foi o mais previsível da história. Nessa categoria, torci sem esperanças para Denzel Washington, de O Voo.

Melhor atriz também foi “whatever”. J Law estava linda com aquele vestido ousado e clássico ao mesmo tempo e tombinhos sempre são bem vindos. Só que ela não merecia. Ganhar Oscar requer transparecer entrega na interpretação. Não acho que tenha sido o caso. A personagem não pedia e nem permitia isso. Basta lembrar de Natalie Portman, Meryl Streep e Marion Cotillard para perceber o quanto foi injusto. Mesmo sem ter visto Amour – ainda – minha aposta era Emmanuelle Riva. As poucas cenas que assisti dessa velhinha fofa me tocaram mais do que Lawrence no filme todo. E não acho que Riva tenha perdido por ser francesa. Volto a citar Marion Cotillard, uma das minhas vencedoras favoritas. Acredito que Jen conquistou os votantes ou que eles estavam querendo se redimir por não terem premiado a menina no ano em que concorreu por Inverno da Alma.

Porém, mesmo com a minha apatia em relação aos ganhadores das categorias principais de atuação, nada poderia me tirar da euforia que já havia sido causada por uma coadjuvante. Anne Hathaway, de quem já assisti praticamente toda a filmografia e amo desde o primeiro sorriso na tela. Talentosa até dizer chega, a eterna Mia Thermopolis me fez chorar horrores ao pegar sua estatueta das mãos do Capitão Von Trapp. Por uns minutos, até me esqueci daquele vestido horrível que não entendi até agora.

Lembram da entrega que citei acima? Ela mostrou em Os Miseráveis. Deu aula. Em poucos minutos, a dor de Fantine nos atinge feito uma surra e os acordes desesperados de “I dreamed a dream” são o golpe de morte que faltava. Vitória mais do que merecida. Senti um orgulho danado dela. E tenho certeza que toda uma geração sentiu o mesmo.

E, por fim, o maior prêmio da noite. Quem me acompanha no Twitter viu minha animação, minha alegria e o meu fracasso na tentativa de conter o CAPS LOCK. Ben Affleck, o desacreditado, o motivo de piada conhecido por escolhas terríveis como ator e que nem sequer foi indicado a melhor diretor. Não pude deixar de pensar que, em seu filme, ele  interpreta um personagem também desacreditado e motivo de piada. As lágrimas vieram de novo e mais fortes ainda. Argo é um filme fantástico. “Americanão” sem ser bairrista a ponto de outros povos não se envolverem. Tenso sem apostar em corridas de carro batidas, sem trilha sonora clichê nem lentidão. E conta uma história real sem cair em melodramas, com ironias divertidas e grandes atuações. Foi a primeira vez que torci com esperanças e foi a primeira vez que meu favorito venceu. Fechou uma cerimônia incrível com chave de ouro. Argo fuck yourself!

Mostra pra eles, meu Ben!

Love, Tary

P.S: Se o Seth apenas cantasse ao invés de ‘piadar’, eu estaria com uma aliança no dedo neste momento.

P.S 2: Obrigada às queridas que acompanharam tudo comigo: Annoca, Analu, Rafitcha, Marie, Renata, Mimi e Dede. Vocês merecem um Oscar de Melhor Elenco!

P.S 3: Esse é o título mais clichê desse mundo, mas sempre quis batizar um texto com ele :)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Suor sagrado

Poucas coisas me deixam mais feliz do que estar em uma festa, usando um vestido bonito depois de ter passado por todos os esforços mulherzísticos de praxe e, de repente, não mais que de repente: tocar aquela música. Não as que todo mundo dança, ou aquelas bem creiças que a gente sabe de cor porque não param de tocar no rádio, não aquelas que a gente se joga na pista de dança, mas torce o nariz quando alguém coloca pra tocar no ônibus e jamais colocaria no iPod. Mas aquela música. A letra é bonita. O som é bom demais pra ser verdade e te faz se sentir dentro do seu seriado favorito. Dançando no seu ritmo, gritando tão alto que é difícil saber como os pulmões aguentam. 

Nesses momentos - não me perguntem o porquê - tenho plena certeza de que estou muito viva. Mesmo que você esteja com um bando de gente amada em volta, essas pessoas vão sumindo. Não porque desapareçam de verdade, como quando a gente está olhando fixo pra alguém e não quer ver mais nada, mas porque seus olhos vão acabar se fechando por alguns segundos. Não tem jeito. Aqueles três ou quatro minutos parecem horas. Só você e a música. Mesmo que seus passos sejam desajeitados e mesmo que a empolgação não combine com o ritmo, você pouco se importa. Porque os batimentos do seu coração combinam.

Dizem que boa música é o perfeito casamento entre letra e melodia. Eu digo que quando você está aproveitando uma boa música, seu coração, seu corpo, sua voz - e até os cabelos, se for um rock bem pesado - se casam com ela também. As luzes da festa geralmente estão baixas e lá pelo final, ninguém está reparando mais no que os outros estão vestindo ou calçando. Ninguém mais liga para os cabelos desgrenhados nem para o suor. Mas eu confesso que quando termino minha jornada quase religiosa com a música que esperei desde o início, corro meus olhos pelo salão e acho o máximo ver os olhos fechados dos outros, as mão se movendo acima das cabeças. Aquele monte de gente quase saindo de seus corpos e sorrindo sem nenhuma razão em particular. A união deles com a música. É tão bonito de ver. Dá vontade de congelar aquela instante. Fazer o mundo parar.

Eu costumo dizer que não sou uma pessoa deveras musical, mas a verdade é que - assim como tudo na minha vida - música pra mim não é só música. E o que eu sinto ao escutar não é só um simples prazer. Na melhor festa do ano ou trancada no meu quarto com o som no último volume, eu me agarro a cada nota e a cada palavra musicada. Não me aguento dentro de mim mesma. Acho que a dança é um pouco disso também. Dançar bem ou mal não é a questão. Mas parece que quando você está envolvido demais, precisa colocar isso pra fora. Então, dança. E quando eu estou vivendo algo assim, não só me sinto muito viva e muito inteira, mas também, muito, muito jovem.


Love, Tary
P.S: Dedico esse post a minha irmã. A melhor dançarina e maior festeira que eu conheço. Ela sabe o que eu quis dizer. Te amo, sis!
P.S 2: Criei uma página do blog no Facebook! Quem gosta de acompanhar os posts, por favor, curta! Doces Rodopios :)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Da ficção para a realidade

Se tem uma coisa que é real nessa minha vida é o meu amor por personagens fictícios. Apesar de tremendamente nerd, essa frase é verdadeira. Não sou nada antissocial – pelo menos não quando eu não quero ser –, amo minha família e meus amigos, mas daria tudo pra passar algumas horas com alguns deles. Ouvir David Bowie com a Cassie, comentar livros e poemas com o Charlie, dividir dramas capilares com a Felicity, aprender feitiços com a Hermione, roubar o Cricket da Lola. Enfim. E hoje, eu tenho a oportunidade de imaginar um encontro com vários deles. Encontro esse que já imaginei diversas vezes.

Acho que todo mundo aqui já sabe que estou me aventurando pelos mares do You Tube. [Início do merchan] Faço vídeos literários semanais por lá e novos viewers são muito apreciados. Por isso, se inscrevam clicando aqui [fim do merchan]. Também super fã de vídeos, minha amiga diva Rafaela Venturim sugeriu que todas gravássemos uma TAG bem bacana. O tal do Jantar Literário. Topei prontamente e, apesar das dificuldades em escolher, montei a minha lista. A brincadeira consiste em organizar um jantar com vários personagens da Literatura a partir de algumas perguntas.

Para continuar a TAG, convido as queridas Gabriela Couth e Michas!

Love, Tary

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Quase sem querer

E no meio de tanta gente, eu encontrei você. Assim, quase sem querer. ‘Quase’ porque eu já te procurava há tempos. Tentei me enganar, dizendo que não precisava de ninguém, mas qual é, todo mundo sabe que é impossível ser feliz sozinho nessa vida. Preciso admitir que pedi por você nas duas vezes em que vi uma estrela cadente riscar o céu. E em todos os momentos em que contemplei o primeiro sol de primavera daquela janela lateral com um dos vidros quebrados. Nós dois, juntos.

Visualizei essa imagem tantas vezes na minha mente que, agora que é de verdade, preciso dizer em voz alta, bem devagar: “nós dois, juntos”. Uau. Parece mentira. Certeza que é o destino. O que mais pode ser? E quem de nós dois vai dizer é impossível? Você sempre foi o mais pessimista, mas deve ter aprendido alguma coisa comigo. Óbvio que aprendeu. Nunca foi de romancear as coisas. Sempre se manteve com os pés no chão. Mas vezenquando acariciava meu rosto e murmurava: “minha flor, meu bebê”. E eu sempre te chamava de cafona e te jogava uma almofada na cabeça, mas prendia o choro e pensava: “amor da minha vida, daqui até a eternidade”. Por algum motivo, eu nunca acreditei que aquela felicidade toda me pertencia.

Mas voltemos ao início. Você: moreno do cabelo enroladinho. Eu: sempre com tinta no cabelo. O encontro parecia ter sido arquitetado. Hora certa, lugar horrível. Entre tanta gente chata e sem nenhuma graça, você veio. Me ofereceu um drink, elogiou os meus olhos castanhos e me beijou. Aconteceu tudo tão rápido que parecia insignificante. Coisa de uma noite só. Aí você pegou a minha mão e eu senti na pele. A sua energia. As faíscas. O arrepio frio.

Começamos a dançar, devagar. Slow dancing in a burning room. Porque toda aquela festa com gente esquisita de repente havia desaparecido. Éramos só eu e você. Éramos um. E o meu corpo inteiro soube que era você o meu veneno antimonotonia. Não quis me precipitar ali. Não quis parecer afobada. Não quis te assustar. Mas quis que fosse pra sempre. Eu quis. Quase sem querer.

E no dia em que você foi embora, eu incorporei a personagem principal da música mais triste do meu próprio mundo. Foi então que precisei dizer que te amava. Não porque você ia me abandonar, mas porque eu já não tinha mais medo de dizer. Foi exatamente isso o que eu disse. “Eu te amo. Por isso não vá embora, não me deixe nunca. Nunca, nunca mais”.Você ficou. E eu continuo dizendo devagar e saboreando cada sílaba: “nós dois, juntos”. Primeiro foi quase sem querer. Agora nós dois queremos a mesma coisa. Quando você olha no meu olho e eu olho no teu, nós sabemos o que é. E quem um dia irá dizer que não existe razão?

Love, Tary

P.S: Todo esse post foi arquitetado com trechos e títulos de músicas! Espero que você tenha cantada o texto inteiro ;)