sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Asas tatuadas nas costas

Ela chegou em casa com os pés cansados por causa do salto alto. Largou a bolsa no sofá e foi correndo até a geladeira, morrendo de sede. Tomou dois copos d´água, começou a tirar a maquiagem e entrou no banho. Lavou os cabelos para tirar o cheiro do cigarro que aquela gente insiste em fumar dentro de locais fechados, escovou os dentes, colocou um pijama com estampa de bolinhas e caiu na cama sem nem se importar se acordaria com os fios embaraçados no dia seguinte.

Mal colocou a cabeça no travesseiro, recebeu uma mensagem no celular. “Não consigo parar de pensar em você…” Ele. O rapaz que ela jurava que jamais ligaria de novo. O rapaz por quem ela havia se apaixonado de um jeito que até doía. O rapaz com asas tatuadas nas costas. Lara leu a mensagem várias vezes e pensou no que fazer. Ir atrás dele? Nem pensar. Ela estava exausta, havia bebido umas doses a mais de tequila, tinha olheiras profundas e…não queria dar o braço a torcer.

Resolveu voltar a dormir quando o assovio irritante do aparelho se manifestou novamente. Bufando, ela se sentou na cama e se preparou para ler. “Ainda lembro do quanto você odeia ser acordada, Lara. Não diria isso se pudesse suportar ficar sem dizer. Amo você. Estou apaixonado por você. E você precisa saber disso antes de ir embora amanhã. Não pense que acreditei naquelas palavras. Disse aquilo só porque não queria que eu fosse atrás de você e deixasse tudo para depois. Eu realmente não posso ir atrás de você. Ainda não. Mas tenho direito a uma despedida decente. Posso ir até aí?”.

Assustada e com os lábios tremendo, Lara digitou umas palavras, rapidamente. “Você já está aqui, não está?”. A resposta veio com o som do interfone. Ela se levantou e foi descalça até a porta. Lá estava ele. Fábio. Usando um terno barato, com o rosto cansado de noites insones e uma tulipa nas mãos. Sorrindo, ele fez uma pergunta que não precisa de resposta: “Sabe o quanto eu amo você  assim, de cabelo molhado?”.

***

Mais tarde, dentro do avião e completamente em prantos, a última imagem que ela tinha na cabeça era a dele. Dormindo de bruços, tranquilo. Lindas asas nas costas. Naquele momento, tudo o que Lara queria no mundo era que aquele desenho fosse de verdade.

keep_calm

Love, Tary

4 comentários:

  1. Que poético que ficaram essas asas no conto, amiga! Sim, porque na vida real eu odiaria. Odeio tatuagens grandes. HAHAHA.
    E agora quero saber se a Lara vai desistir de viajar.. Poxa.. Gostei dela, ela dorme com cabelos molhados, eu também!
    Te amo <3

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  2. Meu Deus que coisa mais fofa! O ruim dos contos é que sempre dá vontade de saber o resto, se eu ver algum cara com tatuagem de asas nas costas já posso ter surtos acreditando que achei o meu Fábio rsrs! Beijos

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  3. Ai amiga, queria rolar com esse cara na grama, né por nada não. Essa coisa dele gostar dela com o cabelo molhado é tão amor!
    Adorei <3
    beijos

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  4. Lindo, lindo, lindo! Quantas de nós nunca sonhou com uma fofura dessas? E o toque das asas deixou o texto sensacional!
    Quero um Fábio <3
    haha
    Beijos! :*

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