sexta-feira, 23 de março de 2012

Figurante do Woody Allen

Gosto de coisas antigas. Filmes em preto e branco, livros clássicos, músicas. Meu cantor favorito já se foi há mais de 20 exageros, um ano antes de eu nascer, o que me enche de tristeza como se tivesse ido a todos os shows, conhecido pessoalmente, pegado autógrafo e tirado foto.

As canções favoritas da minha vida, meus dois hinos, meus dois mantras também são de outra época, tocaram primeiro em quartos sem internet nem televisão. Adoro sair pra dançar, mas não me importo em ficar em casa fazendo da minha cama o meu mundo, bem 90 aninhos, escrevendo cartas e desenhando corações.

Admiro mulheres de outros tempos, algumas lá da Idade Média, me inspiro em coisas que nem devia conhecer, fico nostálgica com coisas não vividas. No fundo – ou na superfície –, eu me encaixaria perfeitamente, assim como milhões de outras pessoas, naquele roteiro do Woody Allen, aquele mesmo que ganhou o Oscar e ele não foi buscar.

Porém, não sou insatisfeita com o meu tempo. Coloco todas as músicas da antiga pra tocarem lado a lado com as novas. Canto meus hinos todos os dias sem nem me importar se vão me achar louca por passar a vida cantarolando pelos cantos –mesmo quando morro de vergonha ao notar que fui surpreendida nas minhas cantarolices – , coloco as mulheres admiráveis pra estampar o meu espaço.

Eu não vivo de passado, mas gosto de olhar para trás, experimentar as histórias e depois contar o que aprendi. Pode me chamar de pós-moderna, dizer que não me aprofundo no passado, no presente ou no futuro. Pode dizer que eu quero tudo de uma vez. Quer saber? Eu quero mesmo.

Love, Tary

P.S: Dedico esse post a uma certa pessoa que ficou me atormentando no Facebook para postar. Qualquer reclamação sobre a qualidade do texto, favor trollar aqui.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Em cada canto eu vejo o lado bom

Tudo começou no sábado. Estava em casa vendo uma entrevista do Criolo no programa da Marília Gabriela, aí passei pra um vídeo dele cantando, me apaixonei completamente e fui correndo baixar o álbum pra ouvir tudo.  Acabei parando em um blog de música muito bom que acho até legal comentar aqui, o Gelo Negro. Fui passando os olhos por todos os posts e acabei dando de cara com uma foto da Mallu Magalhães acompanhada de um texto crítico sobre “Pitanga”, o novo e mais maduro disco da cantora. Quando olhei a foto já pensei: Jesus, essa não é a mesma garota meio tapadinha que deu entrevista  pro Jô Soares anos atrás! Fiquei louca com aquele delineador, o cabelo meio Brigitte Bardot e tratei de ver o clipe de “Velha e Louca”. Foi o que bastou. Viciei horrores na música e me identifiquei pra caramba com aquela letra. Sabe aquela sensação de “foi feita mim”, então.

No domingo foi ainda pior, cantei e fiquei dançandinho o dia inteiro. E fui logo mostrar a canção pra outra pessoa mais “velha e louca” – além de mim – que eu conheço. Dona Ana Luísa Bussular. E não deu outra, em poucos minutos, lá estávamos nós cantando juntas no facebook e dizendo que aquilo tinha que virar post de qualquer maneira.

Mas tudo desandou de vez quando eu inventei de dizer que estava maluca por um layout novo. Acontece que já virou tradição, toda vez que eu faço um pra mim, dou um de presente pra Analu. O motivo? Sim, ela me pede com olhos pidões. Sim, ela fica me perguntando o dia inteiro se eu já fiz, pedindo dicas de como está ou deixa de estar. Mas o motivo real é um só: eu realmente adoro! Amo pensar em cada pedacinho minúsculo pra mostrar o carinho que eu sinto por essa guria! E aí ela, muito gênia, pediu pra colocar um trechinho da música da Mallu que simplesmente já ficou marcada pra sempre nas nossas vidinhas e eu fui logo querendo imitar. Foi quando ela sugeriu: “você coloca um pedaço no teu e a letra se completa no meu”.  E o resultado está aqui e lá.

Ameeeega, preciso te dizer que ADORO muito ser velha, louca e TORTA com você!!! Te amo muito, muito!

Love, Tary

P.S: Agora “Menina Veneno” tem que ganhar post também!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Clarissa

Ela saiu do quarto com o cabelo roxo grudado na cara e aproveitou a sensação dos pés quentes desafiando o chão frio. Estava com um livro finlandês horroroso nas mãos e usando uma camiseta enorme do Strokes. Aí sentou no tapete da sala e deu uma boa olhada na tatuagem recém saída do forno e cravada pra sempre no braço esquerdo. Era isso aí. Não se arrependia nem um pouco. Nem mesmo depois da cara assustada dos amigos e do próprio tatuador. 
 
Então correu os olhos pelo apartamento, abarrotado de livros por todos os lados, exceto o quadrado do tapete, ocupado pelo computador e por suas pernas de fantasma. Aquele era o único canto para suas próprias histórias, canções e desenhos. O resto da sala era o mundo inteiro que ela experimentava todos os dias. O quarto só tinha espaço para uma cama de casal cheia de almofadas pretas e um banheiro com a pia grudada na porta. A cozinha, menor ainda, só servia para beber água, toddynho, whisky sem gelo e comer pizza, lasanha congelada, sushi.
 
Pintar não queria mais. Não tinha espaço pro cavalete e nem pro fogo que trazia pro peito essa história de transformar solidão em colorido. A pintura era só na parede. Junto com um monte de azul, laranja, milhões de frases escritas com canetinha preta, as inevitáveis cartas antigas. E, claro, aquele bilhete.

"Clarissa: cabelo de uva, olho castanho, corpo safado, paixão que pulsa, risada que morde, amor que sussurra... Beijo do teu".
 
Leu, releu. Levantou e foi em direção à parede. Pegou o bilhete. Leu mais uma vez. Colocou na boca, fechou os olhos e mastigou, mastigou. Sentiu o sabor da tinta, o papel se desmanchando até desaparecer. E ele tão perto, em forma de febre, causando tontura.

Três anos depois, vinte aulas de canto, cinquenta canções escritas, 267 livros espalhados, 5 tatuagens e uma nova paixão. Mas só de lembrar... lábios dormentes, corpo formigando, cacos se formando debaixo dos pés. E aquele gostinho agridoce de vida tomando conta do céu da boca e corroendo a garganta.                                                                                                     

"I remember when you came
You taught me how to sing
Now, it seems so far away"
The Strokes
 
Love, Tary

Este texto pode ser lido como a continuação de outros três postados aqui no blog em 2010. Hoje em dia o nome da série de contos me parece muito novela mexicana, mas a Clarissa é linda e eu de repente precisei saber como ela estava. Aí aproveitei o meme da Analu.

domingo, 18 de março de 2012

Não faça planos para o último ano da faculdade

Estamos em março e eu já sei: não vou fazer praticamente nada das coisas que planejei pra este ano. Nada. Eu tô vivendo de prazos, de estágio e faculdade, de pensar em TCC todos os minutos do meu dia e ler livros chatos - mentira, os de jornalismo de revista são muito legais. Aquela que assistia mais de vinte séries sumiu, agora é só Skins e olhe lá. Basta pensar que nunca mais vi Grey's Anatomy e dá aquele aperto na garganta... O projeto das 366 fotos? Caramba, como dói dizer que desisti de algo que eu queria tanto porque nem conseguia segurar a câmera quando chegava em casa de noite, de tão acabada. É divertido, mas acaba virando obrigatório e eu já tenho tantas coisas obrigatórias na minha vida ultimamente...Se vocês me permitem eu vou riscar aquela lista dos quereres para 2012 da minha mente. Se eu sobreviver a este ano de $#&@%, nossa, já vou ter feito muita coisa.

Love, Tary

P.S: Eu nem tava tão ranzinza assim, mas hoje é domingo, eu tenho trabalho pra entregar na quarta-feira e esse ano tá um lixo mesmo, sem brincadeira. Mas eu ainda sou fofinha, compro colares de coruja, vestidinhos e fico rindo dos Barbixas no YouTube.

P.S 2: Deu pra entender esse post? Escrevi sem parar pra pensar no que tava falando, haha!