domingo, 22 de fevereiro de 2015

Pitacos sobre o Oscar

Chegou aquela época do ano em que, depois de reclamar horrores do quanto o Oscar é retrógrado e injusto, a gente mal pode esperar para sentar na frente da TV e torcer pelos favoritos, exercitando o fangirling nosso de cada dia com uma intensidade um pouquinho mais assustadora do que de costume. Dessa vez, ter ânimo para ver tudo foi bem mais complicado do que em 2014, mas posso dizer que o saldo foi até positivo. Só boicotei um filme (sorry, Bradley Cooper), não tive que ver nada dirigido por David O. Russell e mesmo começando minha Maratona Oscar na sexta-feira, assisti sete dos oito indicados a Melhor Filme, além do esnobadíssimo Garota Exemplar. Resolvi então dividir com vocês alguns pitacos sobre os escolhidos da Academia. Nada de sinopses, só minha opinião. Coloquei as apostas e torcidas no final do post.

A Teoria de Tudo, de James Marsh

teory

O filme toma tanto cuidado para não manchar a imagem dos retratados, que acaba passando a sensação de que em nenhum momento nós os conhecemos de  verdade. A interpretação de Eddie Redmayne é de aplaudir de pé, mas Felicity Jones não me convenceu tanto assim. Talvez nem ela tenha tido acesso à real  personalidade de Jane Hawking. Uma pena. Pelo menos o ritmo é bacana. E caso alguém esteja se perguntando: não chorei.

Selma, de Ava DuVernay

david

David Oyelowo não ter sido indicado a melhor ator foi uma das maiores injustiças que acompanhei desde que assisto ao Oscar. O Martin Luther King construído por ele é extremamente humano e consegue arrepiar nos discursos, como não poderia deixar de ser. Mas sendo bem sincera, achei o filme meio enfadonho em alguns momentos.

Whiplash, de Damien Chazelle

whiplash

Aí a gente lembra que o diretor não está indicado ao Oscar e só consegue se lamentar porque esse é um dos aspectos mais brilhantes do filme, ao lado das atuações de J.K. Simmons (favorito ao prêmio) e Miles Teller. O ritmo é maravilhoso, fiquei vidrada na trama do início ao fim, louca pela próxima cena. E que final! Aqui, a música serve como pano de fundo para abordar obsessões. Se engana quem pensa que o filme É sobre música. Mesmo assim, não deixa de mostrar a arrogância presente nesse meio. A gente romantiza a arte até onde pode, mas o que tem de gente com falha no caráter e rei na barriga não está escrito. Infelizmente, humildade e talento nem sempre andam juntos. Na minha opinião, os personagens não são endeusados, mas expostos como o que realmente são: pessoas tristemente egocêntricas que podem até encontrar o que procuram um no outro, mas nunca vão alcançar a perfeição que tanto perseguem.

Birdman, de Alejandro Iñarritu

birdman

Insano, engraçado e... muito bom. Desculpa mundo, mas eu absolutamente amei as alfinetadas nos blockbusters e nos críticos de cinema. Adoro filme de super-herói e ler críticas é um dos meus passatempos favoritos, mas nada disso é intocável a ponto de não poder ser colocado na mesa para debate. Michael Keaton está apenas sensacional correndo de cueca, usando peruca molhada e limpando a boca com a metáfora da filha. Tem o Oscar do meu coração <3 Edward Norton me lembrou um pouco o personagem de Jonah Hill no ano passado: um babaca tão fora da casinha que acaba fazendo a gente morrer de rir. E olha, Emma Stone é um ser humano notável e sempre será, mas ainda não entendi o que fez de tão impressionante para ser indicada. Pra mim, ela foi competente e só. O único problema aqui é que o filme sabe o quanto é bom e tende a ficar meio presunçoso.

Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson

grandhotel

Tenho a impressão de que será o grande esnobado da noite nas categorias principais, mas deve levar aquelas que a maioria não liga muito. Maquiagem, figurino e cinematografia merecem reconhecimento. Ralph Fiennes está muito divertido, chamando policiais turrões de "darling" e sendo constantemente alertado para não flertar. Também adorei a intepretação de Tony Revolori. Zero me rendeu muitas risadas com suas respostas monossilábicas depois de ouvir o blá-blá-blá do chefe. Além disso, fiquei encantada com o jeito que a história é contada, dentro de várias outras. Mas não cheguei a ficar arrebatada de amor, cês entendem?

O Jogo da Imitação, de Morten Tyldum

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Eu estava morrendo de preguiça do filme, mas acabei pagando a língua. Benedict Cumberbatch está simplesmente fantástico! Ele se despiu de quem é para se transformar em Alan Turing. A construção ficou perfeita. Além disso, me conectei bastante com a história, apesar de algumas frases feitas terem me incomodado um pouquinho (e do filme evitar correr riscos). Destaque para Alex Lawther, que interpreta o protagonista na juventude. Além de ter entendido o personagem, o garoto ainda captou alguns gestos de Cumberbatch de maneira perfeita. 

Boyhood, de Richard Linklater

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Chegamos ao meu favorito disparado. Eu até consigo ver algumas falhas, como algumas referências meio forçadas, principalmente no início.  Mas nada grande o bastante para tirar o mérito de uma história com diálogos tão naturais, edição primorosa e que deixa uma sensação tão boa quando chega ao fim. Richard Linklater  realmente merece o Oscar de melhor direção. Ele é mestre em devolver nosso deslumbramento com a vida real através da ficção. Patricia Arquette e Ethan Hawke (<3) estão excepcionais e seus personagens mostram totalmente o quanto nossos pais são imperfeitos. Boyhood acerta muito ao retratar o que é estar vivo: lidar com rotina, mudanças e colecionar pequenos momentos marcantes que fazem essa loucura toda fazer algum sentido. Mesmo que a gente sempre espere mais.

Sniper americano, de Clint Eastwood

american

Sempre tem o filme que está na lista só pra gente ter o prazer de boicotar, né?

Apostas e torcida

Melhor filme
Vai ganhar: Boyhood
Minha torcida: Boyhood <3 <3 <3

Melhor atriz
Vai ganhar: Julianne Moore
Minha torcida: Rosamund Pike (give Amazing Amy an Oscar)

Melhor ator
Vai ganhar: Eddie Redmayne
Minha torcida: Michael Keaton (mas vou amar muito se o Eddie levar)

Melhor ator coadjuvante
Vai ganhar: J.K. Simmons
Minha torcida: Impossível ver Ethan Hawke entre os indicados depois de uma performance sensacional e não torcer por ele, mas J.K. Simmons merece muito. Fico dividida </3

Melhor atriz coadjuvante
Vai ganhar: Patricia Arquette
Minha torcida: Patricia Arquette

Melhor direção
Vai ganhar: Richard Linklater
Minha torcida: Richard Linklater (Que Iñarritu não destrua meus sonhos)

Love, Tary

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Retrospectiva literária em fevereiro, sim senhor

Postei sobre as minhas melhores leituras do ano passado lá no meu canal no YouTube há alguns dias e já estava com vontade de colocar o vídeo aqui, além de dividir outros pitacos. Mas aconteceu o que sempre acontece: a vida. Uma grande mudança, viagem, enfim. Só agora tive tempo. Espero que não esteja muito tarde pra vocês saberem mais um pouquinho sobre o que eu li em 2014!

Os melhores

Menções honrosas

Thriller do ano: No Escuro, de Elizabeth Haynes (livro de suspense que te faz se importar com os personagens e não apenas correr pra saber logo o desfecho).

Melhor livro de não-ficção: Renato Russo – O Filho da Revolução, de Carlos Marcelo (devorei feito pãozinho quente).

Infantis-amor: Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate, de Road Dahl <3

Melhor casal literário: Eleanor & Park, de Rainbow Rowell (chorei no final e me apaixonei por eles).

Romance delicioso: A Garota Que Você Deixou Para Trás, de Jojo Moyes (mais um ano em que essa autora me ganha completamente).

Traço mais lindo da vida: Retalhos, Craig Thompson (quando um desenho parte seu coração).

Maior gerador de discussão: Menino de Ouro, de Abigail Tarttelin (pensei muito, aprendi e, apesar de ter achado que a autora exagerou, pelo menos ela esgotou o assunto, explorando todos os “what ifs” possíveis).

Melhor livro de poesia: Poesia Completa de Alberto Caeiro (meu encontro com Fernando Pessoa foi simplesmente mágico)

Mais gostoso que brigadeiro: O Presente do Meu Grande Amor (nada melhor do que contos fofinhos para fechar o ano, né?) e A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista (suspiros).

Soco no estômago: Ratos & Homens, John Steinbeck.

Framboesa de ouro literário

Desperdício de plot: Cartas de Amor aos Mortos, de Ava Dellaria (terrível, de verdade). Falo mais sobre ele na TAG Sandy & Júnior, também lá no canal.

Podia ser muito melhor: Memórias de um Amigo Imaginário, de Mathew Dicks (tantas possibilidades e virou isso aí).

Achei que ia me divertir, mas é uma droga: O Projeto Rosie, Graeme Simsion (previsível e machista, que beleza).

Maior decepção: A Mulher do Viajante do Tempo, de Audrey Niffenegger (sonhei um sonho lindo de amar e foi bem mais ou menos). Fahrenheit 451, de Ray Bradbury também cabe aqui =/

Pior livro do ano: Cidades de Papel (John Green me mistura um monte de quotes bonitinhas com uma história péssima, bate no liquidificador e voilá:::: um livro. Não foi dessa vez, filho).

Livros bons que não me arrebataram

The Bell Jar, de Sylvia Plath.

A Metamorfose, de Franz Kafka.

Passarinha, de Kathryn Erskine

Bate-bola de personagens

Personagem apaixonante: Cameron Wolfe, de A Garota Que Eu Quero, do Markus Zusak (vocês precisam ler essa trilogia amor).

Personagem admirável: Irmãs Grimké, de A Invenção das Asas, da Sue Monk Kidd (falo mais sobre o livro nesse vídeo aqui).

Personagem mais chato: Margo, de Cidades de Papel (insuportável, mas pelo menos me provocou algum sentimento, diferente de todos os outros personagens do livro).

Personagem mais legal: Todo o elenco principal do maravilhoso Luna Clara & Apolo Onze, da Adriana Falcão. Também adorei os personagens de A Vida do Livreiro A.J. Fikry, da Gabrielle Zevin <3

Personagem mais perturbador: Lee, o psicopata assustador de No Escuro.

Personagem com quem mais me identifiquei: Matilda, do Road Dahl (ratinha de biblioteca que nem eu).

Para ver todos os livros que eu li no ano passado, clique aqui.

Love, Tary