Seis meses depois de ter postado nesse blog pela última vez, eu ainda não acredito que finalmente voltei. Já estava ensaiando o retorno, mas ainda não sentia que era “chegada a hora”. Talvez nem tenha chegado. Não tive um grande estalo, ou coisa parecida. Estava fazendo o layout da minha amiga, quando resolvi fazer um também. Aí gostei tanto do resultado que pareceu desperdício deixar de colocar no ar.
Essa imagem da Felicity com seu gravador antigo estava salva no meu computador há tanto tempo que eu já nem me lembrava dela. É um tanto irônico que a protagonista de uma das minhas séries favoritas envie fitas cassete (sim) com suas confidências para a melhor amiga, por se expressar melhor falando do que escrevendo, quando comigo acontece exatamente o contrário.
Me atrapalho para falar, gaguejo, interrompo os outros, falo demais. Não edito. Quando estou na frente do computador, ouvindo o barulho do teclado enquanto olho para a tela, algo dentro de mim parece certo. Ainda mais mágico é o som da caneta deslizando no papel. A letra que muda todo santo dia. O borrão que me lembrará para sempre da lágrima que o provocou. Por que então abandonar um blog, se gosto tanto de escrever? Bom, existe mais de uma resposta para esta pergunta.
Na verdade, eu tenho escrito muito. Todos os dias desde 8 de dezembro. Só não aqui. Em um journal de passarinhos que guarda incontáveis memórias e tudo aquilo que às vezes não tenho coragem de contar para ninguém. É algo que faço apenas para duas pessoas: aquela que sou hoje e minha versão do futuro, que talvez algum dia decida sentar na varanda de casa para ler minhas palavras. Resolvi manter um diário porque sentia falta de escrever.
E isso aconteceu quase ao mesmo tempo em que descobri uma das coisas mais importantes da minha vida até aqui: preciso escrever para mim, em primeiro lugar. Desenhar para mim. Gravar vídeos para mim. A done something is better than a perfect nothing é meu novo mantra. Não importa se não sou boa o suficiente e os outros insistam em me lembrar disso a todo momento. Não é por eles que estou fazendo. Pode ser bem difícil cravar isso na mente, mas eu me esforço.
Também passei por uma fase de abandonar tudo o que estava ao meu redor e olhar para dentro. E foi justamente nesse período que comecei a entender o porquê de deixar as coisas para trás. 2014 foi um ano de mais sofrimento do que alegria, mas agora, quando me lembro dele, sinto uma certa gratidão por tudo o que me ensinou. Enquanto eu passava por ele, essa clareza toda não era tão fácil de notar. Chegou o dia em que achei que o nome desse blog não combinava mais comigo. Me dar conta disso doeu tanto que precisei ir embora, vocês entendem?
Mas eu me vejo mudando a cada dia. Não sou mais a mesma de 2014. Nem de seis meses, ou uma semana atrás. E talvez ainda nem esteja pronta para isso, mas Felicity e seu gravador representam minha vontade de voltar a me expressar da melhor forma que conheço. Esse espaço - que completou 5 anos no primeiro dia de 2015 - sempre foi um bom abrigo. O resto eu ainda estou descobrindo.
Love, Tary
P.S: Ainda acredito nos rodopios.