sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Eu gosto do gosto da coragem
terça-feira, 31 de março de 2015
Primeiro trimestre
Aconteceram tantas coisas na minha vida nesses três meses que eles parecem ter durado cinco anos. Deixei um emprego sem ter outro em vista. Sofri uma grande decepção. Voltei a estudar. Chorei tanto que ainda não sei como sobrevivi. Me tornei ainda mais grata por ter uma família que me ama tanto. Me perdi, me encontrei, me perdi de novo, me encontrei de novo. Estou me procurando.
Entendi que ir embora pode ser a coisa mais corajosa a se fazer. Aprendi que perdoar às vezes é muito difícil, mas é importante fazer uma tentativa. Me convenci de que é muito cedo para abandonar os meus sonhos. Constatei que eu nunca quis tanto: escrever, me apaixonar e viajar por aí. Apesar de não me considerar boa ou preparada o suficiente para nenhuma dessas coisas. Virei noites e noites (essa, inclusive) tentando entender mil coisas sobre mim mesma. E as conclusões não param de mudar.
Amadureci muito, mas ainda me sinto aquela menina de 8 anos com várias ideias diferentes sobre o que seria quando crescesse. Enumerando possbilidades, imaginando sem parar as consequências de cada caminho. Desde pequena eu tenho essa mania de pensar muito. Principalmente no que os outros estão dizendo. Se estão rindo de mim, balançando a cabeça para as minhas escolhas, analisando cada um dos meus erros. Isso destrói minha vida em tantos aspectos. Dar uma importância enorme ao julgamento das outras pessoas. Deixar que me atinjam. Me comparar com elas.
Theodore Roosevelt disse: “Comparison is the thief of joy”. Como discordar? Comparar nossas vidas com a dos outros é uma das coisas mais cruéis que podemos fazer com nós mesmos. A gente se sente fracassado, inútil, ficando para trás. Não consigo dizer quantas vezes eu me senti assim, perdi todas as forças e quis ir pra casa chorar. Jon Acuff disse: “Don’t compare your beginning to someone else’s middle”. Cada um tem o direito de escolher a vida que pretende viver. São ritmos diferentes, outros objetivos, prioridades opostas. Não sei quanto ao resto do mundo, mas a minha prioridade é ser feliz.
Vira e mexe eu acho que não dá mais tempo. Que é tarde demais para reviravoltas. Que acabou. Não é nada saudável viver na minha cabeça e eu estou nela o tempo todo. Nesses momentos, as palavras socorrem. A arte liberta. O choro conforta. Às vezes, por incrível que pareça, sou salva por uma versão antiga de mim. Há dois anos, eu passei por uma mudança brusca e escrevi: “O que me move é olhar para o espelho e não enxergar uma ressentida que abandona a essência como se nada fosse e joga os princípios no lixo. Vejo uma menina que não sabe ainda o que pode esperar do futuro e se sente um bocado perdida, mas vai à luta. É difícil. Leva tempo. A vida é imprevisível. Mas dizem que em algum momento eu vou ter certeza de que não foi em vão.”. É difícil dizer se ainda tenho muito em comum com a dona desse texto, mas concordo com ela. Queria um abraço dela. Bem forte.
Na sexta-feira passada, estive em uma festa sensacional. Fazia tempo que andava me sentindo muito sem vaidade, sem paciência, sem vontade de me arrumar. Naquele dia, por alguma razão, eu decidi me empenhar. Coloquei brincos dourados enormes, usei um vestido de renda romântico, arrisquei no smokey eye, passei o batom magenta mais bonito do mundo. Me senti linda e confiante pela primeira vez em muito tempo. E me diverti horrores. Não pela maquiagem, não pelo vestido, mas pela mudança de atitude. Pelo menos por uma noite eu não precisaria me preocupar com o depois. No dia seguinte, me dei conta de que a garota produzida, com uma caipirinha na mão e um sorriso no rosto, que se joga na pista de dança como se ninguém estivesse olhando, não precisa ir embora quando o fim de semana chega ao fim. Ela pode ficar. Eu quero que fique.
Às vezes eu acho que passei um tempo precioso só me preocupando. Parece que metade de mim vira medo e a outra, uma triste coleção de dúvidas. Estou exausta. Não dá pra continuar assim. Chegou a hora de acreditar. Dar uma chance para a leveza que mora em mim, em algum lugar. Esquecer os julgamentos dos outros, enterrar fatalismos. Ver o que acontece. Ter um pouco de esperança. Colocar os holofotes no presente.
Aconteceram tantas coisas na minha vida nesses três meses que eles parecem ter durado cinco anos. Eu me sinto grata, cansada, feliz, triste, velha, jovem, sábia, perdida, cheia de coragem e morrendo de medo. Estou me redescobrindo.
Love, Tary
segunda-feira, 23 de março de 2015
Dicas para documentar a vida no papel
Depois de incontáveis vídeos no YouTube, fotos inspiradoras no Instagram, um livro a respeito do assunto e quase quatro meses escrevendo praticamente todos os dias, eu finalmente me sinto mais ou menos apta para fazer esse post com dicas para quem também quer documentar a vida em um journal. Quando falei sobre isso no meu canal, recebi vários comentários de pessoas com muitos bloqueios para começar (ou continuar). Gente com medo da página em branco, sem paciência para hábitos diários e até mesmo com receio de que a privacidade daquele caderno não fosse respeitada.
Começo dizendo o seguinte: se eu consegui, vocês conseguem. Sempre quis manter um diário, mas foram tantas as tentativas fracassadas que eu já tinha desistido. Cansei de prometer que usaria a agenda inteira e terminar o ano com 20 páginas escritas no primeiro mês. Isso mudou em dezembro do ano passado, por razões que já expliquei aqui, e agora simplesmente não consigo me imaginar deixando de arquivar a vida no papel. Chegou o momento em que pareço estar esquecendo alguma coisa quando não escrevo, sabe? E como eu adoro tagarelar sobre as minhas obsessões, resolvi tentar fazer vocês embarcarem nessa comigo.
Não tenha medo de errar
Percebi que a necessidade de fazer tudo com perfeição me prejudicava muito. Bastava uma palavra escrita errada ou um borrão de caneta para eu me irritar, desistir de escrever, arrancar a página. Foi muito fácil resolver isso: comprei um corretivo. Pronto. Seu journal reflete quem você é e seus erros também são importantes. Lembram do meu mantra desse ano? A done something is better than a perfect nothing. Descobri essa quote maravilhosa em um livro sobre journals e foi essencial para superar essa roubada de parar de fazer só por não estar impecável. Nunca vai estar. A graça mora justamente na imperfeição.
Esqueça o pavor da página em branco
Muita gente considera a primeira página totalmente assustadora. E isso tem tudo a ver com o item anterior: medo de arruinar o caderno limpinho e imaculado. Concordo com a minha journaltuber (essa palavra existe ou eu acabei de inventar?) favorita quando ela diz que escrever não destrói nada, pelo contrário, torna um journal melhor. Deixar em branco é o verdadeiro desperdício. Por isso, comece. Escreva o porquê de tentar manter um diário, faça um self image 2015, fale sobre o último livro que você amou (ou série, filme, peça de teatro, vídeo no YT, reportagem, post de blog), faça listas das coisas que te fazem feliz. Apenas comece.
Não se pressione para escrever todos os dias
Ter usado o meu journal por 30 dias seguidos foi um intensivão do qual eu precisava, mas já fiquei um bom tempinho sem escrever e tudo bem, sabe? Não existe patrulha do journal. Ninguém vai ter chamar de poser por não escrever diariamente. Deixou de lado por três meses e bateu vontade de voltar? Faça isso. Não é uma agenda com datas que vão ficar em branco e causar depressão quando a gente olhar (aliás, não recomendo usar agendas como diários exatamente por isso). Se você tem medo de abandonar o pobre caderninho por um ano, minha dica é seguir gente inspiradora nas redes sociais para que elas te lembrem do quanto se divertiu na última vez.
Abuse de quotes e decore como se não houvesse amanhã
Às vezes estou tão empolgada para escrever que passo um tempão enchendo o papel de citações depois do registro do dia (o mesmo serve para quando você não está com vontade de escrever at all). Minha técnica favorita é colocar várias quotes num papel Canson, com fontes diferentes, decorações diversas e então recortar do jeito que der na telha para colar no journal. Além de dar um efeito legal (deixa o caderno mais gordinho <3), posso usar a criatividade sem medo de fazer caquinha na página. Outra dica bacana é usar fitas coloridas nas margens. E ainda sai barato, viu. Essa da foto custou 75 centavos! As washi tapes, fitas japonesas decoradas, são bem mais caras, mas eu comprei três (por motivos de não resisti) e estou louca para chegarem logo. Adesivos são outra forma incrível de decoração. Pegue aquelas cartelas dos cadernos velhos da escola (que você não deixava ninguém tocar e acabou não tocando também) e se jogue. Não, ninguém aqui está velho para usar um adesivo do Pooh ou da Turma da Mônica. Largue de ser besta. Também não deixe de desenhar por não se sentir bom o suficiente: ninguém está olhando. Nem preciso falar de canetas coloridas e lápis de cor, preciso?
Repense sua definição de “lixo” e cole tudo o que puder
O que você faz com ingressos, embalagens, recibos de compras, cartões de embarque, aquela folha de árvore linda que encontrou na rua? Se sua resposta for “jogo fora”, trate já de mudar isso. Todas essas coisas podem ser materiais para o seu journal. O mesmo vale para cartões-postais ou festivos, bilhetes e cartas (esses eu espero que você guarde ao invés de jogar no lixo, né?). Revistas também podem ser incríveis para encontrar aquela imagem perfeita do seu cantor favorito (e escrever sobre ele, claro) ou cortar figuras aleatórias e fazer colagens. Se a impressora tiver tinta, faça a festa escolhendo fotos no We Heart It.
Tenha 2 coisas em mente: sua vida importa e você vai querer escrever sobre
Sem essa de “minha vida não é interessante o suficiente”. A principal diferença entre diário e journal é que o primeiro tem mais a ver com relatar o que aconteceu no dia, enquanto o mais importante no segundo é não esquecer de falar sobre os seus sentimentos. Não é somente “hoje eu entreguei meu TCC”. É algo como: “hoje eu entreguei meu TCC e senti uma mistura estranha de alívio e orgulho. Sofri tanto com esse trabalho, pensei mil vezes em desistir, mas fico muito feliz por ter conseguido”. O que você está sentindo sempre será importante. Não só para quem está escrevendo agora, mas para o seu eu do futuro, que vai reler. Arquivar memórias é importante para relembrar, se conhecer e observar seu amadurecimento. A mágica aqui é: você realmente pode escrever sobre tudo. O sonho esquisito da noite passada que ninguém quis ouvir, a conversa de desconhecidos no ônibus, a briga horrorosa que te deixou em pedaços, o porre monumental naquela festa incrível, o conto que você está enrolando para escrever, sua primeira poesia. Cada pensamento, emoção, vivência, tentativa criativa e coração partido têm lugar no seu journal.
Em caso de bloqueio criativo, aposte nos prompts
Journal prompts são tópicos para te estimular a escrever. Por exemplo, “minha lembrança favorita da infância”, “se eu fosse um animal, eu seria…” ou “se eu pudesse jantar com qualquer pessoa, viva ou morta, essa pessoa seria…” Confesso que ainda não precisei usar desse artíficio. Sempre tenho alguma coisa pessoal para registrar, mas já tenho vários anotados esperando a falta de inspiração bater à porta. A internet está recheada deles. O único porém é que a maioria, infelizmente, ainda é em inglês. Se não estiver familiarizado com a língua, vale pedir ajuda para um amigo ou até mesmo usar o velho Google Tradutor. Não é a melhor coisa do mundo, mas deve servir.
Quotes escritas em Canson, recortes de revista e envelopes onde guardo tudo
Algumas dicas são quase instintivas: um journal bonito é um journal no qual você vai querer escrever (eu me apaixonei pela marca Peter Pauper Press e não sei se vou passar para outra tão cedo), esconda em um lugar seguro se tiver medo de alguém ler, seja sempre honesto com você mesmo, nunca esqueça de colocar a data (eu gosto de registrar o horário também), enfim. Tentei abordar os pontos principais e acho que não esqueci de nada muito essencial, mas se tiverem alguma dúvida, por favor, escrevam nos comentários. Espero ter convencido vocês! É uma das minhas mais recentes paixões e eu indico para todo mundo, de verdade. Aposto que vocês vão voltar depois me contando como escrever faz diferença.
Love, Tary
quarta-feira, 4 de março de 2015
Coisas que vocês gostariam de saber sobre o blog (ou não)
"Quem não tem cão, caça com meme" tem sido um dos meus jargões favoritos há algum tempo. Principalmente nessa fase em que ainda não consegui voltar a escrever com a mesma frequência de antes. Por isso, fiquei super contente quando a fofa da Michas (aniversariante do dia, aliás, parabéns, Michas <3) me convidou a responder essas perguntas do One Lovely Blog Award. É um questionário bem bacana para os antigos e novos leitores conhecerem um pouco mais sobre o blog.
Por que decidiu criar um blog e quando começou?
A decisão surgiu da vontade de compartilhar a vida e minhas paixões através da escrita, algo que sempre gostei de fazer, mas não compartilhava com todo mundo. O Doces Rodopios nasceu em 2010 (e lá se vão 5 anos, minha gente), mas eu sou blogueira há bem mais tempo que isso.
Quais são os benefícios que o blog te traz?
Adoro desabafar, dividir experiências, tagarelar sobre o que eu gosto muito e conhecer pessoas novas com quem partilhar tudo isso. Essas coisas me trazem bem-estar. Também sinto que, com o passar dos anos, passei a escrever melhor. Lógico que às vezes acho que só falo besteira e bate aquela vontade de excluir tudo (quem nunca, né?), mas na maior parte do tempo consigo enxergar uma certa evolução e isso é legal.
Qual é o post mais acessado?
O post mais lido de todos os tempos é um lá do início do blog, sobre os 10 melhores filmes chorantes, na minha opinião, claro. Fui conferir e todos merecem estar na lista porque ainda provocam o mesmo efeito, mas claro que hoje em dia acrescentaria mais alguns. Quem sabe um dia não resgato essa ideia.
Você usa as redes sociais?
Eu sempre demoro muito para aderir. Foi assim com o finado Orkut, com Twitter, Facebook, Instagram.... Porém, não é muito difícil me conquistar e obviamente estou em todas elas. Vocês também podem me encontrar no Youtube, Skoob, Filmow, Orangotag, Last FM e We Heart It. Clique aqui para encontrar os links de todas essas redes.
Como o blog tem evoluído?
Não faço a menor ideia. Confesso que minha criatividade e ânimo para escrever diminuíram consideravelmente. Vocês já estão cansados de saber que não sou a blogueira mais presente desse mundo. No entanto, por algum motivo, nunca desisti por completo. Gosto de estar aqui e espero continuar, mas como meu retorno é muito recente, as coisas ainda estão se encaminhando.
Já viveu um fato importante por causa do blog?
Sim! O maior deles foi ter conhecido a Máfia, também conhecida como A Gente, também conhecida como "blogueiras que se tornaram grandes amigas". Quem diria que tudo começou com a criação de um grupo no Facebook para termos "ideias de post" e acabou se transformando nessa loucura tão mágica. Construímos uma história que eu vou contar para os meus netos, com certeza.
De onde nasce a inspiração para escrever e continuar com o blog?
Tudo o que está ao meu redor, principalmente a vida e todos os tipos de arte.
O que você tem aprendido a nível pessoal e profissional este ano?
Boa pergunta. Na vida pessoal, eu aprendi que não consigo ficar sem escrever. Não importa se for nesse blog ou nos meus journals que ninguém lê. Deixar de transformar meus pensamentos em palavras e registrar em algum canto é meio sufocante pra mim. Com relação à vida profissional, o maior aprendizado desse ano foi o seguinte: minha felicidade é maior que ela. Acho que isso diz muito. Agora, se a pergunta se refere ao blog e ao canal, posso dizer que ainda estou aprendendo e conto quando achar que devo.
Qual é sua frase preferida?
Ultimamente tem sido “a done something is better than a perfect nothing”. Já disse que esse é meu mantra de 2015 e tem me ajudado a produzir. Não dá mais pra deixar de fazer as coisas por conta do meu perfeccionismo ou do que os outros vão pensar.
Qual conselho você daria para quem está começando agora no mundo dos blogs?
Só comece se for por amor. Não entre nessa pra, sei lá, ganhar dinheiro, presentes, parcerias. Nada de comentários do tipo “que lay lindo, passa no meu?” nem de ficar se divulgando nas redes sociais alheias. Isso é extremamente chato e pode até te render visitas, mas de blogueiros que vão te tratar exatamente da mesma maneira impessoal. Se comportando assim, você estará perdendo alguns dos aspectos mais legais de ter um espaço na internet: conhecer gente bacana e ser lido. Aliás, sempre leia os textos antes de comentar. Também acho importante ter paciência. Não é da noite para o dia que você vai ter vários comentários, seguidores, amigos de verdade. Tudo isso leva tempo. Pra finalizar, os três últimos conselhos: seja você mesmo, se divirta, não leve mais a sério do que o necessário.
O que os blogs que você vai indicar tem em comum?
As donas são duas pessoas lindas e que são minhas amigas. Indico o Pudding, da Couthinha, e o Pensamentos de Lilica, da Lili.
Love, Tary
domingo, 22 de fevereiro de 2015
Pitacos sobre o Oscar
Chegou aquela época do ano em que, depois de reclamar horrores do quanto o Oscar é retrógrado e injusto, a gente mal pode esperar para sentar na frente da TV e torcer pelos favoritos, exercitando o fangirling nosso de cada dia com uma intensidade um pouquinho mais assustadora do que de costume. Dessa vez, ter ânimo para ver tudo foi bem mais complicado do que em 2014, mas posso dizer que o saldo foi até positivo. Só boicotei um filme (sorry, Bradley Cooper), não tive que ver nada dirigido por David O. Russell e mesmo começando minha Maratona Oscar na sexta-feira, assisti sete dos oito indicados a Melhor Filme, além do esnobadíssimo Garota Exemplar. Resolvi então dividir com vocês alguns pitacos sobre os escolhidos da Academia. Nada de sinopses, só minha opinião. Coloquei as apostas e torcidas no final do post.
A Teoria de Tudo, de James Marsh
O filme toma tanto cuidado para não manchar a imagem dos retratados, que acaba passando a sensação de que em nenhum momento nós os conhecemos de verdade. A interpretação de Eddie Redmayne é de aplaudir de pé, mas Felicity Jones não me convenceu tanto assim. Talvez nem ela tenha tido acesso à real personalidade de Jane Hawking. Uma pena. Pelo menos o ritmo é bacana. E caso alguém esteja se perguntando: não chorei.
Selma, de Ava DuVernay
David Oyelowo não ter sido indicado a melhor ator foi uma das maiores injustiças que acompanhei desde que assisto ao Oscar. O Martin Luther King construído por ele é extremamente humano e consegue arrepiar nos discursos, como não poderia deixar de ser. Mas sendo bem sincera, achei o filme meio enfadonho em alguns momentos.
Whiplash, de Damien Chazelle
Aí a gente lembra que o diretor não está indicado ao Oscar e só consegue se lamentar porque esse é um dos aspectos mais brilhantes do filme, ao lado das atuações de J.K. Simmons (favorito ao prêmio) e Miles Teller. O ritmo é maravilhoso, fiquei vidrada na trama do início ao fim, louca pela próxima cena. E que final! Aqui, a música serve como pano de fundo para abordar obsessões. Se engana quem pensa que o filme É sobre música. Mesmo assim, não deixa de mostrar a arrogância presente nesse meio. A gente romantiza a arte até onde pode, mas o que tem de gente com falha no caráter e rei na barriga não está escrito. Infelizmente, humildade e talento nem sempre andam juntos. Na minha opinião, os personagens não são endeusados, mas expostos como o que realmente são: pessoas tristemente egocêntricas que podem até encontrar o que procuram um no outro, mas nunca vão alcançar a perfeição que tanto perseguem.
Birdman, de Alejandro Iñarritu
Insano, engraçado e... muito bom. Desculpa mundo, mas eu absolutamente amei as alfinetadas nos blockbusters e nos críticos de cinema. Adoro filme de super-herói e ler críticas é um dos meus passatempos favoritos, mas nada disso é intocável a ponto de não poder ser colocado na mesa para debate. Michael Keaton está apenas sensacional correndo de cueca, usando peruca molhada e limpando a boca com a metáfora da filha. Tem o Oscar do meu coração <3 Edward Norton me lembrou um pouco o personagem de Jonah Hill no ano passado: um babaca tão fora da casinha que acaba fazendo a gente morrer de rir. E olha, Emma Stone é um ser humano notável e sempre será, mas ainda não entendi o que fez de tão impressionante para ser indicada. Pra mim, ela foi competente e só. O único problema aqui é que o filme sabe o quanto é bom e tende a ficar meio presunçoso.
Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson
Tenho a impressão de que será o grande esnobado da noite nas categorias principais, mas deve levar aquelas que a maioria não liga muito. Maquiagem, figurino e cinematografia merecem reconhecimento. Ralph Fiennes está muito divertido, chamando policiais turrões de "darling" e sendo constantemente alertado para não flertar. Também adorei a intepretação de Tony Revolori. Zero me rendeu muitas risadas com suas respostas monossilábicas depois de ouvir o blá-blá-blá do chefe. Além disso, fiquei encantada com o jeito que a história é contada, dentro de várias outras. Mas não cheguei a ficar arrebatada de amor, cês entendem?
O Jogo da Imitação, de Morten Tyldum
Eu estava morrendo de preguiça do filme, mas acabei pagando a língua. Benedict Cumberbatch está simplesmente fantástico! Ele se despiu de quem é para se transformar em Alan Turing. A construção ficou perfeita. Além disso, me conectei bastante com a história, apesar de algumas frases feitas terem me incomodado um pouquinho (e do filme evitar correr riscos). Destaque para Alex Lawther, que interpreta o protagonista na juventude. Além de ter entendido o personagem, o garoto ainda captou alguns gestos de Cumberbatch de maneira perfeita.
Boyhood, de Richard Linklater
Chegamos ao meu favorito disparado. Eu até consigo ver algumas falhas, como algumas referências meio forçadas, principalmente no início. Mas nada grande o bastante para tirar o mérito de uma história com diálogos tão naturais, edição primorosa e que deixa uma sensação tão boa quando chega ao fim. Richard Linklater realmente merece o Oscar de melhor direção. Ele é mestre em devolver nosso deslumbramento com a vida real através da ficção. Patricia Arquette e Ethan Hawke (<3) estão excepcionais e seus personagens mostram totalmente o quanto nossos pais são imperfeitos. Boyhood acerta muito ao retratar o que é estar vivo: lidar com rotina, mudanças e colecionar pequenos momentos marcantes que fazem essa loucura toda fazer algum sentido. Mesmo que a gente sempre espere mais.
Sniper americano, de Clint Eastwood
Sempre tem o filme que está na lista só pra gente ter o prazer de boicotar, né?
Apostas e torcida
Melhor filme
Vai ganhar: Boyhood
Minha torcida: Boyhood <3 <3 <3
Melhor atriz
Vai ganhar: Julianne Moore
Minha torcida: Rosamund Pike (give Amazing Amy an Oscar)
Melhor ator
Vai ganhar: Eddie Redmayne
Minha torcida: Michael Keaton (mas vou amar muito se o Eddie levar)
Melhor ator coadjuvante
Vai ganhar: J.K. Simmons
Minha torcida: Impossível ver Ethan Hawke entre os indicados depois de uma performance sensacional e não torcer por ele, mas J.K. Simmons merece muito. Fico dividida </3
Melhor atriz coadjuvante
Vai ganhar: Patricia Arquette
Minha torcida: Patricia Arquette
Melhor direção
Vai ganhar: Richard Linklater
Minha torcida: Richard Linklater (Que Iñarritu não destrua meus sonhos)
Love, Tary
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Retrospectiva literária em fevereiro, sim senhor
Postei sobre as minhas melhores leituras do ano passado lá no meu canal no YouTube há alguns dias e já estava com vontade de colocar o vídeo aqui, além de dividir outros pitacos. Mas aconteceu o que sempre acontece: a vida. Uma grande mudança, viagem, enfim. Só agora tive tempo. Espero que não esteja muito tarde pra vocês saberem mais um pouquinho sobre o que eu li em 2014!
Os melhores
Menções honrosas
Thriller do ano: No Escuro, de Elizabeth Haynes (livro de suspense que te faz se importar com os personagens e não apenas correr pra saber logo o desfecho).
Melhor livro de não-ficção: Renato Russo – O Filho da Revolução, de Carlos Marcelo (devorei feito pãozinho quente).
Infantis-amor: Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate, de Road Dahl <3
Melhor casal literário: Eleanor & Park, de Rainbow Rowell (chorei no final e me apaixonei por eles).
Romance delicioso: A Garota Que Você Deixou Para Trás, de Jojo Moyes (mais um ano em que essa autora me ganha completamente).
Traço mais lindo da vida: Retalhos, Craig Thompson (quando um desenho parte seu coração).
Maior gerador de discussão: Menino de Ouro, de Abigail Tarttelin (pensei muito, aprendi e, apesar de ter achado que a autora exagerou, pelo menos ela esgotou o assunto, explorando todos os “what ifs” possíveis).
Melhor livro de poesia: Poesia Completa de Alberto Caeiro (meu encontro com Fernando Pessoa foi simplesmente mágico)
Mais gostoso que brigadeiro: O Presente do Meu Grande Amor (nada melhor do que contos fofinhos para fechar o ano, né?) e A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista (suspiros).
Soco no estômago: Ratos & Homens, John Steinbeck.
Framboesa de ouro literário
Desperdício de plot: Cartas de Amor aos Mortos, de Ava Dellaria (terrível, de verdade). Falo mais sobre ele na TAG Sandy & Júnior, também lá no canal.
Podia ser muito melhor: Memórias de um Amigo Imaginário, de Mathew Dicks (tantas possibilidades e virou isso aí).
Achei que ia me divertir, mas é uma droga: O Projeto Rosie, Graeme Simsion (previsível e machista, que beleza).
Maior decepção: A Mulher do Viajante do Tempo, de Audrey Niffenegger (sonhei um sonho lindo de amar e foi bem mais ou menos). Fahrenheit 451, de Ray Bradbury também cabe aqui =/
Pior livro do ano: Cidades de Papel (John Green me mistura um monte de quotes bonitinhas com uma história péssima, bate no liquidificador e voilá:::: um livro. Não foi dessa vez, filho).
Livros bons que não me arrebataram
The Bell Jar, de Sylvia Plath.
A Metamorfose, de Franz Kafka.
Passarinha, de Kathryn Erskine
Bate-bola de personagens
Personagem apaixonante: Cameron Wolfe, de A Garota Que Eu Quero, do Markus Zusak (vocês precisam ler essa trilogia amor).
Personagem admirável: Irmãs Grimké, de A Invenção das Asas, da Sue Monk Kidd (falo mais sobre o livro nesse vídeo aqui).
Personagem mais chato: Margo, de Cidades de Papel (insuportável, mas pelo menos me provocou algum sentimento, diferente de todos os outros personagens do livro).
Personagem mais legal: Todo o elenco principal do maravilhoso Luna Clara & Apolo Onze, da Adriana Falcão. Também adorei os personagens de A Vida do Livreiro A.J. Fikry, da Gabrielle Zevin <3
Personagem mais perturbador: Lee, o psicopata assustador de No Escuro.
Personagem com quem mais me identifiquei: Matilda, do Road Dahl (ratinha de biblioteca que nem eu).
Para ver todos os livros que eu li no ano passado, clique aqui.
Love, Tary
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
A done something is better than a perfect nothing
Seis meses depois de ter postado nesse blog pela última vez, eu ainda não acredito que finalmente voltei. Já estava ensaiando o retorno, mas ainda não sentia que era “chegada a hora”. Talvez nem tenha chegado. Não tive um grande estalo, ou coisa parecida. Estava fazendo o layout da minha amiga, quando resolvi fazer um também. Aí gostei tanto do resultado que pareceu desperdício deixar de colocar no ar.
Essa imagem da Felicity com seu gravador antigo estava salva no meu computador há tanto tempo que eu já nem me lembrava dela. É um tanto irônico que a protagonista de uma das minhas séries favoritas envie fitas cassete (sim) com suas confidências para a melhor amiga, por se expressar melhor falando do que escrevendo, quando comigo acontece exatamente o contrário.
Me atrapalho para falar, gaguejo, interrompo os outros, falo demais. Não edito. Quando estou na frente do computador, ouvindo o barulho do teclado enquanto olho para a tela, algo dentro de mim parece certo. Ainda mais mágico é o som da caneta deslizando no papel. A letra que muda todo santo dia. O borrão que me lembrará para sempre da lágrima que o provocou. Por que então abandonar um blog, se gosto tanto de escrever? Bom, existe mais de uma resposta para esta pergunta.
Na verdade, eu tenho escrito muito. Todos os dias desde 8 de dezembro. Só não aqui. Em um journal de passarinhos que guarda incontáveis memórias e tudo aquilo que às vezes não tenho coragem de contar para ninguém. É algo que faço apenas para duas pessoas: aquela que sou hoje e minha versão do futuro, que talvez algum dia decida sentar na varanda de casa para ler minhas palavras. Resolvi manter um diário porque sentia falta de escrever.
E isso aconteceu quase ao mesmo tempo em que descobri uma das coisas mais importantes da minha vida até aqui: preciso escrever para mim, em primeiro lugar. Desenhar para mim. Gravar vídeos para mim. A done something is better than a perfect nothing é meu novo mantra. Não importa se não sou boa o suficiente e os outros insistam em me lembrar disso a todo momento. Não é por eles que estou fazendo. Pode ser bem difícil cravar isso na mente, mas eu me esforço.
Também passei por uma fase de abandonar tudo o que estava ao meu redor e olhar para dentro. E foi justamente nesse período que comecei a entender o porquê de deixar as coisas para trás. 2014 foi um ano de mais sofrimento do que alegria, mas agora, quando me lembro dele, sinto uma certa gratidão por tudo o que me ensinou. Enquanto eu passava por ele, essa clareza toda não era tão fácil de notar. Chegou o dia em que achei que o nome desse blog não combinava mais comigo. Me dar conta disso doeu tanto que precisei ir embora, vocês entendem?
Mas eu me vejo mudando a cada dia. Não sou mais a mesma de 2014. Nem de seis meses, ou uma semana atrás. E talvez ainda nem esteja pronta para isso, mas Felicity e seu gravador representam minha vontade de voltar a me expressar da melhor forma que conheço. Esse espaço - que completou 5 anos no primeiro dia de 2015 - sempre foi um bom abrigo. O resto eu ainda estou descobrindo.
Love, Tary
P.S: Ainda acredito nos rodopios.