O ano que passou foi muito produtivo em matéria de leituras (pelo menos nisso). Participei de dois desafios com 12 livros cada e consegui ler cinco livros de um, seis do outro. Se você me conhece um pouquinho sabe que isso é um grande avanço: odeio planejar leituras. Ao todo, foram 54 livros (para ver a lista completa, clique aqui). Os melhores vocês poderão conferir no vídeo que gravei para o meu canal no YouTube, mas resolvi também ressuscitar o meme que criei no fim de 2010, pois: a) alguns livrinhos precisam ser citados, b) sinto saudade de escrever sobre livros, e c) quero dar uma de Deyse Batista e esculachar certos títulos manés. Agora chega de papo e vamos iniciar os trabalhos.
O melhor casal literário
Lou & Will, de Como eu era antes de você partiram o meu coração em milhares de pedacinhos que até agora devem estar perdidos no meio das páginas daquele livro. Morri de medo do relacionamento dos dois ficar forçado e melodramático, mas não aconteceu. O envolvimento se deu de uma forma tão gradual e delicada que não foi difícil me apaixonar. Se separados eles já eram personagens incríveis, imagine quando interagiam? Os dois me fizeram rir, chorar (muito) e refletir sobre coisas que nem passavam pela minha cabeça. Eles me ensinaram muito e sempre serei grata por isso.
Menção muito honrosa: Lina & Andrius, de A Vida em tons de Cinza.
Virei a noite lendo
O Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman. Finalmente pude constatar o que já suspeitava: Neil Gaiman é um brilhante contador de histórias. Sua narrativa deliciosa me pegou de jeito e terminei de ler o livro em um dia, desesperada por mais. Não largo mais esse homem por nada nesse mundo.
Soco no estômago
Vida Roubada, de Jaycee Dugard. Foi exatamente essa a sensação que tive ao ser exposta às memórias da menina sequestrada que passou 18 anos nas mãos de seu algoz, um pedófilo condenado. Paralisada pelo medo, se sentindo culpada, morrendo de saudade da mãe. Se alegrando com a chegada das filhas que teve com o bandido, pois assim não estaria mais sozinha. Me indignei com a negligência das autoridades americanas, que iam até a casa para vigiar o homem, mas parecem ter pouco se importado em dar uma olhada no quintal, onde uma garotinha encarcerada rezava por ajuda. E até agora, meses depois da leitura, ainda não entendo como a mulher desse sequestrador – sim, ele era casado – ajudou a raptar Jaycee e se omitiu diante dos abusos cometidos pelo marido. Socos de todos os lados, medo da maldade existente no mundo.
A Mulher Desiludida, de Simone de Beauvoir. Os dois últimos contos até hoje não pararam de me estapear. Murielle, desolada pelo suicídio da filha, deprimida com a solidão e repetindo mil vezes que está farta farta farta farta. Monique, traída pelo marido, iludida sobre a possibilidade dele se arrepender e se sentindo cada vez mais esquecida. A escrita da autora é daquelas que você jamais conseguirá esquecer e passará a vida se martirizando por jamais chegar aos pés. Absolutamente necessário.
Chorei de soluçar
As maiores choradeiras do ano foram: Como eu era antes de você, A Vida em Tons de Cinza e Extraordinário. O primeiro por motivos de: melhor casal literário do ano sofrendo. O segundo: melhor elenco do ano sofrendo do início ao fim. O terceiro: criança mais incrível do ano sofrendo (também chorei quando ela para de sofrer, mas enfim).
A maior decepção do ano
O que aconteceu com o adeus e A Caminho do Verão, da Sarah Dessen. Esperava algo de absurdamente sensacional desses dois livros (que foram bem caros, pra piorar) e achei ambos medianos. A autora também segue uma fórmula de: personagens desajustadas, com nomes diferentes e problemas familiares (pelo menos a julgar por esses livros), que considerei bem pouco criativa. Fora que a mulher é prolixa pra caramba! Nenhum deles precisava de tantas páginas. No entanto, por algum motivo, ainda não desisti. Dizem que Just Listen é o melhor livro da Sarah e ainda tenho vontade de conferir.
O mais chato
Dez (quase) amores, de Cláudia Tajes. Ai, nem sinto vontade de falar sobre esse livro. O PIOR de 2013. Esperava um chick-lit engraçado e encontrei piadas ruins, acompanhadas de uma protagonista insuportável, além de machista. Nunca vou me esquecer dela falando que o namorado (papai-noel de shopping) havia incorporado a personalidade do bom velhinho e “mulher gosta mesmo é de um bom canalha”. Podia ter passado sem essa.
Quase morri de tanto rir
Dona Sophie Kinsella me conquistou com sua Poppy, protagonista hilária de Fiquei com seu número. A garota que perde a aliança de noivado, o celular e a cabeça. Ri alto com as peripécias dela, amei as notas de rodapé presentes no livro e voltei a ter fé nos chick-lits! Também não posso deixar de citar O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde, onde a família que deveria ser assombrada zoa o fantasma até dizer chega; Ora Bolas, coletânea de historinhas sobre o Mario Quintana; e O Teorema Katherine, que marcou minha reconciliação com John Green.
Aventura, fantasia ou infanto-juvenil
Peter Pan fez com que eu voltasse à infância. De repente, eu era a Taryne de 5 anos de idade, devorando uma história sobre piratas, fadas e garotos que não queriam crescer. Jamais esquecerei as intromissões do narrador, a maravilhosa cachorra-babá e o meu medo do Capitão Gancho.
Autor revelação
Amei conhecer Simone, Neil e Sophie em 2013, mas nada poderia me preparar para esse turbilhão chamado Carson McCullers, com seu estilo gótico sulista, repleto de ambientações rústicas e personagens endurecidos por dentro, que flertam com a loucura, com a escuridão (ou as abraçam logo de uma vez). E no último conto do sensacional A Balada do Café Triste, a mulher que dá voz aos excluídos surpreende ao mostrar que também sabe falar de amor. Quero ler tudo o que ela já escreveu.
Bate bola de personagens
Personagem masculino apaixonante: Andrius, de A Vida em Tons de Cinza. Que outro garoto nesse mundo roubaria um livro por você? Te acharia linda até coberta de lama depois de ter trabalhado por horas? Só mesmo Andrius.
Personagem feminina admirável: Kassandra, de O Incêndio de Troia, de Marion Zimmer Bradley. Impetuosa, feminista, guerreira. Do tipo que não faz o que esperam dela ou deixa de ser quem é pelos outros. Queria ter um pouco de sua coragem.
Personagem mais chato: A protagonista de Dez (quase) amores, claro. Nem lembro o nome.
Personagem mais legal: Auggie, de Extraordinário e Senhor Bennet, de Orgulho & Preconceito. Sarcasmo é uma arte e eles a dominam. Porém, não posso deixar de citar o meu herói hoje e para sempre, Atticus Finch, de O Sol é Para Todos.
Personagem mais perturbador: Todos os personagens completamente desestruturados emocionalmente de Reflexos num olho dourado, de Carson McCullers. O anão, de A Balada do Café Triste, da mesma autora. E, óbvio, o grupo de pirralhos alucinados de Nada, da Jane Teller. Parabéns a todos vocês por explodirem minha cabeça este ano, seus malucos.
Personagem que mais me identifiquei: Lóri, de Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector. Os motivos são muitos para enumerar aqui. Apenas repito para mim mesma: se eu fosse um livro, seria esse.
O melhor livro de 2013
A Vida em Tons de Cinza, de Ruta Sepetys, mostra para o mundo, através de uma história de ficção, muito do que aconteceu com pessoas de carne e osso, durante o poderio de Stalin. Os povos bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia), deportados pela polícia secreta soviética para campos de trabalhos forçados na Sibéria. Pessoas que, mesmo depois de voltarem para as suas casas, foram obrigadas a não abrir suas bocas sobre o horror que viveram, sob risco de prisão ou nova deportação. No livro, conhecemos Lina Vilkas, de 15 anos, desenhista talentosa, que é levada junto com o irmão e mãe para um dos campos. O pai é separado da família e Lina espera que, de alguma forma, seus desenhos cheguem até ele. Me estendi na sinopse porque ainda não senti uma empolgação muito grande em volta desse livro e acho isso injusto. Todos precisam aprender um pouco sobre gratidão, esperança e fé, sentimentos que transbordam em cada página desse livro sem torná-lo piegas nem por um segundo.E não faz mal se encantar com personagens lindos, brilhantemente construídos, cheios de personalidade. Sofri por eles como se fossem da minha família e abracei esse livro por muito, muito tempo depois da leitura. Apenas leiam.
Love, Tary
P.S: Convido todos a responderem, mas por favor, não se esqueçam dos créditos!