O melhor final de semana da minha vida começou com muita ansiedade: eram muitas experiências novas para uma pessoa só. Primeira vez em que viajaria de avião, primeira vez que conheceria São Paulo, primeira vez em uma feira do porte da Bienal do Livro e, principalmente, a primeira vez em que eu veria de perto e teria a oportunidade de abraçar as blogueiras mais incríveis do mundo: minhas mafiosas. Não dormi nem um minuto na véspera da viagem. O sono estava lá, mas a minha cabeça não parava de matutar. Sonhei tanto com aquele momento que era difícil acreditar que realmente estava se tornando realidade. Só fui me dar conta quando estava com a cara enfiada na janela da aeronave, agradecendo a Deus por ter me dado a sorte de fazer parte de tudo isso e ter a oportunidade de encontrar pessoas que eu já amava.
O meu maior medo quando topei participar foi o aparecimento daqueles silêncios constrangedores nos quais todo mundo sente vontade de cavar um buraco com os pés. Claro que isso não aconteceu em momento algum. Parecia que tínhamos nos visto no dia anterior e em todos os dias antes dele. Parecia que a gente já tinha tirado milhões de fotos e almoçado várias vezes no McDonalds. Ficamos tão próximas nesses onze meses que os abraços apertados, os olhos nos olhos e as trolladas ao vivo foram a confirmação de uma amizade que estava sendo construída há muito tempo.
Corremos umas para os braços das outras, gritamos dentro do shopping, distribuímos lembrancinhas, sentamos no chão da Bienal com o cansaço estampado nas olheiras e a alegria cravada nos sorrisos que quase nunca sumiam dos lábios. Andamos de metrô escoradas umas nas outras e eu perdi meu medo de escada rolante ao ser amparada por meninas lindas muito menores que eu. Cantamos “Lua de Cristal” no karaokê num coro mafioso que foi a realização de um sonho na minha vida e uma das coisas mais emocionantes que já vivi.
Tomamos o café da manhã mais gostoso do mundo feito pela melhor anfitriã que poderia existir. Fomos presenteadas por um céu azul e um vento no rosto que combinam perfeitamente com aquilo que somos e que eu jamais imaginaria encontrar na São Paulo sempre pintada com variações de cinza pelos outros. Compramos livros, batons e perfumes mágicos que pareciam ter sido fabricados especialmente para cada uma de nós. Impressionamos as vendedoras da Quem disse, Berenice? e o funcionário simpático da Chilli Beans com a história do nosso encontro.
Gargalhamos horrores o tempo inteiro porque tudo era motivo de riso e abraço. Sentamos no chão da Livraria Cultura, rodeadas por livros e por rostos que antes só víamos por fotos e vídeos. Caminhamos abraçadas na Avenida Paulista entoando “Tempo Perdido” e outras canções da Legião que deixavam os passantes atônitos, acreditando de certo estarem diante de um flashmob. Provamos que existe amor em SP e espalhamos esse sentimento por onde passamos. Deixamos o Starbucks marcado de lágrimas no início das despedidas. Fizemos festa do pijama, criamos bordões e ouvimos ao vivo histórias clássicas que havíamos lido deitadas na cama de casa com o notebook ao lado. No último dia, acordamos com o choro preso nas gargantas e, no aeroporto, a dor de dizer “até logo” foi demais para conter o choro, os soluços e os abraços mais apertados já trocados.
Entrei no avião chorando feito um bebê ao lembrar de tudo o que vivemos e construímos com tanto carinho. Com uma felicidade imensa que não cabia em mim e por isso mesmo estava sendo traduzida em lágrimas. No lado esquerdo do peito, um bottom e muita saudade. Foi tão maravilhoso e inesquecível que até agora estou com medo de acordar e descobrir que tudo não passou de um sonho. Todas estão costuradas em mim e carrego um pedaço de vocês em tudo o que faço, vejo e sou. Obrigada por tudo. Se antes eu já tinha muita fé na vida e nas pessoas, agora eu não acredito mais no impossível. Nada é impossível. Afinal, temos todo o tempo do mundo.
Amo MUITO vocês!
Love, Tary