segunda-feira, 23 de julho de 2012

Autobiografia noveleira

Desde pequena eu sempre fui viciada em novelas. O momento exato em que tudo começou, não sei citar ao certo, mas deve ter ficado mais forte com Chiquititas, Luz Clarita e Carinha de Anjo, que eu acompanhava religiosamente e comentava todos os dias com os amigos da escola. Aí veio aquela que deve ser a novela mais reprisada do mundo e também a mais vista nessa minha vida: A Usurpadora. Novelão dos bons, com todas as características típicas de uma trama mexicana, mas com reviravoltas e estilo próprio. Todas as meninas brincavam de Paola/ Paulina e sonhavam com um Carlos Daniel pra chamar de seu. No que me diz respeito, sempre queria ser La Bracho nas brincadeiras com a minha irmã, o que se você parar pra pensar, já manifesta meu fraco por vilãs.

Outra que fez parte da minha infância foi Terra Nostra. Eu tinha nove anos e, de repente, o italiano tinha virado praticamente a segunda língua dos brasileiros. Donas de casa choravam sangue torcendo pra que Giuliana ficasse com Matteo. Mas os meus favoritos nem eram os protagonistas, mas os personagens de Raul Cortez e Maria Fernanda Cândido, que viviam uma história de amor maravilhosa, enfrentando o preconceito da galera chata da novela.

terra nostra

Depois veio O Clone, uma das novelas mais carismáticas de todas, que apresentava o Marrocos como uma espécie de “novo mundo” pra gente. Desnecessário dizer que já brinquei muito de “Jade”, pegava todos os lençóis da casa pra fazer véus e ficava cantando “Habib, Habib” o dia inteiro. Fora que tinha personagens inesquecíveis, como a viciada em drogas Mel, o Albieri e a Dona Jura, que vendia pastéis como se não houvesse amanhã até pro Pelé, eu acho. Além dos inúmeros bordões que a novela lançou: “né brinquedo, não”, “fulano vai arder no mármore do inferno” e “aquela lá fica fazendo exposição da figura na Medina”, só pra citar alguns. Novela épica e ponto final.

JADE

Tirando essas duas, as demais passaram a me conquistar por causa das personagens malvadas com sangue no zóio. Em Laços de Família, a Íris era a minha personagem favorita e eu abraçava a televisão a cada trollada que ela dava na insuportável da Camila, também conhecida como Judas, coitada. Essa foi a melhor história já feita pelo Manoel Carlos, com certeza. Só que aí um tempinho passou e todas as vilãs anteriores perderam um bocadinho de seu brilho por causa dela: Laura Prudente da Costa, a Cachorra. Cláudia Abreu divando na cara da sociedade, xingando a insuportável da Maria Clara Diniz vivida pela Malu Mader e carregando o Márcio Garcia, o Michê, pra cima e pra baixo. Apesar da Nazaré Tedesco ser a mais cruel de todas, além de Senhora do Destino também ter marcado a minha vida, Laurinha sempre será a vilã por quem eu mais torci.  E é por isso eu odeio o final que o Gilberto Braga escreveu pra ela. Cachorra merecia mais.

LAURA

Porém, mais do que as mulheres que dão medo na gente, a outra coisa que me atrai em novelas é muito menos complexa. Ah, a doce atmosfera rural. Personagens que andam a cavalo, comem bolo de fubá e falam coisas como “vamo mudá o rumo dessa prosa”, “diacho” e chamam o padre – sempre tem um padre, claro – de “seu vigário”. A minha novela favorita de todos os tempos reúne todos esses elementos: Cabocla, com alguns dos casais mais apaixonantes da televisão. Com essa eu chorei, sorri, gargalhei e até aprendi. Nesse mesmo estilo, O Cravo e a Rosa, Chocolate com Pimenta e Paraíso também conquistaram meu coraçãozinho noveleiro. Paraíso, aliás, foi a última novela que acompanhei com afinco. Morrendo de amores pelo Eriberto Leão e pela Nathalia Dill. Zeca Diabo e Santinha pareciam ser os últimos personagens pelos quais eu ia me apaixonar de verdade. A alma noveleira parecia ter adormecido para sempre – sentiram o drama?

Só que 2012 chegou, né? E eu me vi novamente viciada e louca por duas tramas da TV. Cheias de Charme, ou “Empreguetes” e Avenida Brasil, conhecida no Brasil inteiro como “Oi oi oi” por causa da famigerada música de abertura. A das sete reúne todas as coisas mais erradas já inventadas pela humanidade, malandragem, eletro forró, uma vilã maravilhosa, cheia dos bordões e muito da engraçada – Cláudia Abreu, te amo –, um cantor caricato inspirado nos artistas da minha terra – Fabian é campo-grandense, beijos – e três marias-empregadas que viram estrelas.  É impossível não torcer por Cida, Rosário e Penha. E também é impossível não se pegar cantando animadamente as músicas da novela por aí. 

Já a das oito é praticamente um milagre. Faz tempo que eu não vejo uma novela desse horário deixar as pessoas completamente malucas, assistindo um capítulo decisivo como se fosse final de Copa do Mundo. Essa aí conseguiu. Tudo por ter Carminha, que se faz de beata defensora dos pobres e oprimidos, mas joga crianças no lixão e enterra cozinheiras vivas! E por causa da Nina, claro, uma mocinha que me faz ter pesadelos com aquela cara de demente, sempre à espreita, planejando sua vingança com total sangue frio. Além disso, os coadjuvantes são os melhores possíveis. Tufão e Adauto, por exemplo, sempre me fazem dar risada e fazer coraçãozinho pra televisão por causa de suas genialidades. Suelen, Roni, Iran e Débora também são excelentes. E com tanta coisa boa, a gente até esquece das chorumelas do Xorxinho e do núcleo flopado do Cadinho, né?

Se você foi deixado pelo caminho por causa das novelas ruins, caro noveleiro, pode voltar. Finalmente a maré está boa para nós de novo.

OPS

Love, Tary

Menções honrosas: Paraíso Tropical, Coração de Estudante, O Rei do Gado, Pé na Jaca, Por Amor, Canavial de Paixões, Mulheres Apaixonadas, Maria do Bairro <3

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Salvando o dia

Eu soube assim que abri os olhos nesta manhã: hoje não seria meu dia. Tudo porque a enxaqueca que me pegou estava tão forte, mas tão forte, que até meus dentes estavam doendo. E, claro, minha faculdade só podia ter escolhido marcar o retorno das aulas para esta ilustre quarta-feira gelada.  Porém, não teve jeito de deixar a dor me vencer porque tinha compromisso e odeio faltar nos primeiros dias.  Quando finalmente consegui levantar, descobri que a zica estava armada: como se cabeça latejando não fosse suficiente, dor nas pontas dos dedos, nos cotovelos e nas costas para completar o pacote. Parecia que eu tinha levado uma surra.

Geralmente eu não escuto música durante as crises, mas sabia que 15 minutos de ônibus lotado sem trilha sonora não iam ajudar em nada. Coloquei os fones nos ouvidos e fui para o ponto. Comecei a ouvir várias canções mais lentinhas da minha seleção e uma coisa boa aconteceu: meu tio estava passando de carro, me viu e ofereceu uma carona. Sorri, agradeci e cantarolei bem baixinho. 

Na universidade, a nova disciplina não foi aproveitada como deveria porque a enxaqueca não dava sinal de que ia me abandonar. Tirando uma meia hora em que nós e a professora ficamos na frente da sala conversando coisas banais antes do quarto tempo, a manhã não rendeu grandes momentos. Tive que voltar pra casa mais cedo e apelei novamente para as músicas,  enquanto - de olhos fechados -  recostava a cabeça no braço, que estava apoiado na janela do ônibus. Em casa, minha mãe. Sempre ela. Cuidou de mim, me deu remédio, já estava com o almoço pronto e sugeriu que eu deitasse um pouquinho. Tentei, mas não consegui cochilar, doía tanto que eu estava com medo de não conseguir acordar se pegasse no sono. Levantei para almoçar e fui para a avenida pegar o ônibus para o estágio. Nem preciso dizer que as músicas novamente me acompanharam, arrancaram sorrisos e contribuíram para que eu suportasse. 

Enfim. Toda essa saga representa que algumas músicas são donas de super poderes e capazes de salvar um dia ruim, mesmo não sendo agitadas ou fazendo com que você sinta vontade de dançar por aí.  Então resolvi o seguinte:  vou dividir a playlist que  hoje funcionou como remédio pra mim. O medicamento de verdade não foi muito feliz em acabar com a dor. Mas cada uma dessas músicas fez com que eu me curasse um pouquinho. Espero que escutem todas com muito carinho, pois todas são especiais demais na minha vida e formam a primeira mixtape do blog!

Download: Saving the Day

Mixtape Saving the Day

Mixtape Saving the Day B

Love, Tary

P.S: Acho que me arrisquei colocando coisas que vocês talvez não conheçam, mas não podiam ser outras músicas.

sábado, 14 de julho de 2012

Um bilhetinho todo azul com meus garranchos

Não escrevi em bilhete azul e não considero a minha letra um garrancho, mas tenho certeza que Cazuza perdoará minha licença poética, pois não há título melhor para a história que eu vou contar a vocês. Lá pela sexta, ou sétima série, a minha letra era bem qualquer coisa. Aquela pobre coitada, sim, poderia ser tranquilamente chamada de garrancho.

Mas o fato é que sempre sonhei em ter uma letra linda, redondinha, de professora. E quando as férias de julho daquele ano chegaram, até hoje não sei bem o motivo, mas decidi que quando as aulas voltassem, a minha letra seria outra. Fiquei escrevendo bem mais, criando histórias no caderno e aprimorando a caligrafia. No primeiro dia de aula, todo mundo ficou impressionado com a mudança. O que acabou nem sendo tão bom assim porque os pedidos para copiar coisas no quadro e ajudar nos cartazes escolares quadriplicaram.

E foi assim que a minha letra tomou a forma que tem hoje. Garrancho só mesmo quando tenho que escrever muito rápido. Minhas anotações para matérias jornalísticas só são entendidas por mim mesma, porém hoje em dia eu tenho muito orgulho do jeito como escrevo. O engraçado é que minha letra parece ter vida própria e nunca é a mesma. Podem reparar que meu r nem sempre é escrito mesmo jeito, assim como o h. Isso vale para todo o alfabeto. Minha letra é tripolar!

Como eu adoro a sensação de pegar caneta, papel e simplesmente escrever, deixando um pouco de lado o barulho do teclado que me acompanha todos os dias, adorei quando a Loren sugeriu esse meme. Abaixo vocês podem ver o resultado do meu e conhecer a minha letrinha gravada nesse caderno lindo do Pequeno Príncipe. Ela está parecendo pequena, mas não é, cliquem para ver maior.

memedaletradiva

Love, Tary

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Não julgo pelo nome, mas sei apreciar o belo

Quando Analu me convidou a listar 13 livros que me ganharam pelos títulos, vi que estava diante de um problema. Isso porque os tais títulos não influenciam tanto assim nas minhas escolhas literárias. Não sou do tipo que compra pela capa e muito menos pelo título. Acho bacana livros que “chamam a atenção” e tal, mas sempre leio a sinopse, pergunto o que os amigos acharam, leio algumas críticas, essas coisas. Portanto, a maioria dos que vou colocar aqui são que acho bonitos, mas que não necessariamente me fariam comprar o livro apenas por causa deles. Super queria dizer que sou toda Clarice Lispector e escolho todos os meus livros a partir dos títulos, mas definitivamente não sou dessas.

1) Música ao longe

Os livros do Erico Verissimo têm os títulos mais bonitos dessa vida. São convidativos, reflexivos e sempre me fazem fechar os olhos e imaginar o que está por vir. Este aqui é todo contado pela Clarissa, em forma de diário. Ela escreve tudo o que sente e que às vezes nem sabe bem o nome. O mais legal é que a tal “música ao longe” aparece no livro como uma definição para o amor escrita pelo poeta favorito da protagonista. "O amor que ainda não se definiu é como uma melodia do desenho incerto. Deixa o coração a um tempo alegre e perturbado e tem o encanto fugidio e misterioso de uma música ao longe..." Não é lindo? Agora que estou escrevendo, lembrei de um filminho fofo que assisti um dia desses. Se chama “Music from another room” e o personagem do Jude Law também se utiliza da expressão para definir o que é o amor.  Não é doce? Mas aí vão lá e traduzem o nome do filme como “Atração Irresistível”. Vontade de chorar. No final do post coloco a citação dele.

2) Aos meus amigos

Esse livro da Maria Adelaide Amaral que serviu de base para a minissérie “Queridos Amigos” é simplesmente meu livro de cabeceira. Tão forte, cru, repleto de brasilidade e de medo. O título é como se fosse uma dedicatória, um legado, o começo de uma carta ou até mesmo palavras que antecedem um pedido de perdão.

3) Sorte

Talvez você pense que essa simples palavra não tem absolutamente nada de especial. Então senta aí e deixa eu te contar sobre o que se trata o livro da Alice Sebold. São as memórias dela. As memórias de uma garota que foi estuprada aos 19 anos, depois de sair da faculdade, e que foi corajosa e brava – por mais que essa palavra fique estranha em português,  sempre é  a primeira que me passa pela cabeça quando se trata da Alice Sebold – durante um julgamento exaustivo.  E que ficou cara-a-cara com o agressor, tendo de lembrar cada simples detalhe da pior noite de sua vida. O livro se chama “Sorte” pois assim que foi à delegacia depois de ter passado pela coisa mais terrível que uma mulher pode passar, um dos policiais disse que muitas garotas tinham sido assassinadas após serem estupradas. E, por isso, ela deveria se considerar sortuda.

4) O suicida feliz

Acho que esse aí foi um dos poucos que me chamou atenção por causa do título mesmo e não por outros fatores. Por que, caramba, um cara ser suicida e feliz ao mesmo tempo? Ainda não terminei de ler, mas com um título desses e aquela escrita toda detalhada do Paulo Nogueira… Acho que promete.

5) Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres

Outro que não li ainda – aceito de presente, por favorzinho – e que até me dói falar a respeito porque eu quero há tempos, nunca consegui ler e está sempre esgotado na livraria. O nome me chama a atenção justamente pela curiosidade de saber o que a Lispector quis dizer com a dualidade presente no título da obra.

6) Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

Mais um não lido. Acho que diz tudo. Grande, enfático, poético, bonito. Espero conseguir comprar logo e dizer pra vocês se o livro é tão incrível quando o título.

7) O sol é para todos

O único livro escrito pela Harper Lee é praticamente uma saga e esse título é maravilhoso. Eu fico com vontade de gritá-lo para o mundo inteiro saber da verdade inserida nele. Acho que todo mundo sabe que esse livro trata de racismo, de injustiça, de aparências que enganam. E em um livro que retrata a desigualdade de forma tão pungente, esse título é quase uma catarse.

8) Meu pé de laranja lima

Está aqui porque nunca um livro me fez ter tanta vontade de chorar só de reler o nome na capa. “Meu pé de laranja lima” fez com que eu chorasse tanto, mas tanto, que qualquer referência a ele me recorda a dor que eu senti e as lágrimas molhando as páginas do livro gasto da biblioteca. Adoro quando o título é personagem, mesmo que a gente não se dê conta antes de iniciar a leitura. Zé Mauro de Vasconcellos, obrigada por ter escrito isso.

9) Depois daquela viagem

Valéria Piassa Polizzi é outra garota admirável que teve a coragem de expor sua história. Ela contraiu aids aos 16 anos em um cruzeiro – a tal viagem do título. Quem passou a doença pra ela foi o seu primeiro namorado, um cara desprezível que a enganou de todas as formas possíveis. Bateu, traiu, mentiu, tratou como lixo. O título mostra que depois daquela viagem tudo mudou. Ela teve que aprender a conviver com a doença, contar para as pessoas queridas, viajar em busca de tratamento: sobreviver. Fico feliz em poder falar dele aqui porque a Valéria é uma narradora que conversa contigo, te pega pela mão e trata feito melhor amiga, sabe? Só de pensar já fico com saudade.

10) Morangos Mofados

Caio Fernando Abreu também sabe como batizar seus livros. Morangos Mofados me passa uma ideia de que o doce e o podre ficam lado a lado na vida. E que por isso é preciso abrir bem os olhos, apurar o olfato e saber escolher. Na minha opinião, cada conto justifica o título.

11) Vidas Secas

Talvez um dos meus favoritos. Porque além da “seca” ser um personagem, os personagens estão secos por dentro de uma maneira que até contagia. Lembra dor, sofrimento, lágrimas caindo e um sol de rachar queimando o couro cabelo.

12) A menina que roubava livros

Pedi de natal para a minha madrinha em 2007 totalmente por causa do título. Como eu já disse, isso é atípico na minha personalidade, mas foi exatamente assim. Me encantei com a possibilidade de uma menina que fosse tão apaixonada por livros a ponto de sair roubando exemplares por aí.  Só que nada poderia me preparar para o que a mente do Markus Zusak criou. Um dos  livros favoritos da minha vida.

13) As vantagens de ser invisível

Não vou falar absolutamente nada desse livro porque já escrevi um post sobre e se você ainda não se convenceu de que precisa ler, fiz um péssimo trabalho. Basta dizer que não é só o título que impressiona na obra do Stephen Chbosky. O engraçado é que em inglês é mais bonito ainda.

Eu ia indicar mais pessoas, mas a Analu ditadora me proibiu terminantemente. Por isso, vou indicar apenas a Rafitcha linda <3

Love, Tary

P.S: Não esqueci a citação do personagem do Jude Law, gente! Eis:

[On what love is like]
Danny: You know how when you're listening to music playing from another room? And you're singing along because it's a tune that you really love? When a door closes or a train passes so you can't hear the music anymore, but you sing along anyway... then, no matter how much time passes, when you hear the music again you're still in exact same time with it. That's what it's like.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Sem título, com sentimento

Às vezes a vida te leva  a uma espécie de vazio. E, quase sempre, isso é exatamente aquilo que você precisa: ficar quieta por um tempo para finalmente descobrir uma coisa ou duas sobre sentimento. Isso mesmo. Sobre as coisas que você sente e que acabam sendo responsáveis por metade das suas atitudes. Porém, por mais que isso seja importante para seu crescimento pessoal, o processo é incrivelmente doloroso.

Dói tanto e a confusão é tão grande que você se esquece até mesmo de quem é, das coisas que gosta e da coragem que batalhou para conquistar. Nesses momentos, parece que pegaram toda a angústia, as dúvidas e  seus sonhos estúpidos e bateram no liquidificador. Aí colocaram em um copo de cristal e te enfiaram goela a baixo sem nem perguntar se você queria mesmo experimentar.

Então você começa a sentir aquele aperto no peito e também o bolo na garganta que antecedem o choro. Mas as lágrimas não saem. E a única coisa que te faz acordar todas as manhãs e passar por isso é a certeza de que vai passar. De que é normal e de que você vai estar mais forte quando acabar. E vai mesmo.

Porque aprender sobre os próprios sentimentos não é fácil e ninguém sabe tudo sobre isso. Não existe receita. Estudiosos, números e pesquisas jamais conseguirão explicar essas fases em que tudo o que a gente quer é dormir  ou viajar pra bem longe até que as dificuldades tenham sido vencidas. Só que ninguém é capaz de te conhecer mais do que você mesmo. E a sua vida não vai parar e esperar um momento em que você esteja preparado. Aliás, o vazio vai te pegar exatamente quando você estiver mais frágil.

Mas não se preocupe. Quando tudo terminar, você  vai voltar a se reconhecer. Não vai ter mais que procurar motivos para sorrir: as razões estarão ali, dentro de você. Vai passar, confie em mim. Você vai precisar de abraços, paciência e de muitas pessoas que te digam isso várias vezes por dia, mas vai. E quando acontecer, as lágrimas finalmente vão se sentir livres para sair e  uma sensação de anestesia vai invadir o seu corpo inteiro. Essa fase será lembrada como são lembradas todas as fases. Suporte com tudo o que puder porque no final, acredite em mim, você será toda sentimento. Até lá, apenas seja forte.

Love, Tary

P.S: Esse texto faz parte de um meme chamado ‘Recicle o título’. Eu deveria pegar o título de uma blogueira, escolhida através de sorteio, e escrever um texto baseado nele. Depois revelo a dona desse título lindo.