sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ode aos vestidos

Estava eu bem quieta no meu canto depois de assistir um filme fofíssimo com a Amy Adams e o Matthew Goode quando resolvo fazer minha visita diária aos blogs da Analu e da Anna Vitória e me deparo com posts divertidos sobre peças de roupas. Nana resolveu discorrer a respeito do seu amor por meias e Annoca estava defendendo as famigeradas calças vermelhas. Naquele instante, com as duas abas do Google Chrome me encarando, tive uma espécie de iluminação. Desde uma conversa sobre moda que tivemos no Facebook tudo o que eu quero da vida é escrever sobre a minha peça favorita. Não sei se as duas combinaram de postar sobre o mesmo tema sem me convidar – se for o caso: magoadíssima –, mas me pareceu coincidência demais e precisei seguir o insight.

Pois bem, entre meias, calças, saias, casacos e o que mais houver no guarda-roupa ou na vitrine, meus olhos sempre serão atraídos para eles: os vestidos. De renda, com babados, longos, curtos, curtíssimos, rodados, estampados com bolinha, bengalas, chapéus-coco ou frutas a la Katy Perry, decotados nas costas, com mangas bufantes ou botões. São os tais vestidos que fazem minha cabeça e me obrigam a entregar o cartão de crédito à vendedora com um sorriso no rosto.

Simplesmente são o tipo de roupa mais feminina que existe. Capazes de deixar qualquer mulher parecendo uma princesa, tenha ela o tipo de corpo que tiver. Quem liga para coxas grossas ou canelas finas, quando se está confortável e leve usando um vestido soltinho? Ah, eles deixam qualquer uma mais confiante. E mesmo que as calças tenham sido uma conquista e tanto, quando penso em sair para qualquer lugar, mesmo que esteja fazendo um frio de congelar os ossos, vestidos são minha primeira opção.

O mais engraçado é que quando penso nos momentos mais marcantes da minha vida, estou usando um vestido especial em cada um deles. Azul escuro, com gola-palhaço e barra de renda quando completei cinco anos. Branco e frente única no último aniversário do meu querido avô. Lilás, tomara-que-caia e tradicional na comemoração dos meus quinze anos. Verde, curtíssimo e com bordado dourado naquele casamento em que recebi um botão de rosa e uma declaração de amor. Outro lilás, longo e com saia plissada na formatura do terceiro ano. Roxo, com decote transversal e fecho prateado na parte de trás do pescoço nos quinze anos da pessoa mais importante da minha vida. Pretinho básico com um laço na manga do ombro esquerdo na última vez em que saí com as amigas. E por aí vai.

Por isso eu os amo tanto: vestidos são inesquecíveis. Marilyn Monroe e seu branco rodado, sexy e icônico. Audrey Hepburn divando na cara da sociedade com o preto longuíssimo de Holly Golightly ou com o da Eliza Doolittle depois do banho de loja. Grace Kelly largando Hollywood para entrar com o pé direito na realeza. E talvez um dos meus preferidos: Julia Roberts indo à ópera de vermelho, luvas brancas e Richard Gere de acessório principal. Vestidos não tem vocação para coadjuvantes, quase sempre são personagens principais.

Dependendo do corte, se adaptam perfeitamente, te deixam longilínea e completamente feliz por ter encontrado a peça perfeita. Não são necessárias muitas combinações e estresse, basta vestir um deles, colocar o sapato certo e voilá, está arrumada. Além disso, são a roupa perfeita para dançar. Eles se movem no ritmo do corpo quando se está dançando sozinha e esvoaçam, elegantes, quando seu par te gira pelo salão. E, claro, são obviamente românticos, afinal, ninguém se casa usando calça jeans.

Sei bem que apesar da minha defesa inflamada, vocês podem ter discordado de tudo o que eu disse até aqui, mas acho que terão de concordar comigo neste último argumento: quando se trata de rodopiar, vestidos sempre serão a melhor escolha.

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Jane Nichols e seus 27 dresses sabem do que eu estou falando

Love, Tary

P.S: Um dia imito a Jane e mostro todos os meus vestidos pra vocês!

domingo, 17 de junho de 2012

Um livro é mudo, mas conta tudo…

Ler sempre foi uma coisa mágica pra mim. Mesmo antes de aprender já tinha mania de folhear livros, observar as figuras e ficar horas tentando entender aquele código de letrinhas que, até então, eu não fazia ideia do significado. E acho que tudo isso é culpa da minha mãe, em primeiro lugar. Porque quando penso na vontade que tinha de ler quando era criança e no porquê da minha paixão tão grande pelos livros, só consigo me lembrar dela. Deitada na cama, com um livro nas mãos, rindo, chorando, absorta. Devorando palavras e ficando completamente “surda” aos meus chamados.

Então, aos quatro anos, finalmente aprendi. Fui uma das primeiras da classe porque já não me aguentava de ansiedade. Decifrei o código, percebi que poderia criar um mundo inteiro na minha mente a partir dele e descobri de uma vez por todas porque minha mãe não me ouvia quando estava com um livro nas mãos. O primeiro lido eu não me lembro qual foi, mas deve ter sido o exemplar de “João e Maria” que ganhei da minha avó no dia 17 de maio de 1995 com a seguinte dedicatória: “Taryne, ler ou ouvir historinhas é muito importante na vida das crianças, por isso te ofereço este livro, com carinho, Vovó Cleonice”. Além de ser minha avó, ela era professora nessa época, o que eu achava o máximo.

Como sempre gostei de desenhar, estas palavras lindas estão rodeadas por  desenhos: corações, estrelas, uma casinha - e até uma barba na pobre da Maria porque senso de humor nasce com a gente. As ilustrações são lindas de derreter e sempre que releio e olho para elas, me sinto com quatro anos de novo. Estirada no sofá da sala da minha antiga casa, com algum dos meus vestidos de verão, aqueles cabelos curtos e cacheados emoldurando o rosto curioso, um desenho passando na televisão e, claro, sendo totalmente ignorado por mim.

Falar de livros me emociona muito porque, de alguma forma, eles sempre me salvaram. Desde quando eu tinha quatro anos e odiava alguns dos meus coleguinhas de sala, até quando tinha 16 e não sabia o que fazer da vida e, principalmente, neste ano, quando se tornaram tema do meu último trabalho da faculdade. Todos os dias, as palavras me salvam um pouquinho. Sem elas, eu estaria completamente perdida e sozinha nesse mundo.

Quando termino de ler um livro, sinto que posso fazer qualquer coisa, me sinto forte para continuar tentando, me sinto com super poderes. Eles me mostram que, apesar das coisas horríveis que acontecem e sobre as quais eu escrevo todos os dias no jornal, ainda existe esperança. Ainda existem ventos de Erico Verissimo para despentearem meus cabelos, aventuras de J.K Rowling para fazerem meu coração bater mais depressa, bibliotecas de Markus Zusak para que eu me sente no chão e esqueça do mundo e, claro, imensos-amores-desconhecidos de Caio Fernando Abreu para que as lágrimas se formem no canto dos meus olhos. E muitas, muitas outras histórias que eu mal posso esperar para me salvarem no fim do dia.

"Quando se procura um livro não é para fugir à vida, mas sim para viver ainda mais; viver a vida de outras personagens, em outras terras, outros tempos. Ainda é o desejo de viver que nos leva para os romances"

(Erico Verissimo)

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Love, Tary

P.S: Obrigada, vó. Obrigada, mãe. Sem vocês talvez eu não soubesse o quanto é incrível viver ainda mais por causa dos livros.

sábado, 16 de junho de 2012

Cenas para querer morar dentro dos filmes

Sabe aqueles momentos em que você está vendo um filme estirada no sofá da sala depois de um dia cansativo e é surpreendida por uma incrível cena musical que te contagia o corpo inteiro? Aí dá uma vontade louca de dançar pela casa, pegar uma escova de cabelo pra fazer de microfone e cantar junto, sorrindo e pulando feito boba junto com os personagens? Eu sei que você sabe. Mas na verdade, a maior vontade que toma conta de mim quando vejo essas cenas em filmes que não são musicais, é pular pra dentro da televisão e participar. Mesmo que elas não sejam dançantes. Tudo o que eu gostaria era estar lá pra ouvir de perto e momentos como esse provam o quanto o cinema mexe com a gente. Por isso tudo, fiquei contente e apreensiva quando a Mayrinha propôs essa ideia. Primeiro, tive certeza que não ia fazer porque a danada já tinha colocado quase todas as minhas favoritas, mas fui lembrando de outras e acabou sendo fácil – e muito divertido - montar essa lista.

Curtindo a vida adoidado – Twist and Shout

Ah, minha gente! O que dizer de Ferris Bueller, ícone supremo da minha infância e rei da Sessão da Tarde, invadindo uma parada após matar a aula, enganando os pais e o diretor completamente maluco, para depois contagiar a cidade inteira cantando essa música? Simplesmente maravilhoso. Sempre me faz pular pela casa inteira me sentindo estrela do rock. E, claro, esse é um dos meus filmes favoritos da vida. Quem nunca viu, merece apanhar, beijos!

Vestida para casar – Bennie & The Jets

Katherine Heigl, gente como a gente, sofrendo por causa da irmã safada, e James Marsden, jornalista bonitão que sorri com olhos, juntos em um bar afogando as mágoas ao som de Elton John. É muito fofa essa cena! Os dois meio bêbados, errando a letra, chamando a atenção de todo mundo e pulando em cima do balcão. Awesome!

De repente é amor – If you leave me now

Depois de milhares de idas e vindas, Oliver (Ashton Kutcher) não para de falar na ex-namorada neurótica e Emily (Amanda Peet) fica lá, escutando a baboseira toda. Até que ela resolve aumentar o som e começar a cantar pra ver se o cara cala a boca. Ele tenta resistir, mas não consegue. Minha parte favorita é quando eles esquecem o resto da música e começam a rir. Sem querer desmerecer Ashton cantando Bon Jovi, mas essa cena musical ganha mais meu coração. Queria muito estar no banco de  trás desse carro de vela e ser amiga desses dois. “Oh, baby please don’t go…”

Uma vida em sete dias – Satisfaction

A personagem de Angelina Jolie é uma repórter que está na pior. Ela acha que vai morrer em uma semana por causa da previsão de um daqueles profetas charlatões e meio que entra em parafuso por conta disso. Aí vai trabalhar cobrindo uma manifestação de motoristas e, do nada, puxa um coro da música mais famosa dos Rolling Stones. Ao vivo. O mais engraçado é que até o diretor do telejornal e os âncoras começam a cantar junto com ela. Adoro essa cena, foi uma das primeiras que eu lembrei.

10 coisas que eu odeio em você – Can’t take my eyes off you

Não queria repetir nenhuma da lista da Mayra, mas essa não teve jeito. É a minha favorita de todas, a que mais mexe comigo. Heath Ledger  lindo de morrer cantando pra Julia Stiles, cuja personagem nesse filme sempre foi um espécie de role model pra mim. O jeito que ela fica vermelha de vergonha, as dancinhas do Ledger, ele trollando os guardas e principalmente: Kat cedendo ao charme de Patrick de uma vez por todas. Amo, amo, amo.

Letra e Música - PoP! Goes My Heart

Não sei se vocês estão habituados ao meu amor incondicional por coisas toscas, mas enfim. Esse clipe que abre o filme Letra e Música é uma das coisas mais divertidas, trash e engraçadas que eu já vi na vida. Não sei o que é melhor: a letra, a história do clipe, as roupas e cabelos, ou o rebolado dos cantores. Hugh Grant está hilário como Alex Fletcher e as caras que ele faz quase me matam de tanto rir. Aliás, o filme todo é muito ótimo e tem outras cenas musicais muito boas. Mas é essa da banda falida do protagonista que faz meu coração bater mais forte. Pelo amor de Deus, assistam esse vídeo.

Em Paris - Avant la Haine

Acho que, infelizmente, ninguém aqui deve ter visto esse filme lindíssimo do Christophe Honoré, um dos meus diretores preferidos. Basta dizer que foi por causa dessa cena que resolvi fazer essa lista. É triste de um jeito que me faz ter vontade de chorar sem parar, mas ao mesmo é muito doce, mesmo que esteja falando sobre um amor que não deu certo. Lui está em depressão com o fim do relacionamento e, no que parece ser sua última tentativa, liga para Elle. E pelo telefone os dois cantam juntos essa canção maravilhosa em que ela diz que é melhor terminarem antes “do ódio e dos golpes” e ele responde que “até os amores mais brilhantes se sujam”. Em francês, é claro. O que torna tudo ainda melhor.

De repente 30 - Thriller

Nossa querida Jenna (Jennifer Garner) está tentando salvar a festa fracassada do trabalho e como é uma garota de 13 anos presa no corpo de uma mulher de 30, nos presenteia com Michael Jackson! Como se não bastasse, puxa o sonho de todas nós pra dançar junto com ela: Mark Ruffalo. Tem como não afastar os móveis da sala e sair dançando junto?

O Rei Leão – Hakuna Matata

Essa eu posso apostar que marcou a vida de todo mundo e faz até os mais discretos começarem a dar pulinhos embaraçosos na frente da televisão. Além disso, é uma baita lição pra vida inteira. “Os seus problemas… você deve esquecer, isso é viver, é aprender… Hakuna Matata”. Acho que deveria ser a filosofia de todos nós. Ai, como eu adoro esse desenho! Simba, Timão e Pumba: lhes dedico meu amor eterno.

Antes do Pôr do Sol - A Waltz for a Night

Nem sei o que dizer sobre uma das declarações de amor mais lindas do cinema. E o melhor: sem ser piegas. Celine (Julie Delpy) canta para Jesse (Ethan Hawke) uma música que compôs contando a história da única noite em que passaram juntos. Não sei descrever o quanto a canção é romântica e o quanto diz tudo a respeito desse casal, que é o meu favorito de todos os tempos. Para isso, vocês precisam aceitar minha sugestão e assistir Antes do Amanhecer e Antes do Pôr do Sol o quanto antes. Só preciso falar mais uma coisinha: assistir a esse vídeo me faz ter vontade de valsar com os pés descalços até amanhecer. E de jamais deixar pra depois.

Love, Tary

P.S: Indico pra todo mundo que quiser responder, divirtam-se! Lembrando que as cenas musicais não devem ser de filmes do gênero musical (:

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Discordância ultra-romântica

“O coração de um homem: dentro é o Inferno”

Lord Byron tem dessas coisas. Sim, eu tenho um fraco por ultra-romantismo. É exagerado? Totalmente. Aquele amor desesperado irrita vezenquando? Super. Mas é intenso demais e me faz sentir vontade de pintar um quadro com cores vibrantes a la Frida Kahlo. O tal do Byron é um dos que mais me intriga, assim como o Álvares de Azevedo. A pessoa leu “Noite na Taverna” quatro vezes, minha gente. Mas hoje deixarei os elogios de lado pra discordar do pobre Lord.

Como assim o coração de homem é o inferno? Uma das coisas que mais me deixa possessa é essa mania de caracterizar as pessoas por opostos. Vilão, mocinho. Chato, legal. Preocupado, indiferente. E por aí a coisa toda se desenrola. A mesma coisa é essa do céu e do inferno. Qual coração é apenas céu? E qual coração é apenas inferno? Essa ditadura da dualidade me irrita. Ninguém é uma coisa só. Ninguém. Somos mais complexos do que aqueles exercícios de física que eu nunca aprendi. São vários pequenos detalhes que constroem nossos corações e ninguém me tira isso da cabeça.

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Por isso Lord Byron, vou deixar passar essa última frase de “A Inês”. Mas só porque você escreveu uma das minhas frases favoritas na vida.

''Perseguimos as horas ardentes com pés voadores''

Porque ela, por si só, é uma contradição da frase anterior. Não somos céu ou inferno, somos eternos e complexos perseguidores de horas ardentes.

Love, Tary