Neste semestre estamos exercitando textos jornalísticos. Entre eles, o perfil, no qual o jornalista produz um texto interpretativo a respeito de alguém. Então, a professora colocou o nome de todo mundo em papéis e fez um mini sorteio. Cada um escreveria sobre aquele que tirasse. Fiquei meio assim, afinal, ninguém quer ser retratado de forma errada. Acabou que a Thê, uma das minhas amigas mais queridas foi quem me tirou e escreveu um texto lindo sobre mim. Depois, cada um tinha que fazer um "de frente com Gabi" com o perfilado e ler o texto pra ele. Quase chorei quando a Thê fez isso. Simplesmente amei. Obrigada, tampinha, você é a melhor. Te amo muito e pra sempre! Eis o texto:
Rodopiando com Taryne
Por Marithê Lopes
Segunda-feira, 1º de agosto, às 10h40min ela entrou no restaurante Piatto da faculdade. Deixou a bolsa em cima de uma mesa perto da entrada. Meticulosamente pegou a bandeja, o prato, os talheres e o guardanapo. Escolheu as melhores folhas da salada e os tomates. Serviu o arroz branco e o coloriu com o feijão. Duas conchas de estrogonofe, cenouras e abobrinha. Senta-se na mesa e confessa “Odeio almoçar sozinha”.
Foi assim que começou a saga Sherlock Homes que procura desvendar um mistério chamado Taryne Cavalcante Zottino. A miopia e o astigmatismo não a impedem de observar os detalhes da vida com um olhar especial. Olhares atentos como os de crianças que tudo perguntam e pra tudo querem uma resposta. Não somente o olhar de criança, mas, a alma também. Taryne ainda é capaz de se divertir como quando era criança e brincava com a irmã caçula de princesas versus bruxas, de boneca, de escola, faziam cabaninhas, gincanas, teatros, pulavam amarelinha e de repente se tornavam as "Detetives mais loucas do mundo", a brincadeira favorita. Falando em infância é importante ressaltar que Taryne não sabe andar de bicicleta e nunca teve um cachorro. Somente um peixe, o Billy, que morreu e nem teve um enterro digno.
Basta falar no nome da irmã caçula uma vez para os olhos se encherem de brilho e orgulho. Giovana Zottino, a Gio, é sua melhor amiga. Pessoa que ela tem uma paixão imensurável. Aquela que ela morre de ciúmes, a protege de baixo das asas até hoje. “Sem você, eu seria apenas metade. Seria sem graça, sem brilho e completamente só. No teu abraço, encontro o meu lugar no mundo, minha casa. Você é simplesmente a minha vida”, foi assim que ela descreveu a irmã em seu blog.
Para a Gio, a “maninha” Taryne é o amor de sua vida. É tudo. Melhor amiga, com quem divide seus segredos. Na irmã ela se inspira como modelo de vida. Admira a honestidade e quando a Tary aplica o “fala na cara”. O defeito seria ser muito crítica. Giovana adora quando as duas fazem a semana das irmãs onde elas assistem filmes, preparam as comidas favoritas e se curtem.
Taryne adora escrever. Confessou que a escrita é a única coisa que a garante. Acredita mais na Literatura do que no Jornalismo, profissão que escolheu pra ser tua. Ela pratica a escrita em seu blog, muito conhecido no universo dos blogueiros. “Doces Rodopios” é o nome de seu blog, tão peculiar quanto à dona. Através de sua escrita consegue levar alegria para pessoas desconhecidas.
A melhor experiência dos últimos tempos foi ter participado do Despertar, um retiro para jovens. Lá ela aprendeu uma filosofia que irá praticar daqui pra frente. A filosofia do “Preciso deixar um legado de coisas boas para as pessoas”. Depois dele ela voltou a frenquentar à Igreja. Mudou a frieza com a família se tornando mais carinhosa com a mãe, principalmente. E fortaleceu ainda mais a amizade com o Gabri, amigo de sala.
Sua mãe, a Nil, é a eterna “mãe coruja”. Taryne é uma das principais razões de sua felicidade. Uma pessoa muito alegre, perfeccionista, “na dela”, defende quem ama com “unhas e dentes”, é dedicada e justa, olha todos os lados. “Quando a Tary nasceu, minha vida mudou completamente. Antes não me via como mãe. Foi só ela nascer pra eu me dar conta do tamanho do amor que eu já sentia. Um momento especial, porque à partir dali tudo que eu fazia era em função dela. Foi amor à primeira vista”, declara Nil. Taryne também é o xodó do pai, ele a chama de Branca, pressupomos que seja pela falta de melanina.
Sua avó Cleonice não contém os elogios ao se falar da neta. Diz admirar muito a dedicação que Taryne tem com tudo o que faz. Uma menina responsável, estudiosa, a verdadeira “boa neta”. Quando questionada sobre os defeitos da neta dona Cleonice diz: “Tu já viu avó colocar defeito em neta? Sou suspeita pra falar dela”.
Enxaqueca é seu grande mal. Às vezes chega atrasada na faculdade. Seus olhos diminuem. Qualquer barulho a incomoda. Não é aconselhável fazer piadas quando ela está assim. Nem ao menos dizer que ela é hipocondríaca. Sua amiga Ariadine sabe muito bem disso, apesar de muitas vezes não praticar. “Fui com a cara dela desde o primeiro dia de aula. Desde esse dia quis ser sua amiga. O que me incomoda nela é reclamar de tudo!”, comenta Ariadine.
Quem reparar bem na Taryne poderá perceber que ela cada dia usa algo relacionado a corujas. Blusa, anel, colar, brinco... Essa é uma de suas paixões. Coleciona vários objetos “corujescos”. Ela tem uma coruja de pelúcia, a Genoveva, que ganhou em 2008 de uma amiga, a Ísis. Também coleciona seus livros preferidos. Ela se sente bem em estar rodeada daquilo que gosta.
Seu bisavô paterno, o Basto, vai fazer 103 anos e sua bisavó, a Dita, vai fazer 98 anos, quando Taryne fala deles se enche de orgulho, pois os admira muito. “Não quero viver tudo isso. Até uns oitentinha tá bom”, confessa Taryne.
Tão complicada de desvendar quanto a mais complexa operação matemática ou aquele exercício de física quântica de outro mundo. Porém é muito fácil querer a amizade dela, simplesmente porque ela tem tudo o que uma pessoa precisa pra ser feliz. Ela tem um encanto peculiar, uma denominação que ainda não tem nome. Assim é Taryne Zottino.
Love, Tary