segunda-feira, 26 de julho de 2010

Lágrimas

Eu já chorei por muitos motivos. E já chorei sem motivo algum. Chorei vendo filmes, imaginando se aqueles amores realmente são possíveis. Chorei lendo e relendo livros inesquecíveis, molhei as páginas de afeto e de angústia. Chorei ouvindo aquela canção capaz de me traduzir em melodias.

Chorei depois de me machucar fazendo travessuras que já nem lembro direito quais foram. Chorei porque brigaram comigo injustamente. Chorei pelos outros. Chorei pelas dores de dentro, pelas dores de fora, pelas dores que eu demonstro e por aquelas que escondo até de mim mesma.

Chorei voltando de uma festa com os olhos borrados e o coração tremendo de arrependimento. Chorei 10 minutos por alguém que nunca mais permiti que me fizesse chorar. Chorei horas e horas por aqueles que partiram e ainda choro quando a saudade aperta o peito. Chorei de exaustão, de cansaço, de medo. Chorei no colo da minha mãe e por alguns segundos voltei a ser uma criança.

Chorei no banho enquanto minhas lágrimas se confundiam com a água do chuveiro. Chorei até dormir, ensopando o travesseiro com minhas dúvidas. Chorei no ponto de ônibus porque não sabia qual caminho tomar.

Chorei esperando que você visse que aquelas lágrimas eram tão suas quanto minhas. Chorei porque não podia mais aguentar sozinha. Chorei de uma alegria tão verdadeira que doía por dentro. Chorei de emoção. Chorei porque só podia chorar. Chorei porque sorrir não era suficiente.

Chorei porque vivi. E sigo chorando. E sigo vivendo.


Love, Tary

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ah, imenso amor desconhecido...

"Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto". (Caio Fernando Abreu)
*
Estava cumprindo minha resolução mais importante das férias - arrumar meu armário -, quando me deparei com alguns textos soltos do Caio Fernando Abreu que imprimi e guardei há uns dois anos.

Lembro-me que, na época, todos os contos me mudaram um pouco. Sabe quando se lê alguma coisa e um arrepio percorre todo o corpo denunciando que aquilo foi escrito para você? É como se Caio me conhecesse, invadisse as melhores e as piores partes de mim e, após a viagem, sentasse em frente à máquina de escrever e reproduzisse o mais íntimo do meu ser.  Caio tem uma escrita que arde no peito de tão verdadeira e, antes mesmo de começar a leitura, sua alma já muda de tamanho e de cor, tão grandiosas são aquelas palavras.

Hoje, pensando nos meus dias e olhando para o nada, procurei respostas em todos os lugares, nuvens, conversas, mãos e fios de cabelo. Mas bastou minha intuição aparecer, me fazendo abrir o armário - agora arrumado-, para que eu pudesse recordar todos os sentimentos que ainda insistem em se fazer presentes. Bastou encontrar aquele conto, aquele “Preciso de alguém”, escrito por Caio F. em 1987, para notar que não importa quantos anos tenham se passado entre Caio e eu, ou entre o meu eu de dois anos atrás e o meu eu de agora, realmente não importa. Ainda me sinto exatamente como ele descreveu.

Sentei-me na cama e juntando as letras, senti o coração formigando e os olhos transbordando de lágrimas antigas e novas. Fiquei completamente indefesa de mim mesma, lutando contra minha memória, vendo minha face em cada uma das palavras de Caio.

“Preciso de alguém” fala da procura de um amor que aceite, salve, entenda. Fala dos momentos em que imaginamos como será o encontro com aquele que será nosso caminho. É como uma carta para o alguém que ainda não se conhece, mas a quem vai se entregar tudo algum dia. Ler este conto é  se ler, se sentir, se reconhecer, se conhecer.

*
"Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido (...)"

Leia o texto completo: Preciso de alguém

Love, Tary

domingo, 11 de julho de 2010

Sabedoria Cassiniana

Vocês estão cansados de saber o quanto eu amo Cassie Ainsworth, de Skins. Falo sobre ela, cito suas frases o tempo todo, desenho, faço maquiagens inspiradas (!) e me identifico absurdamente (tirando a parte das drogas e da anorexia, claro). Logo, vou poupá-los do falatório habitual e mostrar fotos que ilustram meus motivos perfeitamente.








Não levem o título ao pé da letra, óbvio que uma adolescente, principalmente uma personagem de Skins, não faz ou fala sempre a coisa certa. Todas as fotos foram retiradas do We Heart It.

Love, Tary

quarta-feira, 7 de julho de 2010

20 anos sem Cazuza


Quando criança, gosto do som de seu nome e canto “Exagerado” num karaokê. Tempos mais tarde, assisto ao filme que retrata sua vida e me emociono com suas dores. Leio “Só as mães são felizes” e choro baixinho pensando nas injustiças e sofrimentos que teve de suportar. Vejo todos os DVDs, vídeos, fotos e me admiro cada vez mais com sua beleza, talento e carisma. Escrevo a primeira reportagem da minha vida a seu respeito. Sonho em ir à Sociedade Viva Cazuza e  conhecer Lucinha Araújo. Viro as páginas de “Preciso dizer que te amo” e não me canso de reler suas canções, encontrar fotografias incríveis em preto & branco, conhecer seu processo criativo. Escuto suas músicas todos os dias da minha vida, me impressionando com cada construção, cada figura de linguagem, cada som, cada verdade, como se estivesse ouvindo tudo pela primeira vez. Fico encantada com suas poesias musicadas, com seu jeito desbocado e com sua coragem. E neste dia, 20 anos depois de ter ido brilhar em outro lugar, preciso dizer que te amo...

Um dia Cazuza definiu Cartola, seu grande ídolo, da mesma forma que hoje eu o defino:
Cazuza não existiu, foi um sonho que a gente teve...

*

Peço desculpas pelo post curto e não muito bem escrito. Eu queria que quando falasse de Cazuza, fosse de uma maneira perfeita, mas eu estava muito emocionada ao escrever e acho muito difícil falar do que amo. Além disso, estou chocada e tristíssima porque Ezequiel Neves, produtor musical e grande amigo de Cazuza, a quem este chamava carinhosamente de avô, faleceu hoje, exatamente 20 anos após a morte do Poeta.

Love, Tary

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Amor, simplesmente.

"Quase desejo que fôssemos borboletas
e vivêssemos somente três dias de verão. Três dias a seu lado, e poderia
preenchê-los de mais encanto do que 50 dias comuns
jamais teriam."

Acabo de assistir Bright Star, filme que conta a história do poeta John Keats e da paixão de sua vida, a jovem Fanny Brawne. Ela não quer saber de poesia e gosta de confeccionar suas próprias roupas; ele encontra inspiração no ócio e tenta, em vão, cuidar de um irmão doente. Fanny e Mr. Keats se encontram em 1818 e se apaixonam tão desesperadamente quanto só podiam ser os amores daquele tempo, pois  existiam convenções, impedimentos e... doenças incuráveis.

Barreiras intransponíveis os separam e eles escrevem cartas repletas de palavras insuficientes para expressar a falta que sentem um do outro. Em uma das correspondências, Keats pede que Fanny beije cada palavra que escreverá como resposta, para que ele possa colar os lábios onde os dela estiveram. Eles lutariam contra tudo para ficarem juntos, mas há coisas que estão além de nossas forças, além de nosso alcance.

Não é a fotografia impecável, não é a direção primorosa. Não é o roteiro encaixando as cartas trocadas pelo casal durante todos os anos em que se amaram, não é o figurino absolutamente encantador, não são as paisagens nem as borboletas. Não é sequer a poesia imortal do grande John Keats. É o amor. Amor, simplesmente.

"Escreva as palavras mais doces
e beije-as para que eu possa, ao menos, tocar
meus lábios onde os seus estiveram."

Love, Tary