segunda-feira, 28 de junho de 2010

A música mais triste do meu mundo

Se me pedissem para escolher a canção mais triste de todos os tempos, a eleita seria sem nenhuma dúvida, a arrasadora "Clarisse", da Legião Urbana. Essa música revela o que pode existir de mais feio, cruel e medíocre no mundo. Tudo isso através dos olhos e das dores de uma garota de 14 anos que se automutila porque segundo ela: "a dor é menor do que parece, quando ela se corta, ela se esquece".

Clarisse sofre de uma maneira tão vísceral que basta escutar a música para que eu me sinta deitada em posição fetal com 40º de febre, pensando sobre a fragilidade das relações humanas. É uma música longa, sem refrão e que, embalada pela voz melancólica de Renato Russo, traz a total sensação de entrar na pele da protagonista.
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes

Já disseram que é autobiográfica, mas eu sempre associo Clarisse a Christiane F., do polêmico livro ''Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída" e talvez por isso, a experiência de ouvir a canção seja sempre tão forte para mim - caso não saibam, Christiane era viciada em heroína e teve que se prostituir para sustentar o vício. As duas histórias se casam tão perfeitamente que até fizeram esse vídeo unindo a música da Legião Urbana e as imagens da adaptação para o cinema de Christiane F:


Existem inúmeras Clarisses e Christianes espalhadas pelo mundo, deixadas de lado, incompreendidas, vítimas de violência e que buscam em caminhos escuros, como o das drogas, a libertação da dor. E o pior de tudo é que, vivendo nossas vidas coloridas e nos preocupando exclusivamente com nossos problemas, nem reparamos naquela menina sentada ao nosso lado no ônibus que pode estar sofrendo de depressão ou naquele garoto que está faltando às aulas para se drogar. Às vezes o seu melhor amigo está precisando de ajuda e você ainda não notou, às vezes você está precisando de ajuda e ainda não se deu conta.

A música mais triste de todos os tempos é um soco na boca estômago e de uma realidade que chega a incomodar. Clarisse não é música para ser ouvida sempre, mas escutá-la me faz estar sempre de olhos abertos para a vida. Certas canções são necessárias, certas canções existem para que você pense sobre elas e, talvez, faça algo a respeito. Afinal, como está nos últimos versos da canção, ainda há esperança:

Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito...


      E pra vocês? Qual a música mais triste de todos os tempos?


Love, Tary

Tudo novo de novo

Finalmente consegui colocar o blog no novo modelo do blogger. Deu trabalho, mas ficou legal e agora está bem mais fácil de navegar. O único problema é que muitos dos meus seguidores sumiram (23 para ser bem específica) e não consigo incorporar de volta nem por obras divinas! Por conta disso, ficaria feliz se vocês seguissem o blog de novo! Estou preparando vários posts para as férias, aguardem ;)

Love, Tary

terça-feira, 22 de junho de 2010

Quereres

Queria deixar o cabelo crescer na altura dos cotovelos. Queria sair por aí fotografando o céu, de verdade, não apenas com meus olhos. Aliás, queria que meus olhos fossem para sempre esverdeados, não apenas quando fico feliz ou triste demais. Queria um sonho bem lilás, bem caixinha de música, bem aquela vontade que dá de tomar banho de chuva e gritar que a felicidade importa.  Queria sambar igual a minha irmã.

Queria falar em versos e acordar em Paris. Queria poder usar sapatilhas de bailarina sem saber ballet. Queria não ter que me explicar por ser quem eu sou. Queria saber porque as pessoas traem a confiança que você deposita nelas como se não significasse nada. Queria aprender a tocar gaita e acordeon, só pra começar. Queria conseguir, ao mesmo tempo, me defender e não atacar.

Queria que minha memória não fosse tão cretina, me fazendo lembrar de tudo o que quero esquecer. Queria ir ao parque todos os dias e fazer pequenique comigo mesma, ou com um livro de contos cortantes. Queria  que as pessoas parassem de se divertir com a minha cara, ah, como eu queria! Queria  que seus cílios caíssem quando estivesse mentindo para mim, ou algo do tipo. Talvez assim eu parasse de acreditar que no fundo, todo mundo é bom.

Queria saber o que é "para sempre" e o que "sempre acaba". Queria ler todos os livros do mundo, saber todas as línguas, vivas ou não. Queria conhecer sua história toda, não apenas a parte boa que está nos álbuns  de fotografias que você me mostra. Queria um amor do tamanho dos meus pensamentos, mas um pouco mais criativo que eles... Queria tanto.

E esses não são nem a metade dos meus quereres.


Eu quero sorte.

Love, Tary

sábado, 12 de junho de 2010

5 amores que eu gostaria de viver

Vez ou outra assistimos um filme ou uma série, românticos ou não, e pensamos: Ah, como eu gostaria de viver uma história de amor assim! E foi pensando nisso, que idealizei esse post. Abaixo, leitores, os amores que eu gostaria de viver.

5º - Henry e Lucy,  50 First Dates


Ok, não quero perder a memória todo o santo dia e com certeza escolheria um filme menos last week que O Sexto Sentido para dar de presente, mas eu realmente queria ser  Lucy (Drew Barrymore) nesse filme. Ter um homem como Henry (Adam Sandler), fazendo de tudo para que você se apaixone por ele todos os dias é o que todas queremos. Confessem!
 
4º - Nathan e Haley, One Tree Hill


Não sei quantos de vocês já assistiram essa série, mas quem viu sabe o quanto é incrível. Não tem como passar despercebido por um episódio sequer de One Tree Hill. Seja pela trilha sonora, pelo roteiro ou pelas histórias de amor. E a história de Naley é encantadora. Nathan (James Lafferty) era um menino desajustado que se envolveu com Haley (Bethany Joy) apenas para atingir o meio irmão e melhor amigo dela, mas acabou se encantando, se casando e tendo um filhinho, Jamie Lucas Scott, a criança mais adorável e inteligente da tv. Não bastasse tudo isso, o primeiro beijo deles é na chuva e ao som de Switchfoot, precisa mais?


3º - Ellie e Noah, The Notebook


A história de Ellie (Rachel McAdams) e Noah (Ryan Gosling) é tão bonita, cativante e forte, que os atores principais se envolveram na vida real e ficaram bastante tempo juntos. Nunca vou esquecer aquele MTV Movie Awards em que ganharam o troféu de Melhor Beijo e o reconstituíram ali, na frente de todo mundo e de uma maneira completamente apaixonada. É assim que se faz, ouviram Robert Pattinson e Kristen Stewart? Voltando ao casal, acho que todo mundo quer ficar velhinho ao lado de quem ama, por isso o amor deles é de se admirar e querer viver também. Porque se ela é um pássaro, ele é um pássaro também. Porque se ela se esquece do amor deles, ele não se importa em contar pra ela quantas vezes for necessário.
 

2º - Claire e Drew, Elizabethtown


Quem não quer ficar até altas horas conversando com alguém sem que o assunto acabe? Quem não quer abrir os olhos da pessoa amada para as verdades da vida? Quem não quer viver o romance de Claire e Drew? Bom, não sei vocês, mas eu adoro o modo como tudo acontece entre eles nesse filme e me identifico estupidamente com a Claire.


1º - Jesse e Celine, Before Sunrise e Before Sunset


Imagine estar dentro de um trem, bem tranquila, lendo o seu livro. Aí você muda de lugar e um desconhecido de adoráveis olhos azuis lhe pergunta o que você está lendo. E, melhor, ele também está lendo algo! Depois vocês começam a conversar e descobrem que tem muito em comum. Quando o adorável desconhecido desce em sua estação, ambos ficam tristes por terem que se despedir. Inesperadamente, ele volta até onde você está sentada e a convida a desembarcar para que possam continuar se conhecendo. Vocês sabem que ambos terão que se separar, mas aproveitam ao máximo cada minutos juntos e conversam, conversam sobre tudo. Dividem seus sonhos, seus desejos. E se apaixonam mais a cada instante. Se você acha que conhece histórias bonitas sobre amores possíveis, experimente assistir Antes do Amanhecer. Eu ainda não assisti Antes do Pôr do Sol, onde o casal se reencontra nove anos depois do primeiro filme, mas tenho certeza que a química entre eles continuará a mesma. Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy), vivem a história de amor que eu gostaria de viver um dia, mesmo que passageira.


Love, Tary

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Pequeno desabafo

 Escrevi hoje no quadro negro da sala de aula

Sempre fui muito minha, muito dentro de mim mesma, muito introspectiva. Mas agora está tudo tão confuso, tão diferente. Estou como naquela música da Adriana Calcanhotto, Metade, em milhares de cacos, ao meio, não morando mais em mim. Me sinto pequena e frágil, acompanhando a minha vida como se fosse a vida de outra pessoa, como se eu fosse coadjuvante da minha própria história. Meus olhos estão esquecidos e vivem afogados, meus sorrisos não tem a mesma poesia de antes, meus rodopios agora são programados porque eles me deixam pensar que sou racional, fazendo parecer física  e não apenas imaginária a sensação de que minha alma está desligada do corpo. Eu preciso de mim. Quero meus olhos, meus sorrisos e meus rodopios de volta.

P.S: É o fim de semestre que me desencontra de mim mesma, minha gente. Férias, cheguem logo!

Love, Tary

domingo, 6 de junho de 2010

Sobre paixões, rótulos e comentários que me irritam

Tenho um defeito extremamente irritante: odeio quando me julgam por base nas coisas que eu gosto e que não são apreciadas por todo mundo. Deu pra entender? Explico.

Ano passado, por exemplo, disseram na aula que: "até acéfalos entendem Harry Potter, livrinho medíocre". Opa. Meu sangue subiu na hora e quando vi já tinha dito: "aff, eu adoro Harry Potter. Adoro mesmo". A pessoa limitou-se a esboçar um sorrisinho sarcástico de desprezo e dizer que livro bom é aquele que te faz pensar, como Filosofia ou os livros da sua área de atuação. Se você quer me deixar brava em poucos segundos, me diga isso. Me diga que é desperdício ler o que me diverte e o que me faz bem só porque não foi escrito por um grande filósofo. Eu gosto - e procuro ler - livros de pensadores, mas uma coisa nada tem a ver com a outra.

Outro dia, ainda no ano passado, uma garota disparou: "Hoje em dia ninguém mais quer saber de E o vento levou e adora aquela porcaria de Um Amor Para Recordar". Ai, ai. Sangue da Tary subindo de novo! Sei muito bem que não tem comparação e que E o vento levou é infinitamente superior - aliás, eu adoro! Beijo, Scarlett -, mas não acho A walk to remember uma porcaria. Foi o filme da minha adolescência! Quem foi que disse que os filmes que a gente gosta precisam ser esteticamente perfeitos pra gente se apaixonar? E gostar de um filme que não é uma obra prima me torna menos inteligente? Logo, soltei mais uma das minhas: "Eu vejo e tenho em casa os dois filmes, tá generalizando, minha filha!".

Outro ponto complicado é quando falam mal do Cazuza. HP é uma paixão recente e Um Amor para recordar, paixão de adolescente, mas Cazuza é uma paixão eterna. Os xingamentos, as coisas que dizem dele sem saber metade de sua história...Sei que ele fez coisas que muitos não aprovam, coisas que eu não faria, mas não o julgo. Ele viveu sua breve vida e se foi. Cazuza escreveu tantas coisas lindas, tantas coisas sinceras e cantou de um jeito vísceral, ele cantou a vida.

Tudo bem se você não gosta de HP, acha Um Amor Para recordar chatérrimo e detesta o Cazuza, mas não rotule quem gosta. Não ache que me conhece e não trace um perfil da minha personalidade porque eu não gosto das mesmas coisas que você. Expresse sua opinião, discuta comigo, mas se sabe que eu gosto pra que gongar na minha frente? Dizer que não curte e mostrar  seus motivos pra isso, tudo bem. Mas dizer que quem gosta é isso ou aquilo, não dá. Sendo um hater consciente, você vai perder de levar uma boa resposta de uma fã chata como eu.

Love, Tary.