Será que quando você lê livros antigos e se identifica absurdamente, é sinal de que tem algo errado se passando na sua mente? Porque se assim for, tenho muitas coisas erradas na minha:
"(...) Quero ficar só. Gosto muito das pessoas mas essa necessidade voraz que às vezes me vem de me libertar de todos. Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa e não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo, a alegria está instalada em mim."
" E as coisas que vemos de olhos fechados? Não existiram realmente? Por que o delírio não havia de corresponder a uma realidade? "
As Meninas, Lygia Fagundes Telles.
"(...) Não faz mal. Não preciso dela. Não preciso de ninguém. Se todos me abandonam, tenho o meu quarto, os meus livros e o meu outro 'eu' que conversa comigo."
"O meu quarto é o lugar melhor do mundo. Aqui tudo é meu, aqui ninguém se mete, aqui não há caras tristes. Na prateleira estão os meus livros, os meus romances. Quando leio, gosto de imaginar que sou a mocinha da história da história. Ler é muito bom. Se não fosse a leitura eu era muito infeliz."
Música ao Longe, Erico Verissimo.
"As Meninas" foi meu primeiro contato com a obra de Lygia Fagundes Telles e me apaixonei pela narrativa urgente, tão inquietante quanto podem ser nossos pensamentos. Na história, Ana Clara, Lia e Lorena são jovens universitárias que vivem num mesmo pensionato, cheias de sonhos e de sentimentos muito humanos. Os conflitos são tão reais que me senti na pele de cada uma, passando por tudo que elas passaram.
E "Música ao Longe"... Ah, Erico é meu autor-amor, meu brasileiro favorito, o cara que merece um post inteiro só pra ele. Clarissa, sua protagonista, é uma professora de 16 anos que têm sonhos que não cabem no tédio em que vive, dúvidas que a confundem e uma ânsia profunda de algo que não sabe bem o que é. Escreve em seu diário todos os seus pensamentos e já que não têm muitos amigos, gosta de conversar consigo. A relação dela com Vasco, o Gato do Mato, o primo que lhe desperta sentimentos estranhos, é belíssima. Vasco é selvagem, revolucionário e um dos personagens masculinos mais apaixonantes que já conheci.
Ambos os livros fortemente recomendados!
Se quiserem me deixar dicas de livros nos comentários, agradeço.
Boas leituras!